Destaques

Mostrando postagens com marcador santa cruz. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador santa cruz. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, setembro 21, 2015

Papéis para decidir o jogo: 'Foi gol!' ou 'Não foi!'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Outro dia registrei aqui as bizarrices do futebol paulista nos anos 1930, na transição do amadorismo para o profissionalismo, com jogos em que os juízes ou se recusavam a seguir apitando ou eram substituídos na marra, jogadores abraçavam o adversário ao sofrer um gol bonito, o árbitro interrompia a partida para que dezenas de chapéus atirados ao gramado fossem retirados, atletas substituídos no 1º tempo voltavam depois, um outro que atuava como bandeirinha entrava para reforçar um dos times e jogadores expulsos podiam ser substituídos. Tais situações são descritas no "Almanaque do São Paulo", publicação independente de José Renato Sátiro Santiago Júnior e Raul Snell Júnior. Pois agora fui presenteado com outro livro sobre a mesma época, "História do futebol em Pernambuco", de Givanildo Alves (Editora Bagaço, 1998, 2ª edição revista e ampliada). Não por acaso, a obra também traz uma série de causos bizarros dos primeiros tempos do futebol disputado nos campos de Recife.

Um dos melhores ocorreu no campeonato pernambucano de 1931, quando o Náutico não podia perder nem empatar um jogo contra o forte Torre, extinto clube apelidado de "Madeira rubra" (tinha uniforme completamente vermelho) e que naquela época já havia ganho os estaduais de 1926, 1929 e 1930. Porque, caso empatasse ou perdesse, o Timbu (apelido do Náutico motivado pela cachaça) recolocaria na disputa pelo título o arquirrival Sport, que já estava praticamente eliminado. Acontece que, para aquela partida decisiva contra o Torre no estádio dos Aflitos, marcada para 29 de novembro de 1931, vários jogadores desfalcariam o Náutico e, como o adversário era tecnicamente superior, a possibilidade de vencê-lo era remota. Foi então que, três dias antes do compromisso, Eládio de Barros Cavalho (foto), um dos diretores do clube, do qual seria presidente por diversas vezes entre 1948 e 1964, surpreende: "Deixem comigo".

Na véspera do jogo, um sábado, Eládio Carvalho chega aos Aflitos por volta das cinco horas da tarde. Chama "seu" Adolfo, responsável pelo campo, e ordena: "Arranje um serrote". Sem qualquer cerimônia, o diretor do Náutico faz com que o velho empregado do clube abra um buraco no pé de uma das traves, que eram de madeira, e serre a parte que fica enterrada no chão. "Com uns vinte vaivém, o travessão superior fiou penso e o poste lateral ruiu", narra o livro. No dia seguinte, o jornal Diário da Manhã estampa ofício dirigido pelo Náutico ao presidente da Federação Pernambucana, Virgílio Maia:
"No intuito de salvaguardar a sua responsabilidade, o Clube Náutico Capibaribe apressa-se a comunicar a V.S., o acidente que acaba de se verificar em seu campo de desportos. No momento em que o encarregado do campo procedia a reparos em um dos postes laterais do gol, sucedeu o mesmo ruir, em virtude do mau estado de conservação da parte enterrada, inteiramente carcomida pela umidade. Dada a hora adiantada em que isso se verificou, impossibilitando a substituição do madeiramento em mau estado, quer nos parecer não ser possível terminar o serviço necessário a tempo de se realizar o jogo marcado, para nosso campo, o que comunicamos para os necessários fins."
A partida não acontece, como o Náutico queria, mas os jornais não engolem o tal "acidente". Na segunda-feira, 30 de novembro, o Diário de Pernambuco comenta: "Causou estranheza nos círculos esportivos o caso do adiamento do jogo Náutico x Torre, em face das circunstâncias em que se revestiu: adiamento processado à última hora, com espaço limitado de tempo para ser impossível uma providência urgente". Apesar de o jogo ter sido adiado, e de o Náutico ter conseguido vencer o Torre, por 1 x 0, o Santa Cruz foi o campeão daquele ano. Mas, para os alvirrubros, o mais importante foi que o rival Sport não terminou a competição nem entre os quatro primeiros...

Mas antes disso, no Campeonato de 1930, ocorreu o fato mais surreal descrito pelo livro. No dia 13 de julho, no estádio da Avenida Malaquias, o árbitro Antonio Gaeta apita o clássico Santa Cruz x Sport, que vence por 1 a 0. Faltando menos de cinco minutos para o fim do jogo, o "Cobra Coral" pressiona pelo empate. "Júlio Fernandes estira um passe a Lauro, que entra na área do Sport e passa a bola a Carlos", conta o livro. "O atacante desfere um chute violentíssimo (...). A bola entrou no ângulo, tocando no varão de ferro, que estava fora do lugar, saindo por um rasgão da rede". Forma-se a confusão. "Sinceramente, não vi se foi gol", confessa o árbitro, enquanto é cercado pelos jogadores dos dois times. Pressionado a tomar uma decisão e já xingado e ameaçado, Gaeta passa a fazer opções esdrúxulas. Primeiro, pergunta se havia sido gol a uma criança. "Vou invocar o testemunho de um inocente", diz, como se a "justificativa" convencesse ou tivesse algum respaldo.

