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quinta-feira, outubro 24, 2013

Ciência do óbvio: dinheiro e poder estragam as pessoas

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Um vídeo com mais de 1 milhão de acessos - somente em inglês, sem legendas/ clique aqui -, intitulado "Money on the Mind" ("Dinheiro na mente"), lista algumas conclusões de uma série de estudos feitos por psicólogos da Universidade da Califórnia sobre como as pessoas de diferentes classes sociais se comportam em situações em que se deve tomar uma decisão ética ou moral. O resultado comum é que, quanto mais dinheiro ou poder as pessoas têm, maiores são as chances de:

- Não parar para pedestres passarem;
- Comer comida que deveria ser de crianças;
- Trapacear em jogos de tabuleiro;
- Achar que têm direito a coisas que na verdade são privilégios;
- Não ajudar outras pessoas.

Ou seja, segundo o estudo, "os indivíduos da classe alta se comportam de forma mais antiética do que os indivíduos da classe baixa". E mais: o comportamento de pessoas que não são ricas ou poderosas muda em experimentos em que elas são colocadas numa posição de maior status. "Fica bastante claro por que não é desejável uma sociedade com grandes disparidades sociais. O dinheiro fode com a cabeça das pessoas", resumiu o camarada Lineu Holanda, que desencavou o estudo.

Dá o que pensar quando lembramos, por exemplo, do (malfadado) movimento "Cansei" (foto acima), de 2007, espécie de "protesto" da elite "pela ética", a "moral" e os "bons costumes" - postura reeditada recentemente por atrizes globais que fizeram fotos como se estivessem "de luto". O estudo nos remete também à campanha "moralizante" que nossa imprensa despeja diariamente - e maciçamente - sobre o povo, "contra a corrupção". Contradição? Pensando bem, é até óbvio...

sexta-feira, junho 07, 2013

A massa cheirosa paulistana se diverte

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Rosas para as dondocas, porrada no povo
Quinta-feira à noite na maior cidade da América Latina, capital do Estado mais rico do país. Enquanto a polícia do governo alckmista descia a porrada em estudantes e sindicalistas em plena Avenida Paulista, tucanos de todas as plumagens, puxa-sacos, novos ricos deslumbrados, potenciais atropeladores de ciclistas, artistas globais, pseudo-celebridades e espertalhões que seriam enquadrados fácil, fácil em muitos dos artigos do Código Penal se reuniam no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, para um jantar beneficente. Quem tiver estômago, confira a coluna de Mônica Bergamo de hoje, na Folha de S.Paulo - página E2, caderno Ilustrada.

Marido marqueteiro do PSDB é só um acaso
Está lá o (des)governador, sorridente, cobrando R$ 400 por pessoa para o projeto Padarias Artesanais, de sua querida esposa, Lu, que preside um tal de Fundo Social da Solidariedade. Mas a verdadeira padaria estava ali mesmo na festa tucana, produzindo a tal massa cheirosa da Eliane Catanhede - que, por mero acaso, é casada com um marqueteiro do PSDB. E, falando em matrimônio, o casal Geraldo e Lu Alckmin é aquele mesmo que não teve pudor de, investido das funções de governador e primeira-dama, cortar a faixa na inauguração da loja para milionários Daslu. Será porque a filha deles trabalhava na polêmica loja?

Política pública: inaugurar loja de contrabando
Aliás, o escândalo de contrabando na Daslu é, até hoje, "o segredo de Sophia" (Alckmin) - e talvez isso tenha alguma relação com a menção ao Código Penal no primeiro parágrafo... Mas não estraguemos a festa tucana, afinal, Geraldo Alckmin sempre foi um dos defensores mais aguerridos da "ética", da "moralidade" e dos "bons costumes" - vide o episódio em que algumas das "manifestantes" endinheiradas do Movimento Cansei (pausa para um sorriso maroto do Cláudio Lembo), como Ana Maria Braga e Regina Duarte (MEDO!) compareceram, naquela mesma época, ao casamento da  filhinha do governador.

Kherlakian entretendo tucanos no rega-bofe
Puro acaso, mera coincidência. Trololó petista, diria o probo e honesto José Serra. Voltemos, pois, ao que interessa, o rega-bofe tucano de ontem à noite, espécie de "baile da Ilha Fiscal" do Império Alckmin. A colunista Mônica Bergamo destaca a presença de Reinaldo Kherlakian, "cantor" e herdeiro da Galeria Pagé, na região da rua 25 de Março (olha o Código Penal aí outra vez...). Observa, com deleite, que ele cria "araras, minicavalos, cães, minivaca, burro, zebra e até um tigre-de-bengala" em sua casa (por que não tucanos?) e que "estreou ternos de João Camargo e Ricardo Almeida e sapatos Louboutin cravejados de cristais Swarovski, comprados em Nova York". Nada mais PSDB e massa cheirosa do que isso!

