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segunda-feira, setembro 15, 2014

Uma bomba no caminho do Canhão

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Troféu da Pequena Taça do Mundo
No dia 26 de julho de 1955, o São Paulo entrou em campo em Caracas para golear o poderoso Benfica, de Portugal, por 4 a 2. O jogo valia pela Pequena Taça do Mundo, torneio internacional de clubes realizado na Venezuela de 1952 até 1975. No segundo tempo daquela partida, o jovem atacante Paraíba, de 24 anos, substituiu Lanzoninho. Era a sua primeira temporada no Tricolor paulista. Apesar de não ter feito gol contra o Benfica, Paraíba já havia balançado as redes na estreia da competição, em 16 de julho, contra o time venezuelano La Salle. Entrou também no empate sem gols contra o mesmo Benfica e na vitória por 2 a 0 contra o espanhol Valencia. Mas acompanharia do banco os dois jogos seguintes à goleada contra os portugueses, uma nova vitória sobre o La Salle e um empate com o Valencia, que renderam o primeiro título da Pequena Taça do Mundo ao São Paulo (venceria novamente em 1963).

São Paulo na Venezuela, em 1955: Paraíba é o segundo agachado, da esquerda pra direita

Zagueiro Mauro, que ergueria a Jules Rimet em 1962, ilustra notícia do título do SPFC

Paraíba ainda jogaria pelo Tricolor em 1956. Ao todo, fez 39 jogos e marcou 16 gols com a camisa sãopaulina, mas nunca se firmou como titular. Em 1957, retornaria ao clube que o revelou, o pernambucano Santa Cruz. Lá, se consagraria como um dos destaques da conquista do "supercampeonato" daquele ano, fase final de desempate disputada contra os rivais Náutico e Sport - batidos, respectivamente, por 3 x 1 e 3 x 2. Paraíba foi apelidado de "O Canhão do Arruda", numa referência ao seu potente chute de perna direita e ao estádio do Santa Cruz. No total, marcaria 105 gols com a camisa coral. Depois, ainda jogaria pelo Salgueiros, de Portugal, antes de retornar a Pernambuco e encerrar a carreira no (futuramente folclórico) Íbis.

O time do Santa Cruz supercampeão de 1957, com o 'Canhão do Arruda' assinalado
Na manhã de 25 de julho de 1966, o guarda civil Sebastião Thomaz de Aquino chegou ao Aeroporto de Guararapes, em Recife, para mais um dia de trabalho. Pouco depois, encontrou uma maleta abandonada no meio do saguão. Seguindo os procedimentos de praxe, Sebastião pegou a maleta e dirigiu-se para o Departamento de Aviação Civil (DAC), quando, no meio do caminho, houve uma grande explosão. O alvo do atentado seria o general Arthur da Costa e Silva, então ministro do Exército e candidato à sucessão do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, que iria desembarcar naquele aeroporto. Porém, seu avião teve uma pane em João Pessoa, na Paraíba, e na última hora o general foi forçado a ir para Recife em um automóvel.

O guarda Sebastião Thomaz Aquino, em choque, sendo socorrido após a explosão
Conta o livro "A Ditadura Envergonhada", primeiro de quatro volumes escrito por Elio Gaspari sobre o regime militar: "Costa e Silva deveria ter desembarcado às 8h30. A maleta detonou às 8h50. Guardava uma bomba feita com um pedaço de cano e que foi acionada pelo mecanismo de um relógio. Morreram no aeroporto um almirante da reserva e um jornalista. O guarda [Sebastião Thomaz de Aquino] teve a perna amputada, e o secretário de Segurança de Pernambuco perdeu quatro dedos da mão esquerda. Treze pessoas ficaram feridas, inclusive uma criança de seis anos". O estrago só não foi maior porque, ao saber que Costa e Silva não viria mais de avião, a maior parte das 300 pessoas que o aguardavam ali já havia ido embora.

