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Destaques
quarta-feira, dezembro 23, 2015
Bicuda na canela
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segunda-feira, novembro 30, 2015
Costelas, Adão e Eva, castigo, trabalho e o ócio sagrado
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Tom Zé: 'Estão comprando o Brasil de volta' |
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Chauí: condenação da preguiça faz com que desempregado se sinta humilhado, um pária |
A filósofa observa ainda que "o laço que ata preguiça e pecado é um nó invisível que prende imagens sociais de escárnio, condenação e medo" e que isso gerou "as figuras do índio preguiçoso e do negro indolente", do "nordestino preguiçoso, a criança de rua vadia (vadiagem, aliás, o termo empregado para referir-se às prostitutas), o mendigo - 'jovem, forte, saudável, que devia estar trabalhando em vez de vadiar'; é ela, enfim, que força o trabalhador desempregado a sentir-se humilhado, culpado e um pária social". O que me faz pensar no taxista Juraci, o Pai Velho, como um subversivo...
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'Vai trabalhar, vagabundo!/ Vai trabalhar, Criatura! DEUS permite a todo mundo/ Uma loucura...' |
Prova maior de que o trabalho é um castigo divino é a ira de Deus ao expulsar o casal do Jardim do Éden, descrita no Gênesis. Ele diz a Adão: "Com sofrimentos te nutrirás todos os dias de tua vida (...). Com o suor de teu rosto comerás teu pão, até que retornes ao solo, pois dele foste tirado". E é ainda mais cruel com Eva: "Multiplicarei as dores de tua gravidez, na dor darás à luz filhos. Teu desejo te levará ao homem e ele te dominará" (será que isso inclui arrancar seis costelas para atrair a atenção?). Sobre essa pesada pena para a mulher, Marilena Chauí comenta: "Não é significativo que em muitas línguas modernas recuperem a maldição divina contra Eva usando a expressão 'trabalho de parto'?". Aliás, falando em maternidade, vejamos esse cartum do argentino Quino:
Tripalium (três paus): instrumento de tortura é origem da palavra trabalho |
Então, num esforço para amarrar - ou não - tudo isso (costela, Adão e Eva, castigo, trabalho e valorização do ócio), puxo um samba do Adoniran Barbosa, "Conselho de mulher", em parceria com Oswaldo Moles e João Belarmino dos Santos, que eu citava no tal post:
"Quando Deus fez o homem, quis fazer um vagulino que nunca tinha fome
E que tinha no destino nunca pegar no batente e viver forgadamente
O homem era filiz enquanto Deus anssim quis
Mas depois pegou Adão, tirou uma costela e fez a mulé
Deis di intão, o homem trabalha p'rela
Vai daí, o homem reza todo dia uma oração:
Pogréssio, pogréssio
Eu sempre iscuitei falar
Que o pogréssio vem do trabaio
Então amanhã cedo nóis vai trabaiá
Quanto tempo nóis perdeu na boemia
Sambando noite e dia, cortando uma rama sem parar
Agora iscuitando o conselho da muié
Amanhã vou trabaiá, se Deus quisé
(Mas Deus não qué!)
Taí: se a mulher agora também está arrancando costela, o homem podia entregá-la pra Deus como "quitação de débito", acabar com a obrigação do trabalho e voltar ao ócio sagrado - uma vez que, como lembra Adoniran, no Paraíso "Deus não quer" que peguemos no batente! Outra coisa: trabalho é opressão. Naquele mesmo post que fiz sobre a falaciosa "dignificação do homem", alguém lembrou muito apropriadamente, nos comentários, que - não por acaso - os nazistas punham placas nos portões de entrada dos campos de concentração com a frase "Arbeit macht frei" ("O trabalho liberta").