Claudia Raia reviveu glamour da Era Collor
Também estava lá Claudia Raia, cabo eleitoral de Fernando Collor em 1989, e Moacyr Franco, outro que mantém estreitas relações com o tucanato. Mas a nota engraçada da festa Alckmista foi que, no Estado mais rico do país, onde quem consegue sobreviver à dengue pode sucumbir à violência e criminalidade, que batem recordes há meses, até as dondocas estão alarmadas com a insegurança. "É uma coisa impossível o que está acontecendo", reclamou Regina Manssur, ex-Mulheres Ricas, programa educativo da TV Bandeirantes. "Alguma coisa tem que ser feita. Na questão da segurança, estou insatisfeita com o meu candidato", acrescentou a advogada, que, assim como Kherlakian, reside no Morumbi - o bairro campeão de assaltos na capital (e onde também está o Palácio dos Bandeirantes da festança de ontem, resumo da suprema vergonha que é a gestão tucana). Detalhe: o tal "candidato" da mulher rica, Alckmin, é o dos massacres de maio de 2006 e de relações cordiais com o PCC.

Sonho da elite paulistana é reviver a 'Redentora'
Diante de tanta violência, a canseira do Movimento Cansei deu as caras: "Estamos cansados de ver tragédias horrendas acontecendo", reclamou a dondoca Helena Mottin, nas (grandes) fuças do (des)governador. O melhor foi o comentário do magnata da Galeria Pagé, Kherlakian: "Ele (Alckmin) não tem culpa. O que ele pode fazer? Tem que modificar todas as leis. Teria que começar lá no Congresso". Muito bom, muito bem. O sonho dessa gente é mesmo fechar o Congresso, botar os milicos no poder e todos esses petralhas na cadeia. Mandar a "gente diferenciada" pra longe de Hiegienópolis. Marchar com  a família e com Deus pela "liberdade". Polícia? Só pra bater em estudantes e sindicalistas e pra matar jovens pobres e negros. Um brinde, Dona Lu! Viva a vossa padaria! Viva a massa cheirosa!

E paro por aqui, porque não aguento ficar tanto tempo tampando o nariz.

quarta-feira, maio 08, 2013

Campo de concentração...

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Os ricos (à direita) e os miseráveis (à esquerda) na capital paulista
...de renda: segundo pesquisa feita pela consultoria WealthInsight e publicada no jornal inglês The Guardian, São Paulo é a 12ª cidade no mundo com o maior número de multimilionários, com 1.310 pessoas com patrimônio igual ou superior a US$ 30 milhões (cerca de R$ 60 milhões ou mais em ativos). No ranking de bilionários, a cidade aparece na 20ª colocação, com dez pessoas na categoria.

A pesquisa reforça os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados no final de 2012, que apontavam que seis capitais concentram 24,9% das riquezas produzidas no país, com São Paulo em 1º lugar, sendo responsável por 11,8% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

O OUTRO LADO - Porém, esse "oásis" brasileiro de multimilionários e bilionários que é a cidade de São Paulo não existe gratuitamente. Para que o produto dos exploradores seja tão opulente, a massa de explorados, obviamente, não é pequena. Pesquisa do IBGE de 2008 mostrou que cerca de 625 mil pessoas na Região Metropolitana de São Paulo viviam abaixo da linha de pobreza - ou seja, com renda mensal de até R$ 140 per capita (a região reúne 39 municípios e tem população estimada de 20 milhões de pessoas).

Dessa forma, a concentração de renda na terra dos 1.310 multimilionários é gritante: segundo o IBGE, na Região Metropolitana de São Paulo, os 10% mais pobres da população vivem com até R$ 139,30 mensais e outros 40% com R$ 288,51. Enquanto isso, os 10% mais ricos têm renda média de R$ 4.229,77 mensais. O que me faz recordar aqueles versos de Caetano Veloso do início dos anos 1980: "Enquanto os homens exercem seus podres poderes/ Morrer e matar de fome, de raiva e de sede/ São tantas vezes/ Gestos naturais..."

terça-feira, setembro 08, 2009

Troque seu futebol por um cachorro rico

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A maratona começou na madrugada de sexta para sábado, quando fui trabalhar catando lixo no Electric Picnic Festival (à direita), em Stradbally, a duas horas e meia de Dublin. Não é possível descrever em palavras do que se trata esse serviço. Mesmo os novatos, que ainda não tinham passado pela experiência, só foram entender a encrenca depois que chegaram no local (eu já tinha trabalhado no Oxegen Festival, em julho). Bom, chegamos em dois ônibus, 100 desesperados por qualquer euro e trabalho forçado, em uma cidadezinha minúscula onde, num fazendão, aconteceu um festival de 3 dias com atrações musicais 24 horas, milhares de pessoas acampadas, muita bebida, sexo, drogas, lama e lixo - principalmente lama e lixo. Você chega lá, te dão um par de luvas e sacos de lixo e dizem: ''-Catem tudo!''. Simples assim.