O ex-padre Alípio de Freitas vive em Portugal
Segundo Gaspari, o grupo responsável pela bomba foi o grupo Ação Popular (AP) e teria sido deixada no local por Raimundo Gonçalves Figueiredo, o "Raimundinho", que seria assassinado pela ditadura em 1971, já como integrante do grupo VAR-Palmares. O mentor do atentado, porém, teria sido o ex-padre português Alípio de Freitas, que militava clandestinamente na AP e montara um núcleo de treinamento em explosivos na Bahia. "Morreu muita gente, nós lamentamos. Mas era uma guerra, tinha que haver vítimas", disse ele, em uma entrevista para o Jornal do Commercio, de Recife, em 1995. Atualmente, ele vive em Portugal.

O guarda civil Sebastião Thomaz de Aquino, que teve a perna direita amputada após o atendado, recordou mais tarde a fatalidade da situação: "Eu pedi ao meu chefe para folgar no domingo, para jogar uma 'peladinha' com os meus amigos, e ir trabalhar na segunda-feira". Fazia sentido a fome de bola: apesar de o Brasil ter sido eliminado dias antes pelos portugueses, as pessoas ainda viviam o clima da Copa da Inglaterra, que só terminaria no fim do mês. Mas foi a última partida de futebol disputada por Sebastião. Para cúmulo do azar, a segunda-feira de serviço, na qual, em princípio, estaria de folga, seria o fatídico 25 de julho de 1966. Naquela manhã, Sebastião perdeu a mesma perna que o havia consagrado como o "Canhão do Arruda". Sim, o guarda que encontrou a maleta no saguão do aeroporto era o ex-jogador Paraíba.

O ex-jogador e ex-guarda Paraíba
"Com a perna direita, fui o canhão. E acabei perdendo ela por causa de uma bomba. Engraçado. Alguém andou colocando olho gordo demais", comentou, entre risos, para uma reportagem do Diário de Pernambuco publicada em agosto de 2009. Já naquela época, Paraíba sofria da Doença de Alzheimer, decorrência do alcoolismo no qual mergulhou para afogar as mágoas da amputação. "Perdi, muitas vezes, a vontade de viver. Cheguei a pensar em dar um tiro na minha cabeça", confessou. Nascido em 20 de janeiro de 1931, em Ingá, a 96 quilômetros de João Pessoa (PB), Sebastião ainda vive em Recife, onde, apesar da situação de penúria, é ídolo da torcida do Santa Cruz. Talvez, se tivesse escapado daquela fatalidade em 1966, ainda tentasse disparar seu "canhão" com o pé direito nas peladas com os amigos. Mas havia uma bomba no meio do caminho...

E é estranho pensar como Portugal se enredou decisivamente na vida desse paraibano, primeiro quando enfrentou o Benfica na Venezuela, depois quando foi jogar no lusitano Salgueiro e, por fim, quando terminou sendo vítima de um atentado planejado por um ex-padre português. Enfim, navegar é preciso. Viver, não.

quarta-feira, março 06, 2013

Hugo Chávez, Eduardo Galeano e o pobre que deixou de ser invisível

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Quando o primeiro Fórum Social Mundial, grande encontro de movimentos sociais e das esquerdas em geral de todo o mundo, aconteceu em 2001, o que prevalecia era o neoliberalismo e o pensamento único personificado pelo pensamento de Francis Fukuyama, filósofo e economista quem em 1992 publicou o livro O fim da história e o último homem, decretando a vitória do neoliberalismo e o triunfo do capital e da tese do Estado mínimo.

Tempos difíceis, nos quais esquerdistas eram chamados de “jurássicos” pelo presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso. Menem era o mandatário da Argentina; Fujimori, o do Peru. Todos, mais tarde, julgados e condenados, pela Justiça ou pelo povo de seus países. Apenas na Venezuela um chefe de Estado destoava do resto do continente.

