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Até que demorou. Foram sete longos meses para o ex-técnico corintiano Emerson Leão sair do clube após brigar com atletas argentinos, dirigentes, jogadores, imprensa, faxineiro, roupeiro, massagista e o que mais passassse na sua frente.
Justo? Talvez não, mas necessário pela situação que se criou. Confesso que, a despeito do senso comum da mídia, que estava adorando malhar o treinador, acho Leão competente. Em 1998, quando treinou o Santos, era o único esquema tático que se diferenciava do comum 4-4-2 e do então recém-adotado-por-qualquer-técnico-brasileiro 3-5-2. Ele colocou o time pra jogar com três atacantes, Lúcio (ex-Flamengo e outros 20 times) na esquerda, Aristizábal na direita e Vila pelo meio. Um bom e efêmero ataque já que os pontas foram vitimados pelo péssimo estado dos gramados destas bandas.
Já em sua segunda passagem, em 2002, todos sabem o resultado. tirou o time da fila, sacou do ostracismo Renato e Elano, encostados no clube, recuperou um desacreditado Paulo Almeida, promoveu Robinho a titular, fez um tal de Alberto marcar gols (alguém lembra dele jogando bem em outro time?) e preferiu treinar moleques a acolher "astros" veteranos gentilmente oferecidos por Marcelo Teixeira.
Ainda faria sucesso no São Paulo, montando o time que seria campeão da Libertadores mais tarde (Paulo Autuori inteligentemente não alterou o esquema da equipe). Mas depois disso começaria sua via crucis. Foi para o Japão, voltou com o rabo entre as pernas, e teve uma passagem tumultuada pelo Palmeiras. Quando parecia que ia engrenar no São Caetano, foi seduzido pelo Corinthians. Tirou o time da zona de rebaixamento do Brasileirão, mas não deu padrão à equipe. Escurraçou alguns jogadores como Mascherano e Tevez, e viu vários - vários mesmo - outros atletas escaparem das suas mãos por pura incompetência da diretoria do time.
Hoje, não sorri mais como no tempo em que treinava os meninos da Vila e voltou a ser carrancudo e ranzinza. Mas, um argumento usado ad nauseam e que é um pavoroso lugar-comum, é chamar Leão de autoritário e esculachá-lo por conta disso. De fato, ele é. E os outros? Muricy é um docinho de pessoa, assim como o elegante Vanderlei? E o treinador mais louvado e incensado do país, Bernardinho, que fala muito grosso com mulheres e alivia com homens? Será ele um exemplo de ponderação?
Na verdade, parece que as pessoas pedem por um tipo de técnico "discplinador", eufemismo para autoritário, que trate os jogadores como crianças arredias. "Boleiro tem que ter rédea curta", pregam os sábios. Talvez como qualquer empregado, garçom ou coisa que o valha. Quem comanda tem que mandar de fato, pensam, refletindo um ranço histórico da sociedade brasileira. Será que é só o Leão que age assim? Se ele fosse bem sucedido no Timão, seria tão questionado por seu autoritarismo?