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quinta-feira, agosto 06, 2015

"Até nas 'trompa' de lata de cerveja"

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Mick Jagger, Marianne Faithfull, Anita Palenberg e Keith Richards no Brasil, em 1968
Relendo "Vida", a autobiografia de Keith Richards (já citada neste post aqui), cheguei ao trecho em que o guitarrista fala sobre a viagem que fez ao Brasil, em dezembro de 1968, acompanhado por Mick Jagger e pelas namoradas Anita Pallenberg e Marianne Faithfull, esta última com o filho pequeno Nicholas. Foi durante a viagem de navio que fizeram de Lisboa ao Rio de Janeiro que os dois rolling stones adotaram o apelido de Glimmer Twins. Havia uma passageira, aristocrática, que eles chamavam de "Mulher-Aranha". Tanto ela como os outros ricos a bordo começaram a fazer perguntas para tentar descobrir quem eles eram. "Nunca respondemos, e um dia a Mulher-Aranha deu um passo à frente e pediu: 'Oh, nos deem uma pista, nos deem um vislumbre [a glimmer]'. Mick se virou para mim e disse: 'Somos os Gêmeos Vislumbre'", lembra Keith. "Batizados no Equador, os Gêmeos Vislumbre [Glimmer Twins] foi o nome que mais tarde usamos como produtores de nossos discos".

Os Glimmer Twins desembarcando no Rio de Janeiro, 16 dias após o decreto do AI-5
Segundo o jornal "O Estado de S.Paulo" (leia aqui), o grupo desembarcou no porto do Rio de Janeiro no dia 29 de dezembro de 1968, apenas 18 dias depois de terem gravado, em Londres, o malfadado - e abandonado por 27 anos - filme "Rock and Roll Circus", com John Lennon, Yoko Ono, The Who, Eric Clapton, Taj Mahal e Jethro Tull. E exatamente 16 dias após o decreto, pelos ditadores militares, do nefasto Ato Institucional nº 5. Naquele exato momento, ali, na capital do então Estado da Guanabara, por conta exatamente do AI-5, os tropicalistas Caetano Veloso e Gilberto Gil estavam presos num quartel da Polícia do Exército, no bairro da Tijuca, depois de terem sido detidos, dois dias antes, na cidade de São Paulo. Alheios a tudo isso, os dois rolling stones e suas acompanhantes se instalaram no tradicional Copacabana Palace. Não demorou para que a imprensa os descobrisse e começasse o assédio - do qual eles queriam exatamente fugir naquelas "férias".

Mick, Keith e suas namoradas são flagrados na beira da piscina do Copacabana Palace
Hotel Jaraguá, na década de 1960
No Rio, Anita Pallenberg tratou de folhear uma lista telefônica em busca de um médico e, assim, confirmou suas suspeitas: estava grávida de Marlon, o primeiro filho dela e de Keith Richards, que nasceria em agosto de 1969. Depois de passarem o Ano Novo no Rio, assistindo os fogos em Copacabana, os cinco seguiram de carro para São Paulo, onde se hospedaram no Hotel Jaraguá, no Centro. Mas ficaram pouco tempo, pois havia outro destino planejado: a Fazenda Boa Vista, do amigo e banqueiro Walter Moreira Salles, em Matão, no interior paulista. "Ficamos alguns dias numa fazenda, onde Mick e eu compusemos 'Country honk', sentados numa varanda como caubóis, pés no parapeito, fazendo de conta que estávamos no Texas. Era a versão country do que se transformou no single 'Honky tonk women' quando voltamos à civilização", esculhamba Keith, em sua autobiografia. Confira a"Country honk" original:


