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terça-feira, agosto 26, 2008

Por Cidade Limpa, metrô vai deixar de arrecadar 18 mi

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A prefeitura de São Paulo anunciou ontem que o Metrô não terá mais publicidade em suas estações. Segundo a administração municipal, a propaganda violaria os princípios da Lei Cidade Limpa, que vem provocando uma verdadeira guerra contra a publicidade exterior na capital desde o início do ano passado.

Tomei conhecimento dessa recente proibição hoje pela manhã, ao ouvir a coluna do publicitário Antoninho Rossini na Rádio Bandeirantes. De acordo com Rossini, a medida gerará uma perda de arrecadação de 18 milhões anuais para o Metrô paulista.

Eu já tenho bronca dessa lei faz tempo. Agora, a coisa já caminha para o ódio. Vejo a Cidade Limpa como uma medida populista, ineficaz e economicamente danosa a São Paulo. É populista porque tem a premissa de "melhorar o visual da cidade", bem na linha do "para inglês ver"; é ineficaz, porque São Paulo não teve nenhuma evolução significativa em termos estéticos (em alguns casos a situação ficou até pior, já que a publicidade ocultava paredes de alguns prédios pra lá de mal conservados); e é economicamente danosa porque prejudica um segmento considerável da economia para se tentar buscar uma "beleza" inalcançável.

Estão aí os números: o metrô vai deixar de arrecadar 18 milhões de reais em nome de uma "estética" que certamente não será notada pelos usuários (e falo como um deles).

Em tempo, deixo claro que essa não é uma crítica de um "eleitor do PT a uma lei do DEM". Sim, já votei no PT muitas vezes e, sim, a lei é do DEM; mas a aprovação que a Cidade Limpa teve aqui na capital transpassa as fronteiras partidárias e é vista em muitos anti-tucanos e anti-pefelê de carteirinha. E, da minha parte, tal medida seria rejeitada sendo quem fosse seu criador.

O complicado é que nenhum dos candidatos à prefeitura paulistana se opõe à lei, já que eles estão cientes da popularidade da medida...

14 comentários:

Anônimo disse...

letreiros, fachadas e propaganda fazem parte da identidade e da história de qualquer grande metrópole. acho interessante criar algumas restrições contra aberrações, uso irregular e afins, mas banir placas totalmente é querer transformar São Paulo num cenário do Projac. digo até que algumas placas deveriam ter sido tombadas ao invés de eliminadas. sinto saudades dos letreiros da Liberdade e de luminosos art deco de velhos hotéis e lojas do centro da cidade...

Anônimo disse...

Bom...eu não sou totalmente contra as placas, porque apesar de muita coisa feia ter aparecido, muita coisa boa também apareceu.

Mas essa do metrô tbm acho exagerada. Será que agora vão querer aumentar o preço da tarifa para suprir o que não conseguem arrecadar em publicidade?

Glauco disse...

Acho a idéia de combater a poluição visual muito boa, apesar da diferença ideológica com o prefeito. As placas e outdoors obstruíam a paisagem e prejudicavam mesmo patrimônios históricos da cidade. É a mais evidente demonstração de como o espaço público foi tomado por quem tem poder econômico. Planeja-se um lugar, constrói-se uma via com dinheiro público, um prédio, um edifício e de repente aparece alguém que pagou uma merreca estampando seu produto lá.

Quanto ao metrô, nada mais correto também. Ele é um bem público e propagandas como as medonhas pinturas de trens, além de mau gosto, é uma apropriação indevida de algo que não é da iniciativa privada. Algo similar ocorria há pouco tempo quando escolas da rede pública ostentavam outdoors, outra aberração, ou como o projeto de se colocar propaganda em uniformes escolares de crianças.

O metrô perderá R$ 18 milhões? A rrecadação total dele em 2007 foi algo em torno de R$ 1,2 bilhões, ou seja, perde-se 1,5% do arrecadado. Acho que compete à direção diminuir esse prejuízo ínfimo, que aliás já é muito bem compensado com outras iniciativas feitas em conjunto com a iniciativa privada, como os shoppings.

Thalita disse...

Eu vou mais na linha de pensamento do Glauco, embora seja crítica da lei da forma como foi aplicada (em relação aos letreiros dos comércios, não aos outdoors - Kassab tentou imitar barcelona mas esqueceu que lá toda a comunidade foi convencida, não obrigada, a aderir ao projeto).
Mas em relação ao metrô, antes ter publicidade que aqueles malditos quiosques. O terminal Barra Funda está infestado de barraquinhas de comida (sem higiene), roupas, acessórios e até relógios (que certamente vieram da China sem nota fiscal). Isso sim é vilipendiar o bem público.
Claro que eu preferia que não tivesse nem propaganda nem barraquinha.

