Destaques

Mostrando postagens com marcador popularidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador popularidade. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, maio 02, 2011

Osama Bin Laden ou Emmanuel Goldstein - tanto faz

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

"Mais um instante e um guincho horrendo, áspero, como de uma máquina monstruosa funcionando sem óleo, saiu do grande televisor. Era um barulho de ranger os dentes e arrepiar os cabelos da nuca. O ódio começara. Como de hábito, a face de Emmanuel Goldstein, o Inimigo do Povo, surgira na tela. Aqui e ali houve assobios entre o público. (...) O programa dos Dois Minutos de Ódio variava de dia a dia, sem que porém Goldstein deixasse de ser o personagem central cotidiano. (...) Nalguma parte do mundo ele continuava vivo e tramando suas conspirações: talvez no além-mar, sob proteção dos seus patrões estrangeiros; talvez até mesmo - de vez em quando corria o boato - nalgum esconderijo na própria Oceania.

No mesmo momento, porém, arrancando um fundo suspiro de alívio de todos, a figura hostil fundiu-se na fisionomia do Grande Irmão, de cabelos e bigodes negros, cheio de força e de misteriosa calma, e tão vasta que tomava quase toda a tela. Ninguém ouviu o que o Grande Irmão disse. Eram apenas palavras de incitamento, o tipo de palavras que se pronunciam no calor do combate, palavras que não se distinguem individualmente mas que restauram a confiança pelo fato de serem ditas. Então o rosto do Grande Irmão desapareceu de novo e no seu lugar apareceram as três divisas do Partido, em maiúsculas, em negrito: GUERRA É PAZ; LIBERDADE É ESCRAVIDÃO; IGNORÂNCIA É FORÇA."

Trechos extraídos do livro "1984", de George Orwell (Inglaterra, 1949).

"Os ataques de 11 de setembro deram não só credibilidade e legitimidade ao presidente como também permitiram a ele renascer politicamente sem sofrer o custo político da mudança. 'Bush tornou-se um presidente integralmente legítimo, não só para governar, mas também para reinventar-se como político', afirmou Andrew Kohut, diretor do instituto de pesquisas Pew Research Center for the People. (...) Depois dos atentados, Bush definiu o terrorismo como principal inimigo da humanidade e condicionou qualquer apoio financeiro e diplomático dos EUA ao engajamento de outros países à guerra contra o terror. Bush propôs a substituição da 'contenção' e da 'dissuasão', princípios da Guerra Fria, pela realização de ataques preventivos, inclusive com armas nucleares, contra grupos terroristas ou Estados hostis aos EUA."

Matéria da Folha de S.Paulo de 8 de setembro de 2002, um ano após os atentados em Nova York (a íntegra está aqui).

"O anúncio da morte do fundador da rede extremista Al Qaeda, Osama Bin Laden, em uma operação das forças americanas, deverá fortalecer a imagem do presidente Barack Obama como líder, diz a imprensa dos Estados Unidos. (...) A morte de Bin Laden também poderá dar novo fôlego à popularidade de Obama, neste início de campanha para um segundo mandato na Casa Branca e no momento que enfrenta uma oposição acirrada do Partido Republicano, desde novembro passado no comando da Câmara dos Representantes (deputados federais). Analistas já preveem que as divergências partidárias no Congresso sejam colocadas de lado diante da vitória, assim como ocorreu logo após os atentados de 11 de setembro de 2001."

Matéria da BBC Brasil de 2 de maio de 2011 replicada pela Folha de S.Paulo (a íntegra aqui).

Lembrem-se todos vocês: "O GRANDE IRMÃO ZELA POR TI!".

Foto divulgada de Osama Bin Laden morto e outra dele vivo. Photoshop?

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Oprimidos no poder, oito anos depois

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Foi logo depois do segundo turno da eleição presidencial de 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva venceu a disputa para ser presidente da República, que a revista Época publicou: "Os oprimidos no poder". A reportagem assinada por Igor Fuser, um jornalista com vasta experiência em coberturas internacionais, trazia um balanço de lideranças populares que chegaram ao poder pelo mundo afora.

O gancho eram as comparações constantes entre Lula e Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul depois de anos de prisão e de liderança contra o regime do Apartheid. A proposta era lembrar que a origem oprimida de um mandatário nacional não garantiu, historicamente, o sucesso da gestão. A matéria citava quatro figuras em diferentes partes do mundo.

Antes de continuar, vale lembrar que Lula traçou paralelos entre Mandela e Dilma Rousseff no primeiro programa da campanha eleitoral, em maio de 2010 (sic).

"Comparar-se a uma unanimidade mundial (Mandela, no caso) é certeza de bons dividendos eleitorais – sobretudo se, como é o caso de Lula, o paralelo tem suporte na vida real. Mas a analogia, para ser completa, deveria levar em conta os fracassos que marcam os cinco anos de Mandela como presidente", propunha o texto. Na verdade, a brincadeia era incluir a parte ruim dos mandatos de outros líderes egressos de movimentos sociais e populares.

