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O Bentão acabou de descer no aeroporto de Guarulhos. Meio assustado, com aquela cara sem graça de quem dedica a vida ao cumprimento de protocolos, o Papa foi recebido pelo presidente Lula um tanto engasgado (efeito da Zeca-feira?) e por uma sonolenta companheira Marisa (efeito da feijoada?). Em seguida, Herr Ratzinger embarcou num helicóptero king-size para sobrevoar São Paulo, conhecer o buraco do metrô e, quem sabe, fazer uma participação especial - e celestial - no boletim de trânsito da CBN. No mosteiro do xará São Bento, milhares de fiéis aguardam o alemão sob uma garoa gelada muito agradável, nessa Paulicéia congelada. O Kassab também já está lá perfilado, com aquela cara de Kassab. Mas acho que barraram o engravatado Henry Sobel. Ao que se sujeita um Santo Padre...
Tanta farofa realmente justifica o plantão ao vivo da Globo: segundo um estudo divulgado semana passada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a porcentagem de católicos no Brasil, que caiu abruptamente na década de 1990, manteve-se estável de 2000 a 2003, passando de 73,89% para 73,79%. Em números absolutos, segundo a pesquisa, a população católica no Brasil atingiu 129,76 milhões em 2003, contra 125,53 milhões em 2000. De acordo com a FGV, se a tendência à estabilidade for mantida, o número de católicos no Brasil atualmente pode ser estimado em 139,24 milhões. Haja hóstia!
Por essas e outras, Tio Joseph resolveu fazer uma visita de camaradagem aos "bons meninos" do clero brasileiro. Os gerentes regionais cumpriram suas metas e o diretor da franquia está satisfeito. Resta-nos agüentar três ou quatro dias nessa lenga-lenga e a cara do Papa em todo bendito jornal, TV, revista e congêneres. O Roberto Carlos vai cantar, o Padre Marcelo vai pular, o Cid Moreira vai gravar mais uns salmos e todo mundo vai esquecer a Emenda 3 por um tempo. O consolo é saber que, assim como o BelzeBush, o Papão vai embora logo. Amém! E paga uma! Ou melhor, XVI...
O Bentão acabou de descer no aeroporto de Guarulhos. Meio assustado, com aquela cara sem graça de quem dedica a vida ao cumprimento de protocolos, o Papa foi recebido pelo presidente Lula um tanto engasgado (efeito da Zeca-feira?) e por uma sonolenta companheira Marisa (efeito da feijoada?). Em seguida, Herr Ratzinger embarcou num helicóptero king-size para sobrevoar São Paulo, conhecer o buraco do metrô e, quem sabe, fazer uma participação especial - e celestial - no boletim de trânsito da CBN. No mosteiro do xará São Bento, milhares de fiéis aguardam o alemão sob uma garoa gelada muito agradável, nessa Paulicéia congelada. O Kassab também já está lá perfilado, com aquela cara de Kassab. Mas acho que barraram o engravatado Henry Sobel. Ao que se sujeita um Santo Padre...
21 comentários:
Esse é um post inspirado. Sem ironia não se engole um papa como esse.
1) A mídia brasileira parece não saber que a Constituição brasileira define o Estado brasileiro como um Estado laico. A maioria é católica, mas nem todos são.
2)ótima a definição do Bantão pelo Zé Simão: "O rotweiller de Deus"
Mt bom o texto, Marcão. Mas o detalhe é que a mídia não faz confusão, não, Edu. O papa não só - goste-se ou não - é o líder religioso mais importante do mundo (outras religiões não têm esse grau de centralização), como também é chefe de Estado do Vaticano. Desta forma, merece as honras e cuidados de um Bush, por exemplo, ou de um chanceler alemão. Assim é recebido em países como a Turquia, Israel, China e quetais, que têm minoria (põe minoria nisso) católica. Exigir que no Brasil seja diferente é querer ser mais realista que o rei...
