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segunda-feira, maio 07, 2007

O bi do Santos

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Como qualquer torcedor que se preze, que aposta no imponderável e teima em adivinhar o futuro, acordei em busca de sinais. Comecei a ler o jornal e vi o artigo de Juca Kfouri, que vaticionou: "Hoje é o dia do Santos". Dizia ele no texto: "eu não economizaria o dinheiro do ingresso porque a situação é tão desfavorável ao Santos que algo me diz que sua torcida viverá uma tarde de intensa felicidade."


Pra mim, tudo bem, já tinha o ingressso. Mas... o Kfouri costuma errar previsões. Fiquei ressabiado. Li outro jornal e vi uma enquete entre internautas. A maioria acreditava que o São Caetano seria campeão. Ali sim, me veio à mente outra lembrança. A última enquete de jornal de que me recordava nesse tipo de situação foi uma em que, antes de um clássico com o Corinthians, a maioria apontava Carlitos Tevez como o possível destaque, à frente de Robinho. O Santos venceu por três a zero e o Rei do Drible dançou a cúmbia.


Pra mim, era o sinal. Então, confiei. Quando cheguei ao Morumbi, fui ao banheiro e, ali dentro, a torcida, mesmo preocupada com outro tipo de necessidade, não parava de cantar: "Vamos ser bi, Santos!". O grito, como um mantra, ecooou o tempo todo, antes, durante e depois do jogo. Vi o estádio lotado, pensei que o Santos começava a vencer. Em um comentário em um blog parceiro, havia dito que o time, na prática, precisava dizer quem era o time grande. A torcida já mostrava. Quase 60 mil pessoas, o maior público do Morumbi no ano.


Na partida, o domínio era total. O São Caetano não chegava. O Santos criava. Gol de Adaílton. O que era esperança começava a se tornar certeza. No segundo tempo, tensão. O time dominava, mas com menos ímpeto do que na primeira etapa. Luxemburgo coloca Moraes, garoto de 20 anos, filho de Aloísio Guerreiro. Lembrei de Luxemburgo colocando em campo um desconhecido (assim permaneceu) Juari em uma final de Rio-São Paulo em 1997. E ele fez o gol. Moraes saiu do banco para entrar pra História.


A partir dali, o time grande mostrava porque era grande. E o pequeno caía na real e lembrava que não podia ser o que não era. Já era bi do Paulista. Desde 1994 isso não acontecia. E eu estava lá pra ver.


*****


Na segunda-feira, minha frase no MSN dizia "Santos 5X2 Fluminense". A sãopaulina não perdeu a chance de provocar.


- Faz tempo esse jogo, não?

- Faz. Mas é pra inspirar.

- Ah, mas ficou difícil agora...

- Difícil, mas não impossível.


Ela não estava sozinha. Durante toda semana escutei rivais e a portentosa imprensa paulistana darem como certo o título da equipe do ABC. Foi a primeira vez que um time conseguiu reverter uma vantagem de dois gols no mata-mata do campeonato paulista. Também a primeira que o Azulão perde em jogos eliminatórios do Paulistão. Um time que nasceu de bairro, se tornou mundialmente conhecido e vem de uma cidade com menos de meio milhão de habitantes está acostumado a fazer o impossível. E fez.


12 comentários:

Marcão disse...

Foi justo. O Santos já era o merecido campeão paulista mesmo antes do mata-mata. Não interessa se Fábio Costa merecia o vermelho no pênalti da primeira partida decisiva ou se Ávalos também merecia ter recebido o segundo amarelo e ir mais cedo pro chuveiro em lance no primeiro tempo de ontem, quando estava zero a zero. Talvez, como justiça divina, tenha servido para compensar eventuais garfadas sofridas pelo Santos durante a campanha. Para mim, seria muito injusto se o São Caetano ou qualquer outro time tirasse o bi do clube nesse questionável mata-mata. O alvinegro praiano voou baixo na primeira fase, é o melhor disparado na Libertadores e Luxemburgo provou mais uma vez que é o melhor técnico do Brasil. Seu time é campeão com todos os méritos e ontem foi um dia de sonho para os santistas. E parabéns, Glauco, pela fé inabalável que te levou ao estádio. Com muita justiça, foi recompensada.