Com um ou outro senão, a reportagem era bem ampla e não mereceria ressalvas deste leitor, a não ser pela edição de imagens e pelos quadros comparativos. Trazia informações interessantes e boas doses de críticas ao receituário do Fundo Monetário Internacional (FMI), aquela de redução de déficits fiscais, de investimentos e de intervenção do Estado na economia, bem como privatização e ampliação da autonomia do mercado.

Foto: Slawek/Wikipedia
Na conta de Mandela, colocava-se 500 mil desempregados em 1999 e uma recessão que reduziu a renda per capita da população. Na de Lech Walesa (foto), o ex-sindicalista de direita polonês que fez um governo marcado pelo autoritarismo pós-socialismo no país, vem o fracasso da "terapia de choque" de Jeffrey Sachs.

Os outros exemplos são anteriores à primeira metade do século XX. Ramsay MacDonald foi o primeiro trabalhista a chefiar o Parlamento britânico antes da Primeira Guerra Mundial e durante a crise de 1929. Emiliano Zapata, no México, não tomou o governo em 1914 apesar de ter tomado a capital do país.

Ao final da análise, uma reflexão. "Governantes conservadores têm menor dificuldade para se adaptar à máquina do Estado, que parece ter sido construída sob medida para eles. A competência e os inesquecíveis desastres dessas administrações são avaliados por outro horizonte e outros critérios", propunha. Por outro lado, "reformas sociais" provocariam "pequenos distúrbios" e demandariam "ajustes", mas "quando dá certo, produz resultados admiráveis".

Quem concorda, levante a mão?

Para comparar
Passados oito anos, é o momento de avaliar em que nível Lula ficou. Fez menos do que os setores mais à esquerda gostariam, mas é bem avaliado pela esmagadora maiora das pessoas. Lula termina o mandato com 87% de aprovação, provavelmente mais do que Mandela (realmente não encontrei dados de pesquisas da época).

Foto: Ricardo Stuckert/Pr
 Lula olímpico: saiu-se bem na foto comparado a outros líderes
egressos de movimentos sociais, populares e "oprimidos",
para usar o termo consagrado em 2002 pela reportagem citada

O desemprego em baixa e o sucesso de programas de combate à pobreza – incluindo a Previdência Social, estabelecida na Constituição de 1988, e o Bolsa Família, expandido exponencialmente a partir de 2003 – formam uma tendência contrária à formação do "Apartheid social" sul-africano, para usar termos comuns quando se analisa o governo Mandela.


Na comparação com Walesa, vale citar que, em 2000, ao disputar a presidência, o polonês teve 1% dos votos. A derrota em 1995, quando disputou a reeleição, no entanto, ocorreu por três pontos percentuais. Em vez da hiperinflação polonesa do início da década de 1990, houve aumento de preços dentro da mal-quista meta estabelecida pelo governo Lula. Em vez de congelamento de salários, aumento da renda média dos trabalhadores – ainda que no final da gestão.

Com MacDonald, vale parear o que foi o resultado da crise de 1929 à "marolinha" de 2008-2009. Descontadas as proporções – e posições geopolíticas – de cada um dos países comparados, o Brasil teve um ano de recessão seguido de um crescimento acima de 7% em 2010. O Reino Unido teve quatro anos de retração.

Foto: Wikipedia


Para espelhar Lula e Zapata, além do confronto barba contra bigode, seria preciso que o presidente que agora deixa o governo tivesse, de um lado, recorrido às armas para tomar o poder. De outro, que tivesse deixado o cargo ao perceber que não seria capaz de fazer reforma agrária etc.

Lula diz ter feito a maior redistribuição de terra da história da República, embora o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) discorde. Começou o governo com uma condução ortodoxa da economia, mas superou a crise econômica mostrando que ainda há muita capacidade de intervenção.

Sai com a maior popularidade entre os presidentes eleitos do Brasil.

Lado ruim
Se alguém ainda conseguiu ler até aqui, há um aspecto da vida política sul-africana que merece reflexão. Para alguns analistas, tudo o que Nelson Mandela representa no imaginário da sociedade tem um efeito ruim. Ruim para quem ocupa o cargo máximo do Executivo. O atual e questionável presidente do país, Jacob Zuma, assumiu em 2009 e rapidamente viu caiur seus índices de aprovação. A comparação com o Madiba, o paizinho dos sul-africanos, dificulta a vida do atual mandatário, que sucedeu Thabo Mbeki.

Substituir o presidente mais popular da história da República vai ser complexo para Dilma Rousseff. Mas aí a comparação é com outras figuras internacionais.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Contra FHC, qualquer um ganharia para presidente

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O dado mais significativo da pesquisa CNT/Sensus divulgada hoje não é a diferença de apenas 10 pontos percentuais entre o preferido nas intenções de voto, José Serra, do PSDB (31,8%), para a segunda colocada, Dilma Rousseff, do PT (21,7%). Para mim, o maior aval que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva poderia receber da população é que 49,3% responderam que não votariam de forma alguma em um candidato apoiado pelo ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Isso significa simplesmente que qualquer um, mas QUALQUER UM mesmo, até o bonecão inflável do posto de gasolina, ganharia em primeiro turno contra um candidato de FHC. Impressionante! Conhecendo o mau gênio do governador de São Paulo, eu temeria pela minha vida se fosse o Fernando Henrique...

