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segunda-feira, agosto 24, 2009

Vídeo mostra moradores de rua ateando fogo na revista Veja

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Moradores de rua atearam fogo em exemplares da revista Veja, em São Paulo. Video mostra o protesto contra a reportagem "Profissionais da esmola", publicada na edição 2.126, da semana passada na Veja São Paulo.

Os manifestantes chamam a revista de "fascista" e relembram os ataques proferidos pela revista – e seus colunistas – ao padre Julio Lancelotti, primeiro com acusações desgovernadas e depois acusando-o de pedofilia contra um adolescente antendido pela Pastoral do Menor, coordenada pelo sacerdote. Vítima de extorsão e chantagem, a cobertura da revista se mostrou mentirosa e incorreta, e nem inquérito foi aberto para investigar Lancelotti.

A fogueira foi feita no dia 19 de agosto, Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua. O ato marcou ainda os cinco anos do massacre de 15 pessoas que dormiam nas ruas da região central da cidade.

Confira as imagens:




A reportagem da Veja São Paulo parte da revogação do artigo 60 da Lei das Contravenções Penais, que classificava como contraventor quem mendigasse "por ociosidade ou cupidez". São apresentadas sete pessoas que, na visão da reportagem, pedem esmola profissionalmente.

As estimativas "conservadoras" da publicação calculam em R$ 600 os rendimentos mensais dos "profissionais" da categoria – provavalmente todos farsantes, na visão dela.


Atualizado às 10h45 de 25 de agosto

13 comentários:

david disse...

Achei o rap do caralho. Mas queimar revista ou livro... sei não. Os precedentes desse tipo de ato são macabros.

Moriti disse...

Discordo. Queimar a Veja é um favor à humanidade!
E já que criticam os "pedintes", mesmo que ganhem os seiscentos paus, será que a Abril e os Mainardis da vida recebem grana limpa e honesta sempre?

Glauco disse...

Queimar a Veja é um protesto absolutamente democrático. E não concordo com o trecho: "padre Julio Lancelotti, acusado de pedofilia contra um adolescente antendido pela Pastoral do Menor, coordenada pelo sacerdote. Lancelotti se declarou, à época, vítima de extorsão e chantagem." Se não se provou a culpa de Lancelotti, não se deve falar da situação como algo relativo a uma declaração dele simplesmente. Ele foi considerado inocente, não houve sequer inquérito, isso deve se destacar.

Quanto ao link pra reportagem da Veja no mesmo espaço, seria importante mencionar que a revista já havia publicado outra matéria pra lá de tosca atacando as atividades do padre com o povo da rua, sem qualquer relação com pedofilia ou quetais. Ou seja, a relação da publicação com o padre tomou ares de perseguição de fato.

Brunna disse...

Além de absolutamente democrático, a "queima de revistas" pontua uma triste realidade em São Paulo, a criminalização absoluta dos moradores de rua.

Anselmo disse...

uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa.

queimar livros e revistas de forma sistemática e para eliminar todos os exemplares é muito diferente de fazer um protesto pontual. Muito diferente. A comparação serve como instrumento de retórica, na minha opinião.

Sobre o padre Julio Lancelotti, bem pontuado, Glauco. Correções feitas.

Marcão disse...

Agora entendo quando o Fernando Henrique fala em "botar fogo no bom sentido".

david disse...

Anselmo, é claro que é retórica, como é a retórica a sua resposta.

Agora, você sabe muito bem que a queima de livros tem função ritual (nos casos aos quais me referi, mesmo sem citar, e neste dos moradores de rua também). A mensagem ritual, essa sim, tem ecos macabros - queiram ou não.

(O trabalho "sistemático" dos regimes que baniram livros era feito sem estardalhaço: o ritual era um exercício coletivo sim, mas excepcional, não era o dia-a-dia da "limpa" na cultura.)