Rara foto de Mick e Keith em Matão
Os 15 dias que passaram naquela região viraram folclore e renderam, em 2013, o documentário "Aliens 69: Quando os Rolling Stones invadiram Matão" (clique aqui para assistir), produzido por Diego Gibertoni, Fernanda Vilela, Gianfrancesco Barian, Matheus Carvalho e Rafael Zocco como trabalho de conclusão do curso de jornalismo na Uniara, em Araraquara (SP). Nos arredores do casarão da Fazenda Boa Vista, Keith Richards e Mick Jagger não só compuseram o que seria "Honky tonk women" como zanzaram pelados pelo meio do mato, espalharam dezenas de pires de papelão boiando com velas coloridas na piscina, soltaram todo o estoque de fogos de artifício que compraram em uma lojinha local e improvisaram uma festa junina, com fogueira, sanfona, crianças (!) e, lógico, regada a muitas substâncias - lícitas e ilícitas. E entre as lícitas, uma absoluta novidade em terras brasileiras: cerveja em lata.

Latas de cerveja: novidade que os Glimmer Twins trouxeram ('até nas trompa') ao Brasil
"Do nada, à tardinha, chega uma Land Rover, aquelas peruona monstro, 'até nas trompa' de lata de cerveja, de tudo que cê pensar", narra, em fluente "caipirês", no documentário "Aliens 69", Wanderley Zanoni, o funcionário da fazenda encarregado de atender os convidados famosos e supri-los, diariamente, com jornais. Ele lembra que a maior bebedeira aconteceu na tal festa junina improvisada em pleno janeiro, ao som de um sanfoneiro de 12 anos de idade. O menino emprestou o instrumento a Mick e Keith e diz que eles souberam tocá-lo. "Tomaro a noite interinha, sortaro todos os fogos que cê pensar", diverte-se Zanoni. "O que bebêro foi brincadêra aquela noite", acrescenta, no dialeto que eu, caipira de Taquaritinga, cidade vizinha a Matão, também "cunhêço dimais da conta". No fim do documentário dos estudantes, Zanoni garante que, depois que os rock stars foram embora, havia em um dos quartos ocupados por eles rastros de sapato que iam do chão até o alto da parede, como se alguém tivesse tentado andar no teto (!). "Ô, povo loco!", espanta-se.

O caipira de Matão fala sobre os Rolling Stones à EPTV, retransmissora regional da Globo
Na Plaza San Martin, em Lima
Mas a loucura não terminou em Matão. "Marianne voltou para a Inglaterra para tratar do filho, Nicholas, que tinha adoecido no navio e passado a maior parte da viagem na cabine. Assim, Mick, Anita e eu pegamos o caminho de Lima, no Peru, e daí para Cusco", relata Keith, em seu livro. No hotel, como a descarga não estava funcionando, a (gestante) Anita Pallenberg sentou-se na pia do banheiro para urinar. Prossegue Richards: "No meio da mijada, a pia desabou, caiu no chão e a água começou a jorrar de um cano enorme. Uma verdadeira comédia dos irmãos Marx". Depois de viverem mais aventuras mascando folhas de coca e assistindo o namorado gay do cônsul britânico se contorcendo em uma estranha dança no chão da casa do diplomata, Keith e Mick foram até Urubamba, uma aldeia próxima a Machu Picchu, típico "fim de mundo no meio do nada" (o blog "Andarilhos do Mundo" registraria, já em 2013: "A estação de Urubamba é bem fora de mão para a maioria das pessoas"). Segundo o relato de Keith, em janeiro de 1969 a aldeia não estava nos mapas de turismo nem dispunha de um hotel.

À imprensa peruana, os stones disseram: 'Viemos ver o efeito destruidor da cultura europeia'
Livro sobre a vinda dos Stones ao Brasil
"Conseguimos achar um bar e tivemos uma boa refeição", narra Richards, sobre um local em que, compreenderam rapidamente, ninguém fazia a menor ideia de quem eles eram. "E agora, alguma chance de dormir um pouco? No princípio, ouviu-se na sala uma porção de nãos, mas eles notaram que tínhamos um violão conosco. Cantamos para eles por cerca de uma hora, tentando apresentar qualquer coisa antiga que a gente lembrasse. Parecia que tínhamos de obter o voto da maioria para sermos convidados a dormir no local. (...) Toquei alguns trechos de 'Malagueña' e mais umas coisas que pareciam ter um tom vagamente espanhol (...) Finalmente, o senhorio avisou que podíamos ficar em dois quartos no andar de cima. Foi a única vez que Mick e eu cantamos em troca de hospedagem". Do Peru de volta para a Inglaterra, depois de tantas aventuras e desventuras, Richards e Jagger gravaram o álbum "Let it bleed" - "Deixa sangrar", sacanagem com "Let it be" ("Deixa estar"), dos Beatles -, que incluiu a versão roqueira de "Honky tonk women".

