Destaques

sexta-feira, outubro 11, 2013

Educação neoliberal sem cortes*

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Foi uma (in) feliz coincidência ler a notícia bem às vésperas do Dia das Crianças, essa data comercial sem qualquer fundo histórico, que serve apenas para movimentarmos nossa indústria de brinquedos. Fez sentido.
Um pai divulgou, em sua conta no Facebook, a planilha de mesada dos filhos, de 6 e 8 anos. O cálculo para o recebimento do valor é feito da seguinte maneira: a mesada básica é de R$50, a cada “falta” da criança, um valor é descontado. As infrações computadas na planilha incluem atraso e reclamação para ir à escola, inglês e igreja, esquecimentos de várias ordens e desobediência. Ao fim de cada período, as faltas são computadas e o valor final é conhecido.

O pai afirmou que publicou a foto apenas para mostrar à família, que mora longe, a maneira que encontrou para passar valores (com ou sem trocadilho, essa fica à escolha do leitor) para os filhos. Como pouca gente sabe que o melhor mesmo é fechar as publicações no Facebook, o post viralizou e já ultrapassa os 100 mil compartilhamentos. Depois da fama instantânea, o pai em questão preferiu fechar o perfil na rede social.
Prefiro não citar nomes nem lincar a notícia aqui pois meu objetivo não é julgar uma atitude individual. É, sim, tentar desconstruir o pensamento geral de que o que esse pai está fazendo é educar. Pelo menos dentro do meu conceito de educar, não é.

O que está acontecendo nesta família, na minha opinião, é o contrário de educar. É a criação de pessoas que aprendem desde cedo que o dinheiro é o mais importante e que, para merecê-lo, devem seguir todas as regras. Quaisquer que sejam elas. Aprendem que suas opiniões não importam. Aprendem que existe sobre elas uma vigilância eterna. Aprendem que não existe flexibilidade e negociação no mundo.

Ok, eu entendo. Existe um apelo forte nesse tipo de estratégia de educação. Numa primeira olhada, a impressão é que há pais zelosos cuidando para que as crianças aprendam que as regras devem ser respeitadas. Há ainda a vantagem de não haver castigos físicos, o que, dada a propensão da sociedade em aceitar violência contra crianças, é sempre um avanço. Mas pra mim, continua sendo errado.

Uma das razões citadas pela família para explicar o método foi a intenção de educar as crianças a serem responsáveis com o dinheiro. Bom, essa alguém vai ter que me explicar. Não vejo qualquer relação entre educação financeira e cortes na mesada por motivos comportamentais. Na minha cabeça, quando os pais decidem dar a mesada, ela serve para que a criança tome decisões sobre o próprio dinheiro. Não é o caso. Nem entendo, aliás, por que crianças dessa idade já entraram no mundo do dinheiro. Parece-me que elas deveriam aprender conceitos de responsabilidade por meio de brincadeiras e de faz-de-conta. Algum educador pode me corrigir se eu estiver sendo muito conservadora.

Em segundo lugar, a impressão que esse método passa é que que não há acolhida dentro da família aos sofrimentos das crianças. Guardo viva a sensação física de desespero que era ser acordada pela minha mãe para ir para a escola (que continua acontecendo a cada vez que meu filho me acorda de madrugada). Não tinha nada contra a escola, mas acordar cedo sempre foi um suplício. Se uma criança sequer pode reclamar de que não gosta de acordar cedo, poderá reclamar do quê? Além disso, atrasos, nessa idade, são de responsabilidade dos pais. Que criança de 6 anos tem noção exata de quanto tempo pode levar em cada atividade matinal para que não se atrase? Perder a noção do tempo acontece com adultos com frequência. O que está sendo exigido dessas crianças é mais do que podem oferecer. Elas devem ter a oportunidade de errar e de entender as consequências desse erro (as consequências reais, não aquelas inventadas pelos pais). Como aprender de outra forma?

Lidar com dinheiro? (flickr.com/photos/criminalintent/)
Se isso é um problema, não é o maior, ou pelo menos não é o problema base aqui. Não bastaria trocar as faltas por outras, mais apropriadas para a idade. Isso porque crianças não podem ser subornadas para cumprir com as regras da casa. Elas devem, sim, entender os motivos por trás dessas regras. Mais do que isso, devem ter a oportunidade de questionar aquilo que não lhes parece certo. E, desse processo, nascem acordos. Eu não tenho como saber se isso aconteceu no caso dessa família, mas parece que não, dada a natureza autoritária da solução encontrada para conseguir obediência.

