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segunda-feira, julho 25, 2011

A Copa América deu alguma lição à seleção brasileira?

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Para falar a respeito da Copa América que se encerrou hoje e da participação brasileira, é interessante fazer um breve retrospecto do escrete canarinho nos últimos cinco anos, e de como a tal “opinião pública” reagiu a cada resultado importante do time. 

Após o fim da Copa de 2006 – o grupo comandado por Carlos Alberto Parreira era uma balbúrdia. Medalhões faziam o que queriam, Ronaldo e Adriano chegaram a seleção acima dos cem quilos. O Brasil, segundo a avaliação geral, perdeu para a França por conta disso: faltou autoridade mas, mais que tudo, não houve “comprometimento” do grupo, que não tinha um líder no banco ou dentro de campo.

Ah, aquele time do Dunga... Foto: Owen Jeffers Sheer
Após a Copa América de 2007 – o substituto de Parreira era Dunga. Sem nunca ter sido treinador antes, aos olhos da CBF, era a tal liderança que a seleção supostamente precisava. Pra variar, após um Mundial fracassado, a renovação começou, embora, aos poucos, parte dos derrotados de 2006 tenham voltado mais tarde. A seleção vencia, jogava com a tal garra, mas nem mesmo a vitória por 3 a 0 contra a Argentina na final da Copa América convenceu os céticos. O time era defensivo e pouco talentoso, na visão de muitos. Outros se contentaram com o estilo vitorioso que o treinador implantava na equipe, talvez conformados com o fato de o Brasil não ter tantos craques como outrora. 

Após a Copa do Mundo de 2010 – ah, mas que Brasil foi aquele! Até o Cruijff cornetou Dunga, não era a seleção... Onde estava aquele futebol faceiro, lépido, fagueiro, que sempre caracterizou a amarelinha? É preciso resgatar a ofensividade do futebol brazuca! Mano Menezes, segunda opção da CBF, é contratado, apesar de não ter exatamente um “DNA ofensivo” pra trazer de volta os bons tempos do ludopédio tupiniquim.

Após a Copa América de 2011 – Mano, no papel, chega quase a montar um time “pra frente”, às vezes até parece tentar reproduzir o esquema de Dorival Junior no Santos do primeiro semestre de 2010. Tem as duas maiores estrelas daquele time, aliás, mas o futebol jogado está bem distante daquele. Finda a participação na Copa América, em 12 partidas, são parcos 16 tentos, somente um a mais que a seleção de Dunga fez em seis pelejas pela Copa América de 2007. Agora, volta o discurso do comprometimento: são os meninos que não seguram a onda, que se preocupam mais com o dinheiro, com contratos, com o cabelo do que com a seleção.

Pois é, como se vê acima, os argumentos para justificar a derrota da seleção são reciclados: em uma hora, faltou raça; na outra, faltou técnica. E, quando uma seleção como o Uruguai é campeã da Copa América, como agora, a sensação de que “faltou raça” fica mais evidente para parte dos torcedores. Curiosamente, parece que a tal “raça” uruguaia esteve adormecida durante muito tempo, já que a seleção celeste ficou fora das Copas de 1994 e 1998, saiu na primeira fase em 2002 e também não viajou para a Alemanha em 2010.

O Uruguai é sim, a tal raça, mas não só. É conjunto, é técnica e habilidade, tem jogadores acima da média como Forlán e Suárez, e já joga junto há algum tempo. Quem viu o segundo gol marcado pela Celeste contra o Paraguai percebeu como se pode ver arte e habilidade em um contra-ataque. O Brasil, hoje, não usa essa arma, mesmo tendo jogadores aptos para tal. Aí aparece uma diferença fundamental entre as duas seleções: uma é time; a outra, ainda não é.

