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terça-feira, julho 22, 2008

Corinthians perde a invencibilidade e Felipe, a moral

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Após 11 jogos, o Corinthians perdeu a invencibilidade na Série B do Brasileiro, na partida contra o Bahia. A derrota por 0 a 1 (o jogo foi no Pacaembu) tem muitos motivos e pelo menos um culpado: o goleiro Felipe, cuja aura de heroísmo, conquistada com boas atuações no ano passado, já acabou.

Convém analisar o fenômeno Felipe. Ele chega ao clube em 2007, numa leva de jogadores do Bragantino que incluía Everton Santos, Moradei e Zelão. Com boas atuações e uma série de milagres, ajuda a retardar o trágico desfecho da participação corintiana, mas não consegue evitar o rebaixamento. Mas ganha a posição e a aura de ídolo, ou quase isso. Eu mesmo cheguei a escrever que ele tinha tudo para entrar para a história do Timão, se ficasse um tempo no time.

No entanto, mesmo nesse bom momento, Felipe pisava na bola quando decidia falar. Tem uma postura um tanto arrogante e mais de uma vez jogou a responsabilidade por derrotas nos companheiros.

E mesmo em suas atuações já se percebiam falhas: problemas ao sair do gol e, principalmente, a mania de rebater bolas para dentro da área. Alguns dos milagres protagonizados por ele só existiram porque o próprio goleiro criou a situação trágica, ao rebater nos pés do adversário bolas chutadas de longe. No frigir dos ovos, Felipe tem muita agilidade e excelentes reflexos, mas pecava em alguns fundamentos. Coisa que se corrige com treinamentos, se você souber onde estão os erros, assumi-los e trabalhar neles.

No início deste ano, quando o time começa a se remontar, uma das prioridades era segurar Felipe e Finazzi (pra você ver o nível do time no ano passado). O goleiro e seu empresário armaram um salseiro no negócio, ajudados pelo dublê de manager Antonio Carlos. Justa ou injustamente, o goleiro levou a fama de mercenário e gastou de uma vez só quase toda a moral adquirida no ano anterior.

Depois disso, foi pro jogo, e continuou tendo boas atuações e tomando gols evitáveis. Caiu de produção e foi para o banco após a derrota para o Sport na Copa do Brasil (em atitude controversa de Mano Menezes, que o inocentou num dia e rifou no outro). Voltou e fez boa partida, depois da qual sua mãe declarou à TV Bandeirantes que tinha aconselhado o jogador a ficar no clube no início do ano e que agora daria o conselho inverso.

Nisso tudo, em meio a boas e más atuações, ser chamado de ídolo e de mercenário, a única coisa inabalável foi o ego de Felipe. É um caso impressionante de auto-estima bem construída. Depois da final contra o Sport, disse sem pestanejar que quem o acusa de haver falhado não era treinador de goleiros para avaliar. Contra o Bahia, pediu desculpas no momento do gol, mas disse que tinha sido sorte de quem cobrou a falta. Nada abala o ego do rapaz.

Autoconfiança é muito importante para qualquer pessoa, ainda mais um goleiro, posição mais solitária do futebol, segundo o poeta. Mas ela deve vir acompanhada de uma boa dose de autocrítica para que o cabra perceba os erros e trabalhe para corrigi-los. Felipe é bom goleiro e tem potencial para ser ainda melhor, mas precisa descer do pedestal e ir trabalhar.

Achei que aquela temporada de banco tinha servido para baixar a bola do rapaz. Mas temo que esse ego inabalável e imponderado do rapaz tenha abortado o processo. Felipe precisa treinar fundamentos, melhorar seu senso de colocação e sua saída do gol. Principalmente, precisa aprender a receber críticas e tentar aprender com elas. Não pode achar que é intocável em lugar nenhum, ainda mais num time grande e com uma torcida apaixonada (e como tal, nem sempre racional) como o Corinthians.

Mas e o resto?

Felipe não é, obviamente, o único respondsável pela derrota. O pessoal do ataque e meio-campo corintiano tem deixado a desejar. Uma série de desfalques demonstraram que faltam peças de reposiçaõ ao time, especialmente no meio. Douglas, Diogo Rincón, Fabinho e Nilton deixaram saudades, já que Lulinha não é meia (e o que ele é mesmo?) e Elias não consegue carregar o setor sozinho. Douglas volta contra o Ceará, junto com Dentinho e Chicão. E Diogo Rincón já está na última etapa de sua recuperação, o que pode ajudar.

Por fim, mais uma conseqüência importante dessa derrota foi que meu pai terá que pagar uma dúzia de cervejas para um amigo, com quem havia apostado que o Corinthians não perderia nenhuma partida na Série B. Pelo menos o anti-corintiano passou 11 rodadas sofrendo com o assunto.

5 comentários:

Anônimo disse...

toda a demora é fruto da ressaca da derrota?

depois falam dos sãopaulinos. Opa! cadê os sãopaulinos comentando a rodada? tudo é estigma pra se livrar da pecha de só falar na boa?

qto bom humor...

Olavo Soares disse...

Ano passado, quando o Felipe já era citado como o melhor goleiro desde Yashin, eu recomendava cautela. Já cansamos de ver jogadores fazerem campeonatos magistrais e depois deles caírem no ostracismo. No caso do Felipe, o que também me fazia ter a pulga atrás da orelha (como diria Mauro Beting) é a carreira dele, que esteve longe de ser consagrada até sua chegada ao Parque São Jorge.

Thalita disse...

Eu estive isolada do mundo no final de semana, por isso me abstenho de comentar. Mas claro que comemoro a rodada favorável.

Fernando Bueno disse...

Bom post Nicolau...

Agora é preciso comentar que para quem tinha no início do ano André Santos e Alessandro jogando bem está difícil ver Denis e Saci. E o Mano ainda fala que o Denis é o que melhor cruza do time (MEU DEUS!!!). Falando em cruzamentos, acho que o time está abusando nesse tipo de jogada...

Até mais

Glauco disse...

Achava ele melhor na Lusa e no Bragantino do que hoje no Corinthians... O Felipe é daqueles casos de atleta que acha que joga muito mais do que joga.