Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Arquivo AE
O superintendente de futebol do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, concedeu entrevista ao portal G1. Ao contrário de outras ocasiões, Cunha falou de forma mais séria, embora não tenha perdido a oportunidade de cutucar seu alvo predileto, o Corinthians, e analisou as razões da eliminação do São Paulo no Paulistão e na Libertadores. Mais humilde, embora com os arroubos de "dirigente apaixonado" de sempre, ele também negou a interferência de Juvenal Juvêncio na escalação da equipe. Os principais trechos abaixo:
Qual a avaliação da diretoria sobre as fracas campanhas do São Paulo no Paulistão e na Libertadores?
Marco Aurélio Cunha: Pela estrutura, organização, elenco e comissão técnica que temos, as campanhas foram frustrantes. Porém, eu preciso analisar profissionalmente. O São Paulo estava acostumado a chegar em todas as finais no ano passado e isso gerou um desconforto nas eliminações precoces deste ano. Mas analisando o futebol mundial, principalmente na Europa, isso também aconteceu com grandes clubes como Barcelona, Real Madrid e Milan. É preciso ter paciência.
O que aconteceu na eliminação contra o São Caetano? É normal sofrer uma goleada por 4 a 1 nas semifinais do Paulistão, em pleno Morumbi?
Marco Aurélio Cunha: O jogo estava equilibrado, mas fomos muito mal no segundo tempo. Sofremos dois gols, um em cima do outro. A equipe não estava acostumada com essa situação, se desestabilizou e foi eliminada merecidamente. Os jogadores sentiram o golpe, ficaram psicologicamente abalados, e empataram com o Audax Italiano, na Libertadores, em casa, e o São Paulo acabou enfrentando o Grêmio, em uma chave forte nas oitavas-de-final.
Mas o elenco do São Paulo não conta com tantos jogadores experientes? Por que os jogadores ficaram tão abalados por sofrer dois gols rapidamente do São Caetano?
Marco Aurélio Cunha: Por ser uma situação nova. Nunca havia acontecido isso com a nossa defesa. Por exemplo, tem time que está acostumado com as dificuldades e pronto para fugir da zona do rebaixamento. Eles são se abalam com situações adversas. Vejam o caso do Paraná, Juventude e Figueirense. Todos reagem bem quando estão no sufoco. Já os grandes clubes, como Palmeiras e Grêmio, se desesperam nas dificuldades e acabam rebaixados. Foi isso que aconteceu com o São Paulo no Paulistão.
Qual a avaliação da diretoria a respeito da fraca campanha do São Paulo na Libertadores?
Marco Aurélio Cunha: Foram vários os fatores. Mas o principal deles foi a soberba de alguns jogadores, que passaram a achar que jogavam muito mais do que realmente eles jogam (Marco Aurélio prefere não citar nomes). O fator psicológico pela eliminação no Campeonato Paulista também pesou contra o Grêmio. Tudo isso fez a comissão técnica e a diretoria rever alguns conceitos em relação ao elenco. Não cairemos na vala comum de achar que está tudo certo. Por isso, o Muricy mexeu a equipe na primeira rodada do Brasileiro.
Depois da eliminação da Libertadores, o presidente Juvenal Juvêncio esteve no clube e conversou com o Muricy e os jogadores. A bronca foi geral e, curiosamente, o treinador mudou o time titular na estréia do Brasileirão. O presidente escalou o São Paulo?
Marco Aurélio Cunha: Isso é um absurdo. Vou revelar um segredo. Ninguém da diretoria conversou com o Muricy. Somente o presidente, em uma conversa reservada com o treinador. Nem eu estava presente. O presidente não interferiu. Ele interveio, o que é muito diferente. Perguntou o que estava acontecendo com o time. Deu apoio para o treinador mudar o que estava errado. Fez um balanço das derrotas, mostrando sua opinião sobre quais titulares poderiam ter dado algo a mais, qual os reservas que estão jogando mais. Uma conversa em alto nível.
O Muricy está consciente que com o elenco que tem em mãos ele tem a obrigação de, ao menos, classificar o São Paulo para a Libertadores em 2008?
Marco Aurélio Cunha: Eu detesto a palavra obrigação no futebol. Eu diria que o Muricy tem o dever de conseguir a vaga na Libertadores. Pelo elenco que temos, a nossa meta não poderia ser diferente.
O São Paulo vai negociar alguns dos seus jogadores na abertura do mercado europeu?
Marco Aurélio Cunha: Eu diria que sim. Sempre alguém deixa o clube. Não dá para falar que não receberemos propostas da Europa. O Ilsinho, Alex Silva, Miranda e Souza sempre têm proposta. Um deles deve sair.
O São Paulo é o favorito para a conquista do título brasileiro?
Marco Aurélio Cunha: É um dos favoritos, mas não o melhor time. Santos, Grêmio, Cruzeiro, Internacional, e até o Palmeiras vão brigar pelo título. Também pode ser que apareça alguma surpresa.
E o Corinthians? Você não aponta o rival como um dos candidatos ao título?
Marco Aurélio Cunha: O Corinthians está investindo na seleção do Interior de São Paulo (risos). Eu acredito que seja o caminho certo, pois não tem mais uma parceria forte para fazer contratações. Não acho que corra o risco de rebaixamento, mas não tem condições de brigar pelo título. Tecnicamente, o Corinthians tem camisa, mas não tem um grande time. É uma incógnita.