Claro que essa equipe uruguaia de hoje não será a mesma em 2014. Boa parte dos atletas tem mais de 30 anos e, contando que a Celeste consiga a classificação para a Copa no Brasil (o que não são favas contadas, já que eliminatórias por pontos corridos é algo bem diferente de torneios mata-mata curtos), não farão mais parte do escrete de Oscar Tábarez. Já o Brasil, se Mano se decidir por um esquema e conseguir também a tal fórmula para unir os jogadores em torno de um objetivo (coisa que Dunga fez, mas nem por isso foi campeão), vai ter à disposição um time bem mais respeitado do que foi nessa triste Copa América de parcos gols e baixo nível técnico.

Mídia se preocupa muito com o cabelo de Neymar. Foto: Ronnie Macdonald
Mais do que a pauta atual que movimenta a mídia tradicional, aquela sobre a dita “instabilidade” dos meninos da seleção, o que deveria ser perguntado é se Mano é o treinador ideal para lidar com esses garotos. Porque são, de fato, joias raras como há algum tempo o futebol brasileiro não produz. Dunga errou em não convocá-los para dar alguma experiência de seleção como aconteceu, por exemplo, com Ronaldo (em 1994) e Kaká (em 2002), mas cabe ao atual treinador criar um ambiente e apostar em um esquema em que seus talentos sejam mais bem aproveitados.

Aliás, será também que o atual técnico da seleção não “sentiu” o peso do cargo? Ele tem, de fato, um esquema tático que julga vencedor ou ainda está tateando? Vai rifar jogadores e arriscar perder a confiança de comandados por conta de sua boa relação com a imprensa (leia-se Globo) que até agora o tem poupado?

A mídia você já tem, Mano, ganhe seus jogadores e seja de vez em quando pára-raios deles, como fez Felipão ontem. Os resultados virão mais rápido, pode apostar.

segunda-feira, julho 18, 2011

Não bato em time caído, mas podiam acertar um chute...

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Como todos já sabem, já viram, já comentaram, a derrota do Brasil frente ao Paraguai na Copa América ficará marcada como a pior série de cobrança de pênalties da história do selecionado e não poderá ser suplantada nunca. Basicamente porque erramos todas as cobranças e nosso goleiro não defendeu nenhuma.


Mais que lamentar a eliminação ou bater em time caído, creio que o importante é destacar novamente a dificuldade de fazer gols. Tirando os quatro contra o Equador, o Brasil fez apenas dois contra o Paraguai na fase inicial. Passou duas partidas sem marcar.

Mesmo jogando razoavelmente bem, faltaram jogadores decisivos, que chamassem o jogo e assumissem a responsabilidade. A falta de cabeça ficou clara quando ninguém foi capaz de bater um bom pênalti. Faltou um Romário, um Ronaldo etc... E esse é o principal problema: no curto prazo não vejo ninguém para chamar essa responsabilidade.

Pato, Neymar, Ganso, ainda podem ser decisivos, mas ainda não estão preparados para, por exemplo, decidir uma Copa do Mundo. Espero que, até 2014 ganhem esse status ou surja alguém com personalidade e talento para fazer a diferença.

Outro aspecto importante para mim é como fazer para passar por retrancas como do Paraguai e Uruguai (contra a Argentina). Times que têm algum talento e sabem defender como os hermanos tornam o futebol um jogo travado, com defesas quase instransponíveis. Será que o futebol caminha inexoravelmente para o predomínio das defesas? Espero que Messi, Neymar e outros talentos desmontem essa tese. Mas isso é só esperança, pois vejo cada vez mais o binômio defesa/contra-ataque prevalecer na maioria das vezes.

quinta-feira, julho 14, 2011

Brasil faz quatro com protagonismo do ataque

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Foi o jogo com mais gols da curtíssima “Era Mano” na seleção brasileira. Se não encantou e desbundou os amantes do bom futebol ao redor do globo, o time venceu bem e podia ter feito mais gols. Uma inversão parece ter acontecido: quando o ataque jogou bem, a defesa decidiu falhar. 

Uma pergunta técnica: 4 a 2 pode ser definido como goleada?