Foto via Twitter da Cynara Menezes
Essa introdução é só para lembrar que as coisas precisam ser avaliadas em seu contexto. Aquele era um país que até então tinha vivido sob governos que se serviam da receita do petróleo para concentrar a renda, mas passava àquela altura a ter outra direção. Hugo Chávez, eleito em 1998 e reeleito três vezes, conseguiu dados sociais expressivos. No período de seus governos, o desemprego caiu de 14,9% para 5,9%, e o índice Gini, que mede a desigualdade social, em 1999 era de 0,46 e em 2012 chegou a 0,39. Conseguiu também praticamente erradicar o analfabetismo, de acordo com a Unesco. Mesmo o candidato da oposição em 2012, Henrique Caprilles, falou durante a campanha em manter as conquistas sociais da Era Chávez. Nada pode ser mais sintomático do legado chavista, ainda mais vindo de uma oposição que várias vezes bateu abaixo da cintura do ex-presidente.

Como em 2002, quando parte do empresariado, da classe política, e, principalmente, da mídia venezuelana derrubaram Chávez por dois dias. Mas ele retornou apoiado por parte da população, a mais pobre, que não admitiu abrir mão dos avanços que havia obtido. Aqui no Brasil, vi um jornalista “democrata” na televisão saudando o “golpe cívico”, expressão usada para dizer que aquilo não era bem um golpe, quase uma revolução branca, do tipo burguesa, sabe? Nada surpreendente tratando-se de um ex-membro do Comando de Caça aos Comunistas. Mas estávamos no século 21...

Fora os avanços em áreas sociais, o governo venezuelano também estimulou a participação popular por meio de referendos e plebiscitos. O próprio presidente submeteu seu mandato à avaliação popular e chegou a perder duas votações, algo incomum para um “ditador” como costuma(va)m chamá-lo alguns dos próceres da imprensa brasileira.

E, voltando ao início, impossível não enxergar a marca de Hugo Chávez na eleição de todos aqueles presidentes de centro-esquerda e de esquerda que vieram na América Latina depois dele, evidente principalmente em figuras como Rafael Corrêa e Evo Morales. Mas ninguém pode definir melhor Chávez do que Eduardo Galeano, no vídeo abaixo (provavelmente de 2004/2005 e que chegou por meio do Twitter do Lino Bocchinni), Confira a transcrição/tradução (mais ou menos livre) em que o autor de As Veias Abertas da América Latina explica Chávez.


O caso mais escandaloso de manipulação da opinião pública mundial é o caso da Venezuela. No grande teatro do bem e do mal há distribuição de funções entre anjos e de demônios e Hugo Chávez é um dos principais demônios. É um ditador, do ponto de vista da fábrica da opinião pública mundial. Um estranho ditador, ganhou cinco eleições em oito anos, e agora, recentemente, em um referendo, foi o primeiro presidente da história da humanidade que pôs o seu cargo à disposição do povo. E ganhou de 6 a 4, 60% a 40%, e em uma eleição que assisti como observador e posso dar o testemunho de que foram eleições transparentes, nas quais pela primeira vez se evitou que os mortos votassem. Eles que na Venezuela tinham o mau hábito de votar. E também se evitou que a mesma pessoa votasse várias vezes... Por Mal de Parkinson, muitos colocavam os mesmos votos na urna...

A Venezuela é um país estranho em que ocorre isso e que, ao mesmo tempo, se assistem denúncias sobre falta de liberdade de expressão. Vejo a televisão, há um senhor que diz que não há liberdade de expressão; ligo o rádio e uma voz clama “aqui não há liberdade de expressão”; abro o jornal e há um título enorme que diz que na Venezuela não há liberdade de expressão.

Um só meio de comunicação foi fechado na Venezuela nos últimos cinco anos, o canal 8 de televisão, mas não foi fechado por Chávez, e sim por esses democratas que tomaram o poder por 48 horas e nessas 48 horas fecharam tudo, a Assembleia Nacional, a Constituição... Estranha ditadura e estranhos democratas.

