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quarta-feira, janeiro 21, 2009

Som na caixa, manguaça! - Volume 32

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PARECE QUE BEBE
(Itamar Assumpção)

Você parece que não sei
Diz tanta coisa que vou te contar
Olha, pensando bem, cala-te boca
E tam e tal e coisa e lousa

Sempre a mesma lenga-lenga
A mesma transa, o mesmo tchans
E zás e trás, tá louco, fica só naquela
E fica nessa, sei lá, maior comédia

O que que é isso, logo pra cima de moi
Tô por aqui, ó, sai fora disso
Parece que bebe, parece que sei lá

(Do CD "Bicho de 7 Cabeças Vol. III", Baratos Afins, 1993)

6 comentários:

Anselmo disse...

grande e saudoso itamar assunção.

Anônimo disse...

É sempre bom quando fazem uma homenagem ao marginalizado Nego Dito.

Marcão disse...

A propósito:

HÁ CINCO ANOS, NEGO DITO IA PARA O BELELÉU (OU SÃO BERNARDO)

Itamar Assumpção, nome maior da Vanguarda Paulista, está enterrado no cemitério Jardim da Colina desde 2003

DIEGO SARTORATO

“São Paulo tem muitos santos espalhados pelo Estado. Tem São
Judas, São Caetano, Santo André”, cantava Itamar Assumpção, e concluía, com tom de saudação: “tem
São Bernardo!”. O trecho é da música “Venha até São Paulo”, do disco Bicho de Sete Cabeças Vol. I (1993, Baratos Afins). A citação
calorosa ao ABCD não é coincidência.

Assumpção, informalmente apelidado
de “Nego Dito” por conta de um dos sucessos da carreira, era apaixonado por São Bernardo. Lá, encontrou amigos, fãs, espaço
para divulgar o trabalho e, em 2003, quando não pôde mais não resistir a um câncer no intestino, o repouso final.

“Ele escolheu ser enterrado aqui. Está lá no cemitério Jardim da Colina, bem ao lado de dois
companheiros da Metalurgia”, conta o trombonista Bocato. O compositor, ainda em início de carreira, tocava baixo para a banda instrumental formada pelo próprio Bocato em parceria com outra dezena de músicos.

Quando resolveu gravar o primeiro disco demo (que serviu de base para
o lançamento de “Beleléu, Leléu, Eu”, de 1980), foram os companheiros jaz-zistas que fizeram as vezes de banda de apoio.

“Ele gostava muito de vir para cá porque dizia que era o local onde era mais bem tratado, mais reconhecido. Não pelo grande público. Mas existem coisas que não são feitas para a grande massa,
e não falo isso como algo bom ou ruim. Ele não se importava com isso, ele se importava com música, em fazer arte”, resume Bocato.

A criatividade de Assumpção misturava samba, rock, funk, soul, reggae e o que mais pudesse se encaixar na miscelânea de estilos que deixou registrada em dez discos, de 1980 a 2004 (um álbum em parceria com Naná Vasconcelos foi lançado após a morte do compositor). Em 23 anos de carreira, foram muitas as parcerias: Arrigo Barnabé, a banda Isca de Polícia, as Orquídeas do
Brasil, entre outros.

No caso dos conjuntos, foram montados pelo próprio Assumpção, e se apresentam até hoje. “Ele
era, e ainda é, uma fonte de água pura, de inspiração. As composições dele ainda são extremamente atuais, e se encaixam cada vez mais na nossa realidade. Ele estava à frente do tempo
em que surgiu”, diz Suzana Salles, integrante da Isca de Polícia.

“Por isso, não concordo que o chamem de ‘maldito’. Ele está cada vez mais reconhecido. Hoje, vejo que muitos da nova geração revisitam a música para compreender
o processo de criação dele. Era muito intenso”, completa. “E não era uma pessoa fácil de se conviver. E nem difícil também.”

DE SÃO PAULO AO PARANÁ, E DE VOLTA

Itamar Assumpção nasceu em 1949 na cidade de Tietê, no interior de São
Paulo. Ainda jovem foi para o Paraná, onde conheceu o parceiro de toda vida Arrigo Barnabé. A volta a São Paulo se deu com a participação na banda Sabor do Veneno e a contribuição ao Metalurgia, de Bocato.

A primeira influência musical foi o papel de ogã (tocador de atabaque) no terreiro de Candomblé do pai, ritmo que incorporou ao rock, o samba e ao funk. Em São Paulo, foi o responsável por aproximar os músicos da Vanguarda Paulista (movimento da MPB do começo dos anos 80) à poetisa Alice Ruiz, de quem foi parceiro até o fim da vida.

As filhas Serena e Anelis Assumpção seguiram os passos do pai: a primeira virou música e poetisa, a segunda é vocalista do grupo Dona Zica.

(ABCD MAIOR - Edição 46 - 13 de junho de 2008 - Pág. 15)

Olavo Soares disse...

Nunca esqueço quando minha mãe, uma senhora respeitável, usou a expressão "parece que bebe" para desqualificar uma pessoa numa história que me contava.

Glauco disse...

Ainda bem que ninguém no Futepoca parece que bebe...

Marcão disse...

Aqui ninguém parece. Bebe mesmo!