Vendeu seu terno, seu relógio e sua alma E até o santo ele vendeu com muita fé Comprou fiado pra fazer sua mortalha Tomou um gole de cachaça e deu no pé
Mariazinha ainda viu João no mato Matando um gato pra vestir seu tamborim E aquela tarde, já bem tarde, comentava Lá vai um homem se acabar até o fim...
João bebeu toda cachaça da cidade Bateu com força em todo bumbo que ele via Gastou seu bolso mas sambou desesperado Comeu confete, serpentina e a fantasia...
Levou um tombo bem no meio da avenida Desconfiado que outro gole não bebia Dormiu no tombo e foi pisado pela escola Morreu de samba, de cachaça e de folia...
Tanto ele investiu na brincadeira Prá tudo, tudo se acabar na terça-feira...
Vendeu seu terno E até o santo Comprou fiado Tomou um gole João no mato Matando um gato Naquela tarde Lá vai o homem...
João bebeu toda cachaça da cidade Bateu com força em todo bumbo que ele via Gastou seu bolso mas sambou desesperado Comeu confete, serpentina e a fantasia...
Levou um tombo bem no meio da avenida Desconfiado que outro gole não bebia Dormiu no tombo e foi pisado pela escola Morreu de samba, de cachaça e de folia...
Tanto ele investiu na brincadeira Prá tudo, tudo se acabar na terça-feira...
Meu amor, não é bebendo Que você vai esquecer de mim Não é fugindo Que o nosso o amor vai chegar ao fim
Não é bebendo que você vai esquecer de mim Não é fugindo que o nosso o amor vai chegar ao fim Podes beber, podes fugir para onde quiser Que mesmo assim lembrarás de mim aonde estiver
Foi a mentira, foi o ciúme que tem compaixão Quiseram ferir e magoar o seu coração Amar não é crime, beber não redime a tua paixão Ouça o que eu lhe digo: fique aqui comigo e não beba mais não
Quanto mais distante estiver Mais vontade terás em me ver Sentirá meus lábios beijando os teus Em todas as taças que você beber
Ui-ui-ui-ui-ui-ui
Quanto mais distante estiver Mais vontade terás em me ver Sentirá meus lábios beijando os teus Em todas as taças que você beber
Nada consigo fazer Quando a saudade aperta Foge-me a inspiração Sinto a alma deserta Um vazio se faz em meu peito E de fato eu sinto em meu peito um vazio Me faltando as tuas carícias As noites são longas E eu sinto mais frio
Procuro afogar no álcool a tua lembrança Mas noto que é ridícula a minha vingança Vou seguir os conselhos de amigos E garanto que não beberei nunca mais E com o tempo esta imensa saudade Que sinto se esvai
Olha, que a vida é essa, eu sentado sozinho E pensando, o que pensa essa gente Que olha e desolha É palavra cruzada Eu decifro, e repasso E no passo eu já vou
Eu também quero ir, eu também quero ir Eu também quero ir, ah, eu também
É a feira acabada, é a festa no fim É o copo, cheirando a bebida Quem foi que bebeu Que caiu por aqui E chorou, e dormiu E no sono partiu
Eu também quero ir, eu também quero ir Eu também quero ir, ah, eu também
É o menino que chega na escola chorando E confessa por quê que apanhou Na noite passada, ele ouviu dizer "Eu já vou!" Respondeu, sem saber, respondeu
Eu também quero ir, eu também quero ir Eu também quero ir, ah, eu também
É o carro do ano, é a nave que acopla É a crise, o petróleo, a geada, o café É a viola cansada É meu samba já todo enfeitado, dizendo "Eu já vou!"
Eu também quero ir, eu também quero ir Eu também quero ir, ah, eu também
É o livro já lido, futebol consumido É Pelé, que se foi, ninguém disse "Ele vem" Essa grana refresca qualquer cuca quente Eu também vou cantar, é com esse que eu vou!
Eu também quero ir, eu também quero ir Eu também quero ir, ah, eu também
É o meu paraíso, é Adão enfeitado É a Eva sorrindo, o desejo, o pecado Mas nem sempre é azul A amor que se faz Quem não fez, não faz mais Eu não fico pra trás
Eu também quero ir, eu também quero ir Eu também quero ir, ah, eu também
É o jornal atrasado, é o charuto fumado É o classificado, é o crucificado É a prece, é a chama, é a minha oração Na igreja de portas abertas!