Um parêntese. Não tenho capacidade técnica para discorrer sobre psicologia, mas essa abordagem é behaviorista (não é não, esclarecimentos nos comentários). Assume que temos que buscar o comportamento ideal por meio dos estímulos certos. Bom, é inegável que essa abordagem dá resultados, crianças são facilmente treinadas para reagir da forma esperada a determinados estímulos. Isso está na base dessas ideias cruéis de que bebês devem ser deixados chorando no berço para aprenderem a dormir sozinhos. Depois de muito sofrimento eles aprenderão mesmo, mas quais as consequências psicológicas de abandonar uma criança em seu berço? Ou de punir cada erro com a retirada de dinheiro da mesada?

A outra crítica a esse processo é a da monetarização da educação. Embora sutil, acho que existe uma diferença entre tirar atividades prazerosas da criança e tirar dinheiro. Não que eu defenda castigos do tipo deixar a criança sem brincar com os amigos ou coisas semelhantes. Só estou pontuando uma distinção. Ao envolver o dinheiro, os pais estão dando um valor monetário para as atitudes dos filhos. Além dos problemas práticos dessa ideia – quanto vale cada falta? - há a questão conceitual. A colaboração dos filhos não deveria ser comprada, e sim ensinada. Ao pagar pela obediência, os pais livram-se dos problemas cotidianos, mas não educam com profundidade. O que acontecerá quando não houver o castigo ou a recompensa financeira? Acredito que a ênfase no dinheiro tire de foco o principal, que é ensinar como o mundo funciona.

Sei que choverão comentários do tipo “quero ver quando chegar a sua vez”. E é verdade, também quero ver quando chegar a minha vez. Ainda faltam alguns anos para isso acontecer, mas juro que estou curiosa para saber quais serão as minhas reações. Em relação aos acordos conjuntos com a criança, não tenho dúvidas: eles acontecerão. Já acontecem hoje, com um bebê de pouco mais de 20 meses.

Em relação à desobediência desses acordos, não sei. Sei, sim, que haverá muitos momentos em que vou querer tomar a alternativa mais fácil, que é exigir obediência “por bem ou por mal”. Quem sabe do futuro? Entretanto, tenho certeza de que não me gabarei de comprar a obediência do meu filho, ainda que isso aconteça. Terei vergonha. Tentarei explicar a ele que perdi a paciência, que agi errado, mas que estou buscando melhorar.

Tampouco quero dizer que essas crianças se tornarão monstros que só respondem ao estímulo do dinheiro. Crianças são muito mais complexas do que a maior parte de nós imagina. Aliás, cada vez mais acredito que os pais não têm o poder de moldar a personalidade dos filhos. Essa personalidade já existe desde o útero. O que acontece são estímulos positivos ou negativos, que atingirão cada criança de uma maneira diferente. É possível, inclusive, que essas crianças estejam sendo educadas pelo exemplo negativo, ou seja, que sintam-se tão compradas pelos pais que, apesar de se submeterem ao esquema (que remédio?), sabem que isso é errado. Não há como prever os resultados do exemplo dos pais. Não tem grupo de controle na educação dos filhos. Essa é, na verdade, a minha esperança.

Por fim, uma pequena justificativa. Este post sobre criação de filhos está num blogue que não tem muita relação com maternidade ou paternidade. Mas na verdade tem sim. Apesar de ser encarada como uma questão privada apenas, a criação dos filhos é uma atividade política. Afinal, as crianças crescerão e participarão da sociedade. Acredito que, ao mesmo tempo que não devemos impor nossos pontos de vista a famílias que pensem diferente, é importante debater as maneiras de criar e educar. Elas refletem o que somos e o que seremos como sociedade.

*título involuntariamente dado pelo camarada Maurício, que comentou essa notícia no meu Facebook

Os números mostram: Brasileirão 2013 é o campeonato dos times medianos

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Muito tem se falado a respeito do Brasileirão 2013 ser um campeonato de times medianos (eu mesmo falei isso nesse post). A impressão geral ocorre porque, exceção feita ao Cruzeiro, todas as outras equipes oscilam demais no campeonato, o que confere uma certa estabilidade na tabela, com os mineiros à frente, o restante do G-4 fixo há algumas rodadas com revezamento de posições entre três times, e outros três há tempos no Z-4, com dois (São Paulo e Vasco) trocando de lugar na zona do rebaixamento há algumas rodadas.