Mas faria todo sentido, ao menos pra eles, se tivessem incluído no disco a valsa tradicional "Saudades de Matão", música de João Galati e letra de Pedro Perches de Aguiar (que, quando a escreveu, residia na minha cidade natal - leia aqui). Encerro o post, abaixo, com a clássica versão gravada por Tonico e Tinoco. I know, it's only moda de viola, but I like it.



P.S.: No livro "Magical Mystery Tour" (Editora Seoman, 2005), Tony Bramwell, um dos assessores do Beatles, dá um motivo diferente para a viagem de Jagger e Richards ao Brasil. Segundo ele, a dupla estava fugindo das artimanhas do empresário Alen Klein, que já os havia enganado (e que, muito tempo depois, seria preso por crimes contra a receita federal nos Estados Unidos). Um ano após a aventura na América do Sul, quando souberam que Klein estava tentando se tornar o empresário dos Beatles, os Stones correram para alertar John Lennon. "Fiquem longe dele. Ele sacaneou a gente, cara", disse Mick Jagger, segundo Bramwell. "Tivemos que fugir para a porra de Matão para escapar", frisou Keith Richards. Bramwell conta que o guitarrista prosseguiu (os grifos são meus): "Foi lá que surgiu Honky Tonky Women. Estávamos em uma fazenda no meio do inferno em Matão, no Brasil, e havia mais caubóis do que no Texas. Eu e Mick estávamos em frente à varanda fazendo aquelas coisas de fazenda que adoro fazer. Seguimos a linha Hank Williams, bebendo caixas de Jack Black e cerveja e usando os trajes. Toquei para ele uma coisa que chamei de 'Country Honk'. Tocamos bem devagar e trabalhamos nela até que dissemos, meu Deus! Não podemos mostrar isso para os Stones. Vão rir de nós. O quê? Charlie? Bill? Nunca! Eles vão largar os instrumentos e correr para o bar. Mas mostramos. Arriscamos e talvez tenham sido as palavras, sei lá, mas eles gostaram da batida e ela ficou mais alta, mas ainda era country". Foi então que Jagger fez uma observação para Lennon que guarda muita relação com o preconceito sofrido pela música caipira em terras brasileiras: "Mas só nos Estados Unidos entenderam. Eles não se importavam. Aceitaram a música e gostaram, mas se fosse na Inglaterra, se dissesse que estava fazendo uma música country, ririam na sua cara. Ainda riem". Tony Bramwell completa: "É engraçado, mas eu ainda adoro essa música. Escrita pelos dois talentos de Dartford Kent [Mick & Keith] enquanto bebiam e brincavam de serem vaqueiros no fim do mundo, em fuckin' Matão. Este é o mundo da música".


