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quinta-feira, maio 24, 2007

Podia ser mais fácil, Santos?

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Maurício de Souza (portal do Santos)

Logo depois do final do jogo que decretou a vitória do Santos sobre o América mexicano, a companheira Bia, do blog parceiro do Futepoca que estava na Vila Belmiro, desabafou: "Não aguento mais ser o time da virada". Já Carminha, também santista e eminência parda deste blog, comentou: "o Santos parece o Guga dos bons tempos. Faz a gente sofrer o tempo todo".

Detentor de superstições que ficam restritas - por enquanto - ao futebol, não quis praguejar contra a pecha de "time da virada". É melhor virar do que perder, já diria o filósofo, então agradeçamos que a tal virada aconteça. Mas o curioso é que isto tem sido uma constante na história recente do Santos, embora não seja propriamente algo inédito no currículo do time.

Além da reversão do resultado de ontem (1 a 0 no primeiro tempo para o 2 a 1 no final), o Santos também saiu perdendo em casa para o Caracas por 2 a 0 e virou para 3 a 2. Já no Paulistão, obteve um feito inédito de reverter uma vantagem de dois gols de diferença em uma final do estadual e assegurou o título. E tome sofrimento pro torcedor.

Em 2003, o time de Diego, Robinho e companhia, campeão no ano anterior e vice na Libertadores e Brasileiro daquele ano, também era afeito às viradas. no Brasileiro, se não me engano (não consegui confirmar o dado), foram 14 partidas vencidas por virada, um recorde. Lembro de assistir a um jogo na Vila contra o Fluminense (com o já veterano Romário) em que a equipe carioca saiu na frente. Nem eu nem a torcida esquentamos, já estávamos masoquisticamente acostumados a esse tipo de situação. Final, 2 a 1 pro Santos.

Na semifinal da Libertadores de 2003, contra o Independiente de Medelin, o time da casa na partida derradeira saiu na frente, 1 a 0. O Santos virou para 2 a 1 e venceu por 3 a 2. Na despedida de Robinho do time, no ano de 2004, contra o Paysandu, 2 a 0 pro time paraense e virada por 3 a 2 no final. E o menino poderia ir embora de outro jeito?

Mas a virada mais famosa da história do Peixe é mais cheia de significados. Na final do Mundial de 1963, o time de Pelé perdeu por 4 a 2 na Itália. Perdeu não somente a partida, mas o Rei para a volta, no Maracanã. Depois do prélio, a imprensa brasileira (ah, a imprensa...) exaltava os feitos de clube italiano e o esquema inovador com líbero (à época, Maldini, o pai). Era um time de brucutus nativos (que coincidência) como Giovanni Trapatoni, que quebrou Pelé, e o talento ficava a cargo de brasileiros (que coincidência de novo) como Altafini, o Mazola, e Amarildo, o possesso.

No maior público que o Maracanã já recebeu para uma equipe de fora do Rio (mais de 130 mil pessoas), o Milan parecia passear no segundo jogo. Terminou o primeiro tempo com 2 a 0 no placar. A mídia parecia esfregar as mãos e dizer "tá vendo, líbero (vulgo retranca) é o esquema do futuro, o 4-2-4 já era". Mas o time tinha o glorioso José Macia, o Pepe, e virou para 4 a 2, vencendo também a terceira partida por 1 a 0, também sem Pelé e com atuação de gala de Almir, o Pernambuquinho.

Fica a pergunta pro torcedor do Santos: podia ser mais fácil? Claro, podia. Mas acho que a história não deixa que seja assim. Pra falar a verdade, sofro, mas não tenho direito de achar ruim.

PS: o time reserva do Santos que disputa o Brasileiro também é adepto das viradas, mas de uma forma "alternativa", como gosta de definir Vanderlei Luxemburgo, o semiólogo. Nas duas partidas que perdeu, saiu ganhando.

5 comentários:

Anselmo disse...

1) O PS do GLauco mostra o quanto o Futepoca é santosfilo. Um santista tem que tirar sarro do santos no Brasileiro.

2) a despeito do sofrimento, quero lembrar que essa é uma marca de orgulho da torcida corintiana. Vou além: na era Scolari no Palmeiras, a emoção era garantida quando o time precisava vencer. Rudimentarmente faço a relação pelo óbvio. Quando é técnico é bom e o time minimamente competitivo, você sabe que o cara consegue mexer pra pôr uma pressão desgraçada sobre o adversário que, acossado, cede. Quando um time tá mal -- ah, como eu passei por isso -- ele não produz esse tipo de sofrimento, mas outro, o desgosto, porque perde. É a confiança correspondida que alimenta esse sofrimento de qeu os santistas reclamam.

3) Sobre o comentário da parceira Bia, se fosse de uma são-paulina, estaria o conjunto de manguaça acusando-a de arrogância?

4) cadê os incendiários deste blog?

Glauco disse...

1) Se ninguém tira, eu tiro.

2) Marca é marca e se impõe pela imprensa, publicidade e quetais. Citei dados pra confirmar a tese manguaça. Tem time que leva a fama de ter "torcida fiel" e leva duzentas pessoas pra assistir jogo do Juventus. Acredita quem quiser.

3) Não é arrogância, é desabafo de sofredor.

4) Também não sei.

André Augusto disse...

Achei palhaçada o América mandar 14 jogadores pra vila. O Santos tinha obrigação de cassetar os caras.

Anselmo disse...

a palhaçada citada pelo andré augusto mostra outro problema: como que os times mexicanos encaram a competição. Se nas quartas-de-final os caras não levam a competição a sério, precisam participar?

ainda assim, a engrossada do América expressa no resultado ameniza a crítica, mas não encerra a questão

Anônimo disse...

Boa essa comparação com o Guga!
E bela lembrança do time de 2003. Mas aquele time transmitia confiança ao torcedor. A gente sabia q a virada era questão de tempo!
Ontem eu temi pelo pior..rs
Mas concordo com o q disse: Cansou essa de ser o time da virada, mas se for pra ser assim por mais 4 jogos, que seja!!!! hehehe
E o time misto anda fazendo tudo errado mesmo...rs
bjss