"A bola não entrou, seu juiz", garante o garoto (que torce para o Sport, óbvio!). Os jogadores do Santa Cruz se revoltam. O juiz, então, tenta outra saída (estapafúrdia): "Bem, aqui está um policial, um homem da lei. Ele vai decidir". O guarda, que não perde um jogo do "Cobra Coral", logicamente crava que a bola entrou. Dessa vez são os jogadores do Sport que se exaltam e ameaçam o juiz. O pau quebra entre os torcedores nas arquibancadas. "Não tendo mais para quem apelar", prossegue o livro, "o confuso árbitro chama os jogadores para o centro do campo. ' - Bem, vou tomar a última decisão. Vou fazer um sorteio. Num pedaço de papel, boto: 'Foi gol!'; noutro, 'Não foi!'". Incrédulos, os jogadores dos dois times nem comentam a sugestão, abandonando o gramado. A partida foi anulada e remarcada para a semana seguinte, quando o Santa Cruz venceu o Sport por 3 a 2.


segunda-feira, setembro 15, 2014

Uma bomba no caminho do Canhão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Troféu da Pequena Taça do Mundo
No dia 26 de julho de 1955, o São Paulo entrou em campo em Caracas para golear o poderoso Benfica, de Portugal, por 4 a 2. O jogo valia pela Pequena Taça do Mundo, torneio internacional de clubes realizado na Venezuela de 1952 até 1975. No segundo tempo daquela partida, o jovem atacante Paraíba, de 24 anos, substituiu Lanzoninho. Era a sua primeira temporada no Tricolor paulista. Apesar de não ter feito gol contra o Benfica, Paraíba já havia balançado as redes na estreia da competição, em 16 de julho, contra o time venezuelano La Salle. Entrou também no empate sem gols contra o mesmo Benfica e na vitória por 2 a 0 contra o espanhol Valencia. Mas acompanharia do banco os dois jogos seguintes à goleada contra os portugueses, uma nova vitória sobre o La Salle e um empate com o Valencia, que renderam o primeiro título da Pequena Taça do Mundo ao São Paulo (venceria novamente em 1963).

São Paulo na Venezuela, em 1955: Paraíba é o segundo agachado, da esquerda pra direita

Zagueiro Mauro, que ergueria a Jules Rimet em 1962, ilustra notícia do título do SPFC

Paraíba ainda jogaria pelo Tricolor em 1956. Ao todo, fez 39 jogos e marcou 16 gols com a camisa sãopaulina, mas nunca se firmou como titular. Em 1957, retornaria ao clube que o revelou, o pernambucano Santa Cruz. Lá, se consagraria como um dos destaques da conquista do "supercampeonato" daquele ano, fase final de desempate disputada contra os rivais Náutico e Sport - batidos, respectivamente, por 3 x 1 e 3 x 2. Paraíba foi apelidado de "O Canhão do Arruda", numa referência ao seu potente chute de perna direita e ao estádio do Santa Cruz. No total, marcaria 105 gols com a camisa coral. Depois, ainda jogaria pelo Salgueiros, de Portugal, antes de retornar a Pernambuco e encerrar a carreira no (futuramente folclórico) Íbis.

O time do Santa Cruz supercampeão de 1957, com o 'Canhão do Arruda' assinalado
Na manhã de 25 de julho de 1966, o guarda civil Sebastião Thomaz de Aquino chegou ao Aeroporto de Guararapes, em Recife, para mais um dia de trabalho. Pouco depois, encontrou uma maleta abandonada no meio do saguão. Seguindo os procedimentos de praxe, Sebastião pegou a maleta e dirigiu-se para o Departamento de Aviação Civil (DAC), quando, no meio do caminho, houve uma grande explosão. O alvo do atentado seria o general Arthur da Costa e Silva, então ministro do Exército e candidato à sucessão do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, que iria desembarcar naquele aeroporto. Porém, seu avião teve uma pane em João Pessoa, na Paraíba, e na última hora o general foi forçado a ir para Recife em um automóvel.

O guarda Sebastião Thomaz Aquino, em choque, sendo socorrido após a explosão
Conta o livro "A Ditadura Envergonhada", primeiro de quatro volumes escrito por Elio Gaspari sobre o regime militar: "Costa e Silva deveria ter desembarcado às 8h30. A maleta detonou às 8h50. Guardava uma bomba feita com um pedaço de cano e que foi acionada pelo mecanismo de um relógio. Morreram no aeroporto um almirante da reserva e um jornalista. O guarda [Sebastião Thomaz de Aquino] teve a perna amputada, e o secretário de Segurança de Pernambuco perdeu quatro dedos da mão esquerda. Treze pessoas ficaram feridas, inclusive uma criança de seis anos". O estrago só não foi maior porque, ao saber que Costa e Silva não viria mais de avião, a maior parte das 300 pessoas que o aguardavam ali já havia ido embora.

O ex-padre Alípio de Freitas vive em Portugal
Segundo Gaspari, o grupo responsável pela bomba foi o grupo Ação Popular (AP) e teria sido deixada no local por Raimundo Gonçalves Figueiredo, o "Raimundinho", que seria assassinado pela ditadura em 1971, já como integrante do grupo VAR-Palmares. O mentor do atentado, porém, teria sido o ex-padre português Alípio de Freitas, que militava clandestinamente na AP e montara um núcleo de treinamento em explosivos na Bahia. "Morreu muita gente, nós lamentamos. Mas era uma guerra, tinha que haver vítimas", disse ele, em uma entrevista para o Jornal do Commercio, de Recife, em 1995. Atualmente, ele vive em Portugal.