Ilustração da matéria da revista 'Cidade' (feita por Catarina Bessell) |
A revista ouve três especialistas que reforçam que "praticar o nada é essencial":
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Ignácio de Loyola Brandão: 'A melhor coisa de não fazer nada é, em seguida, repousar' |
quarta-feira, outubro 14, 2015
'Nenhum trabalhador pode baixar a guarda'
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Armínio queria mínimo ainda mais mínimo |
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Campos não via como aumentar empregos |
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Joaquim Levy, 'arauto' do temível ajuste fiscal |
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Dilma, no Concut, falando pra quem interessa |
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Trabalhador é o inimigo da oposição e seria principal vítima do golpe |
segunda-feira, outubro 05, 2015
Qualquer semelhança é mera reincidência
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terça-feira, agosto 25, 2015
Contrato de professora exigia: 'Não beber cerveja, vinho ou uísque'
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terça-feira, julho 28, 2015
Pra fazer a economia (ou a cabeça) girar
quarta-feira, abril 29, 2015
Antônio Abujamra (1932-2015), aquele que não se acostumou
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A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado, porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado, sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar e a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro. Para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável. A gente se acostuma a coisas demais. Pra não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber. Vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Antônio Abujamra recitando - magistral e perturbadoramente - o texto "Eu sei, mas não devia", de Marina Colasanti, no programa "Provocações", da TV Cultura. Assista:
quarta-feira, outubro 23, 2013
Leituras de cabeceira Futepoca (2)
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quarta-feira, outubro 09, 2013
Indireta
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sexta-feira, março 22, 2013
Estudo acaciano, mas nem por isso desnecessário
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quinta-feira, outubro 06, 2011
Escravos alegres?
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No papel de bandeja do McDonalds: “No Egito antigo, o pão era utilizado como pagamento de salário. Um dia de trabalho valia três pães e dois jarros de cerveja”.
Se as pirâmides foram construídas por escravos, que não tinham salários, eles só ganhavam os jarros de cerveja? Quantos litros foram na construção? Dá pra comparar com este estádio?
terça-feira, junho 21, 2011
Patrões continuam escravocratas - e a mídia apoia
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Relacionando o post que a Thalita fez sobre o tratamento humilhante dado às trabalhadoras domésticas no Brasil e outro post em que questionei os interesses mal dissimulados de nossa imprensa, recupero aqui uma inacreditável materinha da Folha de S.Paulo (aaarrgghhh...), publicada na última sexta-feira: "Empregadas domésticas já têm direitos demais, dizem patrões". Pois é. Parece que ainda vivemos nos tempos em que empregados eram tratados como animais (foto ao lado). Não sei o que é mais absurdo e agressivo: se a coragem da classe patronal de assumir essa postura escravocrata publicamente, em pleno século XXI, ou do jornal, ao abrir espaço, dar voz e amplificar a "reclamação". Mais um exemplo de quem são os "senhores" da subserviente "grande" imprensa.
"As empregadas têm mais direitos que as outras categorias: já comem, bebem e dormem nas casas dos patrões", disse à Folha Margareth Galvão Carbinato, presidente do Sindicato dos Empregadores Domésticos do Estado de São Paulo (Sedesp). Além do fato de que receber alimentação é um direito do trabalhador, faltou observar que, na imensa maioria das vezes, as empregadas que aceitam residir ou dormir na residência dos patrões fazem isso A PEDIDO DELES, para que tenham sempre alguém em casa, à disposição, e não precisem gastar com transporte delas. E é mais prático, pois eliminam a hipótese de a trabalhadora faltar ao serviço. Geralmente, por morarem ali, as empregadas acabam trabalhando muito mais, pois estão à mão todo momento. E não ganham NADA a mais por isso. Fora que, comendo a mesma comida preparada para a família, os patrões se isentam de dar vale alimentação, para ela escolher como, onde e quando comer, nem cesta básica. Ou seja: não é direito, É ABUSO!
E a tal "senhora de engenho" Margareth Cabinato ainda reclama que a aprovação na Organização Internacional do Trabalho (OIT) da convenção que amplia os direitos dos empregados domésticos vai causar desemprego porque tende a aumentar os salários! Para ela, também há problema em conceder horas extras para a categoria: "Você nunca sabe se a doméstica está trabalhando. Não existe controle do trabalho delas porque o patrão não fica fiscalizando. Não há como comprovar que elas trabalharam por um determinado período de tempo". Sim, há como comprovar: é só ver o tanto de serviço feito. Qualquer pessoa que não tem empregada doméstica sabe o quanto esse trabalho é volumoso e desgastante. Não por outro motivo, os patrões recorrem a elas, ora bolas! Quando morei na Irlanda, NINGUÉM tinha empregados em casa. Porque lá existem direitos trabalhistas e, se você quiser empregado, paga MUITO caro. Aqui, os patrões ainda pensam que podem resolver na base do chicote. Que são "superiores" e que têm o direito de se servir dos "inferiores". Basta!