Mas, se formos ao dicionário, vemos que o termo “mediano” se refere àquilo que está “colocado no meio, entre dois extremos”. Assim, se considerarmos os extremos como o G-4 e o Z-4, chegaremos à conclusão que, pelo menos até a 27ª rodada, esta é, sim, uma competição de equipes medianas.

A classificação atual traz o primeiro time fora do G-4, o Atlético-MG, com 39 pontos, somente seis à frente do São Paulo, primeiro fora da zona de rebaixamento. Se tomarmos como referência o Brasileiro de 2012, na 27ª rodada a diferença era bem maior: o São Paulo, 5º colocado, tinha 40 pontos, 14 à frente do Coritiba, 16º.

Quase todos podem chegar lá... embaixo.
Campeonatos anteriores também mostram uma distância grande entre o 5º e o 16º. Em 2011, o Fluminense tinha 44, e o Cruzeiro, 27. Em 2010, o Atlético-PR tinha 42, e o Avaí, 29. No Brasileirão de 2009, o Internacional tinha 44 e o Santo André, 28. Já em 2008, o São Paulo tinha 46, uma vantagem ampla para o Figueirense, que tinha 28. Se alguém tiver os dados da 27ª rodada de 2005 a 2007 (quando havia 20 clubes na 1ª divisão), a gente agradece.

Existe outro fator que dá a impressão ao torcedor de que os times em geral estão em um nível sofrível. Se descontarmos o Atlético-MG, que já está classificado para a Libertadores e não tem mais interesse pelo G-4, o sexto colocado, Vitória, está a cinco pontos do Vasco, primeiro da zona de rebaixamento. Enquanto isso, sua distância para o quarto colocado, Atlético-PR, é de oito pontos. Ou seja, na prática, existe um espectro de 15 equipes cuja realidade, hoje, está mais próxima da disputa contra o rebaixamento do que da perspectiva de se chegar à Libertadores. Todos estão em busca da sensação de alívio, e não do êxtase. Faz muita diferença par ao ânimo dos boleiros...

E, tomando-se em conta a pontuação da turma de baixo, todos esses times têm mesmo razão para se preocupar. Nos campeonatos analisados acima, reparem a pontuação dos times mais bem colocados na zona do rebaixamento em cada ano. Em 2012, o Sport tinha 27 pontos; no Brasileiro de 2011, o Atlético-PR tinha 27; em 2010, o Atlético-GO, 26; no ano de 2009, o Botafogo tinha 29, e, em 2008, a Portuguesa tinha 27. Todos abaixo do Vasco em 2013, que tem 32, e apenas o Botafogo de 2009 tem a pontuação atual do Criciúma, atual 18º colocado, com 29, os outros estão abaixo. A Ponte Preta, penúltima colocada atual, tem 26, mesmo aproveitamento do Atlético-GO de 2010.

Em suma, a atipicidade em termos de pontuação desse Brasileiro pode fazer a “nota de corte” do rebaixamento subir, superando os ditos 45 que os matemáticos costumam adotar como porto seguro para se manter na Série A, como o Marcão já alertou aqui. Aliás, essa projeção, em geral, já é dada anteriormente, alguém refez as contas com base no certame atual atípico?

Vendo pelo lado positivo, a competição ainda está aberta para uma arrancada de algum time que possa, primeiro, se sentir aliviado, e depois almejar algo, quem sabe, no G-4, que pode virar G-5 caso algum dos clubes de cima vença a Copa do Brasil, dando chances pra quem hoje tem como realidade a zona do perigo. Mas pode virar G-3 se um brasileiro vencer a Sul-Americana. Por enquanto, tirando os cruzeirenses, ninguém tem muito a comemorar no Brasileiro.