Pato e Neymar fizeram dois cada. Robinho, o terceiro elemento, fez um, mal anulado, no finalzinho e meteu uma bola na trave. Os três se mexeram bastante, fizeram boas tabelas. Gostei bastante do segundo de Pato, coisa de centroavante mesmo. É um tento que contradiz a sensação de “a gente é bom e ganha quando quiser” que uma galera (eu inclusive) suspeitou nos primeiros jogos.

Neymar também tentou menos dribles, que não estão dando tão certo assim ainda, e chutou mais para o gol. O protagonismo ficou com os jovens.

Robinho fez boa parceria com o melhor jogador em campo, o lateral-direito Maicon. Se é verdade que ficou bravo com a substituição, creio que Daniel Alves vai ter que se contentar. Na outra lateral, André Santos deu um passe perfeito para o gol de cabeça de Pato e jogou bem. Parece mais preso lá atrás no esquema de Mano, precisaria jogar mais solto.

Ganso deu um passe magistral, no giro do corpo, para o primeiro de Neymar. Mas participa menos o jogo do que no Santos, talvez por ser mais marcado. Uma hipótese que levanto agora é a falta de um outro jogador para colaborar nas tabelas pelo meio. Ramires deveria ser esse cara, mas ele tem errado muitos passes. Está jogando muito na marcação e chegando pouco. Talvez Elias seja uma boa opção para melhorar o passe – a tabela dele com Robinho no gol anulado mostra o potencial.


Os problemas se repetiram na defesa, com Júlio Cesar engolindo um frangaço no primeiro gol e um galináceo menos desenvolvido no segundo. Duas falhas que foram acompanhadas de erros de Lúcio e Thiago Silva. Vi gente falando que falta proteção para a zaga. Ora, se queremos que o time jogue pra frente, a zaga vai sobrar mais rojão lá atrás. Com o tempo, um sistema de marcação começando no ataque pode (e deve) ser desenvolvido – o que até já aconteceu em jogos da seleção. Mas por enquanto, o pessoal vai ter que aguentar.

No geral, foi um bom jogo, que só teve risco de fato por conta das falhas do goleirão. Mas o bom desempenho do ataque é um ponto positivo. Capaz que o pessoal tire um pouco o peso das costas e se encontre mais daqui pra frente.

A próxima partida é contra o Paraguai, domingo, às 16h. Já é fase eliminatória. O primeiro jogo foi difícil, com os paraguaios apertando a saída de bola e forçando erros da antes sólida defesa. Vamos ver o que pega.

quinta-feira, julho 07, 2011

Argentina invicta na Copa América

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Foi num dia 5 de setembro de 1993 que ocorreu uma das partidas mais incríveis entre seleções da América do Sul. Em pleno Monumental de Nuñez (esse adjetivo “pleno” é muito bem quisto no jornalismo esportivo) a Colômbia aplicou uma goleada por 5 a 0 na seleção argentina e, se não fosse o Peru empatar com o Paraguai (que sina salvar os portenhos), os argentinos não teriam disputado sequer a repescagem das eliminatórias para a Copa de 1994. Depois disso, Maradona voltou a ser convocado, foi pego por doping nos EUA e o resto da história todo mundo sabe.

Mas na noite desta quarta-feira os colombianos não repetiram o feito da equipe de Valderrama, Asprilla, Valencia, Rincón e companhia. Hoje, aliás, é muito fácil ridicularizar o palpite de Pelé sobre a seleção naquela época, tida como favorita pelo Rei, mas não era só ele que apostava nos vizinhos. Contudo, hoje, poucos mesmo apostavam neles. Mas a Colômbia conseguiu não só barrar o ataque argentino, como já havia feito a Bolívia, mas esteve durante todo o tempo mais próxima do gol.

