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Dando sequência à precisa análise do camarada Di Massad, em outro post feito hoje (clique e leia aqui), sobre os possíveis cenários políticos após a trágica e inimaginável morte do candidato à presidente Eduardo Campos, registro aqui algumas pistas do que pode acontecer - ou já está acontecendo - no pós-susto. Parece nítido que, apesar da hesitação e dos (justos) receios (e interesses) do PSB, a mídia passou a fazer campanha aberta pela oficialização de Marina Silva como candidata. A Folha de S.Paulo crava, como complemento de sua manchete sobre a fatalidade, que "rivais preveem Marina como candidata", e o Estadão, mais contido (mas não menos "militante"), insinua na linha fina que "Marina Silva é apontada como sucessora natural de Campos".
Pois é. Parece que o mau desempenho de Aécio Neves no Jornal Nacional, que sofreu uma saraivada de críticas nas redes sociais até do próprio povo pró-PSDB e/ou antipetista, em contraposição à boa participação de Eduardo Campos no mesmo programa, na noite imediatamente anterior à tragédia, já indicava que muitos setores midiáticos poderiam pular do barco tucano para o lado PSB da força na campanha contra Dilma Rousseff. Porém, não houve tempo para constatarmos essa tendência. Mas a "torcida" implícita por Marina, nos veículos de imprensa, demonstra que o moral de Aécio está mesmo caindo pelas tabelas. Porque Marina, de uma hora pra outra, transformou-se em "mártir sofredora" e herdeira quase que "religiosa" do legado do "santo" Eduardo.
Exagero? Como bem comentou Massad, "o corpo fechado da acreana, que chegou a ser convidada por Campos para ir a Santos mas não foi, pode grudar como um estigma metafísico" (o grifo é meu). Sem disfarçar, o Estadão estampa hoje, na página H-5 de seu caderno especial sobre a morte de Campos, uma notícia - sobre o fato de Marina ter desistido de viajar no fatídico avião - que tem como parte da linha fina a informação de que ela "diz que aprendeu a confiar nos ideais do aliado". Olha aí, já botou a mão no "andor" do legado político(-religioso?) do finado! E o mais impressionante, que, por experiência profissional em redações e fechamentos de edições jornalísticas, me recuso a crer que tenha sido "por acaso", é a foto gigantesca de Marina que ilustra a notícia:
É ou não é a mais perfeita e acabada representação da nova "Madre Marina de Calcutá"? Como disse, uma figura de mártir - e com uma estratégica imagem "bíblica" de dor e sofrimento ao fundo, com um homem consolando uma mulher. E o que mais importa: de alguém que agora tem que superar essa dor para o "sacrifício" de uma "missão": a de "redimir" o Brasil e a política (empunhando o sacro-estandarte de Eduardo Campos). Delírio? Paranoia? Mistificação? Pois ontem mesmo, dia da tragédia, a faxineira de uma colega minha compareceu a uma reunião de pais numa escola pública da periferia (pobre) da capital paulista. Entre dezenas de opiniões (unânimes), ela ouviu mais ou menos o seguinte: "Coitado, esse homem era sério. Era o único que prestava"; "Agora a Marina fica no lugar dele. A gente já tem em quem votar"; "Ela não tem partido, não faz essa sujeira da política que o PT e o PSDB fazem. Ninguém aguenta mais, tá na hora de mudar". Pois é...
PEÇAS QUE SE ENCAIXAM (?) - E já que esse meu post parte para a mais deslavada e rasteira teoria da conspiração mística-metafísica-midiática-eleitoral, não posso deixar de juntar mais peças no meu (delirante) quebra-cabeças. No início deste ano, um colega conversou com um figurão do agronegócio paulista, que revelou, em off, que a campanha deles neste ano é para tirar tanto o Geraldo Alckmin do governo de São Paulo quanto a Dilma da presidência da República. O motivo? Em terras paulistas o agronegócio teve 30% de prejuízo com o racionamento de água, "obra" do governo tucano. E em nível nacional a proposta é ter um governante que invista fortemente no velho pró-álcool, para alegria dos usineiros e produtores de cana-de-açúcar do interior de São Paulo. Pois bem. Sem entrar no mérito de quem eles estariam apoiando em São Paulo, contra o PSDB, a tragédia de ontem trouxe a tona uma informação bem interessante nos jornais de hoje:
Jato acidentado pertencia a um grupo de usineiros
A aeronave que transportava Eduardo Campos e sua equipe, da Cessna Aircraft, havia sido arrendada do fabricante pela AF Andrade Empreendimentos e Participações Ltda., empresa do grupo Andrade, de Ribeirão Preto.
(Trecho de notícia assinado por Renato Alves na página H-4 do Estadão de hoje)
Repito: delírio, paranoia, mistificação? Tudo junto? Nada disso? Então. Pois é.