quinta-feira, outubro 10, 2013

Milagre dos 'santos' Muricy e Willian

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O grosso Douglas marca. Milagre!
Marcio Porto resumiu tudo em seu texto para o jornal Lance!: "Final: 2 a 0, para fazer qualquer cético rever conceitos." Quem acompanha o que escrevo aqui sobre o São Paulo sabe que estou entre os (mais) céticos e confesso: essa vitória contra o Cruzeiro, em pleno Mineirão, foi um milagre! Aliás, um empate já seria um feito heróico. Porque a discrepância entre as duas equipes nem precisa ser comentada, basta comparar suas campanhas. Os mineiros vinham de 12 jogos sem perder no campeonato, simplesmente 11 vitórias e 1 empate, com goleadas de 4 x 1 no Náutico e 4 x 0 na Portuguesa nas partidas imediatamente anteriores. São 58 gols marcados em 27 rodadas e 11 pontos a frente do segundo colocado. E o São Paulo foi lá e anulou o Cruzeiro com excelente marcação no meio e utilizando três zagueiros, que liberaram os laterais para o ataque - não por acaso, foram eles, Douglas e Reinaldo (apesar de o juiz ter anotado o segundo gol como contra de Everton Ribeiro) que decretaram a espetacular vitória do Tricolor. Palmas para o "santo" Muricy Ramalho, que ele merece.

Reinaldo e Ademilson: 2x0. Milagre!
Palmas porque ele teve a clarividência de botar o atacante Welliton no time aos 20 do segundo tempo, quando o Cruzeiro mais pressionava. A substituição abriu caminho para os dois gols. Palmas porque apostou em Ademilson, que teve participação decisiva no ataque - inclusive no lance do primeiro gol, rolando a bola para o chutaço de Douglas, que, guardadas as incomensuráveis proporções, lembrou o lance genial de Pelé ao tocar para Carlos Alberto fechar a goleada do Brasil sobre a Itália, na Copa de 1970. Palmas porque apostou em Maicon para dar cobertura à Ganso, que fez outra grande partida. Palmas porque voltou a utilizar, com sucesso, o esquema "híbrido" de três zagueiros, com Rodrigo Caio compondo o trio quando o time se defendia e indo ajudar no meio quando o São Paulo atacava. Muricy Ramalho merece crédito por esse resultado fantástico. Ele dever ter dado uma "espinafrada" no time, depois da vergonhosa atuação na goleada sofrida contra o Santos, há apenas uma semana. A disposição de ontem foi diametralmente oposta à daquele dia. Mas Muricy não foi o único "santo" no jogo épico contra o Cruzeiro.

Willian perde um gol feito. Milagre!
Assim como na importante vitória sobre o Atlético-MG no Morumbi, quando o lateral-direito Marcos Rocha perdeu um gol absurdamente "feito" na pequena área do São Paulo, o que poderia ter mudado o resultado daquela partida, o Tricolor contou com "ajuda" semelhante de um cruzeirense, ontem. No primeiro tempo, depois de um chute fulminante de Ricardo Goulart, o goleiro Denis espalmou nos pés de Willian, que, com o gol livre e aberto, pegou de canela e acertou a trave. Inacreditável! O histórico da competição comprova que, quando sai atrás no placar, o São Paulo nunca vence (geralmente perde). O gol do Cruzeiro obrigaria o time de Muricy a se jogar no ataque e abrir espaço atrás para o perigoso e eficiente time de Marcelo Oliveira. Portanto, temos que agradecer, também, ao "santo" Willian. Obrigado! E obrigado, Senhor, por ter tido piedade de nós, sãopaulinos (como pedi ontem, no fim do post que escrevi)! Pena que Ganso e Wellington tenham tomado cartão e não possam enfrentar o Corinthians. Mas espero que o esquema com três zagueiros e o ataque com Welliton e Ademilson sejam mantidos. Vai, São Paulo!


O Santos pragmático perdeu o bonde e a esperança após perder para o Coxa

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

“Libertadores ficou difícil... A gente tem 36 pontos, tem que procurar vencer os dois próximos jogos em casa para se distanciar desse pessoal que está embolado no meio da tabela. Ficou complicado pensar em coisa grande, agora é vencer para se distanciar lá de baixo.”

Era assim que o atacante Thiago Ribeiro definia o atual cenário santista após a derrota para o Coritiba, no Couto Pereira. O depoimento remetia à declaração do capitão Edu Dracena depois de perder para a Portuguesa, praticamente jogando a toalha. “Fica muito mais difícil. A gente ia encostar com a vitória, Com a derrota de hoje, vai ser muito difícil de chegar no G-4.” Segundos depois, Souza, da Portuguesa, equipe que ainda está atrás do Peixe na tabela, falava que o seu time tinha que sonhar mais alto do que apenas fugir da zona do rebaixamento.