O ótimo Falcão Garcia desperdiçou, Moreno perdeu um tento sem goleiro e o palmeirense pôde matar saudades – ou não – de Armero com seus avanços pela esquerda. Como na estreia, “La Pulga” Messi não brilhou, mas, embora os holofotes estejam sempre sobre ele por motivos óbvios, outros atletas não renderam grandes coisas. Tevez, queridão da torcida corintiana, nem mostrou sua garra habitual, tampouco sua habilidade, repetindo o pífio desempenho da primeira partida. A defesa se mostrou afeita demais ao alto risco e só não foi vazada porque o Sobrenatural de Almeida quis que a Argentina levasse seu drama até a última rodada da fase de grupos, contra a improvável Costa Rica.


Não sou anti-hermanos (tem hífen?) e gostaria de ver um futebol mais bonito da Argentina (do Brasil também). Mas, pelo início da Copa América, com oito gols em sete jogos, é possível inferir que os sul-americanos aprenderam a defender. E desaprenderam a atacar, o que nivelou as seleções por baixo. Ainda que os comandados de Mano Menezes tenha feito uma partida decepcionante contra a Venezuela, o time da casa, que tem o melhor jogador do mundo, deveria ter apresentado alguma coisa melhor. Não foi o caso.

Os argentinos, com dois pontos em duas pelejas, não dependem de si para se classificar em primeiro no grupo à segunda fase, mas podem obter a passagem até com um terceiro lugar. Isso importa menos que o futebol jogado e os torcedores presentes em Santa Fé já pediram a volta de Maradona no comando da seleção. De fato, o cenário é dramático.

segunda-feira, março 28, 2011

As dúvidas sobre a seleção

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A seleção brasileira fez na manhã deste domingo uma preliminar de luxo para os jogos dos estaduais, inclusive o que determinou o fim do jejum são-paulino frente ao Corinthians. Frente a uma retrancada Escócia, o time canarinho controlou o jogo e, se não sofreu praticamente nenhum ataque sério, teve dificuldade de criar chances de gol de verdade.
A estrela mesmo foi Neymar, que fez o primeiro (após passe de André) e o segundo (de pênalti, sofrido por ele). As melhores jogadas saíram de triangulações entre o garoto santista e André Santos pela esquerda.
Não foi a primeira vez que o lateral se destacou no time de Mano, mas não conheço um comentarista que o considere o cara certo para a posição. Como a maioria cobra dele mais consistência defensiva, seu posicionamento mais recuado na partida pode ajudar a quebrar resistências.
Na direita, vi uma confusão de posicionamento que prejudicou o time: Elano, que imaginei fazendo a função de falso ponta que vinha sendo de Robinho, ficou mais centralizado (e recuado), enquanto o meia Jadson, que em geral joga pela faixa central, caiu muito pelos lado. Daí, Daniel Alves não achou com quem jogar. 
O outro jogador digno de nota foi o garoto Lucas, que entrou no segundo tempo. Com arrancadas pelo meio, deu bolas preciosas para Jonas e Neymar, inclusive a do pênalti.
Com a defesa formada, Mano Menezes deve estar às voltas com uma dor de cabeça interessante no ataque. Duas são as dúvidas: onde encaixar Kaká, quando ele voltar a jogar o que sabe, e Lucas, quando ele amadurecer mais. Para a Copa América, o quarteto de frente titular deve ser Ganso, Robinho, Neymar e Pato, uma vez que o madrilenho está em recuperação e Lucas é jovem o bastante para não gerar grandes pressões se ficar no banco. Mas e depois, dá pra encaixar esse pessoal todo no time? 
Dá pra chutar que a convocação para a Copa América – que segundo o treinador, será adiantada nos próximos amistosos, contra Holanda e Romênia, em terras brasileiras – não fugirá muito da última. Terá, imagino, a troca do cruzeirense Henrique por Hernanes. Assim sendo, creio que o time titular deve começar com Júlio Cesar; Daniel Alves, Lúcio, Thiago Silva e André Santos; Lucas, Ramires e Ganso; Robinho, Neymar e Pato. Talvez Elias ou Hernanes no lugar de Ramires, ou Lucas no lugar de... bem, não sei. Alguém faria muito diferente?

