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quarta-feira, setembro 26, 2012

A regra é clara OU Se você pensa que vodca é aquavit

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A matéria é de destilada relevância, mas recebeu nada além de notinhas despercebidas por aí.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) regulamentou a produção de bebidas alcoólicas no país, definindo o que pode ser chamado do quê.

A regra é clara. E foi publicada no Diário Oficial da União.

A partir de agora, se o mosto (sumo) do vegetal fermentado é logo destilado e submetido a outras formas de separar o álcool das impurezas, trata-se de "destiladas retificadas".

É complicado entender, mas o Estado ajuda você
Se o vegetal usado for semente de alcarávia, a produção é aquavit. Se forem cereais em geral, o goró chamar-se-á "corn". Se a base contiver zimbro, o embriagado há de pedir por "genebra" ou gim ou steinhaeger. Vodca é a branquinha extraída de destilados alcoólicos simples de cereais ou pelo álcool etílico potável.

Em todos os casos, provavelmente, será recomendada moderação.

Açúcar pode; caramelo, só na Genebra. Embora seja vista como remédio para dores de amor mal curadas, "é vedada a utilização de recipientes e embalagens tipo flaconetes, sachês, conta-gotas, spray, ampolas, copos-medidas ou outros que caracterizem os produtos similares àqueles de uso farmacêutico, medicamentoso ou terapêutico".

Como boteco também é cultura, aí vai o momento aula de geografia. Aquavit vem de países escandinavos. A mais famosa versão norueguesa jura ser envelhecida em barris armazenados em navios cargueiros que vão e voltam da Austrália, cruzando a linha do Equador por duas vezes. Steinhegger é germânico; genebra e gim, dos Países Baixos. Zimbro é um arbusto rasteiro da família dos ciprestes e cedros, e alcarávia refere-se à planta que produz a semente kümmel, usada como tempero. Para fugir da botânica, consta que o Aquavit é fermentado da batata na Noruega, Dinamarca e Suécia. No Brasil, a exemplo da Suécia e Alemanha, só vale o tal cominho-armênio. A vodca, diminutivo de água em idiomas eslavos, tem regulamentações distintas, mas é produzida tradicionalmente na Rússia, Bielorússia, Polônia, Lituânia e até nos Estados Unidos.

Qualidade

Para qualquer das levanta-defunto produzidas em território brasileiro será permitido imprimir, no rótulo, expressões como "artesanal", "familiar", "caseiro", "natural", "premium", "reserva" etc. Isso quer dizer que não se pode sequer usar esses termos como parte do nome ou da marca dos produtos. Fica liberada se a palavra se for parte da razão social, mas nada de destaque.

Só faltou a instrução proibir de dizer que é bom, mas aí se estaria versando sobre questão de gosto, que não se discute. Mas fica praticamente verdadeira a sentença: "Ministério da Agricultura adverte: vodca nacional não é premium".

Manguaça cidadão

A medida é um importante passo para uma das frentes do Manguaça Cidadão, projeto de política pública lançado, patrocinado e construído colaborativamente pelo Futepoca com a sociedade. Entre outras medidas, consta a garantia de controle de qualidade dos etílicos consumidos pela população. Saber o que se está bebendo porque é líquido (porque se sólido fosse, come-lo-ia) é um direito do consumidor e do cidadão - sóbrio ou bêbado.

Mais importante do que isso é descobrir que o Manguaça Cidadão tem mais capilaridade no Executivo do que sonhava o devaneio mais entorpecido do mais ébrio momento dos membros desde fórum.

Um brinde aos avanços do Manguaça Cidadão
É que o Ministério possui um "coordenador Geral de Vinhos e Bebidas". Segundo a nota do órgão, Helder Moreira Borges considera que a atualização é um avanço, já que as referidas bebidas eram regulamentadas por uma instrução normativa de 38 anos, de 9 de setembro de 1974. Daquele texto, conhaque, grapa, bagaceira e vinagra já haviam recebido revisão em 1983.