O guarda civil Sebastião Thomaz de Aquino, que teve a perna direita amputada após o atendado, recordou mais tarde a fatalidade da situação: "Eu pedi ao meu chefe para folgar no domingo, para jogar uma 'peladinha' com os meus amigos, e ir trabalhar na segunda-feira". Fazia sentido a fome de bola: apesar de o Brasil ter sido eliminado dias antes pelos portugueses, as pessoas ainda viviam o clima da Copa da Inglaterra, que só terminaria no fim do mês. Mas foi a última partida de futebol disputada por Sebastião. Para cúmulo do azar, a segunda-feira de serviço, na qual, em princípio, estaria de folga, seria o fatídico 25 de julho de 1966. Naquela manhã, Sebastião perdeu a mesma perna que o havia consagrado como o "Canhão do Arruda". Sim, o guarda que encontrou a maleta no saguão do aeroporto era o ex-jogador Paraíba.

O ex-jogador e ex-guarda Paraíba
"Com a perna direita, fui o canhão. E acabei perdendo ela por causa de uma bomba. Engraçado. Alguém andou colocando olho gordo demais", comentou, entre risos, para uma reportagem do Diário de Pernambuco publicada em agosto de 2009. Já naquela época, Paraíba sofria da Doença de Alzheimer, decorrência do alcoolismo no qual mergulhou para afogar as mágoas da amputação. "Perdi, muitas vezes, a vontade de viver. Cheguei a pensar em dar um tiro na minha cabeça", confessou. Nascido em 20 de janeiro de 1931, em Ingá, a 96 quilômetros de João Pessoa (PB), Sebastião ainda vive em Recife, onde, apesar da situação de penúria, é ídolo da torcida do Santa Cruz. Talvez, se tivesse escapado daquela fatalidade em 1966, ainda tentasse disparar seu "canhão" com o pé direito nas peladas com os amigos. Mas havia uma bomba no meio do caminho...

E é estranho pensar como Portugal se enredou decisivamente na vida desse paraibano, primeiro quando enfrentou o Benfica na Venezuela, depois quando foi jogar no lusitano Salgueiro e, por fim, quando terminou sendo vítima de um atentado planejado por um ex-padre português. Enfim, navegar é preciso. Viver, não.

terça-feira, novembro 05, 2013

Audiência da terceirona e direitos de transmissão do futebol na TV

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Só para lembrar que, a exemplo da Argentina, seria muito saudável para o Brasil que os direitos de transmissão de competições esportivas passassem por rediscussão, garantindo ao torcedor o direito de assistir a partidas de seu time.

Via NTV:
TV Brasil derrota Globo no Recife com Série C do Brasileirão

(...) TV Brasil experimentou a liderança da audiência no último domingo (3), no Recife, com a transmissão do jogo entre Santa Cruz e Betim, válido pelas semifinais da Série C do Campeonato Brasileiro.
Durante a transmissão da partida que garantiu o time pernambucano na segunda divisão do futebol nacional, a emissora pública registrou média de 11,5 pontos de audiência e picos de 19,4.
A Globo, que transmitia a Série A do Brasileirão, ficou em segundo lugar, com apenas 8,5 pontos. (...) Cada ponto equivale a 11 mil domicílios na Grande Recife.
Para fazer as contas: média de 126,5 mil domicílios, picos de 213,4 mil. Só em Recife. Vai, Santinha!

Pena que nenhuma emissora aberta pôde transmitir a conquista do Botafogo-PB sobre o Juventude na Série D, subindo para a terceirona...

quinta-feira, abril 07, 2011

Cenas da Arena Barueri

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Por Moriti Neto


Se não foi um show de técnica e habilidade, a partida de ontem entre São Paulo e Santa Cruz, pela Copa do Brasil, na Arena Barueri, foi rica em elementos dramáticos. O Tricolor Paulista só eliminou o valente time pernambucano depois de muita correria e já no fim da segunda etapa.

O São Paulo começou bem. Como era de se esperar, tomou o controle do jogo, apostando na movimentação de Dagoberto, Fernandinho e Lucas. Os três deslocavam-se constantemente e buscavam aproximação para tabelas rápidas, o que incomodava a defesa do Santa.

Contudo, não foram a velocidade e o toque de bola que abriram o placar, inaugurado quando Dagoberto, aos 8 minutos, bateu falta e o zagueiro Rhodolfo, bem colocado, desviou de cabeça, colocando longe do alcance do bom goleiro Tiago Cardoso.

Pouco tempo depois, Fernandinho levou uma pancada na perna direita e a equipe perdeu as saídas ofensivas pela esquerda. Marlos entrou. E, claro, o índice de produtividade do ataque caiu. Atabalhoado, o jogador erra quase tudo que tenta, porque tenta sempre o mais difícil. Fora isso, ainda atrapalhou Lucas, pois passou a atuar pelo mesmo lado que o camisa 7, que acabou por mudar de posicionamento.

Assim, o time passou a ter problemas para ligar meio e ataque, forçava os chutões e abusava dos passes errados. Porém, o zagueiro pernambucano André Oliveira, autor da falta que originou o tento são-paulino, fez pênalti infantil ao esticar o braço para derrubar Dagoberto e foi corretamente expulso, pois já tinha amarelo.



Era a chance de ir para o intervalo mais tranqüilo. Rogério Ceni cobrou a penalidade, mas inventou de bater “a Djalminha”, diversamente do que está acostumado, e o arqueiro rival teve condições de praticar a intervenção. Para mim, o goleiro/artilheiro/capitão/mito foi arrogante ao tentar, num momento decisivo, um artifício que não lhe é comum.