quarta-feira, abril 29, 2009

Há 60 anos, o Brasil conquistou sua terceira Copa América com a linha média Rui, Bauer e Noronha

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Em 1949, o Brasil sediou e venceu sua terceira Copa América. E experimentou pela primeira vez, na equipe titular, a linha média que conquistou quatro Campeonatos Paulistas pelo São Paulo naquela década: Rui, Bauer e Noronha (foto). A campanha, com eles, foi arrasadora: 9 a 1 no Equador, 10 a 1 na Bolívia, 2 a 1 no Chile e 5 a 0 na Colômbia (todos os jogos no mês de abril). Depois disso, porém, o técnico Flávio Costa teve de respeitar a rivalidade bairrista entre cariocas e paulistas e, como as últimas quatro partidas seriam no Rio de Janeiro, escalou os vascaínos Ely e Danilo Alvim, mantendo apenas Noronha. Explica-se: Rui e Bauer eram paulistanos da gema; Noronha, mesmo jogando no São Paulo, era gaúcho. Mas a birra era tão grande que, apesar de o Brasil vencer o Peru por 7 a 1 e o Uruguai por 5 a 1 com Noronha ainda titular, a torcida pressionou e ele foi sacado da partida contra o Paraguai, para dar lugar ao flamenguista Bigode. Resultado sem o sãopaulino: 2 a 1 para os paraguaios. No jogo do título, Noronha voltou e o Brasil goleou o mesmo Paraguai por 7 a 0.

O bairrismo era imenso. A primeira partida, contra o Equador, foi disputada no estádio de São Januário, do Vasco, no Rio. Por isso, a linha média que entrou em campo foi Ely, Danilo Alvim e Noronha. Mesmo com Rui e Bauer entrando durante o jogo, o Uruguai nos goleou por 4 a 2. Nas quatro partidas seguintes, no estádio do Pacaembu, os três são-paulinos foram titulares e vencemos todas (na foto acima, Rui, Mauro, Barbosa, Bauer e Noronha). O trio marcou sua época: em sete temporadas no Tricolor, Rui, Bauer e Noronha fizeram juntos 169 jogos, com 100 vitórias, 34 empates e 35 derrotas. Mas, afinal de contas, que diabos seria, no futebol da época, uma "linha média"? Com a palavra, o escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo: "Dava a idéia de uma linha de apoio ao ataque, quando nem linha era. Havia um meia apoiador, um meia recuado, que depois seria chamado de quarto zagueiro (volante de contenção só foi inventado mais tarde), e um lateral esquerdo. Podia ser o inverso: um lateral direito, um apoiador e um meia recuado. (...) No São Paulo, o apoiador era o Bauer, o recuado era o Rui, o lateral era o Noronha".

Parecia racional, para o jovem Luís Fernando e para a maior parte dos torcedores brasileiros, que o trio jogasse como titular na seleção. Porém, o Rio de Janeiro seria o palco principal da Copa de 1950, o técnico Flávio Costa tinha forte ligação com o Vasco e, na estreia, contra o México, foi o trio Ely, Danilo Alvim e Bigode que atuou na vitória por 4 a 0. Mas o bairrismo resistia: no segundo jogo, no Pacaembu, em terras paulistanas, Bauer, Rui e Noronha foram os titulares - pela última vez na seleção (na foto acima, do dia, Rui, Barbosa, Augusto, Bauer, Noronha e Juvenal). O empate por 2 a 2 foi o que Flávio Costa precisava para justificar os cariocas no time, mas fez uma concessão: Bauer substituiria Ely. E foi com Bauer, Danilo Alvim e Bigode que o Brasil venceu a Suécia (7 a 1) e a Espanha (6 a 1). Bauer foi o grande destaque da defesa, apelidado, pela própria imprensa carioca, de "gigante do Maracanã". Mas veio a fatídica decisão. Voltemos a Luís Fernando Veríssimo: "No jogo final da Copa de 50 contra o Uruguai, Bauer apoiou, Danilo jogou no meio e Bigode na lateral, onde deixou o Ghiggia passar e marcar o gol da tragédia". Noronha, o outro lateral esquerdo, assistiu tudo de camarote.

