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Há certas figuras que alcançam um tal nível na imprensa que parecem intocáveis. Imunes a qualquer crítica, desfilam incólumes em meio a jornalistas dóceis, que preferem perguntar banalidades a fazer quetionamentos reais, com medo da reação do entrevistado. Um desses consensos midáticos é o técnico Vanderlei Luxemburgo, comemorado como um dos maiores técnicos do mundo, gênio, estategista e outras qualidades exaltadas pelos puxa-sacos de plantão. Nas coletivas, poucos se arriscam a confrontá-lo ou convidá-lo a comentar seus erros. Que bobagem, ele nunca erra...
Na partida contra o São Paulo, ontem, Luxemburgo, que vinha armando o time com três zagueiros e dois atacantes, preferiu "inovar" e entrar com um atacante e dois zagueiros, recheando o meio campo santista com seis jogadores. A justificativa era de que Muricy Ramalho havia entrado com Lenílson no lugar de Aloisio, supenso, portanto o time da Vila precisava ganhar o meio-de-campo para não ficar em desvantagem.
A tese seria até razoável se não fosse um porém. Lenílson, apesar de não ser atacante, entrou fazendo a mesma função de pivô que Aloisio faz. Corpulento, sabe disputar com zagueiros e prendê-los atrás. Diferentemente do falso atacante que Luxemburgo inventou, Rodrigo Tabata, que, franzino e baixinho, recebia a bola de costas para o gol toda hora e era parado com faltas ou perdia o lance.
Tendo apenas uma atacante - Reinaldo, isolado - o São Paulo com seus três zagueiro não deixou o Santos finalizar. Além disso, pôde liberar para o ataque Mineiro, que fez o gol do Tricolor, um resumo do desastre tático de Luxemburgo. Se o time já estivesse com três atacantes, tirando a sobra do adversário (tática que muitos técnicos, inclusive o próprio treinador santista usam para anular o trio de zagueiros), Mineiro talvez não descesse, já que estaria preocupado em proteger a zaga. O lance se torna mais patético quando se percebe que ele corre pra receber, em uma jogada manjada, e não é acompanhado por André Luiz (atleta indicado por Luxemburgo) que está um pouco à frente. o meio campo não estava muito congestionado como queria o comandante.
No segundo tempo, contra um time trancado, mesmo o esquema correto não foi suficiente pra suplantar o são Paulo, uma equipe entrosada e que, à frente no placar, não cedeu à pressão santista. Nem mesmo a repetitiva entrada de Carlinhos para deslocar Kléber para o meio (já comentada em post anterior do blog) não surtiu efeito algum.
Não se trata aqui de desmerecer o trabalho do competente técnico, mas que ele errou ontem, errou. E não foi a única vez. Como ele mesmo diz, o Santos teve uma reformulação de 80% dos jogadores no início do ano, por isso, é de se esperar que o time tenha demorado a engrenar. O que não é admissível é desculpá-lo com base no lugar comum de que o Santos tem um elenco fraco, até porque não existe nenhum supertime no Brasil hoje. Além disso, como a reformulação foi enorme, a maioria dos atletas são indicação do próprio Luxemburgo, inclusive os "craques" do Iraty.
Quando chegar no fim do ano, Luxemburgo terá ganho do Santos, em 2006, R$ 6 milhões. Acho que merece ser cobrado à altura do seu salário.