O segundo tempo começou e, o já antes recuado Santa Cruz, com um a menos, montou um ferrolho. Até o bom atacante Gilberto pouco passava do meio de campo. O São Paulo era detentor quase absoluto da posse de bola, mas a efetividade era mínima (não esqueçamos, Marlos estava em campo). Quando Carpegiani viu o problema, substituiu Casemiro por Ilsinho e Alex Silva por William José, coisa que deveria ter feito na volta dos vestiários. Considerando que o adversário estava com 10 atletas e se daria por satisfeito com a ida aos pênaltis, não havia necessidade de subir para a etapa final com três zagueiros e dois volantes.

Como era óbvio, Ilsinho passou a ser opção pela direita, procurando abrir o jogo, e William começou a puxar marcadores para fora da área pernambucana. Dessa forma, os dois conseguiram uma tabelinha em belo passe do atacante, finalizado com um disparo do ala/meia para as redes e selaram o 2 x 0 que garantiu a classificação.

A partir dali, iniciou-se a série chiliques. Renatinho, do Santa Cruz, numa jogada que não levava perigo, deu uma pancada em Ilsinho e foi expulso. Everton Sena, competente carrapato de Lucas nos dois jogos, tomou o vermelho. Só que o camisa 7 são-paulino também foi para o chuveiro. No momento, parecia não ter feito nada que justificasse a expulsão, mas a cena que protagonizou ao sair de campo, chorando pela exclusão que achou injusta, foi de lascar. A verdade é que os dois jogadores passaram a partida se provocando e trocando empurrões e, ao que tudo indica, o árbitro se encheu.

Agora vem o Goiás, que eliminou a Ponte Preta. O São Paulo tem muito a melhorar para enfrentar adversários de melhor nível que o Santa Cruz. Provavelmente, contará com Luis Fabiano, mas não terá o quase imprescindível Lucas que, aliás, para continuar com esse status, deve se adaptar a marcações cerradas de jogadores e árbitros, já que se tornou uma grande atração.


Moriti Neto é torcedor do São Paulo e escreve sobre o Tricolor Paulista no Futepoca. Qualquer são-paulinismo exacerbado não é de responsabilidade de quem publica, hehe...

quinta-feira, março 31, 2011

Dessa vez, o 'Professor Pardal' errou o 'invento'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Na semana passada, comentei em um post que, apessar da derrota para o Paulista de Jundiaí, o São Paulo tinha jogado muito bem e criado várias chances de gol. Falhas nas finalizações e na cobertura da defesa impediram um resultado melhor. Já na partida de ontem em Recife, contra o Santa Cruz, pela Copa do Brasil, a equipe não foi nada bem. Não criou quase nada, confundiu o meio de campo e, mais uma vez, contou com falha da defesa para perder por 1 a 0. Responsabilidade direta do técnico Paulo César Carpegiani (foto), que cometeu o absurdo de deixar Carlinhos Paraíba no banco na primeira etapa.

Por mim, Carlinhos, que atravessa boa fase, deveria ter entrado jogando - e justo no lugar do estabanado Rodrigo Souto, que, apesar de ter ido bem contra o Corinthians, ainda está sem ritmo de jogo e meio desentrosado com os zagueiros (seu gol contra mostrou muito disso). Não acho que a entrada de Rivaldo tenha sido equivocada. Ele acertou um belo voleio, defendido pelo goleiro do Santa Cruz, e fez outras boas jogadas. Porém, num jogo veloz e sob o forte calor nordestino, ele poderia ter entrado no segundo tempo. Marlos era o homem para ter começado como titular, para segurar a marcação e liberar mais o - hiper-ultra bem marcado - Lucas. E o problema, pra variar (ou não variar nada), é a lateral direita, onde os improvisados Rhodolfo e Jean sempre passam sufoco. Não por acaso, o atacante Gilberto (que vem para o Corinthians) fez a jogada por ali para cruzar na área e provocar o gol contra de Souto.

Enfim, o São Paulo segue irregular e sem padrão tático. Se no domingo conseguiu anular o meio campo do Corinthians e isolar Liédson, no jogo seguinte muda a escalação e deixa Dagoberto e Fernandinho sem muitas opções. Outro erro foi colocar Ilsinho e Lucas pra jogar juntos, quando fazem a mesma função. Resultado: ambos bateram cabeça com Marlos e não conseguiram criar nada na maior parte da segunda etapa, quando o Tricolor jogava com um homem a mais. Tirar Junior César da esquerda, que jogou bem no domingo, e retornar Juan, que peca muito na criação e no apoio, também foi outra decisão estranha do "Professor Pardal". Tudo bem que o técnico ainda está fazendo testes e ajustes. Mas, numa fase de mata-mata, como a da Copa do Brasil e a próxima do Paulistão, apostar em muitas mudanças de um jogo para o outro pode ser um grande e irreversível erro. Aguardemos o jogo de volta...

sexta-feira, agosto 14, 2009

Rumo à terceira divisão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Se na terceira divisão as coisas já estão mais encaminhadas, na inédita Série D ainda falta muito para sabermos quem jogará em um nível acima em 2010. A partir de amanhã, tem início a segunda-fase da competição. São vinte times se enfrentando em mata-matas simples, de onde avançam dez clubes. Esses dez fazem mais um "playoff" na terceira fase, da qual sobrevivem, naturalmente, cinco equipes, certo? Errado! Três "melhores perdedores" também se classificarão para a quarta fase do certame. Assim teremos oito times, que farão mais um mata-mata, para a definição dos semifinalistas - que já estarão garantidos na Série C de 2010.

Bizarrices regulamentais à parte, façamos um panorama do que foi a Série D até aqui.

A principal surpresa do torneio foi a eliminação precoce do Santa Cruz. O - com sobras - clube mais tradicional na disputa conseguiu a proeza de ficar na lanterna numa chave em que teve como adversários as potências Central-PE, Sergipe e CSA. Além do Santa, os alagoanos também foram eliminados (chupa!).

