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sexta-feira, novembro 10, 2006

Mulheres em um banheiro

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O cenário é um banheiro feminino da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. A estudante entra no local e percebe uma conversa entre duas mulheres, uma dentro de um cubículo e outra já lavando suas mãos. A que está na torneira fala:
- Acho um absurdo em uma universidade como essa eu ter que dar descarga porque alguém não deu antes de mim.
- Você não viu nada - responde a que está fazendo uso do infecto vaso usado por outras pessoas que não do nível dela - você não sabe que tenho que encerrar muitas vezes a aula antes da hora porque eles têm que pegar ônibus pra ir pra casa.
Sim, sim. São Paulo é uma cidade que tem transporte público precário. Além disso, o planejamento urbano inciado nos tempos de Faria Lima empurrou os pobres para a periferia com as grande obras viárias que fizeram a cidade crescer de forma desordenada mas, principalmente desigual. São Paulo foi erguida para ser excludente. Boa parte da elite esperar horas no aeroporto ganha manchetes nos jornais televisivos e impressos. Pessoas esperando horas em pontos de ônibus ou espremidas em coletivos lotados é normal. Afinal, qual é o lugar dessa gente?
A mulher do cubículo não sabe disso. A estudante bate a porta de outro cubículo e reconhece a voz de uma professora do Departamento de Francês. Ao perceber a presença de outra pessoa, a usuária do vaso contaminado pela plebe começa a dialogar com outra em francês. Nada mais apropriado para um banheiro. O que ela não sabe é que a aluna entende a língua dos literatos.
- Antes a média era sete. Mas agora, por conta "deles", a média baixou pra cinco. É terrível para alunos brilhantes terem que conviver com essa gente, diz a mulher já abrindo a porta.
A que estava fora concorda.
A estudante não as alcança. Fica com a indignação presa na garganta.
As duas mulheres também estão indignadas. Como é que suas fezes e urina podem ter o mesmo odor desagradável daquela gente? Como o mundo é injusto...

3 comentários:

Nicolau disse...

Concordo com as distintas professoras. Muito me entristece a queda do nível das entidades de ensino superior deste país com a entrada cada vez maior de pobres. E ainda tem gente que defenda a inclusão a inclusão também de pretos. Tinha que ser coisa de um país que tem um nordestino analfabeto como presidente da República. Desse jeito as pessoas de bem, moradoras dos Jardins e assemelhados, consumidores da Daslu e do shopping Iguatemi, não terão mais espaço. Uma tristeza, sem dúvida. Imagina o que Hitler ia dizer se visse uma coisa dessas...

Anselmo disse...

assustador... e tem gente que ainda acha que a PUC-SP é antro de esquerdinhas... só se for esquerdinhas neofascistas. que medo!

Marcão disse...

Há algum tempo, conversando com um professor universitário sobre expansão do acesso ao ensino superior (com o Prouni), ele rebateu indignado, dizendo que isso era uma tremenda besteira. Estupefato, perguntei por que. A resposta, digna de nota, foi: "-Pra que é que precisa de tanta gente com diploma nesse país?".