Júlio César comemora o gol do Coritiba (Foto Site Coritiba)
Júlio César comemora o gol do Coritiba (Foto Site Coritiba)
Não é possível mesmo se iludir, o Santos tem um time mediano, mas os medianos são a maioria no Brasileirão. O problema é que, sempre que teve oportunidade de chegar no G-4, o time vacilou. E os jogadores já assumem discurso de derrotados mesmo com a possibilidade de se ter uma vaga na Libertadores alcançando o sexto lugar na tabela – caso um dos que estão à frente vença a Copa do Brasil e o Atlético-MG permaneça na entre os primeiros.

Contudo, os atletas não acreditam. Até aí, eu também não, mas talvez não creiam porque o técnico também não acredite. É um tipo de postura que vai contaminando todos. Criticar o defensivismo quase obsessivo do treinador peixeiro não é só cornetagem, é verificar as partidas e constatar o óbvio: muitas vezes vai ser necessário jogar atrás, com cuidados defensivos etc etc, mas o que espanta é não ter nenhuma alternativa de ataque. Ou de contra-ataque.

“Ah, mas não tem substituto com as mesmas características do Montillo.” Verdade. Então muda-se o jeito de jogar, para que haja uma forma de atuar quando o meia argentino não tiver condições. Mas não é alterando a escalação de forma frenética que vai se adotar um padrão. Contra o Coritiba, o Santos entrou com três atacantes. Que não atacavam. Porque aqueles que estavam supostamente nas pontas tinham que marcar as descidas dos laterais. Para proteger os laterais santistas, Bruno Peres e Emerson Palmieri, fracos. Mas os laterais santistas não subiam. E, quando o time desarmava, não conseguia armar um lance. Porque não tinha quem armasse. Às vezes, também não tinha quem recebesse a bola.

Assim, o Santos ofereceu o campo de ataque a um time inferior tecnicamente, igualando a partida. Nem assim o Coxa, sete partidas sem vencer no Brasileirão, conseguiu marcar no primeiro tempo. Só o fez aos 16 da etapa final, em lance do lateral (bom) Vitor Ferraz pela direita, que cruzou para uma área quase deserta alvinegra, exceção feita a Edu Dracena, que não alcançou a bola. Júlio César não fez força pra marcar.  

E Claudinei apela para os garotos

Parcialmente derrotado, o técnico tirou Everton Costa e Willian José para colocar Giva e Neílton. Alteração tática mesmo foi tirar Arouca para a entrada de Pedro Castro, aos 38. Nada aconteceu. Aliás, um adendo em relação a algo que muitos torcedores santistas falam, criticando Claudinei sobre a não entrada de alguns jovens da base. Sem dúvida, esperava-se que mais meninos pudessem ganhar rodagem, e isso o treinador está fazendo menos do que deveria, levando-se em conta que há talentos que ainda não tiveram muitas chances. E Neílton, com imbróglio em sua renovação de contrato ou não, é muito mais efetivo que Everton Costa.

Mas também é preciso observar que alguns não estão correspondendo, e não adianta forçar a barra porque talvez não tenham condições mesmo ou precisem esperar mais para ganhar confiança e/ou recuperar seu futebol. Há muito tempo Giva tem entrado e produzido muito pouco, por exemplo, mesmo como titular. Contra o Coxa, nas duas oportunidades que teve de finalizar foi decepcionante, além de bolas bobamente perdidas. O lateral canhoto Emerson Palmieri é outro que tem extrema dificuldade para defender, e já entrou em campo em 16 ocasiões pelo Peixe. Não me lembro de nenhuma em que ele convenceu.

Temos que reconhecer que a base é boa, mas não é mágica. Não se criam Neymares em série, nem atletas que se firmam de forma imediata como profissionais. Preparar alguns dos jogadores mais promissores poderia ser a função de Claudinei, mas a água começa a subir e o técnico está pressionado. Se já é confuso, tende a se tornar um pouco pior, ainda mais em um momento em que o abismo, se não olha para ele e o time, já pisca de leve. Ou nem tão de leve.

quarta-feira, outubro 09, 2013

Indireta

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

"Esqueceram" um frasco de álcool na minha mesa de trabalho. Com um copo...


