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quarta-feira, maio 09, 2007

Viva os estaduais!

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Edu Maretti (de celular)
Já encheu o saco o discurso de algumas sumidades da chamada crônica esportiva contra os campeonatos estaduais de futebol. Mesmo que no varejo (uma estocadinha aqui, outra ali), não perdem a oportunidade de alimentar a campanha, meio fragilizada ultimamente. Pra mim, esse é um pensamento neoliberal aplicado ao futebol.

Outro dia o Juca Kfouri citou a NBA (o basquete showbusiness dos Estados Unidos) como um horizonte, um sonho de consumo (é só decupar a fita do Linha de Passe da ESPN-Br de dez ou 17 dias atrás, ou 24 dias, no limite). Não sou adepto dessa idéia de o esporte ser mais uma das atividades humanas a ser regida pelo deus mercado. Eu detestaria ver o Santos, o Palmeiras, o Flamengo ou o Atlético/MG serem vendidos (literalmente, como o Manchester ou o Chelsea, por exemplo) a um gangster internacional. Michael Jordan é um gênio, mas o Chicago Bulls não parece uma bandeira. Tem que se respeitar Juca Kfouri, uma referência no mar de jornalismo esportivo medíocre que há por aí. Mas bandeira é bandeira, e a Ferroviária de Araraquara, o Juventus, a Portuguesa Santista, os Américas do Rio e de Minas podem ressurgir um dia.

O Paulo Vinícius Coelho é um jornalista esportivo diferenciado porque não pretende aparecer politicamente. É competente, e só.

Um dos 32 mil pagantes que subiram a rampa do Pacaembu para ver aquele Bragantino 0 x 0 Santos em 14 de abril de 2007, o Olavo (deste blog) me disse na fila pra entrar no estádio: “e depois vêm dizer que o estadual não tem apelo” (citação de memória). O Brasil é muito grande. O campeonato paulista é mais difícil de conquistar do que a maioria dos nacionais europeus. Não é ótimo ser campeão cearense, paranaense, paraense, baiano... paulista?
O post da Thalita abaixo tem a ver com isso. Palmas à Portuguesa de Desportos. Torço para que o clube (um dos historicamente mais roubados do futebol nacional) suba no Brasileirão também.
E a foto deste post, acima, da arquibancada do Morumbi no dia do bicampeonato do Santos, embora tecnicamente ruim (pois de celular), é a que eu tenho, como testemunha ocular da história. Mas serve pra afirmar o meu apoio aos campeonatos estaduais de futebol no Brasil. E para responder a um amigo palmeirense, o Flávio, que estranhou o fato de eu não me manifestar no blog sobre esse histórico título de bicampeão, do Santos, em 2007.

15 comentários:

Glauco disse...

Concordo que os estaduais têm seu charme, principalmente nos clássicos que, neste ano, pelo menos dois que eu vi foram memoráveis, as duas partidas do Santos com São Paulo e Palmeiras. Sem dúvida é mais difícil ganhar qualquer estadual dos grandes centros daqui do que o campeonato belga, suíço, escocês e similares.
Lembro que o Juca Kfouri há algum tempo falava, jocosamente, que o Paulista só tinha graça porque o Santos não o ganhava há mais de 20 anos. Ganhou no ano passado e de no nesse ano. Mesmo assim, ele em sua coluna de domingo tratou o Santos o estadual como seu assunto principal. Contradição? Aliás, se for assim, ironicamente pode-se dizer que quando o Corinthians vencer a Libertadores a gente já pode acabar com o torneio também... (Pronto, estoquei).
Já quanto ao futebol e o deus mercado, Edu, acho que há um erro de análise. O futebol já é dele, só que, ao invés de estar entregue a grandes empresas, está na mão de senhores feudais, alguns que ocupam presidências ou são eminências pardas em seus feudos há muito tempo, os Teixeiras, Dualibs, DellaMônicas e Juvêncios da vida são exemplos disso. Todos os times do futebol italiano pertencem a empresas, e nem por isso perderam sua identidade. O Milan é do fascista Berlusconni, a Juventus da Fiat, o Parma da Parmalat etc etc etc. Se existem mafiosos russos na Europa, existem aqui também criminosos ou quase isso que se fingem - ou à vezes são mesmo - "apaixonados" pelo time. O futebol brasileiro já é "privatizado" há tempos, não podemos nos iludir.

