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segunda-feira, janeiro 15, 2007

"Somos pessoas sérias"

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No rescaldo do pior acidente em obras de metrô jamais registrado, o governo (governo? qual?) do Estado de São Paulo ainda tenta, de todas as formas, desviar o nabo de sua reta. Primeiro, o simpático secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, afirmou que "a responsabilidade pela execução, pelo projeto, é das empresas construtoras", sinalizando que o governo (governo? onde?) estadual não tem nada a ver com o abacaxi. Agora que os primeiros corpos estão sendo encontrados no local, Portella direciona um novo alvo para a imprensa: em entrevista à rádio CBN, acusou a empresa Transcooper, dona do microônibus soterrado na cratera, de estar "tumultuando desde o primeiro momento". Tudo o que a empresa fez, até agora, foi montar uma tenda para os familiares das vítimas no local e prestar apoio à eles. Acontece que, se o governo (governo? que governo?) do Estado não chama a responsabilidade sobre o acidente e sobre a atenção aos parentes das vítimas para si, alguém tem de fazê-lo. Mas o secretário de Transportes Metropolitanos não pensa assim: "Somos pessoas sérias, estamos tentando fazer o melhor", esbravejou Portella. O calo está doendo porque, como era de se esperar, a Tanscooper está cobrando os seus direitos e também o que caberá aos parentes das vítimas. Colegas de imprensa ouviram, no local, uma comunicação entre engenheiros do consórcio que constrói a obra comentando que "esse pessoal da cooperativa parece muito politizado, não vai querer fazer acordo". Pois é, "tumultuar" é "não negociar". E tocar uma obra perigosa a toque de caixa, com explosões de tubos de gás e água no subterrâneo, rachando casas e ruas há meses sem dar pelota para reclamações dos moradores e, no fim, fugir da responsabilidade, é "fazer o melhor". Com esse governo aí (governo??!?!?), nada resta a São Paulo senão afundar de vez.

2 comentários:

Glauco disse...

Quando a pessoa tem que afirmar publicamente que é séria é porque deve ter muita gente duvidando...

Nicolau disse...

E a tendência, dizem, é só piorar. O Paulo Henrique Amorim (http://conversa-afiada.ig.com.br)está fazendo boa cobertura do esquema. Lembra que o sistema de licitação é o de "porteira fechada", onde a empreiteira é responsável por tudo relativo à obra e o Estado não apita nada, nem na fiscalização. Além disso, a empreiteira (no caso, segundo o Amorim, um grupo que envolve as maiores empresas do ramo no país) recebe pela obra, naõ por tempo. Pode querer acelerar irresponsavelmente a obra para ganhar mais em menos tempo. O presidente do Sindicato dos Metroviários diz que só essa obra da linha amarela (a primeira no sistema "porteira fechada") já teve 11 acidentes em 2 anos. Só alegria!