NÃO vale a pena ver de novo...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Liédson confere um dos três que marcou no massacre de 2011
No dia 26 de junho de 2011, o São Paulo se preparava para entrar em campo contra o Corinthians, fora de casa, com desfalque de seis titulares: os zagueiros Miranda e Rhodolfo, contundidos, o volante Casemiro, com febre, o atacante Lucas, convocado pela seleção brasileira para a Copa América, o lateral-esquerdo Juan e o volante Rodrigo Souto, suspensos. Sem alternativas, o técnico Paulo César Carpegiani fez várias improvisações com o que tinha no banco de reservas: o zagueiro Luis Eduardo foi preencher buraco na lateral-esquerda, o (então) meia Ilsinho foi deslocado para a lateral-direita, o garoto Bruno Uvini segurou a bomba na zaga junto com Xandão e o também garoto Rodrigo Caio, de 17 anos, fez sua estreia - na fogueira - para compor um trio de volantes junto com Wellington e Carlinhos Paraíba. Depois que este último foi expulso, ainda no primeiro tempo, o Corinthians iniciou a etapa final arrasador e enfiou 5 x 0 no São Paulo, para delírio dos mais de 30 mil torcedores alvinegros que lotaram o Pacaembu. Naquele ano, o time de Tite seria o campeão brasileiro.

Ricardo Goulart já fez 8 gols e vai 'babando' pra cima do S.Paulo
Hoje, 9 de outubro de 2013, o São Paulo se prepara para entrar em campo contra o Cruzeiro, fora de casa, com desfalque de três titulares: o goleiro e capitão Rogério Ceni, suspenso, o atacante Luís Fabiano e o zagueiro Antônio Carlos, ambos contundidos. Outros dois que também são escalados quando estão em condições, o zagueiro Rafael Tolói e o volante Denílson, seguem no estaleiro. Por isso, além de escalar o goleiro reserva Denis (que, na última vez que jogou, tomou um frangaço por baixo das pernas, na derrota por 1 x 0 contra o Milan, na Alemanha), o técnico Muricy Ramalho terá que recuar o volante Rodrigo Caio novamente para a zaga, remendar o meio com o (encostado) volante Fabrício e apostar em dois atacantes que não costumam jogar juntos, Aloísio e Ademilson. É assim que o Tricolor vai à Belo Horizonte enfrentar o líder absoluto do campeonato, 11 pontos a frente do segundo colocado, 58 gols marcados e vindo de uma sequência de 12 partidas invicto (11 vitórias e só 1 empate). O Cruzeiro é praticamente o campeão deste ano. E o Mineirão estará abarrotado...

OH, DEUS, TENDE PIEDADE DE NÓS!!!

terça-feira, outubro 08, 2013

Drink Rolando (2)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

 Já tem muita gente dando como favas contadas que o caneco desse ano vai pra Toca da Raposa, inclusive este que vos escreve. Com o melhor ataque com 58 gols (13 à frente do segundo, Atlético Paranaense), e a segunda melhor defesa (só atrás do Corinthians, que em compensação tem certa dificuldade de fazer gol), o Cruzeiro tem um saldo de 37 gols, 26 a mais que o Grêmio. Não à toa os azuis abriram 11 pontos do segundo colocado, a 12 partidas do final. Muita coisa teria que acontecer pra ameaçar esse título e nem o Cruzeiro está dando brecha nem há qualquer outro time com ímpeto pra fazer esse sprint espetacular.

Por conta disso, acabamos fazendo uma sequência mineira na série Drink Rolando. O primeiro foi o Galibertas, o rabo de galo do Atlético campeão da Libertadores. Clique aqui para conhecer esse drinque e aprender a fazer.

Agora, para homenagear o quase certo vencedor do Brasileirão 2013, o mestre Leandro Nagata criou com o Sangue Azul, um coquetel leve, como é leve o futebol de toques rápidos dessa equipe. É também refrescante e aromático, características que casam bem com futebol bonito e eficiente. O gengibre ralado dá toques picantes, sem agredir o paladar, e por ser jogado ao final lembra estrelas flutuando no céu de anil.


Tudo isso combina muito bem com uma feijoada daquelas, mas como a feijoada já tem par (o rival Galibertas!), um bom conselho é combinar com uma deliciosa rabada com polenta: o entrosamento é perfeito, e a refrescância da bebida é realçada pela suculência do prato.  


Sangue Azul

O coquetel do Cruzeiro, virtual Campeão Brasileiro 2013, com enorme antecipação.