Acredito que há aí um divórcio exemplar entre a “realidade real” e a realidade virtual que os meios mostram como a única possível. E qual a explicação? Na Venezuela, havia cinco milhões de pessoas sem direitos civis, porque não tinham documentos e os filhos não podiam ir à escola porque não tinham certidão de nascimento. Porque em pleno paraíso petroleiro, no que se chama a Venezuela saudita, havia um milhão e meio de analfabetos que agora estão se alfabetizando e isso explica a fúria dos grandes meios chamados de comunicação, que não nos comunicam. E também explica o resultado desta eleição e das anteriores porque há um povo que resume sua atitude perfeitamente por meio de uma frase de um venezuelano pobre que foi entrevistado recentemente, que é mais expressiva que qualquer discurso: “Eu não quero que Chávez saia, porque não quero voltar a ser invisível”.

quarta-feira, setembro 12, 2012

Um giro pelas eliminatórias da Copa de 2014: zebras querem dar as caras

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A última rodada das Eliminatórias da Copa 2014 reservou algumas surpresas e serviu de alento para o sonho de muitas seleções que nunca chegaram a um Mundial. Algumas competições continentais estão mais adiantadas que outras, sendo os torneios europeu, africano e da Oceania os que têm somente duas rodadas. Já os outros continentes tem quase à metade das partidas disputadas, caso da sul-americana, que chegou à penúltima rodada de seu primeiro turno.
Com nove seleções na briga de quatro vagas e mais uma repescagem (o quinto colocado enfrenta o quinto das eliminatórias asiáticas), os vizinhos têm feito uma competição equilibrada. Só Bolívia e Paraguai parecem estar fora da briga, com quatro pontos cada um, uma vitória e um empate. A altitude de La Paz só funcionou para os bolivianos contra o próprio Paraguai, vitória por 3 a 1. Já os conterrâneos de Fernando Lugo conheceram o sabor da vitória contra o Equador, 2 a 1. Parece que Larissa Riquelme não poderá torcer pela sua equipe no Brasil em 2014...

César Farias pode fazer história
Quem faz uma campanha interessante é a Venezuela, cujo bom desempenho já se esperava aqui. Com 11 pontos em oito jogos (folgam na nona rodada), a Vinotinto tem um a menos que Uruguai e Chile, quarto e quinto colocados, e está a três dos líderes argentinos. A vitória fora de casa por 2 a 0 contra os paraguaios ontem deu mais moral para a seleção de César Farias. Será que os venezuelanos conseguirão debutar em uma Copa?

Zebras asiáticas

Será que o Líbano chega lá?
A rodada das eliminatórias também reservou algumas surpresas na Ásia. O Líbano venceu o Irã por 1 x 0, sua primeira vitória nos quatro jogos que disputou no Grupo A. Terá ainda mais quatro para tentar obter uma das duas vagas do grupo que asseguram a vinda para cá daqui a dois anos. A Coreia do Sul lidera com sete pontos, seguida por Irã e Catar, quatro cada. O Uzbequistão, com dois, empatou com o sul-coreanos e ainda sonham.
No grupo B, o ex-time de Zico, o Japão, derrotou sua equipe atual, o Iraque, por 1 a 0, consolidando uma confortável liderança com dez pontos em quatro partidas. Seis à frente da surpreendente Jordânia, que bateu a Austrália por 2 a 1. Caro jovem que se confundiu com a geografia, os australianos disputam as eliminatórias asiáticas por conta de um acordo feito com a Fifa, já que sua supremacia na Oceania era bastante sem graça. Em 2010, sua estreia na Ásia, sua classificação foi tranquila, mas, para 2014, sua campanha é levemente preocupante: dois pontos em três jogos; além da derrota para a Jordânia, empates contra Japão (em casa) e Omã (fora).

Nas eliminatórias asiáticas, os dois primeiros de cada grupo se classificam para a Copa. Já os dois terceiros se enfrentam em jogos de ida e volta e o vencedor do confronto pega o quinto colocado na América do Sul também em dois jogos.

