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terça-feira, fevereiro 12, 2008

Humanos e líquidos direitos

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Desde já lanço a candidatura dele para patrono do Futepoca e símbolo da preservação dos direitos humanos, inclusive o de beber cachaça.

É notícia hoje das agências que a Justiça mandou soltar o catador de papel Reginaldo Pereira da Silva, preso por furtar uma garrafa de cachaça no valor de R$ 1,50.

Na realidade, ele foi condenado a oito meses e 16 dias de reclusão, como já passou sete meses preso, recebeu o direito à progressão para o regime aberto.

Embora a defensoria pública tenha pedido a absolvição por insignificância do delito, o juiz Adevanir Carlos Moreira da Silveira o condenou, alegando que “a atual conjuntura social está a exigir do Estado, aqui personificado no Poder Judiciário, resposta concreta à criminalidade que hoje grassa e que semeia perigosa crença na impunidade”.

Quer dizer, o catador virou exemplo para acabar com toda a criminalidade que existe no país...

Além do juiz merece um prêmio também o supermercado Pão de Açúcar, onde ocorreu o fato e que manteve a denúncia. Mesmo com o réu nem tendo saído do supermercado com a mercadoria, tendo sido preso antes por segurança , quando pedia para que outros clientes pagassem a bebida.

É desses exemplos que o Brasil precisa, né juiz, né Pão de Açúcar?

Eu, por meu lado, prometo, nunca mais comprar a marvada nesse supermercadinho.

Sem contar que, mesmo ganhando mal como ganha um catador de papel, sete meses por R$ 1,50 não é um pouco de mais?

11 comentários:

Marcão disse...

Apoiado! Mas, mesmo que não tenha conseguido beber a marvada, o catador acabou indo em cana...

fredi disse...

Marcão, por condescendência, cartão amarelo...

Glauco disse...

Isso faz parte uma ampla política de criminalização dos manguaças. Não temei, companheiros!

Marcão disse...

Ô, Fredi, e você não leva amarelo pelo "líquidos direitos"? Injustiça! Cadê o Coronel Marinho pra botar um critério nisso?

Anônimo disse...

Eu gostei da piada do Marcão.

Anselmo disse...

boicote ao Pão de Açucar. Vai comprar mé, vai pro bar.

Será que cola?

(acho conveniente a restrição, porque se a convocação de boicote for generalizada, vai ficar difícil de um monte de gente aderir, alegando o funcionamento 24h de algumas unidades e blablabla.)

maurício disse...

uma das histórias mais tristes que já ouvi.

Anônimo disse...

Ele foi preso de novo.

Anônimo disse...

Sem medo de ser piegas, digo que dá uma tristeza danada ler uma notícia dessas... 7 meses preso por causa duma pinga de 1,50 que o sujeito nem conseguiu roubar de um supermercado gigantesco??? Só acredito porque estou lendo... se alguém me contasse, diria que é mentira...

Nicolau disse...

Deixando um pouco as piadas de lado, a história é triste e brutal. Impressionante o tratamento que polícia e justiça dão a cidadãos pobres (sim, pobre é cidadão!) e negros. Num paralelo meia boca, alguém já assistiu o filme Meu Nome Não é Johny? Imaginaram se o cabra tivesse uma história semelhante, mas morasse na favela? Ia para a escola, tinha dificuldade para arranjar trampo, começou a trampar de avião e ganhar uma grana vendendo pó numas baladas. Nunca matou ninguém nem passou perto disso, simplesmente vendia drogas. Será que hoje ele seria produtor musical, como o João Estrela?

Anônimo disse...

Vem cá, por que a surpresa? Esse nosso Brasil é um país de merda, com Executivo, Legislativo e Judiciário de merda. Eu ficaria estarrecido é se o Zé fosse absolvido ou condenado a alguma pena alternativa.