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segunda-feira, novembro 27, 2006

Quanto desgosto

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Esperei até as 12h50 de segunda-feira para ver se alguém assumia a tarefa de falar mal do meu time. Como os dois últimos posts foram sobre times pequenos, vai mais um. É triste e complexa a tarefa depois de um 4 a 1 em casa na penúltima rodada. Salvo pelo gongo, o Palmeiras não cai nesta temporada para a série B porque a Ponte Preta, como visitante, foi goleada pelo Goiás.

Consolo de time pequeno, ficar na raspa do tacho da primeirona é muito pouco para um clube que tem história e tradição de grande. Ao analisar o cenário do alviverde paulistano, grandeza não se vê na torcida, no comportamento dos jogadores nem nas atitudes da diretoria.

Narizes de palhaço compuseram um protesto justo que nada resolve. Mas é no mínimo questionável numa partida em que ainda havia risco de descenso. Ressalva quanto à torcida precisa ser feita na breve recuperação de cinco vitórias consecutivas na retomada da temporada no pós-Copa, com o comedido sucesso (pra ser muito otimista) do tsunami verde. Diretores ultracriticados e elenco limitado é tema recorrente.

Referencial
Entre torcedores, a nostalgia da Parmalat oscila entre o entusiasmo e uma certa vergonha. Entre os primeiros há uma curiosa divisão que envolve duas eras da parceria de co-gestão (baseada na negociação do passe dos atletas e irreproduzível após a Lei Pelé). Antes e depois de Luis Felipe Scolari.

A rivalidade entre Palmeiras e Corinthians tem muitas peculiaridades históricas, mas um dado é uma oposição de estilos. A raça é símbolo alvinegro, ante uma certa presunção de classe e cadência do Palestra Itália. Exemplos do primeiro não faltam, enquanto os exemplos mais recorrentes são as duas academias (de Filpo Nuñes nos anos 60 e de Osvaldo Brandão nos 70) comandadas por Ademir da Guia. Dependendo do fanatismo (ou da idade) do torcedor, os "supertimes" da Parmalat de 1993 a 1997 – pré-Felipão – e o time do início da década de 50.

A era Felipão foi marcada por outro tipo de futebol. Com raça – como o inesquecível 4 a 2 na semifinal da Copa do Brasil 1999 contra o Flamengo no Parque Antártica ou os 2 a 0 da final do ano anterior contra o Cruzeiro – bolas aéreas, pegada na marcação e contrataques, a torcida teve dificuldades de se acostumar com o novo estilo. Hoje, aquilo soa como algo inigualável.

E agora?
Depois da saída do patrocinador, a decadência chegou a atual realidade de time pequeno. A queda para a série B e a receita para a volta por cima não serviram de lição. Os atletas revelados na temporada 2003 foram vendidos e a aposta na formação de atletas, deixada de lado desde os tempos da parceria com a multinacional italiana, foi tolhida pela política de contratações de medalhões mal-passados – cartão amarelo pelo trocadalho. Na temporada pela Segundona, o time jogava na raça, passava apertos, mas foi bem. A torcida batia recordes de público mesmo assim.

Formar um time vencedor que agrade a torcida só pelas conquistas – independentemente do estilo de jogo – parece distante nos próximos anos. Sem grana nem atletas jovens para jogar bonito, mais retrancas vêm aí. Mas é futebol sem resultado.

Difícil ver luz no fim do túnel.

8 comentários:

Glauco disse...

Só uma observação, Anselmo. O time do Felipão já era o fim da era Parmalat, em que a própria multi já entrava em crise disfarçada (que viria a estourar pouco depois) e o que o técnico fez foi se virar com o que tinha, a Lei Pelé não tem influência decisiva nisso. Até porque os passes negociados, na prática, eram da Parmalat, e não do Palmeiras.
O problema foi o que aconteceu com o Corinthians em suas parcerias. Enquanto duram e entra dinheiro, não se pensa no dia de amanhã que é, precisamente, quando o parceiro vai embora. E, quando eles saem, o amadorismo dos cartolas fica explícito e, às vezes, seu mau-caratismo também. Ou troca-se a diretoria por uma mais profissional ou o destino do Palmeiras é continuar vegetando nos campeonatos.

Anônimo disse...

Parabéns!
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Como prêmio o link do seu blog ficará exposto por 7 dias na página principal da GB.

Parabéns mais uma vez pelo Troféu Destaque 2006.

Equipe Blogueiros.

www.blogueiros.com

Anselmo disse...

é curioso de fato que tanto palmeiras qto parmalat quebraram depois do fim da parceria. mas o Felipão se virou com o que tinha em termos. Trouxe Paulo Nunes, Arce e mesmo Alex. Depois que ele saiu, em 2000, alguns jogadores permaneceram por mais tempo. Houve alguma organização no fim da parceria que permitiu, no mínimo, adiar a mega-crise atual. Felipão Fez o time sob medidas – talvez com mais restrições do que Luxemburgo em temporadas anteriores, mas escolheu quem queria trazer num mercado ainda inflacionado.

Anônimo disse...

A história do Palmeiras serve de exemplo para que muitos torcedores esqueçam aquele discurso que diz: "o time tem que cair mesmo, pra limpar a diretoria, trocar todo mundo", essas coisas que se diz também em relação à seleçõa brasileira na época das eliminatórias.

Marcão disse...

Ouvi comentários de que o Palmeiras pediu adiantamentos e já consumiu quase 40% do orçamento previsto para 2007. Se a diretoria mudar, nas eleições que se aproximam, vai herdar mais esse abacaxi.

Nicolau disse...

O amadorismodos diretores é doença espalhada por todos os times do futebol brasileiro, com exceções. O problema não é a dívida que uma nova diretoria possa herdar,mas quem estará nessa nova diretoria. Naõ sei do Palmeiras, mas no Corinthians,pelo menospara a presidência, as opções hoje são Andrez Sanches, Citadini e, talvez,Marlene Matheus. O quadro no companheiro arqui-rival não deve ser muito diferente. Não dá pra ter muita esperança.

Glauco disse...

O Palmeiras tem o Belluzzo, pelo menos tem um pouco mais sorte que os rivais.

Anselmo disse...

O Belluzzo é apontado como o autor da aproximação do clube com a Parmalat. é um fato. em compensação, tem mustafá.