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segunda-feira, novembro 06, 2006

Delfim Netto chama tucanos de fascistas e pede ação do Estado

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Foto: Divulgação

Depois do governador de São Paulo, Cláudio Lembo, foi a vez de Delfim Netto, deputado federal pelo PMDB -- derrotado nas urnas --, fazer discurso de esquerdista. O ex-ministro do regime militar, da economia, planejamento e fazenda, de 1967 a 1979, concedeu entrevista à IstoÉ, em que discute o resultado eleitoral. Tudo bem que o título deste post soe exagerado, já que ele não chegou às vias de fato (ou de termos exatos), mas alfinetou os tucanos na parte mais divertida, quando indagado sobre as diferenças entre PT e PSDB:

ISTOÉ – Qual é a diferença entre o programa do PT e do PSDB?
Delfim –
O programa do PSDB é uma teoria econômica que trata o mercado de trabalho como se trata um mercado de parafusos. Se sobra parafuso vai para o estoque, se sobra mão-de-obra vai para o desemprego. Para os tucanos, a teoria econômica serve unicamente para o desenvolvimento. Para eles, o desemprego não existe. O desemprego é apenas um ataque de vagabundagem do proletariado.. (...)

ISTOÉ – Mas o PSDB alega que a justiça social começou na era FHC...
Delfim –
Os cientistas econômicos do PSDB nem sequer acreditam que exista justiça social. O (Friedrich) Hayek (Prêmio Nobel de Economia) provou para eles que isso é uma bobagem e a madame (Margaret) Thatcher confirmou. No Brasil, o problema fundamental é que, enquanto você não pode dar emprego para todos, você tem que ter uma rede de sustentação para aqueles que foram expulsos do mercado. Qual é a solução dos cientistas? Se eles estão sendo colocados para fora, logo essa é uma forma muito eficiente de aumentar a renda per capita. Eles que morram.


E mais adiante: "Cabe ao Estado produzir o único bem público que só o Estado pode fazer: aumentar a igualdade de oportunidades. Isso significa que cidadania não depende de berço, cor, religião ou região que nasceu. Diz-se que o mercado é uma corrida. Logo pressume-se que os corredores tenham duas pernas e que partam do mesmo lugar."

Os cientístas a que ele se refere são o PSDB e PFL (cientistas de eleição, segundo o entrevistado). Assim, ao dizer que eles preferem os frutos da "vagabundagem do proletariado" mortos, achei por bem entender que Delfim Netto chamava os tucano-pefelistas de fascistas. Sensacionalismos a parte, só faltou usar a palavra, porque o conceito taí.


Delfim Netto sempre esteve alinhado com um certo "nacional-estadismo", ou a políticas desenvolvimentistas. Mas ele é o suposto autor da metáfora da economia-bolo (crescer primeiro para depois dividir), negada com veemência por ele. Delfim, diferentemente de Lembo, não deu sinais de aposentadoria iminente (nota 1 e 2).

2 comentários:

Glauco disse...

Muito mais à esquerda que o Palocci...

Marcão disse...

Depois das eleições, o que aparece de gente querendo chutar cachorro morto é impressionante...