Outros que continuarão na Série D em 2010 (isso se forem bem nos estaduais, registre-se) são os relativamente tradicionais Moto Club-MA, Madureira, Ituano, CRAC-GO e Pelotas, entre outros.

Falando agora de quem ainda está vivo: há clubes ressurgindo no cenário nacional, como Paulista de Jundiaí, Londrina e Nacional de Manaus, e também os sempre atacados emergentes - dos quais o principal destaque é o Corinthians Paranaense.

Os jogos de ida acontecem neste final de semana e os de volta no seguinte. Aos confrontos:

Brasília x Uberaba
Corinthians-PR x Chapecoense
Sergipe x Ferroviário
Paulista x Macaé
Londrina x São José-RS
Alecrim-RN x Central
Cristal-AP x Nacional
Genus-RR x São Raimundo-PA
Fluminense-BA x Tupi
Uberlândia x Araguaia

segunda-feira, janeiro 12, 2009

De olho na redonda - O Chelsea ou o iate?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Chelsea ou o iate? - Quem viu a vitória do Manchester United sobre o Chelsea ontem deve ter ficado se perguntando: isso é efeito da crise? Impressionante como os comandados de Felipão se entregaram depois do segundo gol do time da casa e só não perderam por mais de três gols porque o auxiliar apontou impedimento inexistente em gol de Cristiano Ronaldo.


É claro que o Manchester é um senhor time, mais bem entrosado e com um grande elenco. Mas também é possível que a conturbada situação financeira do “patrão” Roman Abramovich tenha afetado o desempenho dos jogadores do Chelsea. De acordo com a agência Prime-Tass, a fortuna pessoal do magnata russo teria sido reduzida de cerca de 16,700 bilhões para “apenas” 2,3 bilhões de euros em função da crise mundial. O Chelsea teria despedido recentemente 15 funcionários que tinham remuneração de mais 150 mil euros ao ano, além de suspender a comida gratuita para os jogadores na cantina do clube.




Por conta disso, Abramovich poderia vender o Chelsea, adquirido em 2003 e que já recebeu investimentos de 210 milhões de euros. Mas ele também estuda vender seu nababesco iate (foto), avaliado em 200 milhões de euros. Trata-se da maior embarcação privada do mundo, com 167 metros (550 pés) - quase duas vezes o comprimento de um campo de futebol - e 70 pés de largura, com duas pistas para helicópteros com um hangar e um submarino de 12 assentos que pode sair pelo fundo do iate. Agora o russo precisa ponderar para saber qual dos dois brinquedos irá vender, o barco ou o time.

E o Pernambucano começou - E já tem estadual rolando no Brasil. O Campeonato Pernambucano começou nesse fim de semana e o Sport começou bem sua caminhada rumo ao tetracampeonato, com uma goleada na Ilha do Retiro sobre o Vitória, por 4 a 0. O principal reforço do Leão, Paulo Baier , não estreou ainda, e com o Náutico não foi diferente: as cotnratações Carlinhos Bala, Somália e Adriano Magrão não puderam ajudar o time no empate em casa com o recém-promovido Cabense.

Já o Santa Cruz venceu fora de casa o Sete de Setembro, contando com seu principal reforço, o atacante veterano Marcelo Ramos. O estadual conta com 12 times e é disputado em dois turnos, com jogos de ida e volta em cada um. Os vencedores de cada turno se enfrentam na final e se alguma equipe vencer os dois turnos já é campeã.

O Cearense também – outro estadual que começou cedo foi o Cearense. O Fortaleza, atual bicampeão, goleou o Itapipoca por 4 a 1 enquanto seu rival, o Ceará, teve um pouco mais de trabalho para superar o Quixadá de virada, 2 a 1. O time alvinegro estreou o atacante Alberto, ex-Santos, mas ainda não pôde contar com a estreia do volante Heleno, que estava no Vila Nova e que também passou pela Baixada Santista. Nascido na gloriosa São Vicente, o atleta alega ter saído da equipe goiana, onde foi um dos destaques, por conta de salários atrasados. Nada para se espantar, enfim.


Gostou do post? Então vote na gente no Best Blogs Brazil. O Futepoca concorre em três categorias: Melhor blog, Melhor blog de Esportes e Melhor Blog de Política. Dê três votinhos pra gente, é rápido e agradecemos!

sexta-feira, setembro 12, 2008

A quarta divisão não é o limite

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No primeiro semestre do ano que vem, cinco times brasileiros tentarão o título da Libertadores. Outros tantos lutarão pela Copa do Brasil. Alguns correrão atrás de mais uma conquista estadual. 

E alguns tentarão se garantir na primeira edição da Série D, a quarta divisão nacional.

Ou seja: ao contrário do que foi dito quando da definição da criação da Série D, a quarta divisão não é o limite. Não. Dá pra estar ainda pior: fora dela.

Para alcançar a façanha, basta o time não ter se qualificado para a disputa das três melhores divisões nacionais (e quem diria que algum dia a Série C poderia ser chamada de "melhor") e não estar entre os representantes que seu estado indicará para a Série D.

"Mas pra ficar fora até da quarta divisão o time tem que ser de várzea, e daquelas várzeas mais vagabundas, certo?". Errado. Entre os que pleitearão vaga na "Quartona" estão equipes com tradição no futebol nacional, como Paulista, Santa Cruz e Remo - ambos jogaram a Série C de 2008 e já foram despachados, nem sequer obtendo vaga entre os "melhores eliminados" que se garantiram na Terceirona do ano que vem. 

