Destaques

sexta-feira, agosto 01, 2008

Em defesa do Saci

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Causa espanto e medo quando se lê um texto de Juca Kfouri contra a idéia de adotar o Saci como mascote da Copa do Mundo de 2014. Em seu blogue, o jornalista diz que "um grupo de malucos abrigado no endereço http://www.sosaci.org/ que quer convencer a CBF a adotar o Saci como mascote da Copa do Mundo de 2014, no Brasil", e apela ao presidente da Confederação: "Tomara que Ricardo Teixeira, pelo menos dessa vez, não se deixe levar por uma tentação tão populista e demagógica."

Kfouri condena ainda o colega José Roberto Torero por apoiar a idéia e questiona “Como ter alguém de uma perna só, e ainda de cachimbo na boca, como mascote da Copa? Não basta uma seleção de pernas-de-pau que fazem propaganda de cerveja?”.

Acho, sinceramente, que ele não entendeu a proposta. Ou talvez tenha sido irônico e quem não entendeu fomos nós.

A idéia de fazer do Saci o mascote da Copa, além de bem-humorada, é uma tentativa de manter vivo um dos símbolos do folclore nacional, preexistente a Juca Kfouri e a qualquer pessoa que esteja lendo isso agora. Pode-se contestar ou dizer que não é conveniente, que talvez seja melhor inventar algum mascote de gosto duvidoso como o bizarro Ciao italiano ou as ainda mais estapafúrdias criaturas da Copa Coréia/Japão. Mas daí a dizer que a proposta é “populista e demagógica” vai uma grande distância...

Aliás, esses foram os mesmos termos que Kfouri usou para condenar a pretensão de Evo Morales de que a seleção e os times do seu país continuassem a disputar partidas oficiais na altitude. Lula ter apoiado a idéia era algo “populista e demagógico”. A Fifa se dobrar e voltar atrás era um absurdo. Mas foi o que aconteceu. Todos, decerto, viraram “populistas e demagógicos”. Como , aliás, qualquer proposta que queira resguardar um patrimônio cultural, como o caso do futebol para os bolivianos ou do Saci no Brasil, guardadas as diferentes proporções.

Mas esse ataque tem uma pretensão politicamente correta (meio torta) também. Perdemos o direito de sermos irreverentes, mesmo utilizando uma figura que pertence à cultura popular, que foi retratada por Monteiro Lobato, desenhada por Ziraldo e que se tornou até mesmo mascote do Internacional de Porto Alegre. O Saci pode justamente ser usado para combater estigmas, e não o contrário, inclusive o racismo. No entanto, se for para levar a ferro e fogo tal ideário, o colunista poderia evitar a expressão “perna-de-pau”, utilizada no texto.

E se a birra for por causa do cachimbo, a ilustração ao lado do Ohi já resolve o problema. Por conta de todo o exposto, esse blogue reforça o apoio já dado à idéia do Saci como mascote em 2014. Acesse o site da Sosaci e apóie a idéia. Ou, se quiser, não apóie. Só convém lembrar que os adjetivos sejam moderados, pra não ficar parecendo ranço da velha UDN...

quinta-feira, julho 31, 2008

A vitória contra o Inter e o marketing santista

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



Ontem o Santos mostrou uma qualidade que não exibia há tempos: segurança na defesa. Finalmente o sistema de três zagueiros funcionou com Cuca, e algumas mudanças foram fundamentais para que isso acontecesse, algumas de ordem tática, outras pela simples substituição de atletas.

A saída de Fabão do time acabou fortalecendo o miolo de zaga. O ex-sãopaulino não conseguiu emplacar até agora na Vila Belmiro e, ao que parece, está próximo de sair do clube. Outro atleta, discreto, porém eficiente, foi Dionísio. Embora esteja longe de ser um craque, tem mais senso de cobertura que o esforçado Adriano. Quiñones pela direita e Kléber pela esquerda também avançaram pouco, resguardando mais suas posições e congestionando o jogo no meio.