terça-feira, março 03, 2015

Sonho, avião, sal, pimenta, passaporte e Los Angeles

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Richards 'sonhou' Satisfaction
McCartney 'sonhou' Yesterday
Em 1965, os Beatles e os Rolling Stones gravaram e lançaram dois dos maiores sucessos pop de todos os tempos: "Yesterday", composta integralmente por Paul McCartney, e "(I can't get no) Satisfaction", música de Keith Richards e letra de Mick Jagger. E uma coincidência inacreditável une as duas composições das bandas inglesas: segundo seus autores, elas surgiram em sonhos (!), quase que na mesma época (!!) e local (!!!). Tanto McCartney quanto Richards moravam no bairro Saint John's Wood, em Londres - que abriga o estúdio de Abbey Road, da EMI, usado pelos Beatles. Keith sonhou com o emblemático riff de guitarra de "Satisfaction" em seu apartamento da rua Carton Hill, despertou com ele na cabeça, pegou o violão e o gravou em uma fita cassete. "O milagre foi que olhei o gravador naquela manhã e sabia que tinha colocado uma fita virgem na noite anterior, e vi que estava no final. Então, apertei o botão de retrocesso e lá estava 'Satisfaction' - e depois 40 minutos de mim roncando", lembra Richards, sobre o primeiro grande sucesso dos Rolling Stones de autoria própria. Sobre Yesterday, Paul não chegou a gravá-la, mas lembrou a melodia no dia seguinte, ao despertar em sua casa na avenida Cavendish, também em Saint John's Wood: "Eu apenas acordei em uma manhã e ela estava na minha cabeça”, conta o beatle, referindo-se à canção mais executada no planeta em todos os tempos, que teve mais de 3 mil regravações nas cinco décadas seguintes.



Sal e Pimentra inspiraram Sargent Pepper's
Dois anos depois, em 1967, tanto os Beatles quanto os Stones mergulhariam no chamado "som psicodélico", a partir de suas experiências com LSD, o ácido lisérgico. Numa viagem de avião, Paul McCartney pensava nas novas bandas "lisérgicas" da Costa Oeste dos Estados Unidos, como Big Brother and the Holding Company (a banda de Janis Joplin) e Quicksilver Messenger Service, entre outras, quando passou a imaginar qual seria o nome "maluco" que inventaria caso viessem a rebatizar os Beatles. Foi então que o roadie Mal Evans, que o acompanhava, perguntou para McCartney o que significavam as letras S e P nos potes que acompanhavam a comida servida no avião. Paul respondeu que eram Salt (sal) e Pepper (pimenta) - e esse foi o estalo inicial que o levou ao nome da banda fictícia Sargent Pepper's Lonely Hearts Club Band (Sargento Pimenta e a Banda dos Corações Solitários), título do disco dos Beatles que revolucionaria a música pop.
Inscrição no passaporte que inspirou os Stones
E que inspirou Their Satanic Majesties Request (A pedido de Vossas Majestades Satânicas), dos Rolling Stones. Curioso é que, assim como Sgt. Pepper's foi batizado a partir dos potes de sal e pimenta servidos junto com as refeições em um avião, o título do álbum dos Stones foi escolhido a partir de uma inscrição contida nos passaportes britânicos: "Her Britannic Majesty's Requests" (A pedido de Sua Majestade Britânica). Muitos imaginam que, por serem "concorrentes", as duas bandas se hostilizavam. Mas não: naquele mesmo ano de 1967, Keith Richards e Mick Jagger participaram do côro na gravação de "All you need is love", dos Beatles, e John Lennon e Paul McCartney retribuíram com suas vozes na gravação de "We love you", dos Stones.


 

Por fim, para fechar as "coincidências", há uma entre os Beatles e o brasileiro Milton Nascimento. Ainda em 1967, George Harrison estava em Los Angeles, em uma casa alugada temporariamente, e aguardava a chegada de seu amigo Derek Taylor, assessor de imprensa da banda. O beatle já estava quase dormindo quando Derek telefonou dizendo que havia se perdido no trânsito. Para espantar o sono e aguardar que Taylor enfim encontrasse o destino, George pegou o violão e compôs "Blue Jay Way", canção que conta a desventura do amigo no trânsito de Los Angeles e que leva como título o nome da rua onde Harrison estava hospedado (e que seria incluída no filme televisivo Magical Mistery Tour, lançado em dezembro daquele ano). Em 1978, Milton Nascimento desembarcou na mesma cidade estadunidense na expectativa de reencontrar seu amigo Ricky Fataar, multi-instrumentista sul-africano que chegou a tocar com os Beach Boys e que, naqueles anos 1970, encarnou o personagem Stig O'Hara, versão cômica de George Harrison na banda fictícia The Rutles, esculhambação dos Beatles feita pelo povo do Monty Python. Porém, por algum motivo, Fataar não pôde ir a Los Angeles, e Nascimento, assim como Harrison, compôs uma música sobre a situação, batizada  como "Unencounter" (algo como "O não encontro") -  que depois receberia letra em português e se tornaria a clássica "Canção da América". Assim, tanto a composição dos Beatles como a do brasileiro falam de dois "desencontros" entre amigos na mesma cidade, Los Angeles. E fim de papo (mesmo sem futebol, política ou cachaça)!





