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domingo, novembro 02, 2008

Minha seleção de todos os tempos

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Por Fredi

Sem nenhum motivo, resolvi escalar hoje minha seleção de todos os tempos unindo duas paixões, música brasileira e futebol. Notem, joga no 4-4-2, com quatro meias criativos no meio de campo. Aboli os volantes por opção.

No gol, o Santo Pixinguinha. É a posição que mais precisa de milagres e também por conta do preconceito que havia (ainda há?) com goleiros negros desde Barbosa. Com ele no gol, o jogo acaba pelo menos 1 X 0 para nós, título de uma deliciosa composição de Pixinguinha em homenagem a Friedenreich depois de ele marcar aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação o gol que nos deu o título de campeão da Américas em 1919.

Na lateral direita, Luiz Gonzaga. Para Gilberto Gil, Gonzagão seria o Pelé da música, deveria entrar com a 10. Mas por no período militar falar bem de generais e saudá-los em shows, fica aqui na lateral direita. Mas não achem que o Velho Lua fosse reacionário ou qualquer dessas bobagens. Queria tocar sua sanfona como ninguém, seu mundo era outro. Vai também na lateral pelo fôlego e a longevidade da carreira. Como não conheço nenhuma música sua sobre futebol, vou de Assum Preto mesmo, que adoro:
Assum preto, o meu cantar
É tão triste com o teu, Também roubaram o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meu
.

De zagueiros, vão Tim Maia e Benjor, basicamente porque prefiro um zagueiro forte para agüentar o tranco e outro magrinho e mais técnico. Preparo físico? Hum, sei lá, mas ninguém teria coragem de encarar o síndico Tim Maia. E Benjor saberia jogar bem, conhecia do riscado, afinal compôs e gravou:
Arrepia, zagueiro
Zagueiro
Limpa a área, zagueiro
Zagueiro
Sai jogando, zagueiro
Zagueiro
Lateral esquerda, essa fica com Paulinho da Viola, a enciclopédia do samba, criador da Velha Guarda da Portela, por analogia com Nilton Santos, a enciclopédia do futebol. Também porque prefiro um jogador criativo, técnico, capaz de inventar pelos lados do campo. Mesmo sendo vascaíno fanático, nunca escreveu que eu saiba sobre futebol, vão versos sobre a sinuca, de Pelos 20:
Você me deixou pelo vinte
No golpe da sorte
Entre a rosa e a preta
Na mesa da vida
Você me deixou sem saída
Sinuca de bico
A preta e a rosa
Na noite perdida
.
No meio de campo, como já disse serão quatro meias criativos, sem volantes. Os dois pela direita são Caetano Veloso, perdido há muito tempo por aí, mas que já bateu um bolão em outras fases, e Adoniran Barbosa, com suas jogadas geniais de malandro italiano do Bixiga. De Caetano, versos de Tieta:
Por debaixo do lençol
Nessa terra a dor é grande
E a ambição pequena
Carnaval e futebol
Quem não finge
Quem não mente
Quem mais goza e pena
É que serve de farol
.
Pela esquerda, vão Chico Buarque e Gilberto Gil. Chico diz que joga bem pelada e tem das mais belas músicas sobre futebol como:
Para estufar esse filó
Como eu sonhei

Se eu fosse o Rei
Para tirar efeito igual
Ao jogador
Qual
Compositor
Para aplicar uma firula exata
Que pintor
Para emplacar em que pinacoteca, nega
Pintura mais fundamental
Que um chute a gol
Com precisão
De flecha e folha seca.
Gil completaria a jogada, com:
Prezado amigo Afonsinho
Eu continuo aqui mesmo
Aperfeiçoando o imperfeito
Dando tempo, dando um jeito
Desprezando a perfeição
Que a perfeição é uma meta
Defendida pelo goleiro
Que joga na seleção
E eu não sou Pelé, nem nada
Se muito for eu sou um Tostão.
O ataque fica para dois gênios, Tom Jobim e Dorival Caymmi, ataque bem mais técnico e criativo que corredor, óbvio. Tom jogava com classe a cada nota. Como curiosidade a Bossa Nova começou a ganhar o mundo mais ou menos na época em que ganhávamos a primeira Copa do Mundo, em 1958, na Suécia. Tom compôs Radamés y Pelé, melodia maravilhosa, mas sem letra.

