Destaques

Mostrando postagens com marcador Aécio Neves. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Aécio Neves. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, dezembro 02, 2015

Os pingos nos is OU carmelita descalça no puteiro

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

FHC, herói da Veja: Delcídio estaria em seus diários?
Ninguém aqui quer defender o PT, o governo Dilma, o Lula ou nunseiquelá, nunseiquelá, nunseiquelá. Não integramos suas assessorias de imprensa e, para esse tipo de defesa, sempre existem advogados bem dispostos - e (muito) bem remunerados. Mas, como observou meu colega jornalista Lobão (Rogério Castro), sobre as cobranças do "santo" Aécio Neves (PSDB) à presidente Dilma em relação à prisão do senador Delcídio Amaral (PT), "sei que não adianta explicar para quem não quer entender, mas não custa nada encher o saco dos cidadãos de bem, defensores da moralidade pública, que infestam as redes sociais: com a prisão de André Esteves, um ex-presidente do Banco Central de FHC assumiu o comando do BTG Pactual. Pô, parem de bancar a carmelita descalça dentro do puteiro!".

Exatamente. A esses "cidadãos de bem, defensores da moralidade pública, que infestam as redes sociais" e saem nas ruas com camisa da seleção brasileira, louvando militares, Bolsonaros e Malafaias, complemento o lembrete do Lobão com um belo texto que circula pela internet e é assinado por Maria Fernanda Arruda:


Está claro para vocês o desenrolar dos acontecimentos recentes ou querem que eu desenhe o fato óbvio de que o caso de corrupção que está sendo investigado na Lava-Jato não começou em 2003 e não se encerra na Petrobras!? [OBS: por favor, compartilhem até chegar ao Sr. Moro, porque parece que ele está por fora disso tudo aí.]"

Por hoje é só.


segunda-feira, abril 13, 2015

Vamos conversar? (mas não conta pra ninguém!)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



quarta-feira, abril 08, 2015

Conhecendo os dois, terminou em cachaça...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Em foto postada há pouco na página oficial de Lula no Feicibúqui, o time de deputados constituintes de 1988 antes de uma pelada em Brasília. Aécio Neves está agachado bem em frente ao Barba, que, de braços levantados, sinaliza o número de caixas de cerveja necessárias para o pós-arranca-toco.


quarta-feira, março 11, 2015

Me engana que eu NÃO gosto

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


LEIA:

A Democracia Particular de Aécio Neves


segunda-feira, dezembro 15, 2014

E depois das derrotas de Marina e Aécio....

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Manchete de hoje do caderno 'Economia & Negócios' do jornal O Estado de S.Paulo



RECORDAR É PRECISO:

Grandes 'disputam' apoio contra seca e ampliam problemas da agricultura familiar

Em entrevista à RBA durante o lançamento das caravanas Horizonte Paulista, promovidas pelo PT para preparar-se para a disputa eleitoral, Biagi deixou clara sua inclinação à mudança em todos os níveis da política. "Sou a favor da alternância no poder. Em 20 anos, é claro que há desgaste para o PSDB no governo do estado, como há para o PT frente ao governo federal", afirmou, indicando há possibilidade de que empresários do setor tenham preferência por uma "chapa mista" durante a disputa eleitoral deste ano: contra o PT no governo federal e crítica ao PSDB em São Paulo. (27/02/2014)

Biu e Eduardo Campos lançam dois usineiros na campanha em Alagoas

A três dias do final do prazo das convenções partidárias, os usineiros de Alagoas consolidaram dois empresários do ramo na chapa do senador Benedito de Lira (PP): o deputado federal Alexandre Toledo (PSB) e o suplente de Biu, Givago Tenório, que assume, por quatro anos, a vaga de senador se Biu ganhar as eleições ao Governo de Alagoas. A costura eleitoral ficou consolidada na semana passada, com a vinda do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). (01/07/2014)

Sabatina do agronegócio: Aécio é o mais aplaudido e Dilma desagrada

Tucano prometeu mais verbas, menos poder para a Funai e um "superministério" da Agricultura (...) Nos bastidores da sabatina, ruralistas do setor de etanol reclamavam que Dilma não havia tratado dos problemas dos usineiros, como Campos e Aécio. Com a política de reajuste moderado de preços da gasolina na gestão Dilma, os usineiros estão entre os maiores críticos da presidenta no meio empresarial atualmente. (06/08/2014)

Documentos revelam que avião usado por Campos e Marina pertencia a usineiros paulistas

ÉPOCA perguntou (...) quantas vezes a candidata Marina Silva voou no avião e se ela tinha conhecimento sobre quem arrendara a aeronave. Até o fechamento desta reportagem, o PSB não respondera aos questionamentos. De acordo com a legislação eleitoral, uma empresa não pode fazer doações de bens ou serviços sem relação com sua atividade fim. Por isso, uma empresa do ramo sucroalcooleiro, como da AF Andrade, não poderia emprestar um avião. (22/08/2014)


Marina adota discurso de usineiros e crítica política federal para o etanol

Usineiros têm criticado medidas da União como a manutenção do preço atificial da gasolina para conter a inflação, o que impede melhor remuneração ao etanol. "Vocês fizeram o dever de casa, se ajustaram, acreditaram na propaganda do governo, assumiram compromissos para fornecer uma fonte de energia que deveria ser estimulada, apoiada. Mas os erros que foram praticados devem ser corrigidos", disse Marina em discurso para 300 pessoas, entre lideranças e empresários do setor. (29/08/2014)

Dilma defende exploração do pré-sal e diz que recursos ajudarão saúde e educação

A presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição pelo PT, defendeu neste sábado a exploração do petróleo do pré-sal, um dia depois de a candidata do PSB, Marina Silva, ter apresentado seu programa de governo propondo a redução do uso dos combustíveis fósseis. (30/08/2014)