Todo esse tempo de defasagem é mais do que o período de envelhecimento de qualquer uísque que este sóbrio autor já tenha degustado. Mas leis e regras, ao contrário de destilados e fermentados em barris de carvalho, não melhoram com o tempo.

terça-feira, maio 22, 2012

Rússia proíbe álcool para atletas nas Olimpíadas de Londres

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Nas Olimpíadas de Inverno, realizadas em Vancouver, em 2010, os russos pretendiam ganhar entre 30 e 50 medalhas, mas levaram pra casa apenas 15. Para não repetir o feito nos Jogos de Londres, o Comitê Olímpico russo já elegeu seu bode expiatório: a bebida alcoólica. De acordo com o jornal Kommersant, de ontem, a delegação do país está proibida de chegar perto de qualquer canjibrina na Inglaterra. Mesmo os brindes comemorativos após as vitórias estão proibidos.

O porta-voz do vice-primeiro-ministro do país, Dmitri Kozal, declarou a outro jornal local, o Olia Djous, que "os valores olímpicos não são compatíveis com o álcool". O Kommersant lembra que, na competição disputada no Canadá, alguns atletas teriam passado um pouco do tolerável em relação ao álcool. "Os resultados foram péssimos, mas as festas foram as mais barulhentas", relata o periódico, citando uma noitada na qual foram usadas duas imitações de bombas de gasolina que não forneciam o combustível fóssil. Uma servia vodca e, a outra, uísque.

Precedentes históricos

Pela sua íntima relação com o álcool, em especial com a vodca, os russos têm mesmo motivo para se preocupar. Como consta nesse texto de Felipe Van Deursen, o destilado também foi considerado culpado pela derrota do país na Guerra Russo-Japonesa, em 1905, sendo que generais japoneses, em lapso de modéstia, atribuíram algumas das suas vitórias ao excesso etílico dos soldados rivais.

Carregamento etílico na Rússia czarista
Já na Primeira Guerra Mundial, em 1914, o czar Nicolau II decretou a primeira lei seca da história, e os militares russos conseguiram se aprontar para o combate na metade do tempo esperado. Mas, como a vodca era um dos principais pilares econômicos do país, o governo passou a arrecadar um terço a menos em impostos, veio a hiperinflação, o contrabando de bebida ilegal que era mais prejudicial à saúde, além de as pessoas terem ficado desprotegidas diante do frio que assola boa parte da Rússia no inverno. O czarismo caiu, não só por causa da vodca, obviamente, mas ela parece ter ajudado...

O alcoolismo preocupa as autoridades do país, que tem como meta diminuir o consumo médio anual de álcool por pessoa – hoje em 15 litros – em 72% até o ano 2020. Mesmo sendo uma preocupação do poder público, a relação dúbia do governo em relação à bebida continua, tanto que o Kremlin lançou há pouco mais de dois meses sua própria marca de vodca, para ser servida em eventos oficiais. Haja garganta.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Bebendo e aprendendo

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Uma amiga jornalista (só podia ser...) posta no Facebook:

"A última sexta-feira me ensinou muitas coisas. Por exemplo, aprendi que a mistura de Citrus com vodca resulta numa versão improvisada de Smirnoff Ice. Que vinho tinto com guaraná se transforma em algo bem próximo de Keep Cooler."

Meu comentário eu deixo em linguagem internética: medo.com

segunda-feira, novembro 24, 2008

Previdência privada

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Bêbados não pensam no futuro e cedo ou tarde aprendem a dura lição que a vida ensina. Dona Isabel, vizinha de minha mãe, que o diga. Vive graves dificuldades financeiras e, mesmo tarde demais, parece que aprendeu. Ela hoje aconselha minha mãe: Leinad, faça uma poupança, não conte pra ninguém, não confie nos seus filhos, você não vai se arrepender.

Durante muitos anos, foi Isabel quem cuidou de seu pai, muito velhinho, já sem conseguir levantar da cama, e administrava as contas da família. Quando o decrépito morreu, o segundo filho dela, Marcio, que é administrador de empresas, foi ver o estado do patrimônio que um dia herdará, e percebeu que sua mãe basicamente se afundara em dívidas. A razão principal é que ela não tem idéia de como se administra bens, mas o filho esfrega na cara que ela quase arruinou todo mundo para sustentar a própria manguaça.

Marcio obrigou a mãe a se submeter a tratamentos, e agora acompanha de perto sua nova opção por remédios psiquiátricos no lugar da vodca, controlando cada centavo que ela gasta. Para ir almoçar com a vizinha no feriado de quinta-feira (20 de novembro, Dia da Consciência Negra), dona Isabel teve que pedir dinheiro ao filho.