Eu também quero ir, eu também quero ir Eu também quero ir, ah, eu também
Eu também quero ir, eu também quero ir, Ah, eu também ...
(Do LP "Benito Di Paula e seus amigos", Copacabana, 1975)
O post poderia estar na editoria “Som na Caixa, Manguaça”, afinal o assunto é o programa “Samba na Gaboa”, da TV Brasil, apresentado pelo sambista Diogo Nogueira.
O programa que conta com um cenário baseado em um boteco, tem em suas gravações a presença quase que constante da indispensável cervejinha, que acompanha as conversas em busca pela memória e histórias da música brasileira. Já o episódio de terça-feira, 16, o tema foi a relação entre o samba e o botequim. Com os convidados Cristina Buarque e Alfredo Del Penho, o roteiro incluiu clássicos como Eu Bebo Sim (Luiz Antônio e João do Violão) e histórias de ébrios clássicos como Nelson Cavaquinho.
Samba e manguaça, Futepoca ainda quer discutir a estruturação da gravadora 100% independente "Manguaça Records"
Boemio "profissional", Cavaquinho encontrava-se, no dia de produção de um álbum de Cristina Buarque profundamente “ressaqueado”. Após sucos, águas e todos os tipos de receitas para trazer vida ao corpo de sambista, alguém teve a idéia de buscar uma “caninha”. Pronto! Lá estava novamente o bom (e manguaça) Nelson Cavaquinho.
A prática para curar a ressaca não é novidade alguma para os ébrios de plantão, mas sempre é bom lembrar as propriedades de cura do mé.
No meio do dia não venha tentar quebrar meu encanto Não venha chorar, por enquanto Meus olhos de olhar, de olhar querem ver o que há Não venha me encher de mistérios Não vou prometer ficar sério
Não venha, não venha tentar quebrar meu encanto Não venha chorar, por enquanto Não venha me encher de mistérios Não, não vou prometer ficar sério Não venha estragar meu prazer Não, não vou prometer Não venha estragar Enquanto durar
No meio da noite não posso deixar Não posso deixar de sair Se você quiser, pode vir Não quero mudar minha sorte No meio da noite não posso deixar Não posso deixar de sair Se você quiser, pode vir Não quero mudar minha sorte
Se a morte, se a morte vier me encontrar Ela sabe que estou entre amigos Se a morte, se a morte vier me encontrar Ela sabe que estou entre amigos Falando da vida, falando da vida Falando da vida e bebendo num bar Falando da vida, falando da vida Falando da vida e bebendo num bar
(Do LP "Meu corpo, minha bagagem, todo gasto na viagem", Continental, 1973)
LENDA DO CARMO (Composição: Ivan Lins / Vitor Martins)
Ivan Lins
O mestre bandoleiro invade a cidade Pega da espada e muda o rumo da manhã E o povo corre pra igreja Pra se esconder do mal Os santos milagreiros, mulheres e homens Bebiam juntos o vinho e repartiam o pão Era a folia, era o milagre Do vinagre e sal
O mestre bandoleiro deixando a cidade Quebra a espada e muda o rumo da manhã Cinzenta e fatal Imortal Os santos e as pessoas invadem a cidade Tocando sinos, cantando hinos de procissão Era a folia, era a alegria Era um Carnaval
Na mesma taça, o sangue e o vinho da igreja A água benta, a cerveja e o suor A mesma dança, uma vingança Um negro ritual O povo sem cerveja, os santos sem milagres A igreja só e não muda o rumo da manhã Virgem Santa! Quanta solidão! Perdição!