quinta-feira, março 03, 2011
Bebendo em serviço
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Já que não dá demissão por justa causa, mesmo, o negócio é aproveitar - como vemos em mais uma (genial) propaganda de cerveja:
terça-feira, setembro 08, 2009
Troque seu futebol por um cachorro rico
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A maratona começou na madrugada de sexta para sábado, quando fui trabalhar catando lixo no Electric Picnic Festival (à direita), em Stradbally, a duas horas e meia de Dublin. Não é possível descrever em palavras do que se trata esse serviço. Mesmo os novatos, que ainda não tinham passado pela experiência, só foram entender a encrenca depois que chegaram no local (eu já tinha trabalhado no Oxegen Festival, em julho). Bom, chegamos em dois ônibus, 100 desesperados por qualquer euro e trabalho forçado, em uma cidadezinha minúscula onde, num fazendão, aconteceu um festival de 3 dias com atrações musicais 24 horas, milhares de pessoas acampadas, muita bebida, sexo, drogas, lama e lixo - principalmente lama e lixo. Você chega lá, te dão um par de luvas e sacos de lixo e dizem: ''-Catem tudo!''. Simples assim.
Não tem vassoura, nada. Você tem que se abaixar para pegar cada papel, lata, resto de comida, plástico, enfim, tudo. Depois de três ou quatro horas fazendo isso, sem parar um minuto, você não tem mais espinha dorsal, nem sente mais as pernas, os braços, nada. E começa, literalmente, a delirar. Ri sozinho, canta, tem vontade de chorar, esquece o próprio nome, o que está fazendo ali, que raio de lugar é aquele. Começa a catar lixo à meia-noite e, lá pelas sete da manhã, já está em alfa, robotizado, abestalhado. Foi por aí que entrei numa das diversas tendas onde o povo do festival curte música eletrônica, já vazia, e, além da tonelada de lixo me olhando convidativamente, vi um cartaz enorme do uísque Southern Comfort, o preferido da falecida Janis Joplin (que nunca recebeu um tostão por fazer propaganda). Comecei a viajar nessa idéia e, quando voltei ao planeta Terra, olhei para o chão e vi uma lata de cerveja fechada. Limpei o barro da tampa e mandei ver, quente mesmo. Santa Janis!Bom, depois de todo esse martírio, que vai me render uns 40 euros (pouco mais de 100 reais), cheguei em casa às 10 da manhã, fui dormir às 11 e botei o despertador pras 3 da tarde, pois teria que trabalhar de garçom, ou melhor, de food runner, a partir das 5, no restaurante do estádio Shelbourne Park, que abriga corridas de cachorro (à esquerda). O lugar é enorme, maior que os campinhos da maioria dos times de futebol brasileiro. Além do restaurante, abriga dois fast foods e um café. Food runner é quem pega os pratos de comida na cozinha e, literalmente, sai correndo para levar paras as mesas (os garçons só atendem e comandam os pedidos). Eu estava sendo testado junto com um chileno e um colombiano. Só uma vaga. 100 mesas para atender. Três pratos quentes (pelando de quente) equilibrados em cada braço. 30 lances de escadas. 30 segundos para retornar até a cozinha e pegar mais pratos. E eu praticamente sem dormir, moído da catação insana de lixo...