O resultado dessa formação é que no primeiro tempo não houve finalização a gol. No segundo, os times se soltaram um pouco mais, mas o Inter fez apenas uma finalização realmente perigosa ao gol de Douglas, a 1 minuto. O Peixe continuou dominando o meio de campo, o que dificultou a movimentação do Inter, principalmente do trio de garotos da frente, Taison, Guto e Walter, dominados pela defensiva alvinegra. Isso fez com que o Colorado errasse incríveis 50 passes na partida, enquanto o Santos errou menos da metade, 23.

O gol de Maikon Leite, feito na base da raça e contando com a ajuda do zagueiro Danny Morais, dá moral ao garoto. Mas o ataque do Santos, se fosse mais solidário, poderia ter ampliado a vantagem, tanto o menino quanto Kléber Pereira pecaram pelo individualismo em pelo menos três lances. Ainda assim, a vitória, a primeira fora de casa, é um grande resultado, a ser comemorado dada a consistência apresentada pela equipe de Cuca. E também pelo feito em si, já que a última derrota do Inter em Brasileiros foi em 30 de setembro do ano passado, para o São Paulo. Pode-se ver um esboço de time à frente...

Time da virada


Já li e ouvi inúmeros relatos de como algumas pessoas que eram contra o regime militar se portaram durante os jogos do Brasil na Copa de 70. Cientes de que a ditadura se aproveitava do desempenho da seleção brasileira para reafirmar um sentimento patriótico e ufanista que protegeria, em tese, os generais, muitos se recusavam a torcer para o escrete canarinho. Mas, na hora H, acabavam torcendo pra seleção. Devia ser difícil não torcer para aquele timaço.

Guardadas as devidas e óbvias proporções, a campanha de marketing “Time da Virada”, lançada pelo Santos, me lembrou um pouco essa situação. Pensei: aderir ou não aderir? Depois de ver o vídeo da campanha, onde a trajetória descendente do time é tida como efeito do “abatimento” pela desclassificação na Libertadores e pelo fator “sorte”, vi que, mais do que uma tentativa de trazer a torcida junto ao clube, era uma forma de justificar os erros não tão justificáveis cometidos pela administração santista.

Marketing no esporte é importante e, embora o clube utilize esse instrumento de forma mais tímida do que poderia, já foi bem sucedido em algumas ações, como na criação dos mascotes Baleinha e Baleião. No entanto, ao utilizar em uma campanha gritos criados por uma organizada e celebrizados pela maior parte da torcida santista, parece que os dirigentes tentam se apropriar de algo que não é seu para que continuem sendo pouco questionados. Torço e sempre torcerei para o Santos, independentemente de quem esteja ano comando do clube. Mas não contem comigo pra esse tipo de ação. Prefiro colaborar de outras formas.

A Bunda do Herbert

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No livro "Vamo batê lata" (Editora 34, 2003), sobre os Paralamas do Sucesso, Jamari França conta uma história impagável de bebedeira e molecagem. Nos anos 1980, o baixista Bi Ribeiro tinha um sítio em Mendes, interior do Rio de Janeiro (foto), onde a banda ensaiava e eles, literalmente, "tocavam o puteiro". O ator global Alexandre Régis, que morava lá na época, descreve: "A molecada da cidade ia toda pra lá e bebia até cair, fazia sua fogueira, churrasco, ia embora e eles tocando. Era um sítio gigantesco, tinha uma selva entre a casa e a piscina, eu me perdi várias vezes, os cachorros é que iam me buscar". O problema, no local, era a estrada de terra que ligava o sítio à cidade, intransponível em época de chuva (principalmente para os manguaças, que iam e vinham a pé). "Eu escancarava muito, já dormi atolado bêbado na estrada, pensava: 'Caramba, se vier um carro vai passar por cima de mim', mas não conseguia me mexer", lembra Régis.