Sonhei que existia uma avenida Sem entrada e sem saída pra gente comemorar Toda hora, todo dia, toda vida
Na tristeza e na alegria, sem platéia e sem patrão Hoje eu sonhei que cerveja sai da bica No banheiro não tem fila nem existe contramão Que o trabalho é ali na nossa esquina E depois do meio dia, nem polícia e nem ladrão
Sonhei, como faço todo dia Como você não sabia, meu senhor não levo a mal A beleza, o amor, a fantasia O que tece e o que desfia não se aprende no jornal
Hoje eu sonhei, mas não vou pedir desculpas E nem vou levar a culpa de ser povo e ser artista Sem essa, moço, por favor não crie clima Seu buraco é mais embaixo nosso astral é mais em cima
Eu já mandei pedir à Odete Para me mandar Um chiclete de hortelã Para tirar Esse cheiro de aguardente De romã do Ceará Já cansei de implorar à minha irmã Prá me mandar um chiclete de hortelã
Ela foi para bahia Terra do balangandã E numa casa de santo Foi comprar um talismã Que dizia ter encantos Quebrava os quebrantos E era de Iansã E eu só pedi prá me comprar Um chiclete de hortelã
Quando vem raiando o dia Meditando em seu divã Só penso na carestia Que aumenta a cada manhã Oh, meu Deus, que bom sereia Se eu comprasse alcatra ou chã Mas o dinheiro já nem dá Pro chiclete de hortelã
Nos meus tempos de infância Todo dia de amanhã O bom velhinho do doce Que de criança era fã Tem cocada, mariola Bala e doce de maçã Olha aí
Quem quer comprar Um chiclete de hortelã O meu time vai domingo Jogar no maracanã Vou festejar a vitória Com a torcida campeã Se quando eu chegar em casa Não estiver de cuca sã Prá disfarçar eu vou mascar Um chiclete de hortelã
VOU PARAR DE BEBER (Romilson Luiz/ Eládio Sandoval)
Piu Piu de Marapendi
Aí, garçom, vou sentar aqui, mermão Vô comê, vô bebê, vô engraxá o sapato Eu vô cuspir no chão e não vou pagar Falô, então? Traz mais chopinho aí, gente boa!
Pensando bem Eu vou parar de beber Se continuar assim Logo, logo eu vou morrer (Que coisa triste, meu irmão!)
Pensando melhor ainda Eu não vou parar de beber mais não De que adianta eu parar agora Se eu já tenho o pé dentro do caixão? (Faloooouu...)
Garçom, desce mais um chope Me chamam de pau d'água mas não ligo Ou eu acabo com esse chope todo Ou esse chope todo vai acabar comigo
Chope, chope, chope, chope Chope, chope, chope, chope Até o dia clarear Chope, chope, chope, chope Chope, chope, chope, chope Pendura a conta que eu não vou pagar!
Aê, mermão, cavaquinho! (entra solo de guitarra)
Pensando bem Eu tô sozinho demais (Que coisa triste, gente boa!) Minha garota me deixou por outro Porque reclamava que eu bebia demais (Vê se pode!)
Tudo que vejo Me faz lembrar do seu rosto (É isso aí, malandragem) Mas já descobri que meu destino É tomar muito chopinho e muito tira-gosto
Por causa disso...
Garçom, desce mais um chope Me chamam de pau d'água mas não ligo Ou eu acabo com esse chope todo Ou esse chope todo vai acabar comigo
Chope, chope, chope, chope Chope, chope, chope, chope Até o dia clarear Chope, chope, chope, chope Chope, chope, chope, chope Pendura a conta que eu não vou pagar!
O patrão mandou cantar com a língua enrolada Everybody, macacada! Everybody, macacada! E também mandou servir uísque na feijoada Do you like this, macacada? Do you like this, macacada? E ainda mandou tirar nosso samba da parada Very good, macacada! Very good, macacada!
Não sei o que é que o patrão tem debaixo da cartola Que a gente não se solta, ta grudado feito cola No fim das contas, o patrão manda e desmanda E ainda faz do Rei Pelé mais um garoto-propaganda
O patrão mandou cantar com a língua enrolada Everybody, macacada! Everybody, macacada! E também mandou servir uísque na feijoada Do you like this, macacada? Do you like this, macacada? E ainda mandou tirar nosso samba da parada Very good, macacada! Very good, macacada!
O patrão é fogo! Ele é quem dá as cartas, banca o jogo Tá metendo sempre o bico no fubá, qual tico-tico No troca-troca, o patrão que é mais rico Já levou o Rivellino e vem depois buscar o Zico
O patrão mandou cantar com a língua enrolada Everybody, macacada! Everybody, macacada! E também mandou servir uísque na feijoada Do you like this, macacada? Do you like this, macacada? E ainda mandou tirar nosso samba da parada Very good, macacada! Very good, macacada!