Anônimo disse...

Exato, o Glauco disse tudo nessa última frase. E já que já é privatizado mesmo, que o seja com qualidade.

Anônimo disse...

E outra coisa: dizer que estaduais "atrapalham o calendário" é uma bobagem. O futebol brasileiro, de 2003 pra cá, está num sistema muito bem organizado e planejado. Estaduais no começo do ano e um Nacional de longa duração, intermediados por competições de mata-mata. Hoje, com raríssimas exceções, os times jogam só duas vezes na mesma semana. Bem diferente dos idos da década de 90 em que os times precisavam entrar em campo quatro ou mais vezes - quando ocorreram as célebres rodadas múltiplas de Sâo Paulo (dois jogos no mesmo dia) e Grêmio (três).

Ah, e Juca Kfouri defende o fim dos estaduais pra reedição daquela chatice tamanha que eram os regionais. Quem é que gosta da Sul-Minas, meu Deus???

Anônimo disse...

E vejam isso, o site da FIFA chamando os estaduais de "emoção única":

http://www.fifa.com/en/WorldLeagues/index/0,4643,137394,00.html?articleid=137394

Marcão disse...

Um amigo de faculdade, Emerson, era radicalmente contra os estaduais, defendia a extinção definitiva. Eu falava pra ele: "Você diz isso porque é carioca e se vê obrigado a assistir teu Flamengo contra Entrerriense, Friburguense e quetais. Parece a privatização da telefonia: só porque a Telerj era uma merda, não era preciso vender junto a Telesp, que não era. Se quer extinguir o Campeonato Carioca, fique à vontade. Mas deixe o Paulistão em paz!". Continuo com a mesma opinião.

Thalita disse...

os estaduai têm que continuar existindo, acho. mas:
1 - não pode emendar assim com o Brasileiro. Terminar o Paulistão num fds e no seguinte já ter Brasileiro é uma merda pros dois campeonatos.
2 - o calendário brasileiro melhorou, mas ainda é cruel com quem joga a Libertadores, Copa do Brasil e aquela coisa que chamam de Sulamericana. O blog de esportes do no mínimo fez uma conta mostrando que o exagero continua:
- Grêmio – 74 jogos
- São Paulo – 75 jogos
- Santos – 79 jogos
- Paraná – 81 jogos
esses são os números máximos de jogos de cada time na temporada. Para comparar, o Barcelona pode chegar a 57, e está reclamando.
3 - o profissionalismo tem que ser uma meta, sempre.

Fabio Monteiro disse...

Olá Edu. Rapaz, que belo texto acabo de ler. MEUS PARABÉNS. Sou muito contra a terminar os estaduais. Só seria a favor disso se no lugar fossem retomados os Campeonatos Interestaduais como O Campeonato do Nordeste (o que mais lucrou quando existia), a Copa Norte, Sul-Minas e Rio-SP. Só estes campeonatos poderiam melhorar o nível técnico e a rivalidade, mas ACABAR, simplesmente acabar com o campeonato estadual é que sou contra. Só aceito o término se forem pra substituir por Copas Interestaduais.

Fabio Monteiro disse...

http://www.eusouvitoria.blogger.com.br

conheça meu blog, se quiser

Anônimo disse...

O Juca, a cada linha que escreve, perde mais a minha consideração.
Falando do Paulistão, é "normal" a imprensa do "trio-de-ferro" agora queira dizer que o Campeonato não tem graça. Só tinha graça qdo o Corinthians vencia. Nas últimas 4 edições, apenas 1 time da Capital venceu.
bjs

fredi disse...

Sei lá, como diria o Conselheiro Acácio, o meio (e a verdade) está na metade (rarará).

No caso dos campeonatos estaduais, acho que só valem porque times pequenos do interior podem jogar e revelar jogadores.

O problema é que isso vem acontecendo cada vez menos, passando para elencos de aluguel (jogadores que pertencem a empresários), que só ficam por três meses. Depois, os times são desmontados...