A salvação parecia ter chegado quando o prefeito local decidiu botar paralelepípedos na estradinha. Porém, depois dos primeiros 100 metros concluídos, o músico e compositor Herbert Vianna aprontou na cidade. Ele confessa: "Num Carnaval em Mendes, estávamos concentrados, bebendo - a gente bebia demais um negócio que se chamava Pique no Lugar, guaraná misturado com conhaque barato". Alexandre Régis conta que eram quatro dedos de conhaque, dois de guaraná, envolvia o copo num guardanapo e sacudia; quando espumava, bebia-se de uma vez.

Segue Herbert: "Cada um tomava uns cinco de uma vez e ficávamos endiabrados, infernizávamos a cidade. Aí, o Carnaval comendo solto, de repente, choveu. Entrou todo mundo nas lojas e uma delas se chamava Importadora. Estávamos lá no fundo da Importadora, muita gente, eu falei: 'Tem muita pressão aqui dentro, é igual a uma espinha, pra aliviar vai ter que expelir alguma coisa e o expelido serei eu'. Tirei a roupa lá no fundo, passei de cueca pelo pessoal, cheguei na rua, tirei a cueca e saí correndo nu, curtindo a chuva, a galera gritando e todo mundo na marquise olhando. Aí eu cheguei no posto de gasolina, botei a cueca e voltei, me vesti".

O prefeito e a família estavam na praça, como todo mundo, vendo os blocos passarem. "Depois dessa o cara não botou mais nenhum paralelepípedo naquela estrada", lembra Alexandre Régis. Sobraram apenas os 100 metros concluídos anteriormente no meio do lodaçal. "Então ficou um calombo que a gente passou a chamar de Bunda do Herbert", arremata o ator.

E o Inter, hein?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Segundo semestre de 2007. O Internacional traz Abel Braga de volta ao comando técnico e contrata os atacantes Gil e Nilmar. A primeira metade do ano havia sido caótica para o clube colorado; o Gauchão ficara mais uma vez na mão do arqui-rival Grêmio e a defesa do título da Libertadores fora um fiasco, com a eliminação já na primeira fase. Pensar na conquista do Brasileiro, naquele momento, também era algo inviável. Mas as três contratações de peso refletiam outro pensamento: mais do que pensar no imediato, o Internacional se planejava para o longo prazo. O restante da temporada 2007 seria um treino, uma maneira de azeitar o time; e, em 2008, o Inter seria uma máquina, favorito para todos os títulos que disputaria.

Agora estamos chegando no segundo semestre de 2008 e... o momento do Internacional é, vejam vocês, de reconstrução - novamente. O clube anuncia com pompa as contratações de D'Alessandro (foto) e Daniel Carvalho. Tite assume o elenco e dá declarações como essa, de 16 de julho: "nosso time está buscando a afirmação. É um grupo que mexeu peças e está passando por uma reformulação".

Ontem, perdeu para um frágil Santos em pleno Beira-Rio, três pontos que certamente dificultarão as aspirações do clube no campeonato nacional.

Ou seja: o tal do "trabalho a longo prazo" sugerido no final de 2007 não se concretizou. Hoje, o Internacional está no mesmo pé de todos os clubes brasileiros, vitimizado e beneficiado pela janela de transferências, contratando e vendendo, em suma: montando um time.

A situação sugere, ao meu ver, que no futebol brasileiro ainda é difícil o pensamento no longo prazo, tão desejado pelos comentaristas da área. Ou mesmo que ele não é a garantia inevitável de sucesso sugerida por tantos outros.

Pode até ser que o Inter acabe como campeão brasileiro, ou mesmo entre os classificados para a Libertadores. Afinal, o elenco é forte e Tite é um bom técnico. Mas, se isso ocorrer, será com time, treinador e situação diferentes do que se desenhava no final do ano passado.