terça-feira, janeiro 13, 2015

Um pacote de sete (rocks com cerveja)

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Nos Estados Unidos, uma das gírias mais comuns entre os manguaças é six pack, ou "pacote de seis" (cervejas). Ao notar essa expressão numa música gravada pelos Rolling Stones, fiquei curioso sobre outras letras de rock'n'roll que contêm a palavra cerveja. Numa rápida pesquisa, reuni um seven pack, ou melhor, um pacote de sete petardos roqueiros (estadunidenses e ingleses) que citam nossa popular loira gelada - mais do que necessária nesse calor ignorante:


Alice Cooper molhando a goela
1 - ALICE COOPER - "Escape" ["Fuga"]

Escape
I'm crying in my beer
Escape
Just get me out of here

(Fuga
Estou chorando em minha cerveja
Fuga
Apenas me tire daqui)






Jim Morrison enxugando uma
2 - DOORS - "Roadhouse Blues" ["Blues da hospedaria"]

Well, I woke up this morning, I got myself a beer
Well, I woke up this morning, and I got myself a beer
The future's uncertain, and the end is always near

(Bem, eu acordei essa manhã e tomei uma cerveja
Bem, eu acordei essa manhã e tomei uma cerveja
O futuro é incerto e o fim está sempre perto)



Janis Joplin cantando pra sua cerveja
3 - JANIS JOPLIN - "Mr. Natural" ["Sr. Natural"]

I buy myself a beer or two
Just to leave my stone behind
Sometimes I get so drunk
I can sing just like a child, yeah

(Eu me compro uma cerveja ou duas
Só pra deixar meu peso para trás
Às vezes eu fico tão bêbada
Eu posso apenas cantar como uma criança, yeah)




Joey Ramone cai - mas segura a lata
4 - JOEY RAMONE - "Rock'n Roll is the answer" ["Rock'n'Roll é a resposta"]

Seven o'clock and I'm feeling bad
I gotta pull myself together, yeah

Cause twelve o'clock you know I wanna rock
I wanna get a belly full of beer


(Sete horas, tô me sentindo mal
Tenho que me recuperar, yeah
Porque meia-noite, cê sabe, eu quero rock
Eu quero a pança cheia de cerveja)




Jimmy Page bebe com Robert Plant
5 - LED ZEPPELIN - "Black Country Woman" ["Mulher negra do campo"]

You didn't have to leave me with that beer in my face
Hey, hey mama, what's the matter here
That's alright, it's awful dog-gone clear

(Você não tinha que deixar-me com aquela cerveja na minha cara
Hey, hey, garota, qual é o problema aqui?
Está bem, ela só está tendo um distúrbio terrível)







Lemmy Kilmer: breja pela orelha
6 - MOTORHEAD - "(We Are) The Road Crew" ["(Nós somos) a Turma da Estrada"]

My woman's leaving, I feel sad
But I just love the life I lead
Another beer is what I need
Another gig my ears bleed
 
(A minha mulher está indo embora, me sinto triste
Mas eu simplesmente amo a vida que levo
Outra cerveja é o que eu preciso
Outra apresentação meus ouvidos sangram)


Mick Jagger na boquinha da garrafa
6 - ROLLING STONES - "Going to a go-go" ["Indo pra um go-go"]
 

It doesn't matter if you're black
It doesn't matter if you're white
Take a dollar fifty, a six pack of beer
And we going to dance all night

