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quarta-feira, setembro 11, 2013

Tem sempre o dia em que a casa cai...

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Benito quer 2,5 mas Metrô oferece só 1,1
Depois de desviar pelo menos R$ 425 milhões dos cofres público com um esquema de corrupção no metrô de São Paulo, o governo do PSDB quer usar a mesma companhia de transportes para tirar mais R$ 1,4 milhão do músico, cantor e compositor Benito di Paula. Isso mesmo: segundo notícia do site G1, o artista terá sua casa no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, desapropriada para as obras da Linha 17-Ouro. Ele e outros quatro vizinhos do mesmo quarteirão reclamam do valor pago pelos imóveis que, segundo os moradores, está abaixo do preço de mercado. Segundo Benito di Paula, o valor de sua casa estaria em torno de R$ 2,5 milhões.
“Recebi um comunicado dizendo que ia ser desapropriado no valor de 500 e poucos mil. O que eu compro com R$ 500 mil? Não compro nada. Aí eles melhoraram e o valor passou para R$ 1,1 milhão”, contou o artista.
A propriedade onde o artista vive há 28 anos, que está no trajeto previsto do monotrilho, tem 391 m² de área construída e um terreno com área total de 538 m², incluindo um estúdio musical. Irritado, Benito di Paula parece dar na música abaixo um recado ao governo de Geraldo Alckmin, gerente da Companhia do Metrô, de que o seu povo é pacífico, mas é melhor não ameaçar com despejo:

"A turma lá de casa é toda bamba
Não é de briga, mas é de amargar...
"




quinta-feira, janeiro 17, 2013

A volta do boêmio

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"Boemia, aqui me tens de regresso
E suplicante te peço a minha nova inscrição..."

Voltei!

E (re)começo com o título e alguns trechos do maior clássico de Adelino Moreira, na voz de Nelson Gonçalves, como fundo musical. Por quê?

Buenas, no post anterior que escrevi para o Futepoca, há (quase) um ano e meio, terminei dizendo que ia "beber um vinhozinho" para espantar o frio, a chuva, a deprê pré-segunda-feira e, principalmente, a dor de cabeça pelos 5 a 0 que o Corinthians aplicou impiedosamente sobre o meu time, naquele 26 de junho de 2011. Pois é, a ressaca do tal "vinhozinho" custou a passar... Mas "o bom filho à casa torna" - ou seria "o bom bebum ao bar entorna"? - e aqui me reapresento, disposto ao (bom) combate.

"Boemia, sabendo que andei distante,
Sei que essa gente falante vai agora ironizar:
- Ele voltou! O boêmio voltou novamente.
Partiu daqui tão contente. Por que razão quer voltar?"

Acontece que o Futepoca, tanto quanto suas próprias "razões sociais" (futebol, política e cachaça), é um vício. Mais do que isso: é uma família. E em família a gente bebe, discute, briga, bebe de novo, se afasta, se reconcilia, discute mais um pouco, bebe, chora, dá risada, faz drama, bebe a saideira, conversa, se abraça e, muitas vezes, chega num acordo. Ou não (rs). No meu caso, não teve discussão nem briga nem drama. Só um afastamento, digamos, necessário. Mas, felizmente, temporário.

Porque, como diz o Gilberto Gil, na letra de outro clássico, "Back in Bahia":

"Por algum tempo, que afinal passou depressa, como tudo tem de passar
Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá"

E porque um filho teu não foge à luta!

Voltei pra família Futepoca, cerrando fileiras novamente com Anselmo, Brunna, Fredi, Glauco, Maurício, Nicolau e Thalita. Agora me aguentem! (rs)

Beijos e abraços,
Marcão

Ps.1: A foto acima foi tirada pela - paciente, compreensiva e companheira - Patricia, no primeiro dia do ano, enquanto eu cantava e batucava na mesa da sala ao som de Benito di Paula, bebendo um Bicho Verde (Martini 40 ervas) misturado com caldo de pêssego. Sobrevivemos.

Ps.2: SOM NA CAIXA, MANGUAÇA:




sexta-feira, abril 02, 2010

Som na caixa, manguaça! - Volume 52

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COISAS DA VIDA
(Benito Di Paula)

Benito Di Paula

Olha, que a vida é essa, eu sentado sozinho
E pensando, o que pensa essa gente
Que olha e desolha
É palavra cruzada
Eu decifro, e repasso
E no passo eu já vou

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É a feira acabada, é a festa no fim
É o copo, cheirando a bebida
Quem foi que bebeu
Que caiu por aqui
E chorou, e dormiu
E no sono partiu

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o menino que chega na escola chorando
E confessa por quê que apanhou
Na noite passada, ele ouviu dizer "Eu já vou!"
Respondeu, sem saber, respondeu

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o carro do ano, é a nave que acopla
É a crise, o petróleo, a geada, o café
É a viola cansada
É meu samba já todo enfeitado, dizendo "Eu já vou!"