O jornalista carioca Pedro do Coutto, da Tribuna da Imprensa, defende Barbosa no lance fatal: "Ele não engoliu frango algum, tenho certeza. Eu estava no estádio superlotado exatamente no ângulo do chute. (...) O fato predominante é que o ataque do Uruguai avançava surpreendentemente livre. Gigghia (à esquerda), ponta direita, vinha passando facilmente por Bigode, nosso lateral esquerdo, em todas as ocasiões. Naquele tempo, meio campo não voltava para ações defensivas, ao contrário de hoje. Se o treinador Flávio Costa tivesse percebido melhor o espaço tático, teria mandado Jair da Rosa Pinto e Danilo Alvim aproximarem-se de Bigode para lhe dar cobertura. Ou então teria recuado o ponta esquerda Chico Aramburu para a tarefa indispensável. Bigode estava mal na partida".

Alfredo Eduardo Noronha (foto à direita) era o mais velho da histórica linha média sãopaulina. Nascido em Porto Alegre (RS) em setembro de 1918, morreria em São Paulo em julho de 2003, aos 84 anos. Começou a carreira no Grêmio, conquistando os Campeonatos Gaúchos de 1935, 1937, 1938 e 1939. No São Paulo, venceu o Paulistão em 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949. Pelo Tricolor, fez 295 partidas e marcou 13 gols. E ainda jogaria num dos maiores times da Portuguesa de Desportos, campeã do Torneio Rio-São Paulo de 1952. Fez 17 jogos pela seleção brasileira, entre 1944 e 1950.

Por sua vez, Rui Campos nasceu na capital paulista em abril de 1922, onde também morreria, em janeiro de 2002, pouco antes de completar 80 anos. Começou no São Paulo, onde venceu quatro dos cinco títulos da década de 1940, e encerrou a carreira no Palmeiras, em 1953. Apesar de ser zagueiro, também jogava como volante ou meia. Tinha um alto nível técnico e orientava os outros jogadores. Sabia arrumar a defesa e municiar o meio campo e armar jogadas de ataque. Pelo Brasil, fez 30 partidas entre 1944 e 1950, marcando dois gols. Cria do São Paulo desde a categoria juvenul, Rui disputou 272 jogos pelo clube como profissional, marcando seis gols.

O último da linha foi o volante José Carlos Bauer, nascido em novembro de 1925 e falecido em fevereiro de 2007, aos 81 anos. Jogou entre 1944 e 1953 no São Paulo, onde conquistou os títulos paulistas de 1945, 1945, 1946, 1948, 1949 e 1953. Passou ainda por Botafogo-RJ, Portuguesa e São Bento. Na seleção, foram 29 jogos entre 1949 e 1954. Pelo São Paulo, fez 398 partidas e 18 gols. Disputou as Copas de 1950 e 1954. Como técnico, Bauer, à frente da Ferroviária de Araraquara, efrentou o Sportivo Lourenço Marques em Moçambique e descobriu o menino Eusébio. Como não podia contratá-lo, indicou o futuro maior jogador de Portugal para o técnico Bella Guttman, ex-São Paulo, que comandava o Benfica.

Somando os jogos pelo São Paulo e pelo Brasil, portanto, Rui, Bauer e Noronha fizeram, entre 1945 e 1951, um total de 175 jogos, com 104 vitórias, 35 empates e 36 derrotas. Mas podem ter feito, ainda, algumas partidas pela seleção paulista (na foto acima, de 1952, Rui, Palante, Oberdan Catani, Mauro, Bauer e Noronha). Porém, não disponho dos dados para acrescentar nas estatísticas do trio. Pelo São Paulo, estrearam em 8 de abril de 1945, na goleada por 6 a 2 sobre o Jabaquara, pelo Campeonato Paulista. E se despediram em 22 de julho de 1951, num amistoso contra a Caldense, em Poços de Caldas (MG). O Tricolor venceu por 3 a 1 e Bauer fez o primeiro gol. Jogando juntos pelo clube, Noronha fez 9 gols, Bauer 8 e Rui 6.