Há outras tantas equipes tradicionais que também não figurarão nas três primeiras divisões brasileiras - América-RJ, Bangu, Botafogo-SP, Londrina, e outras - mas é que o caso dos citados Paulista, Santa e Remo é emblemático.

Vale lembrar que em 2006 o Santa estava na Série A e o Paulista na Libertadores, e ganhando do River Plate! E também há apenas dois anos o Remo voltava à Série B depois de uma campanha na Terceirona cuja maior marca foi deixada pela sua torcida, que registrou a maior média de público no Brasil em 2005, em todas as divisões nacionais.

Por outro lado, podemos celebrar a permanência na Série C (e até mesmo o acesso para a B, já que a Terceira Divisão está em andamento) de outros times tradicionais, como Guarani e Paysandu, outros que ainda nessa década estavam na elite nacional. Também ainda lutam pelas quatro vagas na Série B de 2009 Rio Branco-AC, Salgueiro-PE, Confiança-SE, Atlético-GO, Guaratinguetá, Duque de Caxias-RJ, Ituiutaba-MG, Marcílio Dias-SC, Luverdense-MT, Águia-PA, Campinense-PB, ASA-AL, Mixto-MT e Brasil-RS. América-MG, Sampaio Corrêa-MA, Icasa-CE (eterno campeão cearense de 1992) e Caxias-RS já estão eliminados da Série C de agora, mas garantiram sua vaga na Terceira de 2009.

terça-feira, outubro 09, 2007

Ex-dirigente do Santa Cruz quer tirar blogue do ar

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Isso vai virar um dossiê.

Os autores do Blog do Santinha, dos jornalistas e torcedores do pernambucano Santa Cruz, Inácio França e Samarone Lima, são alvo de processo movido por um ex-dirigente do clube. José Cavalcanti Neves Filho, ex-presidente do Santa Cruz e atual cabeça da Futebol Brasil Associados, responsável pela organização da segundona do campeonato nacional, abriu processo na vara civil de Recife.

O Santa disputa a série B do Campeonato Brasileiro, na 13ª posição. Caiu em 2006, com apenas sete vitórias, durante um ano em que a disputa política interna no clube foi acirrada e culminou com a vitória da oposição, encabeçada por Edson Domingues Nogueira, atual presidente, e Carlos Frederico Arruda, vice. O grupo político que tem em Neves sua principal figura, apesar de ele estar afastado de qualquer cargo de direção desde 2005, quando abandonou a presidência do Conselho Deliberativo.

Neves move processos civeis e criminais contra cada um dos jornalistas, segundo ele próprio, por terem usado termos que ele considera ofensivo em artigos do blogue.

Os autores e colaboradores do Blog do Santinha já acumulam centenas de manifestações de solidariedade e de ofensas mais ou menos comedidas nos comentários, além de notas que pipocam por blogues de futebol por aí.

Em entrevista por e-mail, Inácio França, um dos autores-fundadores da página, e o advogado Paulo Sérgio Cavalcanti Araújo respondem duas perguntas cada. Separo tudo em três posts para facilitar a leitura. Neves Filho, por telefone, na noite de segunda-feira, 8, também falou com exclusividade ao Futepoca.

Depois da entrevista, em texto publicado na sexta-feira, 5, no Blog do Santinha, mostra surpresa com o teor das declarações do presidente da FBA, dizendo que juntou artigos em que era chamado de "ladrão" e "quadrilheiro". Na ação, apresentada pelos citados na ação, não há os trechos mencionados.

Publico tudo separado, para render melhor

• O processado: Inácio França explica quem é José Neves Filho

• Ação não é contra o Blog, é contra os autores, diz dirigente

• "Ninguém sabe o que pode ocorrer", vaticina advogado de blogue

Inácio França explica quem é José Neves Filho

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O ex-presidente do Santa Cruz, que move processo na 29ª Vara Civil da Comarca de Recife contra os autores do Blog do Santinha, comanda o grupo político derrotado nas últimas eleições em dezembro de 2006. Longe de perder espaço no futebol, ele pemanece no comando da Futebol Brasil Associados (FBA), uma associação sem fins lucrativos.

No item F da petição, se pede claramente a "desabilitação do site Blog do Santinha (http://www.blogdosantinha.com/)" mais R$ 100 mil por tentativas de denegrir a imagem e a moral de Neves Filho.

Nesta entrevista, Inácio França, um dos autores do blogue, evita críticas muito contundentes ao dirigente, mas alerta que ele e os demais autores e colaboradores do Blog do Santinha eram persona non grata no clube durante o ano de 2006, que culminou com a derrota do grupo político do ex-presidente. Ele conta que não houve qualquer outra espécie de intimidação.

Confira a íntegra.

Futepoca – Qual é a influência de José Neves Filho na condução do Santa Cruz atualmente? E na organização da Série B, como presidente da FBA?
Inácio França – José Neves não exerce qualquer influência sobre as decisões tomadas pela atual diretoria do Santa Cruz. Acertadas ou não, as decisões relativas ao processo de reconstrução do clube estão sendo tomadas pelo atual presidente Édson Nogueira e pelo grupo político que venceu a eleição de dezembro de 2006. O grupo de José Neves foi excluído do comando do clube.

Em relação à sua influência na série B, sei apenas aquilo que é publicado nos jornais. Ou seja, ele preside a entidade que gerencia as cotas de patrocínio a que têm direito os clubes participantes. Esses recursos são oriundos principalmente das emissoras Sportv e Rede TV.