Os azarões da Concacaf

Na Concacaf (América Central e do Norte), de três grupos com quatro seleções cada saem os dois melhores de cada para o hexagonal final. E há zebras querendo surgir a duas rodadas do fim da fase. No Grupo A, só Antigua e Barbuda está fora, enquanto Guatemala, Estados Unidos e Jamaica têm sete pontos. Os ianques correm o risco de não irem para a fase final, o que seria um vexame considerável, já os guatemaltecos tentam ir pela primeira vez a um Mundial. Nas eliminatórias de 2006, ficaram a apenas dois pontos da vaga na repescagem.

Já no grupo B, o México, com 12 pontos, já garantiu sua passagem para o hexagonal. El Salvador, que já foi ao Mundial de 1970 e 1982, está um ponto à frente da Costa Rica (5 contra 4), e a Guiana, com um pontinho, precisa vencer seus dois jogos e torcer. No grupo C, só Cuba, com quatro derrotas, está eliminada. O Panamá, que nem chegou à fase de grupos nas eliminatórias de 2010, lidera com nove e, se bater Honduras, que tem sete pontos junto com o Canadá, em casa, assegura vaga no hexagonal.

Na Europa, África e Oceania, apenas duas rodadas foram disputadas até agora. A Nova Zelândia venceu as duas, como esperado, marcando oito gols e sofrendo um. Nos dez grupos das eliminatórias africanas (classificam-se as primeiras de seleções cada grupo para disputarem cinco confrontos de ida e volta), somente Egito e Tunísia têm aproveitamento de 100%. Na Europa, mais seleções venceram seus dois jogos: Alemanha, Romênia, Holanda, Suíça, Rússia, Portugal, Bósnia, Grécia e França.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Venezuela 1 X 0 Argentina - o resultado que interessa da terça-feira

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Imprensa venezuelana "homenageia" o melhor do mundo
Em 2008, enquanto muitos se mostravam incomodados pelo Brasil ter perdido pela primeira vez na história para a Venezuela, o Futepoca já cantava a bola de que a Vinotinto não era mais o saco de pancadas que nos habituamos a ver. Claro que isso não tem nada a ver com a cantilena de que “não existe mais bobo no futebol”, já que existem sim, é só ver partidas como Escócia e Liechtenstein ou olhar ver alguns dos adversários da seleção brasileira.
 
Nas últimas eliminatórias, os venezuelanos ficaram a apenas dois pontos da hoje louvada seleção uruguaia e, na última Copa América conseguiram sua melhor classificação na competição, um quarto lugar. Sem o Brasil na contenda, a Vinotinto sabe que as atuais eliminatórias são a chance de ouro para conseguir algo inédito: a classificação para uma Copa do Mundo.

A derrota para o Equador na primeira rodada, na altitude de Quito, não abalou a confiança do time de César Farías que ontem fez história. Após 18 partidas disputadas e 18 vitórias portenhas, os venezuelanos bateram os argentinos por 1 a 0, gol de Amorebieta que, além de marcar o tento da vitória, ainda teve diante de si o trabalho de marcar Messi quando este avançava no seu setor.

Vitória da Vinotinto trouxe Chávez de volta ao Twitter depois de 5 dias de ausência
Logo na segunda rodada, as eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2014 já não contam com nenhum time com 100% de aproveitamento. Uma amostra de que a disputa das vagas deve ser acirrada. No momento, fora a Bolívia, todas as outras seleções parecem ter condições de vir ao Brasil daqui a três anos. Espero poder ver a Venezuela aqui. E a Argentina também.
  

quinta-feira, outubro 09, 2008

Opa! O nome disso é treino

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Para quem é criticado por não ter jogadas em seu time, o treinador da seleção brasileira Dunga pôs o time para jogar pelas laterais no coletivo da Granja Comari. É o que narra Luciano Borges.

