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(...) Desde a ida de um chefe de Estado ao leste europeu e, lá, em um campo de extermínio, ajoelhar-se e pedir perdão, o ato tornou-se corriqueiro, até banal.
(...) No pedido de perdão dos tempos contemporâneos, falta o ato de contrição e a consciência profunda de que se praticou efetivamente uma ofensa. Tudo é cenografia televisiva. Nada é interiorizado.
Ignora-se, nesta inflação de pedidos de perdão, que o ato de perdoar é unilateral. Cabe ao agredido agir de acordo com sua consciência e oferecer o seu esquecimento, se assim achar conveniente.
Não pode o juiz de futebol anular um gol e, depois, solicitar perdão. Agrediu milhares de torcedores. Humilhou jogadores. É exemplo chulo, mas aconteceu nestas terras tropicais na última semana. (...)
Personalidades religiosas não escapam a este surto de perdões. Ferem a Lei Eterna e, depois de uma penitência, um pedido de perdão. Solene, se possível, trivial se assim exigirem as circunstâncias.
O último perdão vai além dos limites plausíveis. Os controladores de vôo há meses tumultuam o transporte aéreo nacional. Quando querem, param todos os aeroportos. Não se preocupam com as conseqüências. Prejudicados e prejuízos não importam. (...)
Nestas terras tropicais, todos querem ser Raskolnikov, a personagem dostoievskiana que recobra o gosto da vida após arrependimento de seu crime. Não dá. Só com muita vodca. Cachaça é pouco.
6 comentários:
Dá impressão de que foi a cachaça a inspiradora desse sensacional texto...
Eu entendi como uma puta desculpa que o Lembo, já bêbado (e, por isso, dando um monte de voltas), justificou para sua esposa o motivo de beber mais cachaça.
Mas o que me chamou mais a atenção foi o tal "fere a Lei Eterna". Ninguém mais morto (e fantasma) do que o Lembo para conhecer o funcionamento da sociedade etérea...
eu tava pensando em chamar olembo pra colaborar no futepoca. mas acho que os companheiros consideram-no inapto para a função. afinal, ninguém aqui produz embriagado
Cê que pensa...
de que gol ele está falando?
ou fala da defesa do diego?
Desconfio que, por excesso de vodca (ou cachaça), ele confundiu juiz com bandeirinha em alusão ao gol do Santos anulado injustamente no clássico contra o São Paulo. Até porque, de uns tempos pra cá, a assistente Ana Paula foi a única pessoa que eu vi admitindo publicamente que errou ao anular um gol.
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