Thalita disse...

afe
não foi provocação

acho que os escribas deste blog estão com mania de perseguição (inclusive eu)

Anselmo disse...

santistas, historicamente, são classificados com a suposta "mania de perseguição". Os sãopaulinos, ao considerar (formal ou informalmente) que o São Paulo é o mais avacalhado nas mal-traçadas linhas do Futepoca, também se enquadram na mania, segundo estudo não-publicado do Iuperj neste blog. O Corintiano anda calado por motivos óbvios e a minha pessoa também.

Concordo com o Marcão ao se lembrar da melhor campanha na primeira fase do paulista. De resto, que falem os santistas.

Agora, o glauco escreveu o post às 6h55 de hoje. Depois de um domingo de título, ou ele virou a noite bebendo e escreveu ainda sob efeitos do álcool sem um minuto de sono, ou não bebeu (o que só poderia ser motivado por uma prisão depois do jogo, com liberação pela manhã, sem consumir um eme-ele de cerveja). Ocorre que, em média, a ressaca impede textos longos e concatenados antes das 11h40. denúncias!

Anônimo disse...

Se o São Caetano ganhasse ontem - e, indo além, se o Bragantino tivesse eliminado o Santos nas semis - seria tão justo quanto foi o título do Santos. Qualquer título dentro da regra, sem mamatas e viradas de mesa, é justo.

Agora que meu time já foi campeão por mata-matas e pontos corridos do Paulista e do Brasileiro me sinto seguro a falar isso.

Edu Maretti disse...

Aproveitando a deixa (sábia) de Anselmo ("De resto, que falem os santistas"), tenho duas coisas a dizer:
1)NASCER, VIVER E NO SANTOS MORRER
É UM ORGULHO QUE NEM TODOS PODEM TER
2)a frase acima é do hino oficial do bicampeão paulista, que muita gente não conhece, cujo link vai abaixo.
http://atribunadigital.globo.com/Alvi-Negro_da_Vila_Belmiro_(Atual).mp3

Anônimo disse...

Amigos, não achava a situação tão ruim como a maior parte da Imprensa e da torcida santista achavam. Pintaram um Azulão muito mais azul do que realmente era. Ganhar por dois gols de diferença não era nada difícil... mesmo assim parabéns!

Nicolau disse...

Concordo com a avaliação do peso a camisa. O São Caetano naõ segurou a onda na hora do vamuvê. Mas acho que se o São Caetano ganhasse seria campeão de qualquer jeito, horas. Não adiante ser o melhor truqueiro na mesa de dominó. Se tem mata-mata, tem que ganhar as paradas ou já era. Eu até acho que o campeonato dee pontos corridos premia características que devem ser cultivadas, com constância e planejamento. Mas acho que cada coisa cabe num lugar. Nos dois meses que o paulista tem pra acontecer, vale mais fazer um mata-mata mesmo que é mais rápido de resolver. Pontos-corridos em um turno só não funciona bem.

Unknown disse...

O time do Santos merecia o título.
Já o Luxa, esse filho da p... do c..., merecia é um belo de um castigo: virar treinador do Corinthians ou do Palmeiras para sempre.

Nicolau disse...

Eu concordo com o castigo! Manda ele pro Corinthians!

Marcão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcão disse...

Não gosto de primeira fase com pontos corridos e mata-mata no fim, Nicolau. Me dá a impressão de dois campeonatos, sendo o segundo um torneio quadrangular. Melhor seria que a disputa do Paulistão fosse igual à da Copa do Brasil, com jogos eliminatórios desde o início. Acho que ia dar mais público, renda e "emoção". O único problema seria definir os rebaixados - mas aí está um bom motivo para um torneio-relâmpago entre os eliminados na primeira fase, valendo alguma coisa que realmente interesse (a permanência na elite), em vez desse ridículo título de "campeão do interior".

Glauco disse...

O problema de um mata-mata integral é que teriam times do interior que jogariam só duas vezes. É bom lembrar que para essas equipes e suas torcidas a única coisa que realmente interessa no ano é o estadual. Deixar os caras jogarem só duas vezes seria sacanagem...