Seja com os laterais bem abertos ou com os meias fechando pelo meio para tabelar com os atacantes, a aposta é nessa modalidade de ação para vencer as defesas. Além de inverter o jogo, transferindo a bola de lado o tempo todo.

Bom, até eu que sou mais besta reclamei disso no último jogo contra a Bolívia, no Engenhão, junto da apatia crônica que de vez em quando volta a abalar a equipe canarinho desde os tempos de Carlos Alberto Parreira. A minha avaliação era de que o problema era técnico.

Jorginho, assistente, ficou ensinando jogador a cruzar ao mesmo tempo em que reclama que os adversários fecham as laterais para evitar jogadas de ultrapassagem, aquelas em que alguém tabela com o lateral na altura da grande área para permitir a jogada de fundo, em velocidade. Será que é mais fechado do que a entrada da área?

Bom, independentemente disso, é fato que treino é treino, jogo é jogo. E o time tinha ensaiado jogadas de bola parada, só não tentou conseguir faltas e escanteios.

Tomara que o time entre com o Daniel Alves na direira e sem o Kléber pela esquerda. Mas não deve ser isso a acontecer no domingo, contra a Venezuela, às 17h.

Adriano, convocado de última hora para o posto de Luis Fabiano, treinou como titular. Assim como Elano, ao lado de Kaká, em vez de Ronaldinho Gaúcho e Diego. Robinho também vai a campo. Será que vão cumprir o que o técnico mandou?

Foto: CBFNews

Adriano (centro) vai de convocado de última hora a titular?

sábado, junho 07, 2008

Uma Venezuela em ascensão

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Claro que perder para a Venezuela no futebol, em se tratando de uma seleção pentacampeã como o Brasil, não deixa de ser vexatório. Mas o fato é que a equipe do país de Hugo Chávez vem mostrando uma evolução grande desde o final das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002. Antes um mero saco de pancadas, agora os atletas locais começam a mostrar que a lanterna sul-americana é coisa do passado.

O esporte mais popular do planeta perde para o beisebol e o basquete no país, competindo com o ciclismo e o boxe na preferência dos venezuelanos, o que talvez explique o desempenho pífio da seleção ao longo da história. Até as eliminatórias para a Copa do Japão/Coréia do Sul, a equipe tinha vencido somente duas partidas na competição: contra a Bolívia em 1981 (1 a 0) e contra o Equador em 1993 (2 a 1). Em 1998, primeira edição disputada em pontos corridos, o time ficou em último, com três pontos, resultado repetido em todas as edições anteriores.

No entanto, nas cinco últimas rodadas da fase eliminatória para 2002, os venezuelanos ganharam quatro partidas, perdendo para o Brasil de Felipão na última rodada (não se esqueçam que muitos torcedores temeram a Venezuela antes do embate). Naquele torneio, a Venezuela protagonizou uma das maiores zebras das eliminatórias sul-americanas, vencendo o Uruguai por 2 a 0 em San Cristóbal. Depois, derrotou o Chile pelo mesmo placar, em Santiago; venceu o Peru em casa, por 3 a 0 e superou o Paraguai por 3 a 1. Em cada um desses jogos, a Venezuela conseguiu um resultado histórico.

Terminou pela primeira vez uma eliminatória fora da lanterna (que ficou com o Chile), obtendo 16 pontos e cinco vitórias (venceu também a Bolívia por 4 a 2). Já nas eliminatórias de 2006, conquistou cinco vitórias e três empates, com destaque para a partida contra a Colômbia, vencendo na casa do adversário, e um fantástico 3 a 0 contra o Uruguai em Montevidéu.

Depois de conseguir pela primeira vez passar para a segunda fase da Copa América, em 2007, nas atuais eliminatórias os venezuelanos já venceram o Equador, fora de casa, por 1 a 0, e superaram a Bolívia em um empolgante 5 a 3. Estão em quinto lugar, o que lhes daria o direito de disputar uma vaga para a Copa do Mundo contra uma equipe da Concacaf. Será que é dessa vez que a Venezuela irá para o Mundial?