(Do LP "Paulinho Soares", Continental, 1978)
Ps.: Vejam o artista - que faleceu em 2004, aos 60 anos - e os anárquicos Trapalhões zombando da nossa macaquice estadunidense:
PAGODE DO GAGO (Composição: Gracia do Salgueiro/ Gaguinho)
Gracia do Salgueiro
Fui a um pagode na casa do gago E o rango demorou a sair Acenava pra ele e ele mais que que que Que que que que que que guenta aí
O pagode foi crescendo Sob a luz de um lampião Com cuíca e pandeiro A moçada batia na mão A atração da brincadeira Era a nega do gago sambando Mas a fome também era negra Ninguém mais tava aguentando
E o cara da viola Deu bobeira e caiu pelo chão O gago pulava, sorria e gritava Que que que que que toma mais um limão
Toma mais um limão Que que que que que que você fica bão Toma mais um limão Que que que que que que você fica bão
Tenho empreendido uma busca infrutífera nos últimos tempos, e conto com os leitores do Futepoca e com a comunidade manguaça nacional para obter sucesso no projeto. À história:
Faz tempo, bastante tempo mesmo, chutaria algo em torno de 15, 16 anos. Eu estava assistindo a um programa esportivo da TV Cultura que falava sobre a preparação da seleção brasileira de handebol que ia disputar uma grande competição (Olimpíadas? Mundial?). A matéria era boa e explicava como estava sendo realizado o treinamento dos atletas.
Então se iniciou uma apresentação do trabalho específico dos goleiros. Mostraram os dois (ou mais) arqueiros (dá pra usar esse termo também no handebol?) dando seus saltos, pulando nas bolas, fazendo exercícios físicos, aquela coisa. A reportagem - em tom bem humorado - contava que a vida de goleiro do handebol não era nada fácil, e para ilustrar isso mostrou várias boladas que os jogadores levam em diferentes partes do corpo (inclusive "lá", caro leitor do sexo masculino).
Nesse momento, a reportagem se baseou nas cenas dos goleiros treinando enquanto uma musiquinha tocava de fundo. É aí que eu quero chegar. A música em questão era um sambinha bem divertido, divertido mesmo. Falava sobre um tema tão cotidiano quanto espinhoso para os praticantes de pelada Brasil afora - o inevitável revezamento no gol. Sim, porque a não ser que você seja um mau caráter, não importa o quanto você tenha de habilidade com os pés: chegará um momento, durante a partida, em que você terá que atuar como goleiro.
A música contava o quanto é doloroso permanecer embaixo dos paus (no bom sentido) enquanto uma bela partida de futebol desenha-se centímetros adiante. No refrão, a frase mais importante: "dribla o zagueiro, toca de calcanhar... e eu aqui nessa meta, olhando a bola passar... e eu aqui nessa meta, olhando a bola passar...". Trocadilho sensacional!
Acontece que nunca mais ouvi a música nem vi qualquer referência a ela.
"Procura no Google, seu tonto!". Claro que já fiz isso. Mas nada de obter resultado. O site insiste em me dar a seguinte resposta: Você quis dizer: eu aqui "nessa mesa"
E então não chego a lugar nenhum.
Se alguém conhecer a música (ou mesmo se lembrar da reportagem), eu ficarei muito feliz. E será dada uma grande conbtribuição ao repertório futebol-MPBístico - que, se não chega a ser um "Som na caixa, manguaça!", tem também muitas preciosidades.
Pra ilustrar (?) o post, um vídeo que não tem rigorosamente nada a ver com o assunto e eu nem sei direito do que se trata. Mas é que ele apareceu na busca por "futebol" e "samba" no Google. Aparentemente, fala sobre jogadores brasileiros na Turquia. Se alguém sacar direito o que acontece, agradecemos também.
Diga, seu dotô, as novidade Já faz tempo que eu espero Uma chamada do senhor Eu gastei o pouco que eu tinha Mas plantei aquela cana Que o senhor me encomendou
Estou confuso e quero ouvir sua palavra Sobre tanta coisa estranha acontecendo sem parar Por que que o posto anda comprando tanta cana Se o estoque do boteco Já está pra terminar
Derramar cachaça em automóvel É a coisa mais sem graça De que eu já ouvi falar Por que cortar assim nossa alegria Já sabendo que o álcool também vai acabar?
Veja, um poeta inspirado em Coca-Cola Que poesia mais sem graça ele iria expressar? É triste ver que tudo isso é real Porque assim como os poetas Todos nós temos que sonhar
Na segunda eu planto a cana Na terça amanhece nascendo Na quarta eu colho a cana Na quinta eu faço o engenho Na sexta eu faço a pinga No sábado eu amanheço bebendo No domingo minha mãe disse meu filho pára de beber Essa sina eu vou cumprir até morrer
Da garrafa eu faço a vela Da prateleira eu faço o caixão Eu quero é que me enterrem com um copo de pinga na mão Eu quero é que me enterrem com um copo de pinga na mão