Entendeu?


sexta-feira, novembro 07, 2014

Minas Gerais em alta (no futebol)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Depois que Atlético-MG e Cruzeiro eliminaram Flamengo e Santos e garantiram uma inédita decisão mineira na Copa do Brasil, uma colega concluiu muito bem:


sexta-feira, outubro 17, 2014

O galanteador Aécio

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


segunda-feira, outubro 13, 2014

Surto coletivo

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ontem ouvi a melhor e mais precisa explicação sobre o sucesso de José Serra, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e outros tucanos nas urnas paulistas:

"Os eleitores de São Paulo sofrem de Síndrome de Estocolmo."


segunda-feira, outubro 06, 2014

Antipetismo crava dois terços do eleitorado em SP

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No início de junho, às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, o Datafolha soltou uma pesquisa que, talvez, tenha sido a mais "lúcida" (ou próxima da realidade) entre todas as que foram feitas na campanha eleitoral deste ano: dos três principais pré-candidatos à Presidência da República naquela ocasião (incluindo Eduardo Campos, que faleceria tragicamente em agosto), Dilma Rousseff era a que apresentava, disparada, a maior rejeição no estado de São Paulo: 61% dos eleitores paulistas entrevistados naquele período não votariam na petista “de jeito nenhum”.

Passados quatros meses, mesmo com a reviravolta que representou a saída de Campos e a entrada de Marina Silva na disputa, o resultado do 1º turno das eleições em terras paulistas registrou apenas 25,75% dos votos válidos para Dilma, o que significa, em outras palavras, que 74,25% não votaram nela. Ou, mais precisamente, que 69,38% dos eleitores locais preferiram votar nos dois principais concorrentes, se somarmos os votos válidos de Aécio Neves, do PSDB (44,47%), e de Marina, do PSB (24,91%). Assim, a rejeição à Dilma na casa dos 60% confirmou-se.

E esse percentual também foi espelhado, sintomaticamente, nas votações vitoriosas de dois caciques tucanos em São Paulo: José Serra, eleito senador com 58,49% dos votos válidos, e Geraldo Alckmin, reeleito governador com 57,31%. De forma simplória, portanto, podemos afirmar que o antipetismo, em território paulista, está cravado em quase dois terços do eleitorado. É significativo, pois, em 2010, Dilma teve 37% dos votos válidos no 1º turno, em São Paulo. E Aloizio Mercadante somou 35,2% como candidato a governador, contra os 18,2 de Alexandre Padilha, agora.

O que vai acontecer no 2º turno, na disputa presidencial, é difícil prever. Mas São Paulo, com 22,4% dos eleitores brasileiros, já se posta como principal trincheira do antipetismo. Muito mais, curiosamente, do que quando os paulistas Serra e Alckmin disputaram a presidência da República, em 2002, 2006 e 2010. Se Aécio perde para Dilma em seu estado, Minas Gerais, em São Paulo conta com uma adesão maciça, muito mais "explicável" pelo crescente e ostensivo antipetismo local do que pelo voto convicto num candidato tão pouco identificado com o estado.

Uma dúvida: se Alckmin tem a pretensão de se candidatar à presidência da República novamente, em 2018, será que ele está mesmo empenhado na vitória de Aécio Neves?


sábado, outubro 04, 2014

Mão na bola ou bola na mão? O que dizem os presidenciáveis

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Alijada do grande painel das discussões e dos debates entre presidenciáveis, a questão da mão na bola/bola na mão não foi tema de nenhuma pergunta de jornalista durante toda a eleição presidencial. Por conta disso, fazemos um esforço para tentar adivinhar o que cada candidato diria sobre o assunto. Qualquer semelhança com a vida real é coincidência de acordo com sua crença.


Dilma Rousseff
Olha aqui, meu filho, a bola na mão... É preciso entender que, no nosso governo, a bola na mão foi tratada como questão de Estado, não como piloto. Já a mão na bola é malfeito, que nunca foi tolerado no nosso governo. Nunca, em nenhum governo, se fez tanto para conter a mão na bola como no nosso. Porque a bola na mão... Mas a mão na bola no sentido de quando a bola bate na mão sem a intenção não é a bola no sentido de propina na mão, porque isso não tem no nosso governo.

Aécio Neves
Bola na mão e mão na bola é uma confusão criada nesse governo do PT. Antes, não havia nada disso, a regra era clara. Você, pai de família, você, mãe de família, não punha a mão na bola porque não se deve colocar a mão na bola. Mas nas altas esferas do governo do PT, isso é diferente. Aí, agem como se tudo pudesse e se nada fosse punido. Precisamos de um governo que saiba como fazer, que faça bem feito. Nem mão na bola nem bola na mão: o que vamos fazer é jogar com os pés. Não apenas com a bola no chão, mas com ela no alto, nos cantos e no meio.

 

Marina Silva
Fizemos estudos de impacto futebolístico e, por isso, podemos propor. Caso eu seja eleita, vamos criar o 12º jogador em campo, que também poderá pôr a mão na bola. Percebemos essa necessidade estudando a fundo os problemas do país e do futebol. Não adianta só querer enfrentar a situação com essa falsa dicotomia entre a mão e a bola. Sei disso desde quando vivia entre seringueiros, cuja produção de látex era vertida nas câmaras das antigas bolas de capotão. E as mãos que desenham sonhos, que constroem utopias, tem que ser usadas também não só pelos goleiros.