Futepoca – O Blog do Santinha ou algum de seus autores e colaboradores sofreu algum tipo de ameaça (judicial ou de outra ordem) pelo conteúdo publicado?
França – Há a ação judicial na qual fomos citados, em que José Neves pede a desabilitação do Blog do Santinha. Antes disso, apesar dos avisos de que não éramos bem-vindos na sede social do clube em 2006, nunca sofremos nenhum tipo de ameaça de agressão ou de morte.

Futepoca – Qual é a avaliação até agora da repercussão do caso em outros blogues?
França – A repercussão foi bastante positiva. Juca Kfouri reproduziu na íntegra nossa postagem de ontem [quinta-feira, 4], o Observatório de Imprensa me solicitou um artigo, mas tive de enviar a mesma postagem por absoluta falta de tempo de escrever algo específico. Blogues de torcedores do Cruzeiro, Grêmio, Corinthians e Atlético-PR comentaram o fato e nos deram apoio e solidariedade. A revista Byte, especializada em tecnologia, está fazendo matéria sobre o assunto. Várias ONGs que prezam pela liberdade de expressão e de imprensa nos enviaram e-mails de apoio. Pela minha experiência, a repercussão deve crescer nos próximos dias.

Ação não é contra o Blog, é contra os autores

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


José Cavalcanti Neves Filho, ex-presidente do Santa Cruz e atual dirigente da Futebol Brasil Associados (FBA), que organiza a série B do Brasileiro, em entrevista exclusiva ao Futepoca, apresenta os motivos das ações civeis e criminais contra os autores do Blog do Santinha.

Ele alega que os jornalistas produziram a mobilização pela internet para conseguir apoio e pressionar a Justiça, e ainda que o processo é contra os jornalistas "pessoa física", ressalta, e não contra o blogue, "que é um site de torcedores, não é oficial do Santa Cruz", pormenoriza.

Confira a íntegra da conversa.

Futepoca – Os autores do Blog do Santinha alegam que o senhor quer censurá-los. Como o senhor vê essa acusação?
José Cavalcanti Neves Filho – A ação não é contra o Blog do Santinha, mas contra os dois donos do blogue. Há uma ação civil e outra criminal contra cada um deles, dois jornalistas, pessoas físicas, que se mantém do trabalho na página. Eles me ofenderam e caluniaram, não foi em comentários, mas em artigos assinados por eles, por isso o processo. Chamaram-me de ladrão, de quadrilheiro, e isso não é crítica, é ofensa. Sempre aceitei críticas, mas esses ataques são muito diferentes.

Futepoca – Mas no texto da ação, consta o fechamento do Blog do Santinha além dos R$ 100 mil de multa.
Neves – Se você for consultar um advogado, vai ver que é comum fazer o pedido alternativo, se continuarem com acusaões, que se tire o blogue do ar. A ação civil trata dos danos morais, à qual já foram intimados, e a criminal por ataques à honra que fizeram, que terá audiência. Eles querem alegar que quero fechar o blogue para pressionar a Justiça, já esclareci isso em notas de jornal e agora ao seu blogue. Se você pegar o processo, vai ver que a ação é contra os jornalistas Samarone Lima e Inácio França, nada contra o Blog do Santinha, que é um site de torcedores, não é oficial do Santa Cruz.

Futepoca – Na ação, são apontados posts do blogue em que esses termos são usados para se referir ao senhor?
Neves – Veja, as críticas são fundamentais à democracia, e sempre as aceitei. Podem me chamar de incompetende, de mau-administrador, mas não atingir minha honra e à família. A ação criminal pode ter suas penas e a civil estabelece um valor de reparação – que não repara nada, porque foi um ataque a minha moral. E esse dinheiro não é para mim, longe disso, vou doar dinheiro para alguma instituição de caridade ou até mesmo para o Santa Cruz, mas eles têm de sentir no bolso também. Esse blogue foi fundado para dar espaço à oposição à diretoria do Santa Cruz, em um momento em que eu era presidente do Conselho [Deliberativo], mas depois saí, e nem cargo tinha mais. Mas eles mantiveram as acusações. Veja, eles foram citados em 5 de setembro, mas o artigo que faz barulho no blogue é de 5 de outubro, eles claramente esperaram a aproximação da data da audiência para se mobilizar, mas a Justiça está acostumada a isso, e não se deixa pressionar.

"Ninguém sabe o que pode ocorrer", vaticina advogado de blogue

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O advogado do Blog do Santinha, acusado de danos morais e à imagem de José Cavalcanti Neves Filho, ex-presidente do Santa Cruz e atual comandante da Futebol Brasil Associados (FBA), considera que há riscos de o blogue ter de retirar conteúdo ou até sair do ar, dependendo das decisões do juiz.

Ele apresenta a versão da página, de que o objetivo era o de qualquer outro blogue de torcedor: fazer do comentário esportivo um motivo de diversão, sempre com bom humor e ironia.

Araújo conta ainda que José Neves ficou conhecido na imprensa, principalmente local, por ser provocativo e bem humorado na hora de se referir aos adversários. Tomo a liberdade de compará-lo a um Roque Citadini do Corinthians ou ao Marco Aurélio Cunha, do São Paulo.

Diante dos problemas no Santa Cruz, que levaram o clube à série B em 2006, as críticas à diretoria foram recorrentes.