INGREDIENTES

50 ml cachaça
25ml de Curaçau Blue
10 ml de suco de limão
soda limonada pra completar

gengibre ralado a gosto

MODO DE PREPARO

Em copo long drink (300ml) adicione gelo até a borda coloque a cachaça o curaçau blue , o suco de limão complete com a soda e solte o gengibre por cima do coquetel com uma colher longa mexa bem.
Saúde! 

segunda-feira, outubro 07, 2013

Sobre Vladimir, Claudinei e Dalai-Lama

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Existem múltiplas e diferentes formas de emoções e de dores negativas, como a vaidade, a arrogância, a inveja, a ambição, a cobiça, a pusilanimidade etc.
Mas, entre todas, o ódio e a cólera são considerados os mais funestos, porque representam os maiores obstáculos ao desenvolvimento da compaixão e do altruísmo e porque destroem a virtude e a tranquilidade do espírito.
Claudinei não gostou. Nem eu (Ivan Storti/Santos FC)
Era esse ensinamento que o Dalai-Lama vertia em seu livro Todos os dias – 365 meditações diárias era o recomendado para o leitor no dia 6 de setembro. E foi com sua lembrança em mente que olhei para o rosto do arqueiro reserva Vladimir, desolado após mais uma finalização lusa quando o jogo estava três a zero contra o Santos. Tinha atribuído ao atleta alcunhas pouco generosas, adjetivos algo chulos, palavras que não se pronunciam nas homilias. Afinal, ele falhou nos três gols tomados e passava uma sensação de morte iminente no torcedor toda vez que a bola chegava perto da área.
Tudo bem, não jogava desde 2011, pensei, o desculpando com toda postura zen que consegui manter. Mas tem goleiro que passa tempos sem atuar e faz papel melhor. Mas ele não teve uma proteção decente, foi prejudicado por uma péssima atuação defensiva do lateral Cicinho e do capitão Edu Dracena que, não satisfeito com sua bela performance, entregou os pontos ao dizer que o Santos tinha que pensar em 2014. Sinceridade demais no momento errado.
E era preciso ser meditabundo, quase sorumbático, para compreender Claudinei Oliveira. O treinador é jovem, tem um belo futuro pela frente, mas oscila demais junto com seu time. Não possui em mãos um elenco brilhante ou mesmo numeroso, mas inventa em excesso quando não é necessário e altera a equipe com substituições que vão da superlotação de volantes à abundância de atacantes em menos de 90 minutos. Em geral, sempre sem ligação no meio de campo, fazendo a equipe piorar quando já não está bem. Difícil obter padrão assim.
É necessário ter paciência com o time em transição. Mas nem sempre vai ser fácil segurar a língua. O fato é que os dois últimos resultados mostraram o cenário atual do Brasileirão: o Santos é mais arrumado que o São Paulo, e menos que a Portuguesa, bem armado por Guto Ferreira, treinador que fez trabalhos interessantes também na Ponte em 2013 e no Mogi em 2012. Durante a peleja, deu um “prestenção” (verbal) em Claudinei, que reclamava da arbitragem. O santista, ao que parece, resmungou se calou. Eu também. E desisti ali. 

Se 45 pontos salvam, faltam 5 vitórias (ou 4 e 3 empates)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Embalado, Cruzeiro deve atropelar o Tricolor
Na luta contra o rebaixamento na Série A do Brasileirão, a gangorra entre São Paulo e Vasco promete alternar novamente as posições dos dois clubes na próxima rodada. Na última quarta-feira o Tricolor perdeu para o Santos e caiu para a 17ª posição, a primeira na zona da degola, e o Vasco tomou o salvador 16º lugar ao derrotar o Internacional. Mas, no final de semana, o time de Muricy Ramalho conseguiu superar dramaticamente o Vitória, com gol polêmico no fim do jogo, e empurrou o Vasco, que empatou com o Flamengo, de volta para o chamado Z-4. Porém, neste meio de semana, os cruzmaltinos enfrentarão o Fluminense, com possibilidade de vitória (afinal, os tricolores cariocas perderam para o combalido Internacional), e o São Paulo vai para o "abatedouro" no Mineirão, contra o embalado - e virtual campeão - Cruzeiro. Depois, no fim de semana, o Tricolor terá mais uma pedreira, o rival Corinthians, contra quem não conseguiu uma única vitória nos cinco clássicos disputados neste ano, e o Vasco tem condições de somar pelo menos um ponto contra o Criciúma, que também está na zona de rebaixamento, fora de casa. Portanto, a situação dos sãopaulinos não é muito favorável, a curto prazo.