Luciana Genro
Essa é uma questão que só pode ser entendida do ponto de vista da exploração capitalista e das falhas existentes na nossa democracia. Dar ao juiz a prerrogativa de dizer quem teve ou não intenção de colocar a mão na bola nada mais é que facilitar o favorecimento aos grandes e o assalto aos pequenos. Vamos taxar os grandes clubes, as grandes fortunas, os grandes cartolas e os grandes empresários do futebol, revertendo esse dinheiro em um fundo que possa ajudar os clubes menores e equilibrar as chances de cada um, dentro de uma lógica socialista.

Eduardo Jorge
Isso é mais uma prova de desrespeito ao uso que queremos e podemos dar ao nosso próprio corpo. Quem é o juiz para dizer se posso ou não colocar a mão na bola? Essa arbitrariedade vai contra nossos princípios, é antidemocrática e contradiz nosso próprio instinto humano, que é de colocar a mão em tudo aquilo que desejamos. Defendo a legalização da bola na mão para acabar com a fúria punitiva de árbitros e de tribunais que só atendem a esse esforço desumano na penalização dos jogadores.

quinta-feira, setembro 11, 2014

Luz no fim do turno

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Em 29 de agosto, quando o Datafolha divulgou pesquisa apontando que Marina Silva bateria Dilma Rousseff por 10 pontos em eventual 2º turno disputado por ambas (leia aqui), um conhecido comentou comigo que políticos do PT haviam confirmado em off, pra ele, que pesquisas internas do próprio partido, naquele mesmo período, davam resultado idêntico. "Então ferrou", me lembro de ter comentado. Porém, contra todas as minhas (ultra-pessimistas) expectativas, a explosão da boiada pró-Marina parece estar sofrendo, agora, um refluxo. Ontem, o Datafolha soltou nova pesquisa (leia aqui) mostrando que agora, num 2º turno disputado entre Marina e Dilma, a primeira alcançaria 47% e a segunda, 43% - o que, num levantamento com margem de erro de dois pontos para cima ou para baixo, configura empate técnico. Parece que, após o fluxo de rejeição contra a atual presidente da República ter atingido a crista da onda no mês passado, há um refluxo também significativo dos que estão considerando com mais atenção o que seria um governo de Marina Silva. E, como bem observou o camarada Nicolau em seu excelente texto postado ontem (leia aqui), se cristaliza "a chance, cada vez mais uma certeza, de Aécio Neves ser o primeiro tucano fora da disputa desde 1989, o que é ainda mais interessante". Oremos ao Senhor!

quarta-feira, setembro 10, 2014

Eleições, bancos e jogadas pelas pontas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ficou assim: Dilma à esquerda, Aécio à direita e
Marina no meio, piscando pro eleitorado dos dois
Incorrendo orgulhosamente no vício das metáforas futebolísticas, o cenário político no Brasil hoje está parecendo um Corinthians e Palmeiras em final de campeonato. O santista e o são-paulino podem se refestelar no sofá de casa, apreciar a partida e secar qualquer dos lados, enquanto os envolvidos diretamente roem as unhas e mal conseguem entender o que se passa em campo.

É minha sensação: se eu morasse no Uruguai, estaria tomando uma Nortenha e me preparando para apertar um legalizado baseado com ávido interesse pela política do gigante vizinho. Como analista político, temos uma eleição bem jogada, com novidades interessantes, reviravoltas, suspense até o final – e temperada duas vezes por um plebiscito popular pela reforma política que rearticula e mostra a força do campo progressista. Como brasileiro de esquerda (e eleitor de Dilma, digo logo para evitar mal-entendidos), bate um enorme medo de retrocessos.

A eleição presidencial começou se mostrando um passeio no campo para a candidatura petista. A presidenta Dilma Rousseff enfrentava níveis de aprovação perigosos, mas liderava com folga sobre dois concorrentes que não empolgavam. Aécio Neves e Eduardo Campos não conseguiam galvanizar a aparente insatisfação do eleitorado, que não é bem com o governo ou com o PT, mas um reflexo do grito “contra tudo que está aí” que esteve entre os inúmeros brados de Junho de 2013. Havia um eleitor em busca de uma saída para mudar sem retroceder no que já conquistou com os governos petistas.

A trágica morte de Campos trouxe a opção que faltava: Marina Silva, a única política de projeção nacional que teve seus índices nas pesquisas elevados após as Jornadas de Junho. Com uma linda história pessoal de superação, trajetória de esquerda e uma aura de outsider da política que construiu nos últimos anos (mesmo estando toda a vida adulta a fazer política, vai entender...), ela apareceu como uma opção para empunhar o discurso do “novo” que as ruas cobram.

A linha condutora do discurso é o fim da polarização entre PT e PSDB, carta que já foi usada por Celso Russomanno e Gabriel Chalita em São Paulo. Acena com um governo dos “bons”, sem o intermédio dos partidos políticos, corruptos por excelência no entender geral. Assim, acabaria com as negociatas ao escolher os melhores de cada partido, de cada campo social. Na prática, ela precisaria também acabar com os conflitos inerentes a qualquer sociedade: patrões e empregados decidiriam de bom grado sobre aumentos salariais, latifundiários e sem-terra estariam de acordo sobre a reforma agrária, PM e moradores das favelas entrariam em paz automaticamente, brancos e negros fechariam questão sobre as cotas nas universidades.

O discurso esconde os conflitos sociais, o que permite a Marina não se posicionar sobre eles. É despolitizante e enganoso, pois restringe esses conflitos aos partidos, como se as divisões partidárias não existissem para representar as divisões da própria sociedade – e eu nem citei o Marx aqui ainda pra falar em luta de classes. Nesse sentido, é interessante que muitos dos eleitores de esquerda de Marina sejam aqueles que criticam o PT por flexibilizar (eles talvez dissessem vender) bandeiras históricas e fazer alianças com partidos de direita em nome da governabilidade. A fala de Marina não é um recuo no processo de peemedebização dos partidos brasileiros, mas antes um passo adiante nesse caminho.