Futepoca – O texto do Blog do Santinha que anuncia a acusação por parte de José Cavalcanti Neves Filho, nega que ele tenha sido caluniado em artigo algum. Se é assim, por que motivos o dirigente ingressou com a ação? Ele chega a apontar algum episódio?
Paulo Sérgio Cavalcanti Araújo – O Blog do Santinha, como anunciou desde o seu primeiro artigo, é voltado para trazer para a internet "as dores, alegrias, sofrimentos, a euforia e, principalmente, o bom humor dos apaixonados torcedores do Santa Cruz Futebol Clube", jamais sendo criado para denegrir ou mesmo elogiar quem quer que seja.

O Blog do Santinha expressamente se posicionou contra a administração do clube em 2005/2006, de responsabilidade do grupo político apoiado por José Neves. Não fez disso seu intuito único, até por não ser do objetivo do Blog, mas, diante de um catastrófico ano de 2006, é claro que as críticas à gestão do clube foram recorrentes – e bom humor e ironia não faltaram.

O senhor José Neves apontou alguns artigos, textos e mesmo comentários de participantes do Blog como ofensivos. Entendeu que não teria havido problema de legalidade nas eleições de 2004 e de 2006 (daí não admitir sequer os questionamentos ocorridos no Blog). [Entendeu] que chamar de "ditadura" o regime aplicado por seu grupo político à frente do clube seria ofensivo. Tirou, lamentavelmente, inacreditáveis e inverossímeis conclusões de textos postados no Blog.

Todas as críticas foram sempre em face do senhor José Neves como dirigente do clube ou como participante do grupo político que ele apoiava. Jamais houve uma única crítica pessoal.

Futepoca – O Blog trabalha com a hipótese de retaliação política ou apenas tentativa de cerceamento de críticas?
Araújo – Toda figura pública é sujeita à exposição muito maior e, por conseguinte, a muito mais críticas. Daí não haver danos que poderiam ser considerados em um particular (e no caso específico, não houve qualquer ofensa a ele). Além disso, o senhor José Neves tem seu nome tão atrelado ao Santa Cruz, que até hoje é normal referir-se ao nome dele para se reportar a uma das muitas gestões apoiadas por ele. Por fim, o senhor José Neves tornou-se bastante conhecido no meio esportivo por conta de suas tiradas cômicas e irônicas em face dos adversários, não se entendendo como pode se sentir ofendido com críticas.

Futepoca – Qual será o trâmite da ação? Há risco de o Blog sair do ar ou ter de retirar algum texto ou comentário?
Araújo – Falta ainda Samarone Lima ser citado para apresentar defesa. Quando Samarone apresentar a contestação, deve haver uma audiência de tentativa de conciliação e, dependendo, outra para que as partes apresentem suas provas.

Futepoca – Há risco de o blogue sair do ar?
Araújo – O risco do Blog sair do ar ou ter de retirar algum texto ou comentário existe. Em qualquer momento processual, o senhor José Neves pode reiterar o pedido que já fez em sua peça inicial e pedir a desativação do Blog. Não que o juiz tenha de fazê-lo, mas se entender que é cabível, pode determinar qualquer coisa contra o Blog ou seus autores antes do fim da ação (por exemplo: proibir de citar o nome, ainda que seja para elogiar, de José Neves, proibir de fazer referência a gestões passadas etc). Ninguém sabe o que pode ocorrer.

terça-feira, agosto 28, 2007

América caminha para ser o pior de todos os tempos

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Os frios números sugerem algo que a realidade deixa escancarado: o pobre América de Natal caminha para ser o pior time da história do Campeonato Brasileiro, ao menos em sua história recente.

Por "história recente" defino os Brasileirões de 1994 para cá, com exceção de 2000. Explico o recorte: nesses anos (repito que 2000 e a monstrenga João Havelange estão excluídos) o Brasileirão teve um regulamento que não incluía a bizarrice de aliar divisões inferiores na mesma competição, permitindo que times que deveriam estar na Série B brigassem pelo título máximo. E, com exceção de 1994, os regulamentos foram até que simples, chegando à simplicidade máxima dos pontos corridos de 2003 para cá.

Introdução feita, vamos aos dados. O pior time nesse período analisado foi o União São João de 1995. O simpático clube de Araras somou apenas 9 pontos em 23 jogos, num aproveitamento de 13,04%. Para se ter uma idéia da péssima campanha do clube, o vice-lanterna Paysandu, também rebaixado, fechou o campeonato com o dobro de pontos do União.

O União - vejam só! - é também o detentor da segunda pior campanha nesses campeonatos que analisei. Em 1997, o time teve apenas 20% de aproveitamento - fechou com 15 pontos em 25 jogos, e o time imediatamente acima (o Fluminense) esteve com 22.

O América-RN tem, no Brasileirão atual, 16,67% de aproveitamento. Mais que o União de 1995, menos que o União de 1997. Receberia uma medalha de prata se o Campeonato acabasse hoje. Mas, do jeito que estão as coisas, não seria uma grande surpresa se o desempenho do clube o colocasse como o anti-recordista histórico do Brasileirão. Temos que lembrar que o campeonato atual é mais longo, e há mais jogos para o América perder - ou até mesmo vencer e desenvolver uma recuperação histórica.

Como curiosidade, o aproveitamento dos lanternas do Brasileirão entre 1994 e 2006, excetuando 2000:

1994 - Náutico - 20,83%
1995 - União São João - 13,04%
1996 - Bragantino* - 30,15%
1997 - União São João - 20,00%
1998 - América-RN - 21,74%
1999 - Sport* - 26,98%
2001 - Sport - 23,45%
2002 - Botafogo - 33,33%
2003 - Bahia - 33,33%
2004 - Grêmio - 28,26%
2005 - Brasiliense - 32,53%
2006 - Santa Cruz - 24,56%

Os times marcados com * não foram rebaixados