Mas o folclórico presidente que falava francês continua dando motivos e mais motivos para amealhar a antipatia popular. Senão, vejamos:

Não fumou e não gostou, mas defende
Incomodado com a popularidade de Lula (segundo a mesma pesquisa CNT/Sensus, 51,7% dos entrevistados votariam ou poderiam votar em candidato apoiado pelo presidente da República, ao mesmo tempo que sua aprovação pessoal subiu para 78,9%), FHC arrumou mais um factóide para voltar à mídia. Como forma de rivalizar com a polêmica criada pelo filme "Lula, o filho do Brasil", que será visto pelo protagonista em São Bernardo do Campo, Cardoso resolveu tocar em um ponto melindroso de sua carreira (ops), a maconha. Mesmo jurando que não fumou e não gostou, o tucano aparece no documentário "Rompendo o silêncio", do xará Fernando Grostein Andrade, defendendo a descriminalização da Canabis sativa, como integrante da Comissão Latino Americana de Drogas e Democracia. Pois é, a democracia permite a circulação de drogas. Prova disso é o próprio FHC, que circula livre por aí.

Um pé na cozinha, outro na cozinheira
Há 15 anos, quando venceu as eleições para presidente da República, o sociólogo Fernando Henrique se enrolou ao responder questões sobre a miscigenação brasileira por afirmar que também tinha "um pé na cozinha" - o que ele tentou negar depois, mas a Falha de S.Paulo garantiu ter a frase gravada. Porém, só agora é que a afirmação ganha sentido, pois, segundo o nefasto Cláudio Humberto, o ex-presidente estaria para reconhecer mais um filho, Leonardo, de 20 anos, que teve fora do casamento, dessa vez com sua ex-cozinheira Maria Helena Pereira. Consta que a mulher teria ameaçado fazer teste de DNA no Programa do Ratinho (mais povão que isso, nem o Lula conseguiria ser!). Neste ano, FHC já havia decidido reconhecer Tomás, de 18 anos, fruto de outra pulada de cerca, com a jornalista da Globo Miriam Dutra (foto). Os reconhecimentos são um gesto nobre, mas pegam mal por acontecerem só agora, após a morte da esposa oficial do tucano, Ruth Cardoso. E pensar que Lula foi avacalhado pela mídia em 1989 por causa de sua filha Lurian...

Pois então: FHC é ou não é um mito? Bota ele na campanha já, Serra!

quarta-feira, abril 02, 2008

Lula: mais popular que futebol e cerveja no Brasil

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Fantástico o exercício de comparação do blogue Opiniões-Sérgio Telles sobre a dimensão da popularidade de 73% do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada em março. Vamos às conclusões:

1 - Lula é mais popular que o futebol
Considerando dados de pesquisa CNT/Sensus de outubro do ano passado, 67,3% gostam ao menos um pouco de futebol, ou seja, menos do que os que aprovam o presidente. Mas Telles vai além: "Uma pesquisa do atual DEMo (ex-PFL), no meio do ano passado, aponta que o PT é preferido por 28,2% da população, mais do que a soma das 2 maiores torcidas brasileiras. Ou seja, melhor que dizer 'vai contar só pra torcida do Flamengo', é falar 'vou contar para os que preferem o PT'. Enfim, Lula é mais popular que o futebol e o PT mais popular que Flamengo e Corinthians somados".

2 - Lula é mais popular que a cerveja
Segundo o 1º Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira, 48% se declararam abstêmios, ou seja, não consomem qualquer bebida alcoólica. Dos demais 52%, cerveja ou chopp são consumidos por 61% desses. Ou seja, apenas 31,7% da população bebem cerveja. "Conclui-se que o governo Lula é muito mais preferido que cerveja pelos brasileiros", sentencia Sérgio Telles.

3 - Lula é mais popular que o catolicismo
Em pesquisa do DataFolha de maio do ano passado, 64% dos brasileiros se declararam católicos (praticantes ou não). "Logo, conclui-se que Lula é mais popular que a Igreja Católica no Brasil", diz Telles.

4 - Lula é mais popular que o Carnaval
Pesquisa CNT/Sensus feita recentemente apontava que apenas 41,2% dos brasileiros gostam da festa. Telles novamente: "Lula e seu governo são amplamente mais populares que o Carnaval".

5 - Lula é quase tão popular quanto sexo
Pesquisa de Bem-Estar Mundial da Durex, de 2006, diz que 76% dos brasileiros são sexualmente ativos. Segundo a mesma pesquisa, por coincidência ("e apenas isso", frisa Telles), o mesmo índice dos que não aprovam Lula (27%) é o dos que têm falta de libido e também de homens com dificuldades de ereção. "Outra coincidência", observa Telles, "é que os especialistas em sexologia sempre apontam que 30% das mulheres costumam não conseguir orgasmo de nenhuma maneira, também o mesmo percentual das que não aprovam Lula neste segmento da população".

Alguém imagina essa série de comparações como capa da Veja?