No caso de Minas e do Nordeste, por exemplo, as taças regionais eram muito mais interessantes. Não sei o Rio-SP...

Agora, só para provocar o Juca Kfouri, se estadual paulista vale pouco, o Corinthia então não saiu da fila em 77... Ou quando é a favor vale muito?...

Edu Maretti disse...

Glauco e Olavo, ainda sobre "futebol e o deus mercado": volto a citar minha avó Milu: "nem tanto ao céu, nem tanto à terra". Não discordo de que "existem aqui também criminosos ou quase isso que se fingem - ou à vezes são mesmo - 'apaixonados" pelo time'. Tem que se caminhar rumo à profissionalização. Mas o regime jurídico que rege os clubes não pode ser o mesmo de uma empresa privada. Repito: não gosto da idéia de que um bilionário compre um clube, simplesmente. Se o Milan é do fascista Berlusconi, o Barcelona é um exemplo de clube auto-suficiente. Ou não? Má gestão, amadorismo, gangsterismo é uma coisa; futebol privatizado é outra.

Edu Maretti disse...

Obrigado pelo comentário, Fábio Monteiro.

Nicolau disse...

Concordo com o Glauco e o Olavo: o futebol já é privatizado, para gangsters de vários tamanhos. O Manchester, com uma administração de empresa, ganha dinheiro de tudo que é jeito, com venda de camisa, boné, até na bolsa de valores, e naõ precisa viver de vender jogador. Os nossos grandes clubes, com a devida organização e guardadas as proporções, poderiam fazer parecido e manter elencos fortes por mais tempo.
O problema da privatização se torna muito pior quando olhado pelo viés que o Fredi levantou: empresários "donos" de jogadores e de elencos inteiros, deixando clubes reféns. Isso é um problema a ser enfrentado, sei lá eu como. Os pequenos clubes precisam dos estaduais ou regionais, mas precisam amis aidna de algum tipod ejeito de ganhar dinheiro pelo menos com suas revelações. Sou a favor dos estaduais também poruqe é legal ganhar do Parmera, do São Paulo e do Santos, muito mais legalque ganahr do Flamengo, apesar de ser um clássico do mesmo jeito. Agora, as opiniões do Fredi e do Fábio, dois únicos torcedores de clubes de fora de São Paulo, mostra que, mais uma vez lembrando o mestre Acácio, o Brasil é muito grande e talvez estejamos vendo o problema de forma muito paulista.

Nicolau disse...

Complementando, discordo do Juca nessa e em muitas outras. Mas, Beatriz, ele fala contra os estaduais já faz uns bons anos, se não me engano.

Anselmo disse...

ah, Maretti, só pq o Santos levou o paulista vc vem com essa! hehe

agora, falando sério: Maretti é o mais polêmico autor deste blog. Parabéns!

Além de tudo o que foi dito, quero pontuar algumas coisas sobre a NBA.

1) O Basquete é o terceiro esporte na preferência dos norte-americanos atrás do beisebol e do futebol americano. Ainda assim, vai mto bem das pernas até onde sei, mesmo sem sequer manter hegemonia no esporte em que sempre se disseram melhores do mundo depois de derrotas para gregos e (aff!) argentinos -- dá-lhe Esteban! Isso é bom da NBA.
2) Tirando los angeles, em geral, há apenas um time por cidade na liga de basquete profissional. E se vê ginásios lotados numa fórmula que se consagrou. Isso tbém é bom
3) A NBA é regida pelo deus mercado dum jeito que dá enjôo (pelo menos pra quem não gosta tanto de basquete e pra quem é esquerdinha que nem os manguaças do Futepoca, incluo-me, claro). A crônica esportiva da ESPN, por exemplo, é terrível, sempre com a mesma forma de épico-de-araque. Pior do que a crônica esportiva que o Maretti tanto repudia. Isso é ruim.
4) Os ingressos são caros. Mto caros. É um esporte que só quem tem grana vê ao vivo. Isso é ruim e não funciona no Brasil.

Sobre privatização, profissionalismo e gangsterismo, escrevi sobre a palestra investimentos ltda.

Sobre empresários e clubes do interior, o Bragantino só ressuscitou depois que aboliu as categoria de base e se deu bem com um time de empresários...