*****

Não é só no futebol que a Venezuela tem surpreendido. No vôlei, pela primeira vez irão às Olimpíadas. Em dose dupla! O masculino, após a histórica vitória contra o Brasil de Bernardinho no Pan de 2003, venceu a Argentina na casa do rival para assegurar sua vaga. Já as meninas selaram sua classificação contra o Peru, uma das seleções mais tradicionais do continente.

*****

Não é possível mensurar ao certo se a evolução no futebol tem relação com os investimentos do governo de Hugo Chávez. Mas o fato é que tem sido feito um esforço para massificar a prática esportiva nas escolas e treinadores estrangeiros chegam para preparar atletas, como é o caso do brasileiro Ricardo Navajas, do vôlei. Para se ter uma idéia, em 2006, os investimentos na área foram de US$ 510 milhões, além de terem sido gastos US$ 700 milhões para financiar as obras da Copa América de 2007.

Dunga faz história

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Só para não passar batido, Dunga entrou para história por ter dirigido a seleção brasileira na primeira derrota para a Venezuela, por 2 a 0, ontem nos Estados Unidos.

O melhor comentário foi o da minha companheira de partidas de futebol, Simone, que disse que parecia uma "pelada lá no Atuba" (bairro na divisa entre das cidades de Curitiba e Colombo, no Paraná).

Depois de ganhar sem brilho do Canadá, perder para gloriosa Venezuela nesses amistosos caça-níqueis nos Estados Unidos (resisti ao trocadilho do caça-Nike), resta agora torcer para não ter vexame contra Paraguai e Argentina na eliminatórias.

Se bem que assalta a dúvida se não vale torcer contra para o Dunga cair.

Mas como já aprendi que do ruim só vem o pior, vou torcer para a gente ganhar logo os jogos e garantir a vaga na Copa da África do Sul.

Depois começa o movimento Fora, Dunga!

quarta-feira, março 05, 2008

EUA x "Terroristas": Escolham bem seus medos

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A manchete da Folha de S. Paulo de hoje (aqui, para assinantes) traz George W. Bush declarando seu esperado apoio à Colômbia na crise que ela mesma criou e criticando o que chama de "provocações" de Hugo Chávez. Apoio esperado por dois motivos. Primeiro, porque os Estados Unidos são os grandes financiadores de Uribe na luta contra a guerrilha. De acordo com o próprio jornal, já foram US$ 4 bilhões nos últimos quatro anos para combater "o narcotráfico e a guerrilha" (até a Folha separa as duas coisas).

O outro motivo é mais amplo. Os EUA nunca viram problema nenhum em invadir e bombardear o territóro alheio, desde que isso sirva a seus propósitos. Foi assim recentemente no Iraque, onde a ocupação atroplelou proposições de todos os organismos multilaterais. Foi assim na Nicarágua, no Panamá, no Afeganistão e quase foi em Cuba, no mal sucedido episódio da Baía dos Porcos.

Lutam contra a ditadura no Iraque, mas vendem (e compram) tudo o que podem para a China. Criticam o "atraso" no Afeganistão, nos apavorando com burcas, e abraçam com ardor o petróleo da Arábia Saudita, ditadura sangrenta onde as mulheres (mesmo estrangeiras em visita) não podem dirigir, ocupar cargos importantes ou andar na rua com a cabeça descoberta (mais detalhes em reportagem da revista Fórum). Ameaçam o Irã (que é muito mais liberal em termos de costumes) por pretender possuir bombas nucleares, mas guardam muito bem as suas além de entopir Israel com tudo que podem. Atacam as prisões polítcas de Cuba e torturam prisioneiros em Guantánamo, rasgando códigos e convenções internacionais de guerra.