(Não importa se você é preto
Não importa se você é branco
Pegue uma nota de 50 dólares, um pacote de seis cervejas
E nós vamos dançar a noite inteira)





quinta-feira, dezembro 27, 2012

Música pura, com ou sem gelo

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Sambistas, jazzistas, bluezeiros, roqueiros e até compositores eruditos têm histórias imbricadas de entorpecentes. Por questões culturais e porque a Lei Seca durou pouco nos anos 1920 nos Estados Unidos, a bebida alcoólica é especialmente ligada à música. Sobram, aliás, composições que tratam do tema, como consagrado na série do Futepoca "Som na Caixa Manguaça" e levado à exaustão nas músicas da nova geração sertaneja (seja lá o que isso signifique).

Mas qual bebida casa com cada música? Porque goró ainda não tem uma API em funcionamento, Drinkfy ganha conotação de serviço de utilidade pública. Ou o contrário disso. E é divertido.

No estilo de aplicativos que sugerem harmonizações para vinhos ou tipos de alimento gourmet (ou gourmand), a ferramenta consiste em uma busca por um cantor, compositor ou nome do universo musical. O que a aplicação faz é simplesmente recomendar um goró que acompanha bem a trilha sonora. Para Tom Jobim, por exemplo, a recomendação é de uma Corona, cerveja mexicana (é favor não confundir: não é para tomar uma Gorducha). Para Astor Piazzolla, uma garrafa de vinho tinto. Em caso de Rolling Stones, um copo de rum. E ainda tem a versão para feriados.

Foto: Reprodução


Em tese, eles alertam que a combinação pode não ser perfeita, até porque é um cruzamento entre o The Echo Nest (base de dados que descreve artistas e relaciona-os a gêneros musicais) com api do Last.fm (que permite, de quebra, tocar a canção pedida).


sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Antes que eles te façam correr

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Folheando "Vida", do Keith Richards (com James Fox), da editora Globo, 2010 (foto), li uma parte em que ele conta sobre a gravação da música "Before they make me run", do álbum "Some girls", de 1978, dos Rolling Stones, na cidade de Paris. "Aquela música, na qual estou fazendo o vocal, veio do coração, mas foi cansativa como nenhuma outra. Eu fiquei direto sem sair do estúdio por cinco dias", conta o músico, que cita um trecho (manguacístico) da letra:

Já trabalhei em todos os bares e shows no centro da cidade
Nada como um multidão para fazer você se sentir totalmente só
E a coisa já começou a fazer efeito
Bebidas, pílulas e pós, você pode escolher seu remédio
Bem, aqui vai o adeus para mais um bom amigo
Depois de tudo dito e feito
Tenho que me mexer enquanto ainda é divertido
Deixe-me andar antes que eles me façam correr


E Richards prossegue: "(...) Fiquei gravando cinco dias direto. Nós todos estávamos cheios de olheiras quando terminamos de gravar a música (...). Quando finalmente terminamos, eu apaguei sob a mesa, embaixo do equipamento de gravação. De repente acordei, não sei quantas horas depois, nunca contei, e lá estava a banda da polícia parisiense. Uma porra de uma banda marcial! Foi isso que me acordou. Eles estavam ouvindo uma faixa que tinham acabado de gravar e não sabiam que eu estava ali. (...) E me pergunto: 'Quando devo sair daqui? Estou morrendo de vontade de mijar, meu veneno [heroína] está todo comigo, agulhas e a porra toda, e estou cercado de policiais que não fazem a menor ideia de que estou aqui'. Esperei um pouco e pensei: 'Eu vou ser bem britânico', e então rolei para fora da mesa e disse: 'Ai, meu Deus, me desculpem', e antes de eles perceberem eu já tinha me mandado, deixando 76 tiras se perguntando que porra tinha acontecido". Ou seja, como a música previa, eles o fizeram - literalmente - correr.