E no meio da geleia, apresenta propostas de esquerda ao lado da direita mais perigosa. Fala em aumentar gastos com segurança, com saúde, com o meio ambiente. E fala em aumentar o superávit primário (grana que o governo separa antes de qualquer outra despesa para pagar juros da dívida), em independência para o Banco Central (leia-se terceirização aos banqueiros) e medidas drásticas para conter a inflação. É uma conta que não fecha, não dá pra cortar e aumentar gastos ao mesmo tempo. 

Os marineiros chamam esse tipo de denúncia sobre as posições econômicas da candidata de “discurso do medo”, mas não estamos falando do desconhecido aqui. Essas medidas foram usadas no Brasil e em toda a América Latina durante os anos 1990, a era de ouro neoliberal, e tiveram sempre o mesmo resultado: recessão econômica, menor crescimento, desemprego, queda nos salários. Se não lembra, basta olhar a situação de países europeus como Espanha e Grécia, todos vítimas do mesmo receituário. Dá medo sim, mas não é um mero discurso, é uma análise histórica.

Pelas pontas

Bom, mas o fato é que a entrada de Marina foi o fato novo que chacoalhou a eleição. A partir daí, a possibilidade de Dilma descer a rampa do Planalto tornou-se extremamente concreta. E também se cristalizou a chance, cada vez mais uma certeza, de Aécio Neves ser o primeiro tucano fora da disputa final desde 1989, o que é ainda mais interessante.

As duas candidaturas começaram a se mexer em busca do eleitorado perdido, cada uma a seu modo. Aécio falou em “mudança segura”, chamou FHC e outros tucanos para seu programa eleitoral, garantiu Armínio Fraga, queridinho do tal “mercado”, esse deus hoje já sem tantos adoradores, no ministério da Fazenda em seu governo, declarou que há “exageros” no seguro-desemprego brasileiro. Ou seja, quis mostrar ao eleitorado conservador que a opção correta é ele, um direitista de carteirinha e tradição. Não aceite imitações.

De sua parte, Dilma também aumentou o tom, mas pela esquerda: falou em regulação econômica da mídia (saída encontrada contra as ridículas acusações de “censura”), defendeu claramente plebiscito e constituinte para a reforma política, a criminalização da homofobia. Em seu programa de TV, atacou duramente as medidas neoliberais da economia prometidas por Marina e Aécio e contrapôs claramente os interesses dos bancos e da população. Uma agenda de esquerda, buscando os votos progressistas que apoiam Marina – em especial os dos trabalhadores mais pobres.

Ou seja, a entrada de Marina empurrou a eleiçaõ para as pontas: Aécio para a direita e Dilma para a esquerda. E estamos falando aqui das propagandas eleitorais, que costumam ser muito pouco sinceras. Se olharmos as publicidades do PT e do PSDB em eleições passadas, na maior parte do tempo elas falam de platitudes por educação, saúde e sei lá mais o que. Consensos, sem dizer com muita clareza onde querem chegar. É na prática dos governos que as diferenças aparecem, que os apoios sociais de desnudam e fica claro o caráter programático e ideológico dos dois partidos, PT mais para a esquerda, PSDB mais para a direita. O discurso político – no melhor sentido da palavra, o das opções e alianças para governar – só apareceu em momentos chave, em geral no segundo turno, como na eleição de 2006, quando Lula jogou as privatizações no colo de Alckmin.

É um efeito muito positivo de uma candidatura muito perigosa, principalmente por suas opções econômicas, que podem por a perder os ganhos sociais que tivemos nos últimos 12 anos. Além dos investimentos em infraestrutura, que Dilma ampliou muito, e das políticas de desenvolvimento, como a opção por compras nacionais no pré-sal e os juros subsidiados para certos setores – que Eduardo Gianetti, um dos gurus de Marina, já disse que devem sumir, o que significaria na prática o fim do Minha Casa Minha Vida, dos financiamentos via BNDES, do Pronaf e outros programas na mesma linha.

Mas deixando de lado as críticas, há fatores muito interessantes na candidatura Marina, a maioria trazidos pelo movimento original da Rede Sustentabilidade. Incluir a questão ambiental no modelo de desenvolvimento inclusivo que queremos é importante. Mais ainda, a Rede congrega pessoas que têm uma visão interessante sobre as demandas por maior participação popular nas decisões públicas. Fortalecer essa parcela da base marinista é um avanço para o país. Sem falar na escanteada que o PSDB - logo, a direita neoliberal orgânica - está levando nessas eleições. Que a Rede (ou pelo menos essa parte central dela, que prescinde de Marina) cresça e encontre uma voz própria na economia, e que não seja tão atrelada aos bancos.

segunda-feira, setembro 08, 2014

Fófis

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


terça-feira, setembro 02, 2014

Retratos da campanha: em time que está ganhando... Ganhando?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Dizem que o da esquerda (posição não ideológica) é humorista, mas o da direita tem feito muita gente rir nos últimos tempos...

terça-feira, agosto 19, 2014

Eterno Deus Mu dança: mudar está na agenda da campanha

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A canção de Gilberto Gil sobre o Eterno Deus Mu Dança bem poderia ter embalado parte dos protestos de junho de 2013. Pra quem não conhece a canção, o ex-PV e ex-ministro fez, em meados dos 1990, a despeito do trocadilho, uma composição clamando por transformações sociais e culturais.



Mudança.

Ouviram do slogan do finado Eduardo Campos e de Marina Silva: "Coragem para mudar".
O nome da coligação do oposicionista Aécio Neves é "Muda Brasil".