Olavo Soares disse...

Glauco, por que os anúncios do metrô se constituem em "apropriação indevida" se há o consentimento dos agentes públicos?

Eu vejo os anúncios como uma maneira simples e cômoda de se arrecadar dinheiro. E não acho que haja prejuízo social na operação - e falo isso como usuário do metrô, como quem transita pela cidade.

Aliás, eu moro em São Bernardo e trabalho em São Paulo, como vocês sabem. E, por conta disso, ultrapasso todos os dias a "fronteira da cidade limpa", digamos assim. E afirmo: não tem tanta diferença assim não. A cidade não ficou essa maravilha toda depois que se tiraram as propagandas. Pelo contrário, ficou até estranha.

Marcão disse...

"Cidade Limpa" é o único "projeto social" desenvolvido fora da gestão Marta Suplicy. Me vem água nos olhos quando imagino a imensa população carente beneficiada com isso...

Glauco disse...

Olavo, agentes públicos consentem com muitas aberrações desde sempre. Digo que é apropriação indevida porque é um espaço público e, na minha visão, não deveria ser alvo de propaganda.

Acho também que o fato do Kassab ter sido ausente em outras áreas, como lembra o Marcão, não tira o mérito da Lei. Aliás, a própria Marta Suplicy diz que o projeto é "filhote" dela, em entrevista à Veja São Paulo. Diz ela: "É um projeto importante, que foi iniciado em nossa gestão com a Operação Belezura. Kassab teve o mérito de implementar e dar uma dimensão para a cidade toda. Foi um bom projeto. "

Anônimo disse...

O metrô ainda tenta usar a frase que é um dos melhores do mundo, mas nunca vi metrô no mundo inteiro vender bolacha a graneL.
Em londres há saídas para lojas e não lojas dentro !! bem diferente.

A publicidade será proibida somente nos trêns ( adesivação ), pois eles usam a superfície em parte de sua rota , os painéis nas estações VÃO AUMENTAR AINDA MAIS !! QUEM JÁ NAUM GOSTA VAI ODIAR. EU VENDO MÍDIA !!

acho um absurdo essas proibições, mas em terra de burro um burro fala os outros abaixam a orelha.


Danel Duarte

Glauco disse...

Pois é, Daniel, em um país onde os burros não abaixam as orelhas, no caso, a França, existe uma guerrilha anti-publicidade no metrô. Para ver a defesa do espaço público em Paris, clique
aqui.

Nicolau disse...

Apesar de ser a favor da diminuição da poluiçõa visual, tenho minhas dúvidas quanto à relevência dessa lei nesse sentido. Minha impressão é de que naõ fez muita diferença, mas já vi gente que achou ótimo. Mas um lance que vi esses dias numa Carta Capital me deixou puto: detonaram um desses grandes murais com grafites na Av. 23 de Maio. Grafite, junto com o hip-hop, é uma expressão cultural muito legal, urbana e atual. A nota, do Nirlando Beirão, lembra que tinha inclusive uma obra da dupla Os Gêmeos, que expõe em galerias de arte do mundo todo. O cabra foi lá e meteu a brocha em tudo. Lamentável.

Marcão disse...

Ridícula mesma essa história de detonar os grafites, mas essa conversa dos tais Gêmeos já tá enchendo o saco. Os caras ganharam uma puta mídia e foram recontratados pela prefeitura para fazer outro grafite (imagino que por uma bela grana). Kassab, o gênio, conseguiu transformar os caras em estrelinhas.

Thalita disse...

Ah, Nicolau, o Cidade Limpa não tem nenhuma menção ao grafite não. Decorei aquela lei de ponta cabeça por causa do trabalho.
Apagar grafite é falta de noção pura e simples, feita por gente que não entende do que se trata. A Prefeitura só aceita o grafite que consegue enquadrar, como o da passagem da Paulista. Aí eles "selecionam" os artistas, lançam press-release, fazem festinha...

Nicolau disse...

Thalita, naõ quis dizer que a lei previa, só lembrar que aconteceu e tá errado, meio dentro da idéia de limpar a cidade, coisa e tal. Eu não tinha visto nada desse lance e fiquei puto quando soube.

Victor Rodrigues disse...

Será que a aplicação do Cidade Limpa no metrô também vai tirar aqueles painéis eletrônicos da plataforma e as tvzinhas dos trens?