Ps.: Não tem muito a ver com o post, mas, na pesquisa que fiz, encontrei mais uma prova de que, no Brasil, sadismo pouco é bobagem. Depois de terem substituído as traves de madeira pelas de metal no Maracanã, em 1969, dizem que mandaram as antigas (remanescentes da Copa de 1950) para a casa do ex-goleiro Barbosa. Não contentes com a maldade, ainda fizeram o "favor" de reunir no Maracanã, 30 anos após a tragédia contra o Uruguai, todos os traumatizados e estigmatizados jogadores daquele time. Confiram:

16/07/1950, Maracanã com 200 mil pessoas - Em pé: Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer, Danilo Alvim e Bigode; Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir de Menezes, Jair Rosa Pinto, Chico e o massagista Mário Américo

16/07/1980, arquibancadas totalmente vazias - Em pé: Barbosa, Augusto, Danilo Alvim, Juvenal, Bauer e Bigode; Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir de Menezes, Jair Rosa Pinto, Chico e o massagista Mário Américo

quinta-feira, março 06, 2008

Reflexões argentinas

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Eu não sou daqueles que têm ódio da Argentina. Aliás, com exceção do Boca Juniors, quase sempre torço pras equipes de lá nas competições continentais - por exemplo, comemorei o título do Arsenal de Sarandí na Copa Sul-Americana, que superou o América do México.

Por outro lado, tenho ódio amplo, geral e irrestrito de brasileiros que, no português claro, "pagam pau" pro futebol argentino. Por "pagar pau", não defino a simples admiração ou o reconhecimento dos inegáveis bons serviços prestados pelos vizinhos ao esporte bretão; e sim um fanatismo babaca que trata os argentinos como deuses supremos da raça e do amor à camisa e os brasileiros como um bando de maricas que não têm fibra pra jogar futebol.

Por isso, recomendo a todos - principalmente a esses citados "paga pau" - que vejam o vídeo abaixo. É uma compilação, aparentemente feita por argentinos, de opiniões de jornalistas locais antes e depois da final da Copa América de 2007 - aquela que, pra quem não se lembra, o Brasil massacrou a seleção platina, que era justamente tratada como favorita. Imperdível.

domingo, julho 15, 2007

Que timão essa Argentina

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O Dunga não é o técnico dos meus sonhos. Tampouco essa seleção brasileira. Mas há de se considerar que o treinador não pôde convocar Lúcio, Luisão e Julio César, por exemplo, contundidos; Cicinho e Adriano voltando de contusão e sem condições; Zé Roberto pediu dispensa e Kaká e Ronaldinho Gaúcho, dois dos maiores jogadores do planeta, preferiram descansar. Uma seleção B, sem dúvida.

Mas, pra variar, cobrada como se fosse equipe principal. E mesmo assim venceu a Argentina principal por 3 a 0. Sim, 3 a 0 não é fruto do acaso. Não dá pra dizer que foi sorte, erro de arbitragem, contingência... O Brasil foi melhor. Ponto. Não gosto muito do "eu já sabia", mas, dada a inacreditável e pouco racional babação de ovo nos portenhos, republico parte do comentário que fiz no meio da semana, bem antes da partida:

Se o Dunga for campeão da Copa América, é um feito. É um time de reservas. Sim, cheio de desfalques com seus dois maiores atletas tirando férias. Pergunte a qualquer estrangeiro - brasileiro não vale, porque tem complexo de vira-lata - quem eles preferem em seu time, Ronaldinho Gaúcho e Kaká ou Riquelme e Messi? Qual deles disputou, e quantas vezes o título de melhor do mundo? E esses dois são os grandes diferenciais da Argentina. Tevez, os corintianos que me desculpem, é bom. E só, não é craque. Cambiasso, Abondanzieri e outros arranca-tocos da defesa se equivalem ou são piores que os brasileiros. Tem time entrosado e podem ganhar do Brasil. Mas não são nada disso que se diz. Contra o México, não jogaram o tanto que o placar final fez parecer. Daqui a pouco tem futepoquense fazendo coro com o boludo Esteban.