segunda-feira, março 31, 2008

Richards: proibição da bebedeira arruinou América

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Depois de confessar que cheirou as cinzas do próprio pai, de negar isso e reafirmar a bizarrice, o eterno guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards (foto) , volta a criar polêmica. Em entrevista ao jornal inglês The Sun, o stone assumiu fumar maconha em tempo integral. "Mandei muita fumaça para minha cabeça. Eu fumo maconha o tempo todo", assumiu. “Mas essa é minha erva benigna. É só isso que eu consumo. Mas, sim, eu fumo, e consigo um haxixe do bom". O guitarrista está trabalhando em sua autobiografia e, de acordo com o jornal, vem enfrentando "problemas". "Não consigo nem me lembrar do que aconteceu ontem. E já que eu não tive um diário, tem sido um pouco difícil", lamentou o siderado Richards. Em agosto de 2007, o músico comeu seus próprios cigarros em um show em Londres, em protesto contra a lei que proíbe fumar em locais fechados. "É um atraso, porque você tem que congelar suas bolas para acender um cigarro, precisa ir lá fora. É cruel. É uma besteira social e politicamente correta. Mas eles vão superar isso. É como aquela vez em que tentaram proibir a bebedeira. Veja o que aconteceu. Isso arruinou a América", sentenciou.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Simpathy for the Fluminense

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Não é provocação ao Palmeiras, que hoje enfrenta o Fluminense no Palestra Itália, em São Paulo. Mas, sim, um dado curioso: passando pelo Blog'n'Roll e pelo site Torcida Tricolor, descobri que pelo menos três dos Rolling Stones têm simpatia pelo Flu: o vocalista Mick Jagger, o baterista Charlie Watts e o guitarrista Mick Taylor (que integrou a banda entre 1969 e 1974, substituindo Brian Jones e dando lugar a Ron Wood). O blog provoca: "It's not rock'n'roll (but they like it)".
Taylor chegou ao Rio em janeiro de 1974 e visitou também Manaus. Neste período, tirou uma foto com a camisa do Fluminense, publicada no ano seguinte na edição especial sobre os Rolling Stones da revista “Rock, A História e a Glória” (ver reprodução acima). Charlie Watts foi o próximo a desembarcar no Rio de Janeiro, no dia 11 de julho de 1976, com a esposa Shirley, a filha Serafina e o cunhado Stephen.
Uma semana depois, no dia 18, um domingo, a família Watts esteve no Maracanã para assistir o clássico Flamengo x Fluminense, que terminou em 1x1, num jogo recheado de confusões e de expulsões. Poucos dias antes, Watts tinha sido flagrado fazendo compras em uma loja de material esportivo, deixando clara sua preferência ao presentear a filha Serafina com uma camisa do Fluminense (na reprodução ao lado, os dois aparecem, na loja, à esquerda).
Já em 1984, Mick Jagger fez sua quarta visita ao Brasil, para as filmagens do longa metragem Running Out Of Luck. Muitas cenas foram gravadas na sede do Fluminense, no bairro Laranjeiras. Ele freqüentou um treino (foto abaixo) e no filme há cenas gravadas no salão nobre do clube e seqüências dentro de um caminhão frigorífico que estava estacionado ao lado do estádio. Em 16 de dezembro daquele ano, o líder dos Rolling Stones marcou presença no Fla x Flu que decidiria o campeonato carioca.
Acomodou-se na tribuna de honra do estádio e, no intervalo da partida, encontrou-se com o então presidente do Fluminense, Manoel Schwartz, que presenteou Jagger com um escudo do clube, grudado na lapela de seu blazer preto. Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, o stone disse estar gostando do jogo, cuja movimentação, segundo suas palavras, se assemelhava muito ao futebol jogado na Itália. No segundo tempo da partida, mesmo estando em companhia de Neusinha Brizola, rubro-negra fanática, Jagger torcia pelo Fluminense. “O Flamengo tem bons valores, como Bebeto e Fillol, mas o Fluminense está melhor”, analisou. Palpite certeiro: Assis fez o gol da vitória para o tricolor.