Na vitória sobre o Flamengo, TV pela internet

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A 15ª vitória do Palmeiras sobre o Flamengo em campeonatos brasileiros não foi uma grande atuação do time da casa. Um primeiro não muito bom, que deixou o Flamengo criar principalmente depois dos 25. Parecia que Caio Jr. iria surpreender em contrataques na 300ª partida em que Vanderlei Luxemburgo treinou o alviverde.

O Palmeiras volta melhor para o segundo tempo. Aos 10 do segundo tempo, Valdívia tabela com Sandro Silva que fuzila para o fundo do gol de Bruno.



O goleiro que fez duas belas defesas, uma de Diego Souza aos 18 do primeiro tempo, e outra aos 4 do segundo, com Valdívia,

Depois do gol, uma ou outra chance verde. Foi a vez de o Palmeiras se apequenar diante do Flamengo, esperando o contragolpe. Deixou o rubronegro avançar e pressionar.

A defesa com dois zagueiros até que se segurou, embora tenha cedido a movimentação de Jailson. Isso não impediu Luxemburgo de recuar a equipe colocando um terceiro volante, Léo Lima, que seria expulso.

Como o Valdívia foi até que bem, começo a achar que ele não vai para o Hertha Berlim. Bom, essa hipótese parte do princípio de que ele não vinha bem por estar com a cabeça na transferência para a Europa. Ressalte-se que buscar jogo também foi a atitude do chileno na partida contra o Fluminense e até contra o Santos, embora tenha sido um jogo bastante atípico.

Experiência
Assisti a partida em um site que retransmitia o canal Premiere da Net. Junto da transmissão, pra lá de lenta por causa da conexão da mesma empresa (plano econômico tem disso), ficava no ar um bate-papo entre quem estava assistindo.

O que me impressionou foram duas coisas. O número de vezes em que Marcos foi elogiado – até por flamenguistas – e o número de vezes em que Valdívia foi xingado ou mandado embora.

O mais interessante foi o palmeirense comemorando: "Milagre, o Kléber nem amarelo tomou!" Na sequência, outro deu uma de hardy: "É, mas o Mago sim".

Também me impressionou o fluxo de ofensas racistas ao atacante Obina, aquele que já foi melhor do que o Eto'o. Fiquei pensando que o alvo era o cara também por ser, provavelmente, o mais lembrado no elenco flamenguista. O que não torna menos nojentos os comentários escrotos.

Flamengo
Até fico com vontade de dizer que é síndrome de Caio Jr. Mas seria revanchismo, até porque, nos confrontos de 2007 o técnico que hoje manda por lá, treinava por aqui.

Maldade inexplicável. Lembra de quem fez os gols na última partida? Osmar e Florentín, no 2 a 1 no Palestra Itália. Que diferença do time...

O ataque rubronegro é que ficou emperrado.

quarta-feira, julho 30, 2008

Efeitos da Lei Seca: "pode beber, gente, eu dirijo"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Um bar. Eu estou tomando água. Sem gás. Sem gelo. Papo vai, papo vem, nada a ver com a Lei Seca, acidentes de trânsito nem formas de burlar o bafômetro.

Chega um grupo de cinco pessoas, quatro barbados e uma moça. Ensejam pegar a mesa do lado de fora, mudam de idéia e se instalam em outra, ao lado da minha. O barbicha vira para os outros, ar grave:

Foto: Edgardo Balduccio/Flickr


– Ó, gente: hoje, pode beber, que eu dirijo!

Houve um instante de silêncio. A minha conversa também parou.

Eu não imaginava que isso aconteceria de verdade. Um verdadeiro exemplo de civismo, um ato de solidariedade manguaça: abrir mão do direito de beber para levar os outros para casa sem o risco de levar um multa, perder o carro e a carteira ou, claro, causar acidentes. Que efeito nobre da Lei Seca! Estive prestes a me levantar para cumprimentá-lo.

Ou para xingar aquele ato de bom-mocismo.

Em meu basbaque de orelhudo de conversa alheia, dispara o magrão amigo do "sóbrio da galera":

– Ah, você já encheu a lata antes de vir pra cá, vai se f...