Pois é. Brasileiros de cá acham um espetáculo quando a Argentina goleia a seleção universitária norte-americana, um grupo que só tinha o arqueiro como titular. E dizem que o Brasil bateu em bêbado quando venceu o Chile por seis. A segunda assertiva pode até ser parcialmente verdadeira, a primeira é que me impressiona. É o complexo de vira-latas. Tudo que é de fora é melhor. Até mesmo os argentinos.

Não gosto do Dunga. Mas gosto menos dos argentinos, futebolisticamente falando de sua seleção, claro. Se já estamos habituados a vencê-los com times B, e pra muitos brasileiros eles são fenomenais, o que nós somos então? Com a palavra, os fãs dos portenhos.

PS: Dunga, quando substituiu Elano por Daniel Alves, mostrou que estava mantendo o esquema inicial, em que mantinha o ex-santista como falso ponta-direita, ao estilo de quando atuava no Santos. A substituição óbvia, para os comentaristas, era colocar Fernando, o único volante disponível. Mas entrou Daniel alves, que marcou o terceiro gol. Se é Luxemburgo que faz isso, é porque é "gênio", "tem estrela". Como é o Dunga...

quinta-feira, junho 28, 2007

Brasil 0

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O México venceu na estréia por 2 a 0. Em cinco minutos, resolveram a fatura. O técnico brasileiro Dunga culpou o árbitro e prometeu classificação.

Sigo firme na campanha "Fora Dunga!"

Acho que essa vinheta vai cansar.

sábado, junho 23, 2007

Ninguém na Copa América

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Seleção mista para a Copa América na Venezuela. Entre os 22 convocados por Bob Bradley, técnico dos Estados Unidos, há apenas nove atletas na disputa da Copa Ouro, o análogo promovido pela Concacaf na América do Norte e Central. Apenas sete atuam na Europa, o restante ganha a vida na Liga Americana de Futebol (MLS). A satisfação de desconhecer 100% dos nomes é sem igual (desafio?). Sorte da Argentina no Grupo C.

Enquanto isso, Hugo Sanchéz, o dono da caneta na seleção do México, não terá Pável Pardo, Ricardo Osorio e Carlos Salcido. Todos três pediram dispensa. Sorte do Brasil?

Dunga, como se sabe, não conta com Kaka, nem Ronaldinho Gaúcho. Não dá para dizer que é um mistão, mas os meias vinham sendo, com ou sem razão, os grandes nomes das convocações do capitão do tetra (que orgulho).

Tantos desfalques levantam a suspeita: tudo não passa de um boicote ao presidente venezuelando Hugo Chávez, por aquilo que ele representa para ele representa para o pimpolismo de esquerda no continente?

Nem tanto. Registre-se que o canal de TV educativo que ocupa a banda concessionada antes à RCTV, TVes, será o dono dos direitos de transmissão da Copa, como forma de garantir audiência ao evento esportivo mais importante sediado no país desde o Panamericano de 1983. Mas Chávez, que investiu US$ 1 bilhão no evento, promete se esconder. Embarca para a Rússia e o Irã na terça-feira, 26.

Até ele boicota?

Foto: AloPresidente.gob.ve

"¡Uh, ah, Chávez no se va!" Nem o presidente venezuelano
estará no país para assistir à competição de futebol. Se for por
radicalismo de preferência ao beisebol, pode haver uma
debandada definitiva do Futepoca para a oposição.