O engraçado é que esse pangua mal fala e quando fala baixa o tribunal inquisitorio nele.... Mas que va embora logo, nem um feriado de ambito nacional iremos ganhar por causa desse puto
Glauco, eu não disse que ele não é o líder religioso mais importante do mundo e nem desconheço que seja o chefe de Estado do Vaticano. Mas não sou por isso obrigado a concordar que a mídia deva bombardear o país incessantemente durante dias com esse fato, que para muitas pessoas não tem a menor importância. Ou sou? Como disse o Alberto Dines: "A visita do Papa Bento 16 ao Brasil
deve absorver as atenções da mídia e agravar a sua conhecida tendência para a concentração temática".
Claro que não, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer qualquer coisa a não ser em virtude da lei. Mas isso não tem nada a ver com o fato do Brasil ser um Estado laico, como falei. E o que disse é que é assim no Brasil e nos países não-católicos também. Quanto ao que o Diniz falou, como de hábito, é acaciano. Ninguém me paga pra fazer o mesmo não?
é a maior concentração de manifestações anti-clericais da blogosfera brasileira.
concentração temática mesmo!
eu fui a única do jornal a não escrever nada sobre o papa hj (yessssss).
e tá todo mundo no oba-oba, menos o personagem principal. Bento XVI veio se reunir com a cúpula da igreja. A impressão é de que ele apenas aguenta toda a balbúrdia. Ele veio para dizer que quer uam igreja tradicional, sem teologia da libertação e sem padre Marcelo (oba!).
além disso, a crítica do maretti à mídia é importante pelo seguinte. Um monte de manchete por aí tá dizendo que o Brasil e a Igreja estão em conflito por conta do aborto e das células tronco, como se esse conflito fosse possível! O Brasil é laico, pô!!!!
Que se cubra a vinda do papa como um evento popular, um dos maiores, claro. Mas tratar as posições da igreja como pauta para as políticas do país é de lascar.
Discordo de vc, Glauco, mas deixa pra lá. Discutir em fragmentos não dá.
O melhor é a resposta de um cidadão, para a seção Visão do Leitor do jornal Visão Oeste, à pergunta "o que vc diria ao papa se pudesse?". Resposta: "Pediria muita paz para o Brasil, porque o negócio está feio. Acho que com isso ele intercederia junto ao presidente Lula para mandar as Forças Armadas à rua, principalmente no Rio de Janeiro".
A mídia concentra quando vem o papa, concentra quando tem Copa do Mundo, concentra quando tem crise política, concentra quando tem um crime bárbaro, concentra, concentra, concentra... Umas concentrações ofendem mais uns do que outros e assim sucessivamente. Novidade? Nenhuma, por isso falei que o Dines foi acaciano.
Quanto ao aborto e ao "conflito" entre Igreja e governo, fico com o Paulo Henrique Amorim. Tal confronto é fabricado pelos media pra queimar o governo e, se pudessem, pediriam a excomunhão do Lula, já que o impeachment não aconteceu. A igreja tem direito a dar suas opiniões, assim como os grupos feministas, os partidos políticos, as ONGs, eu, esses blogueiros, os clubes de futebol e bla bla bla. Quero ver o dia em que vão publicar "Governo e Futepoca divergem sobre Manguaça Cidadão".
Olha, que a ídia funciona assim, já sabemos. Se não qusier aguentar, bota na Record, que, segundo o companheiro Mario, está muito constrangida em falar do Papa. Agora, Thalita, o conflito é possível, mesmo sendo o Estado laico, no campo das opiniões. Igreja e Estado representam, nesse caso, atores querendo ganahr a maioria da opinião pública ou do eleitorado ou da população, sei lá. As posições da Igreja pautam, em algum grau, as opiniões de muuuuuita gente, que é quem vota no país e cuja vontade deve ser representada pelo Estado. Nessa questão específica, deve ser o segundo ator social mais relevante nesse debate (depois do próprio Estado). Tem que ouvir mesmo, uai!
Esse "acaciano" que vocês tanto usam é uma referência ao camisa 12 da seleção na Copa de 1990?
ô bando de manguaça preguiçoso: em vez de só comentar com tanta prolixia, bora postar novos textos!
