Destaques

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Israel e o mito da liberdade de imprensa

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

É sempre difícil acrescentar algo em relação ao que acontece na Faixa de Gaza sem repetir quem faz uma excelente cobertura da tragédia gestada no Oriente Médio. O Idelber Avelar vem trazendo notícias e informações relevantes sobre os ataques israelenses, mas uma saltou aos olhos e interessa ser analisada aqui, já que diz respeito à imprensa e todos os membros desse blogue nela trabalham.

Ele cita um belo furo do Cloaca News , que descobriu o blogue de uma jornalista de O Globo e que também aparece na Globo News, Renata Malkes, que faz a cobertura ou algo que se assemelhe a isso, do Oriente Médio. De ascendência judaica, ela não hesita em fazer comentários preconceituosos e cheios das certezas típicas de quem não respeita a diversidade e a diferença.

O tal blogue, denominado Balangan, foi abandonado pela jornalista, mas o Cloaca, com o auxílio da Wayback Machine, resgatou o que ela escreveu de 2002 a 2007. Em um determinado post , diz que os árabes são mentirosos, reforçando a idéia com uma parabolazinha em outro. Já noutro texto exulta ter sido aceita no exército . Sim, sim, é essa pessoa que está encarregada de fazer a cobertura “imparcial” do “conflito” na Faixa de Gaza.

O serviço isento do objetivo jornalismo da grande imprensa brasileira, como o praticado por Veja, que justificou os ataques israelenses como nem a assessoria de imprensa do governo faria, coadunam com a “liberdade de imprensa” que existe em Israel. Os jornalistas estrangeiros foram proibidos de entrar na Faixa de Gaza, algo que foi denunciado  por Ethan Bronner, do The New York Times. Enquanto as notícias sobre a trágica situação dos palestinos só chegam ao resto do mundo por meio de blogues, sites independentes e pessoas que já vivem agora o cerceamento de comunicação (já que lá não há no momento sequer eletricidade), há amplo acesso ao sul de Israel para a mídia, local onde chegam os foguetes do Hamas. Não é de se estranhar, já que governo israelense também não é muito tolerante com opiniões contrárias à sua política de apartheid e inclusive já foi responsável pela prisão e espancamento de um jornalista premiado, Mohammed Omer, correspondente da Inter Press Service na Faixa de Gaza, como se pode ver aqui.

Alguém pode dizer como a mídia daqui relataria tais fatos se ocorressem na Venezuela?

Leia o que o Futepoca já escreveu sobre a Palestina:

9 comentários:

Anônimo disse...

Um cara invade sua casa com a ajuda de amigos poderosos que tem, mata sua família, te deixa um tempão confinado entre a casinha do cachorro e o banheiro, vez ou outra jogando fezes na sua cabeça, e depois quer que você ‘negocie pacificamente’ para legalizar a tomada do resto da casa e para oficializar que, de agora em diante, o banheiro e a casinha do cachorro serão ‘legítima e definitivamente’ seus, e isso desde que você não ouse passar pelas divisórias que impedem sua circulação pelos demais cômodos da casa.
É isso que a invasão chamada Israel quer. Quer candura bovina da nação palestina depois de tudo que fez e segue fazendo.

Marcão disse...

Eu já passei por duas dezenas de redações, no Brasil, e posso afirmar sem medo de ser achincalhado que pelo menos 70% dos jornalistas com quem trabalhei têm preconceitos raciais, de classe, de cor e político. Quando em público, dissimulam bem. Mas quando se reúnem em rodinhas, as piadas e "opiniões formadas" são tão horríveis ou piores do que as do blogue da tal Renata Melkes.

Para mim, isso tem a ver com a progressiva elitização do jornalismo a partir dos anos 1980, com a proliferação de faculdades particulares e a dificuldade cada vez maior de os pobres entrarem nos cursos públicos. Na primeira metade da década de 1990, quando entrei no primeiro jornal, pude acompanhar a transição, nas redações, do perfil dos profissionais.

Antes, era mais comum encontrar equipes com muitos jornalistas oriundos de classes populares, comprometidos com a categoria, sindicalizados, combatentes, politizados, alheios a preconceitos de classe, cor ou o que seja. Hoje é exatamente o contrário: o grosso, nas redações, é de jovens filhos da classe média alta ou rica, acostumados desde cedo com os mais sofisticados bens materiais e empregados para servi-los. Nunca pegaram um ônibus, nunca pagaram aluguel, nunca passaram uma semana a pão e ovo. E, por isso mesmo, têm olímpico desprezo por quem passa por isso.