Tem uma galera aí contra o "terrorismo" das Farc, ou seja lá o que for. Não foi nenhum grupo guerrilheiro que apoiou o golpe militar no Brasil, nem na Argentina, nem no Chile, onde o presidente foi assassinado na sede do governo (por aqui, alguns devem se lembrar – meu pai certamente se lembra –, terroristas e subversivos eram os termos utilizados pela ditadura militar para desiginar quem lutava contra ela, pela democracia). Também não foi nenhum grupo guerrilheiro que colocou Saddam Hussein no poder para tirá-lo anos depois, nem que financiou o Taleban e Osama Bin Laden contra os soviéticos para transformá-los mais tarde na encaração das hordas do inferno.

Hoje, da mesma foram que bancam a guerra interna de Uribe (e bancarão um conflito regional também), bancam o massacre (não há outra palavra) que Israel promove contra o povo palestino, classificado coletivamente como "terrorista".

Os Estados Unidos foram e são o maior fomentador de guerras e massacres nesse mundo, não se enganem. Consideram um direito (e de seus aliados) fazer o que quiserem, do jeito que quiserem, onde quiserem. Atropelam soberanias nacionais, direitos humanos, convenções internacionais, democracia e o que quer que esteja em seu caminho. Cuidado com seus medos.

terça-feira, março 04, 2008

Divagações sobre a crise entre Colômbia, Equador e Venezuela ou Lembranças dos anos 60

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O governo colombiano de Álvaro Uribe parece estar metendo os pés pelas mãos de forma grotesca nos últimos dias. Primeiro, bombardeou parte do território do vizinho Equador em busca de acampamentos das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, grupo que uns dizem ser de guerrilha marxista outros de narcotraficantes), em clara violação da soberania do país. É como se, digamos, “inimigos internos” (para usar um termo da época da ditadura) da Argentina se escondessem no Mato Grosso e os platinos mandassem bombas no Pantanal. Acho que nós brasileiros não iríamos gostar nem um pouco.

Depois do malfeito, Uribe pediu desculpas meio acanhadas pela invasão. Com a reação de Rafael Correa, presidente do Equador, e do mandatário venezuelano Hugo Chávez, aliado próximo do governo equatoriano, que envolveu inclusive movimentação de tropas para as fronteiras e retirada de embaixadores, Uribe divulgou informações de que tanto Correa quanto Chavéz teriam acordos com as Farc, o que provaria que a Colômbia estava sendo atacada por “terroristas”. Do jeito que eu entendo, isso quer dizer que os dois são inimigos do governo colombiano, o que nos coloca num cenário de guerra.

Hoje, o vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos, disse que as Farc estavam tentando adquirir material radioativo para fabricar uma “bomba suja”. Quer dizer, o que nenhum grupo terrorista do mundo, nem a poderosa Al Qaeda, teve coragem ou recursos para fazer, lançar uma bomba atômica. E em seu próprio país! Não parece fazer muito sentido.

A Colômbia faz tempo que é ponta de lança dos interesses americanos na América do Sul. O plano de combate às drogas de Uribe é financiado com dinheiro estadunidense, segue suas orientações e prevê presença militar dos States no território. Com a chegada ao poder de vários governantes mais independentes de Washington, a proximidade deve ter aumentado. Por isso, talvez, Uribe esteja sentido-se mais a vontade para botar suas mangas de fora.

As décadas de 60 e 70, quando ocorreram intervenções das mais variadas por parte dos EUA nos países da América Latina, vêm à memória numa situação dessas. Uma operação como essa contra o Equador, aliado do segundo maior adversário dos EUA na América (Cuba ainda é o primeiro, simbolicamente, apesar da Venezuela ter muito mais bala na agulha) não tem cara de ser sem motivo, tem? As análises que eu li acham improvável que os três países cheguem à vias de fato, ou seja, uma guerra. Tomara que tenham razão.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

A Venezuela de Raúl Isaías Baduel e Hugo Chávez

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Independentemente de se concordar ou não, com o todo ou as partes, o texto do Bob Fernandes Porque Chávez perdeu e Baduel ganhou, no Terra Magazine, merece ser lido.