Não tem vassoura, nada. Você tem que se abaixar para pegar cada papel, lata, resto de comida, plástico, enfim, tudo. Depois de três ou quatro horas fazendo isso, sem parar um minuto, você não tem mais espinha dorsal, nem sente mais as pernas, os braços, nada. E começa, literalmente, a delirar. Ri sozinho, canta, tem vontade de chorar, esquece o próprio nome, o que está fazendo ali, que raio de lugar é aquele. Começa a catar lixo à meia-noite e, lá pelas sete da manhã, já está em alfa, robotizado, abestalhado. Foi por aí que entrei numa das diversas tendas onde o povo do festival curte música eletrônica, já vazia, e, além da tonelada de lixo me olhando convidativamente, vi um cartaz enorme do uísque Southern Comfort, o preferido da falecida Janis Joplin (que nunca recebeu um tostão por fazer propaganda). Comecei a viajar nessa idéia e, quando voltei ao planeta Terra, olhei para o chão e vi uma lata de cerveja fechada. Limpei o barro da tampa e mandei ver, quente mesmo. Santa Janis!

Bom, depois de todo esse martírio, que vai me render uns 40 euros (pouco mais de 100 reais), cheguei em casa às 10 da manhã, fui dormir às 11 e botei o despertador pras 3 da tarde, pois teria que trabalhar de garçom, ou melhor, de food runner, a partir das 5, no restaurante do estádio Shelbourne Park, que abriga corridas de cachorro (à esquerda). O lugar é enorme, maior que os campinhos da maioria dos times de futebol brasileiro. Além do restaurante, abriga dois fast foods e um café. Food runner é quem pega os pratos de comida na cozinha e, literalmente, sai correndo para levar paras as mesas (os garçons só atendem e comandam os pedidos). Eu estava sendo testado junto com um chileno e um colombiano. Só uma vaga. 100 mesas para atender. Três pratos quentes (pelando de quente) equilibrados em cada braço. 30 lances de escadas. 30 segundos para retornar até a cozinha e pegar mais pratos. E eu praticamente sem dormir, moído da catação insana de lixo...

O público, no restaurante, é basicamente de velhos ricos, muito ricos - que apostam pesado nos cachorros (vai daí o estádio ser um luxo só). Tinha até uma equipe de televisão fazendo uma chamada ao vivo do meio do restaurante, que é uma espécie de arquibancada coberta, acarpetada, com móveis finos e malucos como eu, de camisa social azul turquesa e gravata vermelha, correndo com pratos pra todo lado - várias vezes percebi que as crianças ricas preferiam nos observar do que os cachorros, que levavam os pais e avós a uma histeria e fanatismo piores que os das torcidas de futebol. Tanto que, ao mesmo tempo, quatro telões transmitiam um jogo da Irlanda pelas eliminatórias e, quando o time fez 2 a 1 sobre Chipre, poucos prestaram a atenção (só uma mesa comemorou). E comida vai, prato sujo vem, cachorro corre, velho aposta e, enfim, fui dispensado. O chileno ficou com a vaga.

Mas não fiquei chateado, não. Ou melhor, até um pouco aliviado por me ver longe daquele trabalho alucinante em meio a ricaiada esnobe. Peguei meus 50 euros de pagamento (quase 150 reais) e fui direto para o pub do Australiano, point da brasileirada, para comemorar o aniversário de uma amiga e um amigo e, de quebra, assistir Brasil x Argentina. O primeiro copaço de Foster's, australiana, caiu como se nunca tivesse sentido o prazer de uma cerveja gelada na vida. E por aí foi, até o terceiro gol(aço), de Luís Fabiano (à direita), quando a casa quase desabou com 200 brasileiros pulando e 100 argentinos tentando correr para algum abrigo seguro (inexistente). Com um telão de 3 por 5 metros, e a torcida canarinho cantando e gritando mais do que os torcedores do Boca em La Bombonera, os 90 minutos, a sensação era a de estar no estádio, mesmo. E o melhor: bebendo cerveja. Melhor ainda: o Brasil ganhando. E pra fechar com chave de ouro: tirando várias lasquinhas das argentinas e brasileiras embriagadas e sufocadas na multidão de bêbados.

A comemoração seguiu com festa em um apartamento. Cheguei em casa às 7 da manhã de domingo. Um dos habitantes tinha enchido a geladeira de cerveja (Carlsberg, Stela Artois, Tyskie, Heineken etc). E também tinha uma vodka, trazida da Alemanha. Fui dormir às 2 da tarde, quase um dia após a soneca de quatro horinhas antes de ir para o restaurante. Serviços malucos faço por obrigação. Mas cerveja e futebol, não tem hora! Cheers!