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segunda-feira, abril 30, 2007

Síndrome de Henry Sobel

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O Brasil é um país bastante peculiar. Existem épocas em que, por qualquer coisa, alguém é crucificado; em outras, como agora, arruma-se justificativa pra tudo. Invoca-se o passado, a história, a família, os bons modos e blablabla. Claro que isso também varia de acordo com a pessoa atingida.

Quando Henry Sobel foi apanhado com gravatas furtadas, a mídia noticiou, de forma discreta. Não apareceu em nenhum programa não-humorístico sendo achincalhado, como acontece com pessoas comuns. Mesmo assim, organizações e personalidades se insurgiram para defender quem sequer havia sido atacado de fato. Invocou-se então seu passado em "defesa dos direitos humanos", sua conduta sempre ética etc, etc, etc.

Nem acho, sinceramente, esse furto grande coisa. É mais um fait diver do que algo a ser destacado sem chacota. Mais grave é quando um dito defensor dos direitos humanos defende a pena de morte como ele fez. Na ocasião, também muito pouco cobrado por seus pares. No entanto, ele ser cobrado por uma declaração ou um furto é o mínimo que se espera, já que, se fosse uma pessoa "não-pública", receberia o tratamento que todos recebem, sem se perguntar se fez boas ações, ajudou velhinhas a atravessar a rua, fez xixi na cama quando criança ou não xingou a mãe por causa da mistura.

Pois é, toda essa introdução pra falar... do Fábio Costa. Elogiei-o aqui e reitero todo o escrito. Mas é inegável que ontem ele foi decisivo, de uma forma como o torcedor santista não gostaria. O Santos vinha pressionando o São Caetano e a partida entrava na fase em que, mesmo um time que não costuma tremer como o Azulão, pode ceder a qualquer momento. Mas em um lance tosco, já que era uma bola que estava indo pro lado, o arqueiro tenta chutar a danada e acerta o atleta do são Caetano.

Estava morta ali qualquer chance de reação do time. Quando um jogo é parelho, e se consegue dominar o adversário, após tomar um gol bobo, desmonta-se tudo. Ali, o dito time menor se agigantou ainda mais e o grande desanimou sabendo que buscar um gol pra diminuir a diferença, por mais pragmático que seja, também é pensar pequeno. Deixou pro próximo domingo.

Repirto que não se trata de crucificar ninguém, mas não se pode omitir a culpa do atleta em dado momento. Por que essa pretensão de fazer alguns "intocáveis" e não dizer que a pessoa errou quando ela errou e pesar o que isso significa no contexto? Errou feio em uma hora decisiva, como tantos outros jogadores erraram e nem por isso tiveram seu histórico apagado. Rogério Ceni errou grotescamente em uma final de Libertadores contra o Internacional, Marcelinho Carioca foi o único entre dez atletas a errar um pênalti e interromper o sonho da conquista da América e Edmundo vacilou contra o modesto Ipatinga e repetiu o feito da final do Mundial contra o Corinthians, quando jogava pelo Vasco. Mas todos eles foram fundamentais para outras conquistas na história dos seus times, inclusive Fábio Costa, uma das peças principais na final do Brasileiro de 2002.

Se errou, o que fazer? Lembro de outra falha dele que só de lembrar como deu a volta por cima, arrepia. Oitavas de final da Libertadores de 2003, jogo contra o típico time "encardido", o Nacional do Uruguai na Vila Belmiro. Uma falta cobrada quase de forma despretensiosa no lado direito do ataque uruguaio no fim da primeira etapa, a bola vem rasteira e engana Fábio Costa. Uma falha que poderia ser crucial e o goleiro sabia disso.

O lateral-esquerdo Léo, no ataque do time, quando vê o arqueiro ajoelhado e cabisbaixo na área, dá um pique até ele, oferece a mão, o levanta e a torcida enlouquecida passa a gritar seu nome. Empate e disputa de pênaltis. Ao fim da partida, o santista é ovacionado pelo estádio inteiro e, ultra-motivado, mesmo nunca tendo sido um emérito pegador de penalidades, defende três e classifica o time para as quartas.

Aí está a lição que ele, o time e a torcida podem relembrar. Em mais 90 minutos, uma situação assim, bem trabalhada pelo técnico, pode virar uma motivação a mais para a equipe. Tomara.

5 comentários:

Thalita disse...

Não dá pra comparar as trajetórias do Fábio Costa com as do Marcelinho Carioca no Corinthians, a do Edmundo no Palmerias e a do Rogério Ceni no São Paulo.
Pronto, falei

Thalita disse...

pqp...
vc me fez quase defender o marcelinho... que nojo!

Anselmo disse...

putz, não entendi o que a thalita quis dizer.

a diferença da falha de domingo pra outras do Fábio Costa, na minha opinião, é qeu, além do momento decisivo, ela acontece em meio a uma grande fase do jogador. A questão é o resultado disso pra fase dele. Um monte de gente vai falar que ele é instável, emocionalmente perigoso para o time etc.

mas é impressionante o que manguaça é capaz de fazer pra reclamar do Henry Sobel.

Pô, não pode falar de judeu e empregar a palavra "crucificar", mesmo que aplicada a outra pessoa e na negativa, não sabe?

Thalita disse...

não?
quis dizer que escrever um texto justificando a falha do fábio costa dizendo que alguns dos principais ídolos dos times rivais tb falharam em momentos decisivos não faz sentido. O FC não é um cara q já se destacou de fato ao decidir um campeonato. Por ontem, mostrou que não deve fazer isso nunca.

Glauco disse...

Thalita, ele foi decisivo sim na final de 2002. A comparação que fiz é pra mostrar que jogadores importantes nos seus clubes também falaham. Importantes à época em que jogam e falaham, não pela importância histórica.