Caymmi, que morreu neste ano, até onde conheço, não compôs sobre futebol nos mais de cinqüenta anos de muitos gols, inclusive internacionais, sendo responsável por várias composições que fizeram o sucesso de Carmem Miranda nos Estados Unidos. Para terminar uma analogia com o samba:
Quem não gosta de samba [e de futebol?]
bom sujeito não é
É ruim da cabeça
ou doente do pé...
Na reserva ainda ficam gênios como Noel Rosa, Cartola, João Gilberto, João Bosco, Milton Nascimento e outros, até porque só posso escalar onze.

Abaixo a arte de Carmem Machado para ilustrar o escrete da música brasileira.

Montagem: Carmem Machado

Por Fredi

17 comentários:

Anônimo disse...

bota o Raúl!!

Raul Seixas de atacante no lugar do Tom Jobim.

André Egg disse...

Caetano pela direita e Chico pela esquerda.

É por causa do pé que eles têm mais habilidade ou tem conotação política?

Grande escalação...

Bernardo Cotrim disse...

Anselmo, vc deu uma de Dunga e cometeu dois crimes na sua convocação: deixou os craques Jackson do Pandeiro (1x1) e Gonzaguinha (Geraldinos e Arquibaldos) de fora da lista!
Um abraço grande.

Anônimo disse...

O post tem cara de Frédi, mas o nome que acima esta é Anselmo. Mas...no tira teima acho que só o Frédi para escalar o pixinguinha no gol.
Muito bom... e claro alguem tinha que gritar (ou escrever) bota raúúlll

Anselmo disse...

que erro... o post é do Fredi mesmo. eu publiquei pra incluir a montagem da Carmem...

mas discordo da acusação do erro à lá dunga. é uma seleção pessoal, cada um escala a sua. e eu até sugeriria outros times, como a seleção sub-50 e a seleção feminina.

Marcão disse...

Ou então:

Zé Ramalho; João Bosco, Cassiano, Dominguinhos e João Nogueira; Lô Borges, Alceu Valença, Hermeto Paschoal e Tom Zé; Arnaldo Baptista e Raul Seixas. Técnico: Rogério Duprat.

fredi disse...

Ok, confesso a culpa é toda minha, o Anselmo fez o favor de postar...

Poderia escalar outros... mas também ser acusado de cometer erros à la Dunga é demais.

Essa é das acusações mais brabas, até porque o Dunga nunca escalaria um time sem volantes (rs)...

fredi disse...

André, sobre sua dúvida, acho que também estou em dúvida.

Abraço

Nicolau disse...

Eu recuaria o Tom para o meio campo, tirava o Caetano e botava o Noel Rosa no ataque. E ainda estou pensando num lugar para o Raul e o Arnaldo Batista... Mas com tantos craques, talvez seja o caso de seguir o consleho do Anselmo e pensar num outro time, mais roqueiro.

Glauco disse...

Muito boa a seleção e a arte também. Só escalo a minha no fórum adequado.

Bernardo Cotrim disse...

Calma, pessoal, comparar com o Dunga foi só uma provocação barata e um protesto. Afinal, como bons torcedores, sempre exagerados quando os nossos preferidos são preteridos. É fato que o Dunga nunca escalaria um meio sem volantes, mas esquecer do Gonzaguinha e, principalmente, do Jackson do Pandeiro, é que nem cortar o Romário às vésperas da Copa de 98 e levar o Emerson...
Abração.

fredi disse...

Bernardo, estamos calmos, mas também provocando (rs). Para mim, Jackson do Pandeiro poderia entrar sim, mas o problema é: cortar quem?

Gonzaguinha, embora goste muito, para mim existiriam uns 10 pelo menos na frente.

Mas essa é a brincadeira, escale a sua seleção.

abraço

Anselmo disse...

o time do marcão dá um belo contra no escalado pelo fredi.

Anônimo disse...

Faltou Noel Rosa, Jacob do Bandolin, Nelson Cavaquinho, Aldir Blac e Luis Melodia aí hein!

fredi disse...

Concordo com todos Vinícius, aliás faltou também Vinícius, mas tirar quem para escalá-los?

Anônimo disse...

Você não escalou e ninguém nem lembrou: Cartola não joga no seu time? É como escalar uma seleção brasileira de todos os tempos sem Didi ou Zizinho... Parafraseando outro gênio esquecido, "meu deus do céu, que palpite infeliz"!

fredi disse...

Rubem, Cartola é de minhas maiores predileções, já escrevi inclusive coluna sobre ele, sei lá porque não escalei, mas ele fica então de técnico, mandando em todos.