No site de campanha da presidenta Dilma Rousseff, está lá: "mais mudança, mais futuro". O site de apoio ainda se chama "Muda Mais".

Lemas de campanha são formatados a partir de pestana queimada por marqueteiros com base em muita pesquisa qualitativa e outra dose de intuição. Se fosse só a oposição pautando a mudança, nada de inusitado. Quando a situação encampa a palavra-chave, mesmo que dentro de um direcionamento diferente, #significa.

Quem quer tanta mudança?

Em junho de 2013, mais ou menos 1% da população brasileira foi às ruas protestar. Justo e legítimo. Contra tudo o que está aí, jovens saíram às ruas como nunca antes na história da República. Havia menos agenda do que vilões; menos propostas do que críticas. Quando sobram motivos para reclamar, nem se pode cobrar tanto a elaboração completa de soluções.

Nenhum candidato representa, plenamente, os anseios daquilo. Até porque nem os próprios manifestantes eram tão coesos no "contra tudo o que está aí". Mas todo mundo precisa se posicionar.

Para Dilma, há dois filões. Um, petista, que clama por mais medidas de transformação social e por retomada de reformas mais profundas que, num certo ideário, pautaram parte dos governos Lula. Tem a cota de saudade do barbudo, outrora sapo, outrora mais barbudo. Outro filão diz respeito a uma turma que reconhece que o Brasil melhorou em alguns aspectos mas que falta avançar em outros.

Aécio é ícone oposicionista. Precisa querer mudar tudo o que puder sem lhe tirar votos. Bolsa Família, ProUni, Mais Médicos? Nada disso muda. O discurso é que tudo isso precisa ser mais bem gerido, mas tudo permanece. Mudança de fato vai em corte de ministérios e na retomada do tripé macroecômico.

Marina Silva, herdeira da chapa de Eduardo Campos, aposta que pode ser a representante de quem quer mudar em relação à polarização PT-PSDB. Mudar em relação ao que foi Fernando Henrique Cardoso de 1995 a 2002, Luiz Inácio Lula da Silva de 2003 a 2010 e Dilma Rousseff de 2011 a 2014. Plebiscito só sobre maconha e aborto, embora já tenha defendido a medida para reforma política e união homoafetiva (ainda que haja controvérsias).

O que pode continuar?

Candidato nenhum irá propor o fim de programas bons de voto. Mas a profundidade da tal mudança que está no ar -- transposta nos slogans marqueteiros -- é uma incógnita. É atribuída ao mineiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, sobrinho de José Bonifácio, a síntese do reformismo: "Façamos a revolução antes que o povo a faça". Fácil recorrer a ela numa hora dessas.

Mas o apagão de campanha da última semana é inédito nas seis mais recentes disputas presidenciais. Uma semana sem atividades significa que no caldeirão político em que se cozinha o eleitorado em fogo brando, os pedaços sólidos dessa sopa tiveram tempo para decantar. Quando for retomada a movimentação dessa panela, haverá um cenário decantado, modificável, mas mais cristalizado sobre os apontamentos futuros.

A morte trágica de Eduardo Campos trouxe mudanças sobre os rumos da corrida eleitoral. Bem mais palpável do que o que possa ser alterado a partir de janeiro de 2015.

quinta-feira, agosto 14, 2014

Mídia já incensa 'Madre Marina de Calcutá'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Dando sequência à precisa análise do camarada Di Massad, em outro post feito hoje (clique e leia aqui), sobre os possíveis cenários políticos após a trágica e inimaginável morte do candidato à presidente Eduardo Campos, registro aqui algumas pistas do que pode acontecer - ou já está acontecendo - no pós-susto. Parece nítido que, apesar da hesitação e dos (justos) receios (e interesses) do PSB, a mídia passou a fazer campanha aberta pela oficialização de Marina Silva como candidata. A Folha de S.Paulo crava, como complemento de sua manchete sobre a fatalidade, que "rivais preveem Marina como candidata", e o Estadão, mais contido (mas não menos "militante"), insinua na linha fina que "Marina Silva é apontada como sucessora natural de Campos".

Pois é. Parece que o mau desempenho de Aécio Neves no Jornal Nacional, que sofreu uma saraivada de críticas nas redes sociais até do próprio povo pró-PSDB e/ou antipetista, em contraposição à boa participação de Eduardo Campos no mesmo programa, na noite imediatamente anterior à tragédia, já indicava que muitos setores midiáticos poderiam pular do barco tucano para o lado PSB da força na campanha contra Dilma Rousseff. Porém, não houve tempo para constatarmos essa tendência. Mas a "torcida" implícita por Marina, nos veículos de imprensa, demonstra que o moral de Aécio está mesmo caindo pelas tabelas. Porque Marina, de uma hora pra outra, transformou-se em "mártir sofredora" e herdeira quase que "religiosa" do legado do "santo" Eduardo.

