Destaques

segunda-feira, novembro 06, 2006

A covardia de Luxemburgo

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Há certas figuras que alcançam um tal nível na imprensa que parecem intocáveis. Imunes a qualquer crítica, desfilam incólumes em meio a jornalistas dóceis, que preferem perguntar banalidades a fazer quetionamentos reais, com medo da reação do entrevistado. Um desses consensos midáticos é o técnico Vanderlei Luxemburgo, comemorado como um dos maiores técnicos do mundo, gênio, estategista e outras qualidades exaltadas pelos puxa-sacos de plantão. Nas coletivas, poucos se arriscam a confrontá-lo ou convidá-lo a comentar seus erros. Que bobagem, ele nunca erra...
Na partida contra o São Paulo, ontem, Luxemburgo, que vinha armando o time com três zagueiros e dois atacantes, preferiu "inovar" e entrar com um atacante e dois zagueiros, recheando o meio campo santista com seis jogadores. A justificativa era de que Muricy Ramalho havia entrado com Lenílson no lugar de Aloisio, supenso, portanto o time da Vila precisava ganhar o meio-de-campo para não ficar em desvantagem.
A tese seria até razoável se não fosse um porém. Lenílson, apesar de não ser atacante, entrou fazendo a mesma função de pivô que Aloisio faz. Corpulento, sabe disputar com zagueiros e prendê-los atrás. Diferentemente do falso atacante que Luxemburgo inventou, Rodrigo Tabata, que, franzino e baixinho, recebia a bola de costas para o gol toda hora e era parado com faltas ou perdia o lance.
Tendo apenas uma atacante - Reinaldo, isolado - o São Paulo com seus três zagueiro não deixou o Santos finalizar. Além disso, pôde liberar para o ataque Mineiro, que fez o gol do Tricolor, um resumo do desastre tático de Luxemburgo. Se o time já estivesse com três atacantes, tirando a sobra do adversário (tática que muitos técnicos, inclusive o próprio treinador santista usam para anular o trio de zagueiros), Mineiro talvez não descesse, já que estaria preocupado em proteger a zaga. O lance se torna mais patético quando se percebe que ele corre pra receber, em uma jogada manjada, e não é acompanhado por André Luiz (atleta indicado por Luxemburgo) que está um pouco à frente. o meio campo não estava muito congestionado como queria o comandante.
No segundo tempo, contra um time trancado, mesmo o esquema correto não foi suficiente pra suplantar o são Paulo, uma equipe entrosada e que, à frente no placar, não cedeu à pressão santista. Nem mesmo a repetitiva entrada de Carlinhos para deslocar Kléber para o meio (já comentada em post anterior do blog) não surtiu efeito algum.
Não se trata aqui de desmerecer o trabalho do competente técnico, mas que ele errou ontem, errou. E não foi a única vez. Como ele mesmo diz, o Santos teve uma reformulação de 80% dos jogadores no início do ano, por isso, é de se esperar que o time tenha demorado a engrenar. O que não é admissível é desculpá-lo com base no lugar comum de que o Santos tem um elenco fraco, até porque não existe nenhum supertime no Brasil hoje. Além disso, como a reformulação foi enorme, a maioria dos atletas são indicação do próprio Luxemburgo, inclusive os "craques" do Iraty.
Quando chegar no fim do ano, Luxemburgo terá ganho do Santos, em 2006, R$ 6 milhões. Acho que merece ser cobrado à altura do seu salário.

4 comentários:

Anselmo disse...

acho que ele poderia pagar jabá pro Futepoca. Afinal, ele precisa de adevogados nos botecos da cidade.

Edu Maretti disse...

Boa sua análise, Glauco. Mas é justo que se façam ressalvas: o Santos perdeu um de seus melhores jogadores na temporada, Dênis, contundido em outubro, e substituído ontem pelo medonho André... Também perdeu o melhor da temporada, Maldonado. Durante o jogo, perdeu o eficiente e sempre perigoso Cléber Santana. Assim dependeu muito do limitadíssimo Tabata. Além do mais, o juiz meteu a mão. Aquele gol foi legal, não adianta o tira-teima da Globo vir mostrar que estava impedido por "9 cm" no primeiro lance (a Folha uma vez mostrou um erro grotesco do tal tira-teima em que a linha começava em uma faixa do gramado e terminava na outra). Outra: o Lenilson agrediu o André e nada aconteceu, era pra ser expulso. Como disse o Fábio Costa: "Nós não fomos bem no primeiro tempo, mas fomos prejudicados".
Choradeiras à parte, devemos reconhecer que o São Paulo demonstrou superioridade ontem, o que tua análise aliás reforça. Mas certamente não seria assim se estivessem em campo Dênis, Maldonado e o Cleber Santana não tivesse saído machucado. Com o time completo e uma arbitragem isenta, provavelmente teríamos vencido o jogo.

Marcão disse...

Essa relação "custo-benefício" levantada pelo Glauco é realmente procedente. Caso o Santos não levante o caneco da Libertadores em 2007, quanto o clube terá gasto somente com Luxemburgo e Zé Roberto? Isso se não inventarem de contratar mais 20 jogadores...

Isso me lembra o São Paulo de 2002, que contratou Osvaldo de Oliveira (o "discípulo" de Luxemburgo) e Ricardinho a peso de ouro. E só conseguiu sair do buraco com Roberto Rojas.

Thalita disse...

não é pq o tira-teima da Globo, mesmo errado, mostrou apenas 9 cm de distância (distância imperceptível a olho nu) que o bandeira prejudicou o Santos intencionalmente. É bom lembrar que o SP teve uma chance clara de gol parada no primeiro tempo de forma errada, pelo mesmo bandeira. (Aliás, o jogo estava parado antes da conclusão para o gol). Que, creio, foi o mesmo que não avisou o juiz da cotovelada ridícula e criminosa do Lenílson, que deveria ser julgada pelo vídeo, assim como o tapa na cara que o Leandro levou em um lance logo depois. Mas enfim, o cara é um bosta.
Agora, SE o Cleber Santana não tivesse saído machucado, SE o Maldonado e o Dênis estivessem em campo... não dá!! SE o Souza não tivesse tomado o terceiro cartão amarelo no jogo anterior de forma injusta ele tb teria jogado, o São Paulo estaria mais forte, e daí? É assim que o mundo gira...