Triste.

Anônimo disse...

Glauco,

Acho difícil imaginar como a mídia brasileira se comportaria. Contudo o furo do Cloaca nos leva uma a uma questão complexa e antiga.. Jornalismo imparcial. Os jogos políticos e econômicos que envolvem uma matéria são inúmeros... Resta saber se O Globo desconhecia o fato ou não. Imprensa de mitos... Jornalismo imparcial, liberdade de expressão em Israel... Enfim,
Abraços,

F.Gimenes

Nicolau disse...

Vi alguns artigos esssa semana nos grandes jornais, a maioria justificando de alguma forma a agressão de Israel, com variados graus de qualidade na argumentação e de respeito ao outro lado. Claro que a situação de Israel é complicada, mas acho que já ficou claro, depois de décadas de derramamento de sangue, que não haverá saída pela violência. É complicado porque de fato existem grupos nos países vizinhos (como o Hamas) que não aceitam a existência de Israel. Mas a resposta de ISrael não pode ser negar à Palestina o direito de existir, para mostrar ao resto do mundo que tem bala na agulha. Fico com a argumentação do Flávio Aguiar, na Agênica Carta Maior: Israel foi criado por uma resolução da ONU, mas depois disso deixou de seguir as resoluções da mesma organização. Se o próprio governo israelense não aceita a legitimidade da ONU, como pode pedir que os vizinhos o façam? A soluçaõ vai ter que ser negociada, com todo mundo cedendo um pouco. O Hamas e o Fatah também tem que se acertar para conseguir isso. Mas o governo de Israel, por ser o país mais rico e poderoso, precisa ceder mais. E, definitivamente, não pode usar um massacre como esse como munição na disputa eleitoral que vai acontecer dentro do país em breve. Vamos ver o que o novo presidente dos EUA terá a dizer a respeito.

Marcão disse...

Pois então, Nicolau, um amigo meu, o sociólogo Marcelo, acredita que essa ofensiva israelense tem tudo a ver com alternância de poder nos EUA. Porque Bush garantia todo o aparato militar e de espionagem aos judeus, e agora estamos naquele período de "tem que ver como está para ver como é que fica". Israel estaria, portanto, chamando a atenção de Obama para pautar essa questão como uma de suas mais urgentes prioridades. Não sei se seria bem isso, mas também não digo que não tem nada a ver. A única coisa que posso afirmar: não aceito a existência de Israel e muito menos a violência que impõe aos árabes. Hoje, não tenho qualquer argumento para defender os israelitas.

Anônimo disse...

Sou pela diversidade, assim como o pessoal do Hamas: às vezes Qassam, outras Katiuska. Assim dá para manter o respeito pela diferença de mira em onde eles caem.

Anônimo disse...

Mensagem importante e oportuna.

Em mais um episódio de "esqueçam o que escrevi", os textos sumiram do ar também no mecanismo de recuperação...

A falta de diversidade (para usar uma expressão tranqüila) da cobertura da mídia gorda inclui calar a respeito dos israelenses e dos judeus de outros lugares que se posicionam de forma contundente contra a política do governo israelense. Cito como exemplo estes dois textos da jornalista Ilana Polistchuck:

http://rafaelfortes.wordpress.com/2008/12/29/precisamos-das-forcas-de-paz-da-onu-por-ilana-polistchuck/

http://rafaelfortes.wordpress.com/2008/12/31/para-ajudar-israel-vamos-dizer-nao-concordamos-com-sua-politica-por-ilana-polistchuck/

Para o lobby sionista travestido de "representação da comunidade judaica", é fundamental o ocultamento de tais vozes.

Não por acaso, já fui xingado por um número razoável de pessoas apenas por ter publicado os dois textos em meu blogue...

Anônimo disse...

I enjoyed reading your blog. Keep it that way.

Anônimo disse...

inasrtkwvere [url=http://www.findpaydayloan.com/payday-loans-in-canada.shtml]payday loans in canada[/url] oznhfgqo [url=http://www.findpaydayloan.com/pay-day-loans.shtml]pay day loans[/url] sioguhalnujkrncllikpeyrrwyoqybekwyafnbluj