Exagero? Como bem comentou Massad, "o corpo fechado da acreana, que chegou a ser convidada por Campos para ir a Santos mas não foi, pode grudar como um estigma metafísico" (o grifo é meu). Sem disfarçar, o Estadão estampa hoje, na página H-5 de seu caderno especial sobre a morte de Campos, uma notícia - sobre o fato de Marina ter desistido de viajar no fatídico avião - que tem como parte da linha fina a informação de que ela "diz que aprendeu a confiar nos ideais do aliado". Olha aí, já botou a mão no "andor" do legado político(-religioso?) do finado! E o mais impressionante, que, por experiência profissional em redações e fechamentos de edições jornalísticas, me recuso a crer que tenha sido "por acaso", é a foto gigantesca de Marina que ilustra a notícia:


É ou não é a mais perfeita e acabada representação da nova "Madre Marina de Calcutá"? Como disse, uma figura de mártir - e com uma estratégica imagem "bíblica" de dor e sofrimento ao fundo, com um homem consolando uma mulher. E o que mais importa: de alguém que agora tem que superar essa dor para o "sacrifício" de uma "missão": a de "redimir" o Brasil e a política (empunhando o sacro-estandarte de Eduardo Campos). Delírio? Paranoia? Mistificação? Pois ontem mesmo, dia da tragédia, a faxineira de uma colega minha compareceu a uma reunião de pais numa escola pública da periferia (pobre) da capital paulista. Entre dezenas de opiniões (unânimes), ela ouviu mais ou menos o seguinte: "Coitado, esse homem era sério. Era o único que prestava"; "Agora a Marina fica no lugar dele. A gente já tem em quem votar"; "Ela não tem partido, não faz essa sujeira da política que o PT e o PSDB fazem. Ninguém aguenta mais, tá na hora de mudar". Pois é...

PEÇAS QUE SE ENCAIXAM (?) - E já que esse meu post parte para a mais deslavada e rasteira teoria da conspiração mística-metafísica-midiática-eleitoral, não posso deixar de juntar mais peças no meu (delirante) quebra-cabeças. No início deste ano, um colega conversou com um figurão do agronegócio paulista, que revelou, em off, que a campanha deles neste ano é para tirar tanto o Geraldo Alckmin do governo de São Paulo quanto a Dilma da presidência da República. O motivo? Em terras paulistas o agronegócio teve 30% de prejuízo com o racionamento de água, "obra" do governo tucano. E em nível nacional a proposta é ter um governante que invista fortemente no velho pró-álcool, para alegria dos usineiros e produtores de cana-de-açúcar do interior de São Paulo. Pois bem. Sem entrar no mérito de quem eles estariam apoiando em São Paulo, contra o PSDB, a tragédia de ontem trouxe a tona uma informação bem interessante nos jornais de hoje:

Jato acidentado pertencia a um grupo de usineiros

A aeronave que transportava Eduardo Campos e sua equipe, da Cessna Aircraft, havia sido arrendada do fabricante pela AF Andrade Empreendimentos e Participações Ltda., empresa do grupo Andrade, de Ribeirão Preto.
(Trecho de notícia assinado por Renato Alves na página H-4 do Estadão de hoje)

Repito: delírio, paranoia, mistificação? Tudo junto? Nada disso? Então. Pois é.


quarta-feira, abril 16, 2014

Projeto principal da oposição: contra os trabalhadores

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Armínio e Aécio: pelo mínimo mais mínimo
"O salário mínimo está muito alto." A afirmação do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (nos tempos bicudos de FHC) e escolhido pelo candidato tucano à presidente Aécio Neves como seu futuro ministro da Fazenda, não chega a surpreender. Fora o fato de que fornece uma oportuna lenha para a imprensa queimar e jogar fumaça sobre a notícia de que o governo federal projeta valor de R$ 780 para o mínimo a partir de 2015, um aumento nada desprezível de 7,7% sobre os R$ 724 atuais, a declaração apenas corrobora o único projeto nítido, coeso e concreto da oposição brasileira: desmerecer, desacreditar e destruir toda e qualquer política voltada para os trabalhadores.

Campos e Jorge Bornhausen: a 'nova política'
Mês passado, o outro candidato de oposição, Eduardo Campos (PSB), já havia soltado - despudoradamente - outra pérola que faz côro com o economista preferido de Aécio Neves: "Não tem mais como crescer pela quantidade [de trabalhadores] no mercado de trabalho." Traduzindo: para Campos, parceiro de Marina Silva, o Brasil não pode basear seu crescimento econômico na geração de emprego (e renda). Detalhe: o absurdo mereceu o aplauso de alguns dos mais significativos "escudeiros" de sua campanha, gente do naipe do ultra-reacionário PFL-DEM Jorge Bornhausen, do "cristão novo" Heráclito Fortes e do tucanaço Pimenta da Veiga. Resumo da "nova política" anunciada pelos novos "salvadores da Pátria" Eduardo e Marina...

Aécio e Merval: convergentes
Ano passado, o camarada Glauco chamou a atenção, aqui neste blog, para o discurso do Merval Pereira, um dos baluartes do conservadorismo na mídia nacional, a respeito das manifestações das centrais sindicais durante os protestos de rua de junho (o grifo é nosso): "As reivindicações eram coisas muito específicas da classe trabalhadora." "Ou seja", concluiu o Glauco, "como o trabalhador, pelo silogismo mervaliano, não é 'povo', suas bandeiras não interessam ao resto da sociedade". Exato. Merval é símbolo da imprensa elitista que critica diuturnamente políticas como a progressiva valorização do salário mínimo (acertada por Lula com as centrais, em 2007) e a permanente geração de postos formais de emprego.

José Serra e Maria Helena de Castro
É um discurso que agora tem convergência entre os candidatos de oposição Aécio Neves (via Armínio Fraga) e Eduardo Campos, mas que é recorrente entre políticos e gestões conservadoras. Em 2007, o mesmo camarada Glauco reproduziu, no sarcástico post "Ganhar pouco é bom para o trabalhador", a estapafúrdia declaração da então secretária estadual de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, de que "não há uma relação direta entre salário e qualidade do ensino" - para "justificar" a mixaria paga pelo então governador José Serra aos professores (situação que se agravou decisivamente nas gestões do PSDB, com Mário Covas, Geraldo Alckmin e o próprio Serra). O trabalhador sempre ficou ostensivamente em último plano.