Todos caem na gargalhada. Pedem cerveja e cinco copos.

Fiquei pensando que nenhum deles estava de carro. Mas seria só se ampliasse a piada.

Há 78 anos, o o Uruguai se tornava o primeiro campeão mundial

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Era um dia 30 de julho como hoje quando a seleção uruguaia de futebol tornou-se a primeira a conquistar uma Copa do Mundo. A vitória por 4 a 2 contra a Argentina consagrava um time que já vinha de dois importantes triunfos: a conquista do ouro nas Olimpíadas de Paris, em 1924, e de Amsterdã, em 1928, o que lhe valeu a alcunha de “Celeste Olímpica”.

A escolha do país como sede causou controvérsias entre Europa e América do Sul. O então presidente da Fifa, Jules Rimet, entendia que a Copa de 1930 deveria ser disputada no continente americano, uma forma de descentralizar a atenção do esporte no continente europeu, que vivia uma aguda crise econômica à época. Mas os países do Velho Mundo não gostaram nada da idéia e Itália, Hungria, Holanda, Espanha e Suécia boicotaram o Mundial. A justificativa das federações, segundo a Fifa, era de que os jogadores europeus ficariam por muito tempo ausentes de seus clubes, já que a realização do torneio no Uruguai implicava uma longa viagem de navio. Até hoje os uruguaios contestam a versão, dizendo que ofereceram todas as condições, inclusive o pagamento de despesas de transporte e estadia, comprometendo-se inclusive a compensar economicamente os clubes europeus pela ausência dos atletas. Mas não adiantou.

Para garantir que todas as seleções participariam da Copa, o sorteio de grupos só foi realizado quando os times estavam em solo uruguaio. Foram 13 participantes, divididos em quatro grupos (três de três e um de quatro equipes). O Brasil caiu no Grupo B, onde foi derrotado pela Iugoslávia por 2 a 1 e superou a Bolívia por 4 a 0. A seleção era formada quase totalmente por jogadores cariocas, já que a Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea) não concordou com o fato da comissão nomeada para fazer a convocação, não contasse com nenhum paulista, o que resultou em um boicote bandeirante. O único paulista foi Araken Patusca, que brigou com o Santos para ir à Copa.

O Uruguai caiu no Grupo C, derrotando o Peru, por 1 a 0, e a Romênia, por 4 a 0. De cada grupo, saía apenas o primeiro colocado e nas semifinais a Celeste pegou a Iugoslávia, aplicando uma sonora goleada por 6 a 1. Curiosamente, placar idêntico à da outra semi, onde a Argentina superou os EUA.

Dentre os participantes, o mito José Nasazzi foi eleito o craque da Copa. Campeão nas Olimpíadas de 1924 e 1928 , foi capitão da seleção entre 1923 e 1936, além de ter vencido quatro Copas América, em 1923, 1924, 1926 e 1935. Em 1931, veio ao Brasil em uma excursão com o Bella Vista, base do escrete do país, mas um certo Alvinegro Praiano não o recebeu muito bem. Mas essa é outra história... Para conferir, veja aqui.

terça-feira, julho 29, 2008

E Mussum nunca mais apareceu em um bar

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



Há exatos 14 anos morria um dos ícones do humor manguaça tupiniquim. O carioca Mussum, ou Antônio Carlos Bernardes Gomes, partiu desta para sabe-se lá aonde com 53 anos de idade, deixando uma legião de fãs que perpetuariam seu nome no panteão dos ídolos imortais.

Artista completo, além de ter feito parte do conjunto Originais do Samba (com quem gravou 12 LPs), foi diretor de harmonia da ala das baianas da Mangueira e fez as vezes de ator em 27 filmes com Os Trapalhões.

Em uma época em que o humor não era alvo do "politicamente correto", não era incomum Mussum aparecer em cena só de cueca samba-canção e com um litro de pinga, o "mé" ou "mézis", na mão. Invariavelmente, também vestia a camisa do Flamengo.