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o livro já lido, futebol consumido
É Pelé, que se foi, ninguém disse "Ele vem"
Essa grana refresca qualquer cuca quente
Eu também vou cantar, é com esse que eu vou!

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o meu paraíso, é Adão enfeitado
É a Eva sorrindo, o desejo, o pecado
Mas nem sempre é azul
A amor que se faz
Quem não fez, não faz mais
Eu não fico pra trás

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

É o jornal atrasado, é o charuto fumado
É o classificado, é o crucificado
É a prece, é a chama, é a minha oração
Na igreja de portas abertas!

Eu também quero ir, eu também quero ir
Eu também quero ir, ah, eu também

Eu também quero ir, eu também quero ir,
Ah, eu também ...

(Do LP "Benito Di Paula e seus amigos", Copacabana, 1975)

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Em busca do marafo perdido – Capítulo 3

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MARCÃO PALHARES

Eram duas da tarde e eu seguia uma bunda pela avenida principal. A mulher entrou numa casa de artigos para bebês e eu fui atrás, hipnotizado. Um vendedor me perguntou o que eu queria ali e me tirou do transe. Encabulado, comprei um jogo de babadores (algo muito apropriado para o vexame do meu instinto carnal mal reprimido). Peguei o embrulho, dei de presente para um padre que esbarrou em mim na calçada e corri sedento para o bar da esquina. Fazia um calor piauiense e já fui pedindo a primeira gelada. Tomei em quatro goles e puxei outra. Havia um cara de boina xadrez e anel de pedra vermelha, com um violão. E outro, com a camisa do Tuna Luso, tocando pandeiro. Ali por perto, no balcão, uma moça tinha os olhos fixos neles. Não era tão feia quanto parecia. Com o tempo, achei até que foi ficando interessante.

Devidamente encervejado, pedi um rabo de galo para reforçar. Pra comer só tinha ovo cozido, daqueles azuis, boiando num vidro de líquido nefasto. Pensei em pedir algum lanche, mas a visão de uma gaiola de periquitos cheia de excrementos, bem perto da chapa, me fez considerar que a mesma talvez não estivesse muito limpa. Talvez. A moça, que exalava um desodorante deveras enjoativo, dizia ao violeiro que era cantora. Queria dar uma canja. O homem palitou os dentes com a unha comprida do mindinho esquerdo e, entediado, assentiu. Ela escolheu uma música do Julio Iglesias, "Coração enamorado", e soltou o gogó. Deus pai todo poderoso!

Além de desafinada, a moça gaguejava e tinha uns cacoetes estranhos, ora adiantando, ora atrasando a letra. "Não pergunta nem responde/ Simplesmente satisfaz/ Sonhar/ Que existe amor cada vez mais". Uma voz aguda, irritante, perfurante. Mas o manguaça levou a música até o final no violão e, educado, agradeceu a "cantora". Ela até insinuou um "Agora toca aquela...", mas o pandeirista se encarregou de atravessar a inconveniente e apressou a voz num samba do Benito di Paula: "Você/ Ficou sem jeito e encabulada/ Ficou parada sem saber de nada...". Não sei se a moça percebeu a maldade da letra e o corte que levou do Tuna Luso, mas se calou com a sua boca sem feijão.

Eu já estava ali pelo segundo copo de Jurubeba Leão do Norte e me apiedei da criatura. Sentimentalismo de pinguço. Amor, paixão, casamento. Tudo isso passa pela cabeça de uma pessoa que começou o dia seguindo uma bunda e prosseguiu deglutindo nove cervejas, cinco doses de pinga da pior espécie com vermute barato e três jurubebas. "Você vem sempre aqui?", me lembro de ter perguntado. Não sei o que houve. Na cena seguinte, a moça estava no meu colo. Eu apertei sua mão e a marca dos meus dedos ficou impressa. Não entendi. Ela disse algo sobre doença de pele, erisipela, fungos ou coisa parecida. Depois me beijou, com hálito de Tatuzinho e tubaína de uva.

No pequeno apartamento, os colchões eram separados por varais com lençóis. Uma mulher gorda e com touca na cabeça, fumando, fazia miojo numa caçarola. Não tenho certeza, mas acho que me deitei e apaguei. A moça não gostou muito, pois buscou um balde com roupas de molho e atirou sobre mim. Fiquei atônito, no colchão encharcado. Houve bate-boca, a mulher do cigarro ameaçou me jogar o miojo na cara. Assim que tive a oportunidade, abri a porta e saí correndo. A moça do bar veio atrás, pelas escadas, me dando vassouradas. Cheguei à rua e entrei no primeiro táxi que vi, ainda molhado e fedendo sabão em pó vagabundo.

Parei num buteco de periferia e pedi um conhaque. O rádio tocava Julio Iglesias e comecei a divagar. Depois da décima segunda cerveja, me convenci de que tinha conhecido o amor da minha vida. Estava decidido: eu iria procurá-la. Não a moça, mas a mulher da touca, cigarro e miojo. Uma deusa! A vida é assim. Ninguém escapa.

(Continua quando o autor estiver sóbrio o suficiente para escrever...)