Anselmo, mais posts sobre o Bentão é gastar muita vela com defunto ruim. O incrível é que li a observação do Glauco sobre opinião do Paulo Henrique Amorim ("tal confronto é fabricado pelos media pra queimar o governo e, se pudessem, pediriam a excomunhão do Lula, já que o impeachment não aconteceu") e, assim que comentei isso com o pessoal aqui da redação do ABCD MAIOR, o Diego Sartorato, repórter, me exebiu a seguinte manchete de hoje:
Papa apóia excomunhão dos políticos pró-aborto (Folha de S.Paulo)
É realmente impressionante! E, voltando à questão levantada pelo Edu e pela Thalita sobre o absurdo de discutir dogmas católicos como política de estado em um país declaradamente laico, reproduzo aqui uma observação pertinente do colega Walter Venturini: "No domingo, a Folha trouxe uma entrevista com o Noam Chomsky em que ele diz que a mídia neoliberal não defende bandeiras, não diz 'somos a favor disso' ou 'contra aquilo'. Em vez disso, ela cria o cenário e a ocasião para colocar e impor, em manchetes, a pauta e a agenda neoliberal". Espantoso como tal interpretação procede - e curioso como a própria Folha publica um entrevista dessas.
Ah, e falando em Folha, boto mais lenha na fogueira da Santa Inquisição - meu ex-professor na PUC Campinas, Bruno Fuser, está repassando por emeio o seguinte texto de uma colega dele, professora da USP:
Queridas pessoas
Do fundo do coração desejamos toda felicidade a todo tipo de casal que queira viver em liberdade e afeição genuína. Por isso, reivindicamos o direito de união aos urubuzinhos Joseph e Georg.
No portal da Folha, hoje, tem um bocado de informações sobre Don Georg, secretário do Bento, monsenhor opus-dei-fashion que inspirou a última coleção masculina Versacce e é uma espécie de muso dos gays italianos.
Mais informações interessantes nos sites de busca. Além de escolher óculos, relógios e demais adereços do Joseph, monsenhor Georg está sempre por perto, ajudando a trocar de óculos e solidéus,
arrumando a capinha etc. Em todas as aparições do B16, monsenhor está ao lado ou um passinho atrás. É fácil vê-lo: é um loiro alto, lindo, de olhos verdes, corpão de tenista. É bonito, mas ordinário. Começou dando aulas na faculdade da opus dei e agora é da santa inquisição, digo, da doutrina da fé...
O Estadão diz que o papa tem hábito de fazer as refeições sozinho, coisa que as fotos da Folha desmentem, mostrando o verdadeiro lugar de Don
Georg. Eu estou neste propósito: o B16 fala o que quer do aborto, da camisinha e da homossexualidade, e eu falo o que quero da vida pessoal dele!
Divirtam-se!
Um abraço
Otilia
Nicolau
O estado brasileiro não tem que levar em considerção os dogmas católicos, muito menos obrigar todos os cidadãos a segui-los. Não tem discussão quanto a isso. Claro que esse tipo de discussão é nebulosa (ainda mais em comentários de um blog de cachaceiros), mas em princípio é isso. O estado é laico, ponto.
A Igreja Católica tem 43 dogmas e o aborto não está entre eles e até mesmo por isso existem instituições como as Católicas pelo Direito de Decidir. A Igreja tem direito de palpitar, com argumento que é partilhado inclusive por ateus, que é o direito a vida. Opinar é da democracia, por que o papa não pode falar e os manguaças desse blog podem?
Ainda bem que só a grande mídia que concentra. Nós já estamos gastando 16 comentários com essa bobagem.
Continuem aí, eu é que não vou queimar vela e tempo com o papa.
ótima "colocação", Frédi. Mas se há concentração é mais pelo ótimo texto do post do que pelo Bentão. Tanto é verdade que o próprio Marcão já se negou a, pelo menos ele, postar mais coisas sobre o insigne ser humano em questão, ao dizer: "mais posts sobre o Bentão é gastar muita vela com defunto ruim".
Nem o Corinthians apanhou tanto assim nesse blog...
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