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sexta-feira, novembro 07, 2008

"Estrelas alternativas", ou "A arte da auto-depreciação"

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Li no UOL Esporte que o São Caetano, para comemorar seus 20 anos, anunciou mudanças em seu distintivo e mascote. Sai o simpático Azulão e entra um pássaro metido a briguento. Até aí tudo bem. A principal alteração está no distintivo: agora, acima do já tradicional escudo do clube do ABC, estarão três estrelas prateadas. Uma, a maior, simbolizará o título paulista de 2004, enquanto as menores servirão para a conquista do Paulista da A2 de 2000 e para os títulos da A3 de 1991 e 1998 (uma para as duas taças).

Só eu ou a vocês também causa uma baita estranheza ver um time que passou muito, muito perto de vencer a Libertadores e o Brasileirão ficar colocando estrelinha de divisão inferior na camisa? Me parece um belo tiro no pé, um desmerecimento das próprias possibilidades do clube. Um time que se orgulha de ganhar uma terceira divisão estadual não parece estar tão digno de bater de frente com outros que jamais colocaram os pés nessa competição.

Eu reconheço que os títulos devem ter suas histórias. Lembro de ter acompanhado a trajetória caetanense de 2000, quando o matador do clube era ninguém menos que Túlio Maravilha (ele mesmo). Mas o que acredito é que o São Caetano, se fosse para homenagear aquelas conquistas, deveria tê-lo feito quando ainda era um time pequeno (não que hoje seja "grande", mas é no mínimo médio).

O curioso é ver que o expediente não é único. Há dois outros exemplos de times brasileiros que têm façanhas maiores nos seus currículos mas 'poluem' seus uniformes com estrelas de títulos inferiores.

Um deles é o Atlético-PR. Em 2001, o Furacão foi campeão brasileiro, sendo o segundo clube do seu estado a levantar a taça nacional. Os atleticanos sonhavam com a conquista, entre outras coisas, para poder rivalizar com a estrelinha dourada que os coxa-brancas ostentavam desde 1985.

Levantada a taça, o que a diretoria atleticana decide? Que, além de uma estrelinha dourada, o Atlético traria outra em seu uniforme: uma prateada, simbolizando o título da Série B de 1995. Ou seja: quando o time dá o maior passo de sua história, se insere definitivamente nacional, prepara-se para vôos internacionais, opta por materializar um tempo em que disputava com alguma frequência a Segundona.

E o outro exemplo também é do sul do país. Trata-se do Criciúma. Quem vê o uniforme do clube hoje nota três estrelinhas sobre o distintivo, as três desenhadas da mesma maneira, sem que haja hierarquia sobre elas. Três títulos iguais? Não, de maneira alguma. Uma estrela é para a Copa do Brasil de 1991, outra para o Brasileiro da Série B de 2002 e a terceira para a Série C de 2006.

Pela camisa, sugere-se que o clube dá o mesmo peso de um título nacional, que poucos clubes detêm (vale lembrar que gigantes como Santos, São Paulo, Atlético-MG e Botafogo jamais conquistaram a Copa do Brasil) a uma taça de Série B e, pior, a outra de terceira divisão (!).

Repito que o mais gritante das três histórias é o fato das estrelinhas "menores" terem aparecido nos uniformes após a conquista dos títulos mais importantes. Um clube pequeno, que ostenta uma estrelinha de um título inferior em sua camisa, e que depois ganha um título mais importante, mas opta por homenagear seu passado mantendo a estrelinha inicial, é algo compreensível; agora, um que desmerece seu uniforme adicionando estrelas após ter alcançado vôos maiores, é algo que não consigo entender.

14 comentários:

Glauco disse...

Olavo, a inspiração do post foi a idéia de alguns corintianos de bordar uma estrela simbolizando o título da Série B?

Olavo Soares disse...

Não, foi mesmo a notícia sobre o São Caetano.

Louco por Futebol Inglês disse...

Estrela na camisa não deveria existir.
O problema é que todo mundo acha que a estrelinha engrandece o clube.

Fabricio disse...

Cara, o São Caetano não vai chegar de novo onde já esteve.
Incluise me orgulho de não ter torcido pro São Caetano em 2001.

De tão ridículo que essa mudança pode parecer, ainda podia ser pior. Com certeza alguém da diretoria ou do conselho quis colocar uma estrelinha de vice da Libertadores.

Saulo disse...

Não gosto de estrela no escudo.

Pedro Schaffa disse...

Nada como Torcer para um time que só põe estrela mundial...
Abração olavo!
Nilmar, eterno bomdespachense!

Anselmo disse...

é curioso. lembro de ver time colocando brasão de campeonato estadual e nacional na camisa quando ganhava título na década de 90.

As estrelas parecem que estão na moda. Só que, uma vez inseridas, não saem mais. Acho que na cabeça do torcedor fica mais o escudo do que as estrelas. Mas fico imaginando que deve ter sempre o dedo de algum contexto político nessas decisões... Será que não?

Adalton Diniz disse...

Acho válido valorizar todas as conquistas, mesmo que em outra épocas, a equipe tenha disputado campeonatos mais importantes.

Depois q se atingiu o auge, desvalorizar o passado acho que é um desrespeito aos q lutaram para colocar a equipe no topo.

Marcão disse...

Concordo com o Saulo e, no link que adicionei na última frase do ótimo post do Olavo, recupero um post que fiz outro dia sobre uma idéia pra lá de infeliz da diretoria do Corinthians, que, penso eu, desistirá da besteira de botar uma estrela no distintivo pela conquista da Série B.

Nicolau disse...

A idéia da estrela já foi abandonada, foi só um factóidezinho pra ganhar umas matérias... É a especialidade da gestão Sanches até agora.

Unknown disse...

Olavo, sendo atleticano, discordo completamente de você. No caso do Atlético, essa estrela serve de certa forma para lembrar a ascenção pela qual o clube passou, toda uma história de superação que levou o time a sair de uma situação pré-falimentar (94) a um título de segunda divisão pra lá de honroso em cima do maior rival (95)e e, depois, a sua glória máxima até então, o título de campeão brasileiro (2001). Sei lá, me parece mais honroso assumir esse passado e homenagear esse título do que deixar aquela geração de 95 esquecida no tempo.

Anônimo disse...

Por isso eu admiro mais ainda o Palmeiras que mesmo tendo muitos títulos importantes e outros nem tanto, não encheu sua camisa de estrelas inúteis.

A história de glórias de um clube é contado através das gerações, como uma mitologia heróica, não necessita de ostentações imbecis de estrelinhas... ser ou não ser, eis a questão!

Anônimo disse...

...falando desse coisa de estrela inferior...nao citou o atletico minerio...que apos o vergonhoso rebaixamento pos a estrelas de prata no peito...akela que nós cruzeirenses teremos orgulho de nunca usar...e ainda chama o clube de grande...na revista placar ele ta entre os minusculos...

Unknown disse...

Sei não,acho que o clube tem mais é que valorizar suas conquistas.