O público, no restaurante, é basicamente de velhos ricos, muito ricos - que apostam pesado nos cachorros (vai daí o estádio ser um luxo só). Tinha até uma equipe de televisão fazendo uma chamada ao vivo do meio do restaurante, que é uma espécie de arquibancada coberta, acarpetada, com móveis finos e malucos como eu, de camisa social azul turquesa e gravata vermelha, correndo com pratos pra todo lado - várias vezes percebi que as crianças ricas preferiam nos observar do que os cachorros, que levavam os pais e avós a uma histeria e fanatismo piores que os das torcidas de futebol. Tanto que, ao mesmo tempo, quatro telões transmitiam um jogo da Irlanda pelas eliminatórias e, quando o time fez 2 a 1 sobre Chipre, poucos prestaram a atenção (só uma mesa comemorou). E comida vai, prato sujo vem, cachorro corre, velho aposta e, enfim, fui dispensado. O chileno ficou com a vaga.Mas não fiquei chateado, não. Ou melhor, até um pouco aliviado por me ver longe daquele trabalho alucinante em meio a ricaiada esnobe. Peguei meus 50 euros de pagamento (quase 150 reais) e fui direto para o pub do Australiano, point da brasileirada, para comemorar o aniversário de uma amiga e um amigo e, de quebra, assistir Brasil x Argentina. O primeiro copaço de Foster's, australiana, caiu como se nunca tivesse sentido o prazer de uma cerveja gelada na vida. E por aí foi, até o terceiro gol(aço), de Luís Fabiano (à direita), quando a casa quase desabou com 200 brasileiros pulando e 100 argentinos tentando correr para algum abrigo seguro (inexistente). Com um telão de 3 por 5 metros, e a torcida canarinho cantando e gritando mais do que os torcedores do Boca em La Bombonera, os 90 minutos, a sensação era a de estar no estádio, mesmo. E o melhor: bebendo cerveja. Melhor ainda: o Brasil ganhando. E pra fechar com chave de ouro: tirando várias lasquinhas das argentinas e brasileiras embriagadas e sufocadas na multidão de bêbados.
A comemoração seguiu com festa em um apartamento. Cheguei em casa às 7 da manhã de domingo. Um dos habitantes tinha enchido a geladeira de cerveja (Carlsberg, Stela Artois, Tyskie, Heineken etc). E também tinha uma vodka, trazida da Alemanha. Fui dormir às 2 da tarde, quase um dia após a soneca de quatro horinhas antes de ir para o restaurante. Serviços malucos faço por obrigação. Mas cerveja e futebol, não tem hora! Cheers!
sábado, maio 02, 2009
Bebo enquanto espero
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Depois de uma infindável sequência de finais de semana trabalhando, inclusive o feriado do Dia do Trabalho, e perfeitamente convencido de que esse período em nada me dignificou, finalmente tirei um momento para almoçar com a família num restaurante alemão. Resolvi então praticar um pequeno luxo, tomar aquela cervejinha importada de uma vez na vida. Primeiro, uma Erdinger escura, sensacional. Depois, uma cerveja que já tinha visto em alguns lugares, mas que ainda não tinha provado: Weihenstephaner, produzida na cervejaria mais antiga do mundo. É de um daqueles mosteiros da Baviera, onde, por falta do que fazer e desejo de elevar-se a Deus, os frades e freiras medievais aprimoravam-se na arte de servir ao Senhor pela fermentação do cereal. No rótulo diz "Desde 1040" – quase mil anos de tradição cervejeira. O paladar comprova que freira velha é que faz cerveja boa.
Aproveito o mote pra pôr na roda um debate que outro dia tive com o Frédi a respeito das tais cervejas de trigo, identificadas por ele com as cervejas brancas. Eu não consegui checar isso com um alemão confiável, mas acho que há aí uma confusão de ordem linguística. Acontece que branco em alemão é Weiß (pronuncia-se [vais]), donde as cervejas brancas se chamam Weißbier ou Weissenbier (que me corrijam os germanistas); já trigo é Weizen (que se pronuncia [vaitsen]), donde as cervejas de trigo se chamam Weizenbier. De Weissenbier para Weizenbier, convenhamos, a diferença de grafia é mínima, mas entre o branco e o trigo, vai já uma distância semântica razoável.
Ajuda na confusão o fato de que (me corrijam as freiras cervejistas) as cervejas brancas são feitas de trigo. Mas hoje mesmo tomei uma Weizenbock da Erdinger, uma cerveja de trigo escura, o que elimina de cara a hipótese de igualar os dois termos.
No mais, Pacaembu, 16h.
sexta-feira, abril 10, 2009
Mas será que dignifica, mesmo?