No restaurante, longe das vistas de outros conhecidos, ela foi avançando de caipirinha em caipirinha, variando as frutas até completar o pomar disponível. Foi então que, num desabafo, aconselhou: Leinad, ouça o que eu estou falando, faça uma poupança e não conte a ninguém, senão um dia você vai querer beber e seus filhos não vão deixar.

Aprendamos, nós também.
E mamãe, fique tranquila, você vai beber até o último suspiro, eu prometo!

PS: Esse tipo de situação revoltante não terá vez quando o Manguaça Cidadão finalmente entrar em vigor.

segunda-feira, março 17, 2008

Russos lançam "vodka feminina"

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O já bastante movimentado mercado de vodkas na Rússia ganhou um novo produto em dezembro e ele já começa a preocupar especialistas na área de saúde. Damskaya é o nome da bebida destinada ao público feminino, produzida pela empresa Deyros. De acordo com o criador, Igor Volodin, em depoimento ao jornal espanhol El Pais, trata-se de uma vodka "mais inofensiva que chocolate", que sepresenta como como "ideal para acompanhar uma salada e depois de uma sessão na academia para manter a linha".

No entanto, os dados sobre alcoolismo na Rússia são alarmantes. Segundo o Instituto Moscovita Serbsky de Psiquiatria Social e Forense, dados oficiais mostram que o país tem 2,5 milhões de alcóolatras, mas a entidade acredita que a cifra real deva superar sete vezes essa marca. Já Yuri Sorokin, psicólogo de un centro de reabilitaçãopara alcoólatras e drogadictos, aproximadamente 60% de seus pacientes que têm problemas com bebida são mulheres.

Mesmo assim, dentro do jogo do "mercado", algo que a Rússia parece ainda ter dificuldades para se adaptar, o fabricante da bebida se defende sofísticamente. "As russas precisam dispor de sua própria bebida. Em Moscou há táxis rosas só para mulheres, cigarros menores, mas não havia vodka. Há mais gente com diabetes do que alcoólatras neste país e mesmo assim proibiram anúncios de chocolate?", questiona Volodin, impávido.

Homens

Segundo pesquisadores, 43% das mortes de homens em idade economicamente ativa na Rússia decorrem do consumo exagerado de bebidas alcoólicas, incluindo aí extratos de ervas vendidos em farmácias, loção pós-barba e produtos para limpeza, que são de fácil acesso e contêm até 97% de álcool. O que mata, nestes casos, não são os produtos tóxicos, mas sim o alto teor alcoólico dos produtos.
Também por isso, a expectativa média de vida dos homens russos é pra lá de baixa: 59 anos, cinco a menos que o estado brasileiro onde os homens vivem menos, Alagoas (a expectativa de vida do homem brasileiro é de 68,5 anos). A mortalidade dos homens em idade para trabalhar é 3,5 vezes maior do que a do mesmo grupo na Grã-Bretanha.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Vodca salva a vida de turista italiano

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Mais uma notícia que mostra o absurdo da perseguição promovida pelo ministro José Gomes Temporão. Médicos na Austrália conseguiram salvar a vida de um turista italiano de 24 anos que tentou se suicidar com veneno. Ele ingeriu uma enorme quantidade de etilenoglicol, um componente de aditivos para radiadores de automóveis.

Inconsciente ao chegar no hospital, o italiano ficou sob os cuidados dos médicos Todd Fraser e Pascal Gelperowicz que ministraram álcool farmacêutico no paciente, um antídoto para o etilenoglicol. Contudo, parece que a situação dos hospitais australianos não é lá muito boa e os suprimentos de álcool farmacêutico de Queensland simplesmente evaporaram.

A solução foi bastante criativa. "Rapidamente usamos todos os frascos disponíveis e decidimos que um outro caminho seria fornecer álcool ao paciente por meio de bebidas alcoólicas colocadas em sua sonda nasogástrica", esclareceu Gelperowicz ao jornal The Australian. Os médicos compraram uma caixa de garrafas de vodca e... funcionou! "O paciente recebeu o equivalente a três doses comuns a cada hora, durante três dias, enquanto permaneceu na unidade de terapia intensiva", contou Fraser.

Manguaças das bandas de cá prometem pressionar as ôtoridades para adotarem como política pública o dito procedimento medicinal.