Pois é. Não é a toa que um certo partido apanhe tanto, desde quando surgiu, por se denominar "dos trabalhadores". Essa é, talvez, a bandeira mais ofensiva e perigosa para a classe dominante brasileira. E não foi a toa que a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, tenha afirmado recentemente, durante um evento em Porto Alegre: "Jamais enfrentamos a crise à custa do trabalhador." O "recado" confirma que o discurso, ou melhor, o projeto maior da oposição, é mesmo o de conter, castrar e "enquadrar" a classe trabalhadora. Seja afirmando que "o salário mínimo está muito alto" ou que o crescimento econômico não pode se basear na geração de empregos. Se você é trabalhador, já entendeu o que está em jogo.

domingo, outubro 06, 2013

Adesão de Marina a Campos é pior para Aécio do que para Dilma

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Marina Silva e Eduardo Campos: opção programática? (José Cruz/ABr)
Ex-senadora, que abraçou a tese da "perseguição política" para justificar entrada pragmática no PSB, dificulta a realização de um 2º turno ao não sair como candidata à presidência

Qual a diferença se for Aécio Neves, Eduardo Campos ou a Dilma? Tem diferença em relação ao modelo de desenvolvimento? Me parece que até agora todos estão no mesmo diapasão.” Era essa a opinião da então pré-candidata à presidência da República Marina Silva em entrevista concedida ao Estadão, em 23 de março deste ano. Em visita a Pernambuco, em maio, ela respondeu, ao ser indagada se haveria identificação programática com o PSB: "Vocês já perguntaram a ele (Campos) se ele tem identificação programática com a Rede?".

Marina respondeu ontem (6) a seu próprio questionamento de poucos meses atrás, após ver durante a semana o registro de seu partido, a Rede Sustentabilidade, ser negado pelo TSE. Ela anunciou sua adesão ao PSB e à candidatura Campos ao Planalto em 2014, ainda sem dizer se seria vice ou candidata a algum outro cargo pelo partido.

Em seu discurso, por mais de uma vez fez referência às forças que impediram que seu partido fosse oficializado como tal, ainda que não nominasse quem seriam tais opositores, deixando à mídia tradicional tal papel. Mesmo quando houve uma pergunta direta de Kennedy Alencar sobre a frase atribuída a ela de que queria combater o “chavismo” representado pelo PT no poder, ela se esquivou.

Atribuir a culpa de uma estratégia equivocada às “forças ocultas” não é algo exatamente novo na política brasileira. Basta lembrar de Jânio Quadros. Culpar o juiz é uma tática velha também no futebol, quando jogadores, técnicos ou dirigentes querem desviar a atenção dos próprios erros e achar um inimigo externo. Mas a intenção de Marina ao ocupar boa parte do seu discurso com queixas sobre perseguição política é também justificar a entrada no PSB, um partido que tem vícios e virtudes semelhantes a quase todos os que compõem o quadro partidário brasileiro.

O problema é que toda a trajetória da ex-senadora até aqui, desde que saiu do PV, é fazer a crítica de cunho moral aos partidos. Suas atitudes conduzem a uma interpretação de que o cenário institucional brasileiro pode ser avaliado pela divisão simplista entre “bons” e “maus”, colocando em um plano secundário, por exemplo, uma reforma política discutida com a sociedade civil, que poderia sanar parte das falhas gritantes do sistema político-eleitoral. A formação da Rede era a reafirmação desse tipo de pensamento, de que seria possível jogar o jogo dentro das regras que estão aí, contanto que se juntassem os “bons”.

Frustrada sua expectativa, Marina teve que jogar o jogo sem se juntar necessariamente aos que achava serem os “bons”. E justificou isso com o discurso da perseguição, como se fosse quase uma legítima defesa. Citou em sua fala o poeta Thiago de Mello, mas poderia ter feito referência a Raul Seixas: 'A arapuca está armada/E não adianta de fora protestar/Quando se quer entrar em buraco de rato/De rato você tem que transar”. Afinal, uma adesão "programática" não se decide em uma madrugada, a não ser que o "programa" seja algo frágil.

Com a união, levará parte de seus apoiadores para Campos, ainda desconhecido de parte do eleitorado. Contudo, verá alguns deles migrarem para Dilma, perdendo também a confiança de outros que optarão pelo branco/nulo, já que acreditaram que ela seria “diferente”, não entrando na peleja a qualquer custo. O fato de abrir mão da candidatura à presidência para exercer um papel teoricamente menor não é apenas uma questão de abdicação ideológica, como tenta sugerir, mas cálculo político pragmático, já que as outras opções acarretariam vários riscos com arranhões ainda maiores à imagem (caso de filiação ao PPS, linha auxiliar tucana, por exemplo) ou absoluta falta de estrutura para uma empreitada do tamanho de uma candidatura presidencial, se a escolha fosse pelo PEN ou PHS. A Marina de 2013 sabe que não pode sustentar uma campanha apenas “sonhática” pela internet, já que os 20% de votos válidos alcançados em 2010 a fizeram sentir de perto a possibilidade de chegar ao poder.

No cenário de 2014, obviamente o principal beneficiário é Eduardo Campos, que ganha visibilidade com um fato político grandioso e tem chances de avançar em um segmento, o dos jovens que estão nas redes e não necessariamente na Rede, simpatizantes de Marina. No entanto, o maior perdedor é Aécio Neves. Para ele, seria melhor que a ex-senadora saísse como candidata a presidente, reproduzindo um cenário semelhante ao de 2002, no qual quatro candidaturas fortes levaram a eleição para o segundo turno, algo que se repetiu, com diferenças, em 2006. Em 2010, ainda que fossem apenas três os candidatos competitivos, o segundo turno foi possível porque não havia possibilidade de reeleição para o então presidente Lula, o que criava dificuldades para sua candidata, Dilma Rousseff.