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Na preguiça desse feriado, reflito sobre o que um colega me disse ontem:
- Sabe de onde vem a palavra trabalho? De tripalium, instrumento romano de tortura. (ilustração à direita)
De fato, fui pesquisar na internet e encontrei uma definição etimológica:
Tripalium (ou trepalium) era, a princípio, um instrumento utilizado na lavoura. Em fins do século VI, passou a ser um instrumento romano de tortura. A palavra é composta por "tri" (três) e "palus" (pau) - o que poderia ser traduzido por "três paus". Dessa raiz teriam saído os termos das línguas latinas de hoje em dia, como trabalho (em português), travail (francês), trebajo (catalão) e trabajo (espanhol). Mesmo antes de ser associada aos elementos de tortura medieval, trabalhar significava a perda da liberdade. Quem trabalhava em Roma era o escravo; o patrício estava incumbido das atividades políticas. Somente no século XVI, com o Renascimento, cria-se uma economia mundializada, onde o trabalho passa ao seu papel de importância máxima. E aí começa outra mudança: de tarefa árdua para os não livres, passa a ser um enobrecimento, uma atividade humana importantíssima.
Pois é, a expressão "pau alado" tem sua razão, em vista do tripalium. Para os defensores do trabalho, eu pergunto: "Ser empalado com três paus dignifica o homem?".
- Ah, por último: negócio significa "negação do ócio". Ou seja, também não é boa coisa - arrematou, ontem, o mesmo colega.
E nada melhor do que terminar esse "dignificante" post, em plena Sexta-feira Santa, com os animadores versos de Chico Buarque de Hollanda: "Vai trabalhar, vagabundo!/ Vai trabalhar, criatura!/ Deus permite a todo mundo/ Uma loucura/ Passa o domingo em familia/ Segunda-feira beleza/ Embarca com alegria/ Na correnteza".
Não sei quanto a vocês, mas vou agora regar esse ócio sagrado com vinho, pois afinal, sem a cachaça, ninguém resiste até o Domingo da Paixão...
quinta-feira, agosto 31, 2006
Alcoolismo não dá demissão por justa causa
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O alcoolismo, classificado como patologia pela OMS (Organização Mundial de Saúde), não pode servir de argumento para a demissão de um trabalhador por justa causa, segundo o TST (Tribunal Superior do Trabalho). A Segunda Turma do tribunal negou recurso da Eletropaulo, que considerou que há diferenças entre o alcoolismo e a chamada "embriaguez habitual", que está prevista na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) como uma das hipóteses para a demissão por justa causa.
Ao ser demitido por justa causa, um trabalhador recebe menos dinheiro pela rescisão do contrato, perdendo direito à multa de 40% do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), por exemplo. A decisão do TST teve como base o voto do ministro-relator e atual corregedor-geral da Justiça do Trabalho, Luciano de Castilho. "Acredito que, nos dias de hoje, não mais deve se falar em alcoolismo como motivo da ruptura do vínculo de emprego", afirmou ele Castilho. "O alcoolismo é doença catalogada no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde sob o título de síndrome de dependência do álcool."
Em seu voto, Luciano de Castilho relembrou voto semelhante dado em processo anterior pelo ministro do TST João Oreste Dalazen, que afirmou que "a embriaguez habitual deve ser vista como aquela consciente, em que o empregado recorre ao álcool (ou outra substância tóxica) por livre vontade ou total responsabilidade, o que não ocorre no caso do alcoólatra, em que o consumo da substância é inconsciente, compulsivo, incontrolável". Eles defendem que uma "interpretação nesse sentido se faz necessária, inclusive, porque não seria razoável que o empregado fosse despedido imotivadamente em decorrência de atos causados pela sua doença e praticados inconscientemente, sem qualquer intenção".
No caso do funcionário da Eletropaulo, a Justiça de primeira instância já tinha determinado a anulação da demissão por justa causa e a reintegração do funcionário. Posteriormente, o Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo reverteu a decisão porque entendeu que a reintegração ao emprego era inviável. O TRT, no entanto, reconheceu o caráter injusto da dispensa, o que resultou na condenação da Eletropaulo ao pagamento das verbas rescisórias e FGTS acrescido da multa de 40% conforme pedido apresentado pelo próprio trabalhador como alternativa à reintegração.
O TST negou o recurso da Eletropaulo contra essa decisão e também recomendou que para casos de alcoolismo a empresa, "ao invés de optar pela resolução do contrato de emprego, afaste ou mantenha afastado do serviço o empregado portador dessa doença, a fim de que se submeta a tratamento médico visando recuperá-lo".