E não me venham com "absolutamente democrático", não, Glauco e Brunna. Se vocês estivessem realmente tão certos disso, não viriam com o "absolutamente", que é absoluto pra cacete.

Nicolau disse...

David, entendo os ecos a que você se refere, mas entendo que a diferença crucial é que a revolta dos moradores de rua é bem específica, apenas contra a Veja, não contra todas as revistas ou toda a mídia. Isso fica bem claro na manifestação. O fim da Veja não é uma ameaça à democracia - na minha opinião, muito pelo contrário, mas isso são outros quinhentos. Assim, com alvo definido, acho totalmente (para não ser absoluto, rs) democrático queimar a Veja. Na manifestaçaõ, quero dizer, não estou incentivando nenhum ataque incendiário ao prédio dos Civita em Pinheiros (ops!).

Douglas disse...

Pera ai pessoal!!!

Ninguém aqui gosta da Veja, mas que existe uma tropa de "morador de rua" que não precisa ser pedinte e que tem isto como profissão todo mundo sabe! Ou não?

Além disto, manifestação de morador de rua na praça da sé, com todos estes fotografos, com o lider usando microfone e boné Puma??? Olha o pessoal que tá queimando a revista no vídeo... alguém ali tem cara de pedinte??? com relógio e sapatos melhores que os meus???

Vamos parar com a sindrome... Esta semana a matéria vai bombar nas revistas de esquerda ou não???

Abraços

Nicolau disse...

Douglas, várias discordâncias. Primeiro, a Veja tem uma política de perseguição aos moradores de rua e seu movimento, simbolizada nas matérias detonando o padre Júlio Lancelotti. Se ela pode bater, os moradores também podem.
Segundo, se os caras estão fazendo um ato público, é bom que eles tenham feito em público, e não no quintal lá de casa. E é bom que tenham conseguido alguma atençaõ midiática. Isso faz parte da democracia, tanto pro Cansei quanto pros moradores. Mas garanto que o espaço que cada um vai conseguir com suas ações será muito, mas muito desproporcional.
Terceiro, não entendi o problema dos caras estarem usando microfone e boné Puma. São pessoas que estão se organizando para melhorar de vida, têm uma associação, um movimento social. Devem receber doações, organizar a grana, investir no movimento. Devem até ter comprado as Vejas que queimaram. Vocês esperava os caras com roupas todas sujas e rasgadas, no estilo do mendigo do Pânico?
Por último, e mais pessoal, esse argumento do "ah, mas ele não precisa pedir, é um vagabundo mesmo" eu sempre adorei. Primeiro (estou pilhado em enumerações hoje) porque faz parecer que, se há alguém que "não precisa" de esmola entre os pedintes, todos são vagabundos e merecem o desprezo da sociedade. E é por aí que entendo a crítica da Veja. Segundo, e isso é uma opinião pessoal, se alguém realmente acha que a situação de um desses supostos "pedintes profissionais" é tão boa, manda ver, assume o cargo do cara...

Douglas disse...

Nicolau, vc acha mesmo que eles compraram a Veja?

Quem sabe eles não são assinantes e a leêm semanalmente, né?

abraço....

JLD disse...

A grande questão, para mim, é que estes "falsos" pedintes simbolizam a malandragem do brasileiro, exatamente como exaustivamente demonstrada nas revistas do Zé Carioca (alguém lembra?). É o malandro que consegue convencer a madame a comprar o Pão de Açúcar, a lhe dar um grana fácil, a lhe pagar um lanche. De fato, não há nada de errado com isso, se aqueles que pagam o fazem de livre e espontânea vontade. Contudo, a conduta destes pedintes, para mim, demonstra bem a envergadura moral de nosso povo: tudo pode ser feito para se obter vantagens sem esforço. Daí para as falcatruas do Senado a distância não é muito grande...

Glauco disse...

"Falso pedinte" tem no Brasil, nos EUA, na França e em todo canto. O excesso de moradores de rua é que diferencia um país do outro e mostra como cada um trata seus problemas.