O cenário atual pode remeter à eleição de 1998, quando FHC venceu ainda no primeiro turno, enquanto Lula, mesmo com 31,6% dos votos, não conseguiu levar a eleição à segunda volta porque havia somente mais um postulante competitivo, Ciro Gomes, com 10% ao final. A diferença é que, agora, com dois candidatos que nunca disputaram a presidência antes, as dificuldades são maiores para a oposição, com um grande risco de parte do eleitorado, cansado da polaridade entre PT e PSDB, optar pela terceira via de Eduardo Campos. Como Dilma tem mais popularidade e votos do que os rivais na atual situação, o quadro se torna sombrio para Aécio, que teria uma tarefa dupla: forçar um segundo turno e bater um candidato que, até certo ponto, tem um perfil parecido com o seu, agora fortalecido pela adesão da ex-senadora.

Se Marina agiu com o fígado, como pensam alguns, ao embarcar na canoa de Campos para tentar atingir Dilma, pode ter ferido de morte as pretensões de Aécio.

Publicado originalmente na revista Fórum.

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Eleições 2014: o suspense de Eduardo Campos

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Se sou candidato? Paga mais uma que eu te conto

Tratemos hoje de tema recorrente na viciada cobertura política dos jornalões: eleição de 2014. Não passa um dia desde que a última urna se fechou na eleição do ano passado sem que alguém lance ou deslance um novo candidato, uma nova leitura, uma nova visão sobre a disputa. Sempre presente entre os citados está Eduardo Campos, bem avaliado governador pernambucano e presidenciável do PSB. O partido saiu fortalecido das eleições municipais e vislumbra fortalecer sua hoje pequena bancada no Congresso. Com isso, ensaia voo solo, deixando a barca de Dilma. Aspiração legítima tanto de Campos quanto de seu partido, que pode tanto ser fato quanto jogo de cena para valorizar o passe na coalizão a ser liderada pelo PT, disputando (como azarão) a vaga de vice hoje do PMDB.

O governador vive os últimos tempos de manter o suspense: ora insinua que é candidato, ora é Dilma desde criancinha. A última veio durante o seminário “Nordeste – Como Enfrentar as Dores do Crescimento”, promovido pela Carta Capital, em Recife. Campos disse, segundo a revista, que é preciso parar de falar em eleição e “discutir o Brasil da próxima década”, fala bem no estilo citado: não quer falar do assunto, mas quer mostrar que pensa num projeto para o país.

Outros dois movimentos mostram o estilo de Campos. Enquanto a maioria dos governadores e prefeitos esperneou contra a proposta defendida por Dilma, destinando 100% dos royalties do pré-sal para a educação, o pernambucano passou uma lei garantindo que, pelo menos em seu estado, é praí que vai esse dinheiro. Aproveitou a briga de Dilma e bota uma bandeira social em seu palanque. Por outro lado, levou seu PSB a se movimentar contra o PMDB nas eleições da Câmara e do Senado e, jogo jogado, contra a investigação sobre o procurador-geral da República, que segurou por dois anos uma denúncia contra Calheiros que vazou oportunamente uma semana antes das eleições do Senado, onde apoiava o senador e procurador Pedro Taques (PDT). Aqui, Campos puxa para si a bandeira da ética, único refúgio da oposição a um governo bem avaliado.

Sua provável candidatura teria, no mínimo, duas consequências. Aumentam as chances de segundo turno, imaginando cenário com Campos, Aécio e Marina, além de Dilma. Esta, porém, mantém o favoritismo desde que o emprego e a renda dos trabalhadores continuem bem – e a Copa não for um desastre completo em termos de organização. Outra: fica mais forte a possibilidade de um tucano não estar nesse segundo turno pela primeira vez desde 1994.

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Agora nem Aécio nem Huck escapam

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


A Resolução 432 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que torna mais rígidas as medidas contra motoristas embriagados, foi publicada no Diário Oficial da União ontem - e, por isso, já podem ser aplicadas imediatamente nas blitze de todo o País. Entre outras coisas, a Resolução prevê que, se o teor alcoólico do motorista estiver acima de 0,34 miligramas quando assoprar o bafômetro (ou seis decigramas por litro de sangue), além das penas administrativas, responderá a processo criminal, podendo pegar de seis meses a três anos de prisão, mais pagamento de multa e cassação da carteira de habilitação. Segundo matéria da Agência Estado, o novo limite de tolerância corresponde, em média, a seis latinhas de cerveja ou três doses de uísque.

Uma novidade é que, se o motorista negar o bafômetro, o fiscal poderá aplicar a autuação administrativa e preencher o questionário de "Sinais de Alteração da Capacidade Psicomotora", que será anexado à autuação. E o bebum irresponsável também poderá ser encaminhado à delegacia. O questionário apresenta informações como aparência do condutor, sinais de sonolência, olhos vermelhos, odor de álcool, agressividade, senso de orientação, fala alterada, entre outras características. Dessa forma, personalidades como o manguaça Aécio Neves (que foi flagrado dirigindo bêbado em abril de 2011 e recusou o teste do bafômetro) e Luciano Huck (que fez a mesma coisa em dezembro de 2012) não conseguiriam escapar impunes.

Curioso é que Huck, o "bom moço" que a Editora Abril já tentou insinuar como futuro presidente da República, foi cogitado recentemente para se candidatar nas eleições de 2014 pelo PSDB como vice na chapa de... Aécio! Dizem as más línguas que só falta definir o boteco para eles sentarem e selarem a parceria política (e etílica). Mas, dessa vez, para evitar flagrante no trânsito, parece que vão seguir o conselho da esposa do Luciano Huck e deixar a responsabilidade nas mãos de um taxista...