Entre 6 times, só o Flu perdeu no Morumbi
Mas, se a previsão dos matemáticos de que 45 pontos salvam da Série B estiver correta, o São Paulo, com 30 pontos, precisaria de mais 5 vitórias nas 12 partidas restantes - ou 4 vitórias e 3 empates (no limite, 3 vitórias e 6 empates). Dos 6 jogos que fará dentro de casa, 3 são bem "indigestos" (o já citado Corinthians, a embalada Portuguesa e o imprevisível Botafogo), 2 podem dar qualquer coisa (o irregular Flamengo e o desesperado Coritiba) e 1 TEM QUE ser vitória, de qualquer jeito (Náutico). Vamos supor que o time de Muricy vença 3 (Flamengo, Coritiba e Náutico) e empate 2 (Corinthians e Botafogo). Seriam 11 pontos, faltando mais 4 para a "salvação". Que teriam que ser conquistados nos 6 outros jogos fora de casa: Cruzeiro, Bahia, Internacional, Atlético-PR, Fluminense e Criciúma. Só que o São Paulo foi derrotado em casa por 5 deles (só venceu os cariocas). Se vencer 1 desses jogos e empatar outro, teríamos os 4 pontos necessários para somar 45, o que garantira permanência na Série A. Mas o time do São Paulo é tão irregular que não dá pra prever...

45 pontos não salvaram o Coritiba em 2009
Pra piorar, o próprio "teto mínimo" de 45 pontos é discutível. Em 2009, o Coritiba caiu exatamente com esta pontuação (e o Fluminense escapou somando 46). No ano seguinte, o nível de  corte foi mais generoso: Flamengo (44 pontos), Avaí (43) e Atlético-GO (42) escaparam. O que ocorreu novamente em 2011, quando o Cruzeiro, com 43 pontos, se salvou - e o Atlético-PR, com 41, caiu. Porém, em 2012, o teto de 45 pontos voltou a ser necessário para salvar a Portuguesa, e o Sport caiu com 41. Ou seja, tudo é muito relativo - e ainda mais num campeonato em que, faltando 12 partidas para o fim, o Vasco, primeiro na zona de rebaixamento, com 29 pontos, está a míseras 2 vitórias de superar os primeiros SETE clubes que estão à sua frente no momento: São Paulo (30 pontos), Coritiba (31), Bahia (33), Goiás, Flamengo, Fluminense e Portuguesa (todos os quatro com 34). Isso mesmo: com 2 vitórias seguidas, o Vasco se igualaria ao Corinthians, com 35 pontos, na 9ª posição. O que significa dizer que, além do Náutico e da Ponte Preta, os mais ameaçados de cair, neste momento (com 17 e 23 pontos, respectivamente), as outras duas vagas para a Série B têm pelo menos 10 "candidatos"! Ou seja, tudo é possível.

Criciúma empata fora com Goiás: reação?
Resumo da "ópera" (bufa): nas duas próximas rodadas o São Paulo deve perder para o Cruzeiro e tentar não perder para o Corinthians, para engatar a reação contra Náutico e Bahia, nos compromissos imediatamente seguintes. Se passar desses quatro jogos com 6 ou 7 pontos, será literalmente meio caminho andado para buscar mais 8 ou 9 pontos na reta final de 8 jogos. Agora, se tropeçar novamente com 2 ou 3 derrotas seguidas, aí vai ficar muito difícil. Porque, além do Vasco, Criciúma e Ponte Preta ainda não jogaram a toalha, e podem engatar reações semelhantes à da Portuguesa (por que não?). Chegar aos 6 jogos finais posicionado na zona da degola favoreceria aquele velho filme de nervosismo, pressão, crise e desespero que provocam erros infantis e derrotas em jogos teoricamente tranquilos, numa espiral inevitável que já vimos o próprio Vasco, o Botafogo, Atlético-MG, Palmeiras e Corinthians serem tragados, sem possibilidade de reação. No sábado, Muricy Ramalho finalmente reconheceu que o elenco do São Paulo é fraco e incompatível com uma competição tão disputada quanto esta. Ainda bem! Alguma lucidez no império "soberano" de Juvenal Juvêncio. O consolo é que outros elencos de times "grandes" também beiram o sofrível. Por isso, resta a fé. Vamo, São Paulo!