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A expressão “jogo de xadrez” costuma ser muita usada para definir uma partida disputada,
pegada, na qual fica difícil fazer algum prognóstico com a bola
rolando. Mas poucas partidas de xadrez de alto nível são decididas
em um lapso, em um lance impetuoso ou com voluntarismo e
pitadas de sorte. Ontem, nas duas partidas da Libertadores, com
cenários totalmente distintos, foram necessários poucos segundos
para que fossem definidos os dois primeiros semifinalistas do
torneio.
Na que abriu a noite,
entre Fluminense e Boca Juniors, os argentinos foram subjugados na maior parte dos 90 minutos da peleja. A marcação do
Fluminense, em especial de Edinho, sobre Riquelme, fez com que o
craque portenho sumisse durante quase todo o jogo. Quase. Uma
folguinha dada ao craque adversário, daquelas que acontecem no fim
do jogo, como a que permitiu que Maradona fizesse seu único lance
contra a seleção brasileira, na Copa de 1990, foi suficiente.
Riquelme respirou e pôde tocar para Rivero, que finalizou,
resultando no gol de Santiago Silva, o grosso artilheiro que faz as
vezes que Palermo já fez um dia.
O Boca precisou jogar um pouco mais
que o Fluminense por alguns minutos, na parte derradeira da partida, para eliminar
os cariocas. Se jogando mal eles ganham, imagine jogando bem?,
refletem os argentinos. E os brasileiros deitam no divã.
Na peleja seguinte,
Diego Souza, que leva consigo a fama de desaparecer em decisões,
apareceu. Sozinho como nunca havia acontecido com o Corinthians de
Tite, do meio de campo até a área. Mas tremeu diante de Cássio,
arqueiro que parecia pedir pra tomar gol, performance
coroada com o passeio para a caça de borboletas no último lance
vascaíno da partida. Goleiro tem que ter sorte também, diria o
filósofo. E não se perdoa quem perde um gol desses. A bola pune,
como diria outro pensador.
Puniu justamente
naquele tipo de lance de fim de jogo, quando os marcadores já não
aguentam mais marcar. Porque foram quase 180 minutos em que a
marcação foi a tônica, de lado a lado. O cerco vacilou,
Paulinho fez. Diego Souza, não. E essa foi quase toda a diferença.