Para homenagear esse totem, dois vídeos já clássicos que mostram o humorista naquele que parecia ser seu habitat natural: o bar.

No butiquim da Política - Nove de julho: movimento ou revolução?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

CLÓVIS MESSIAS*

A nostalgia toma conta dos grupos que se formam nos corredores do legislativo paulista. Isto quase sempre acontece em épocas de recesso. Afinal, os efetivos, funcionários concursados, não trabalham em campanhas eleitorais. Falasse do feriado prolongado e alguém lembrava: é 9 de julho. Outro retrucava: é mesmo, ia me esquecendo. Curiosamente, aqui, onde funciona o legislativo, o prédio tem a denominação de Palácio 9 de julho. A história paulista anda no piloto automático, esqueceu-se que foi uma luta em favor da democracia. Não sei com que interesse vulgarizaram nossa memória, revolução de 1932.

No meu tempo de primário, ginásio e científico (sou desse tempo), a revolução constitucionalista de 32 era ato presente. Eram feitos trabalhos escolares, exposições à entrada dos colégios. A bandeira paulista era hasteada com hinos e fanfarra. Os professores falavam que apoiaram o movimento e citavam nomes de pessoas que haviam participado dos combates. No pátio da escola ou no quarteirão do prédio eram realizadas competições esportivas. Acho que há uma certa perseguição, corintiana, palmeirense ou santista a estas solenidades. Afinal de contas, a bandeira hasteada é a paulista, e não por coincidência tricolor: branca, preta e vermelha. Tenho quase certeza, todos colaboraram um pouco para o esquecimento do ato, mas tricolor é um mastro forte.

Este desmemoriamento foi se intensificando depois da ditadura de 1964, já que não havia nenhuma afinidade com a nossa defesa das liberdades democráticas. A revolução de 1932 foi empurrada para trás do biombo da história. O 9 de julho ficou refém de um vácuo ideológico. É bem verdade que na defesa do movimento surgiram teses retrógradas, o que facilitou a marginalização. Mas pergunto: há movimento que defenda a constituição, que possa se dizer, de maior ou menor vigor democrático?

O Brasil estava sob um regime de exceção. O judiciário sem autonomia. O legislativo em férias permanente, fechado. A lei constitucional, ora a lei, estava suspensa aguardando um novo teórico, procurando novos entendimentos. O movimento revolucionário constitucionalista de 32 foi tomando consistência e teve amplo apoio, em todas as camadas sociais. Como o leque de propostas na época era grande, setores conservadores começaram a não aceitar algumas mudanças políticas. Mas luta democrática é debate.

Por que será que as pessoas esquecem de movimentos nacionalistas democráticos? As elites nós sabemos, têm medo do novo. Mas nós, o povo, será que conhecemos democracias diferentes? Existem duas ou três democracias? A revolução francesa, berço da democracia popular, nos mostrou os movimentos de liberdade do homem. O voto passou a ser igualitário. É difícil, para quem está no poder, aceitar o unitário voto popular. Aqui nós já tivemos até senador biônico, como ato de inteligência maquiavélica. Foi apenas uma, péssima, cópia do parlamento grego.

A queda da Bastilha estabeleceu o voto popular. Foi firmada a democracia igualitária, mas como em todo movimento livre, sempre querem aparecer alguns donos, tipificando ações melhores ou piores, mais nobres ou menos nobres. Mas a democracia é sabia, faz prevalecer a vontade popular. Só não entendo o esquecimento do movimento democrático constitucionalista de 32. Será que o exótico tem vida própria? Mas será, então, democrático?

Como é bom recordar as solenidades escolares. Não há mais ou menos democrata. Defende-se, singularmente, a democracia. Recordar a revolução de 32 é um gesto de civismo. Seus sinônimos são: liberdade com eleições livres, interdependência dos poderes, conseqüentemente, respeito à constituição. O exercício da democracia não é, somente, história. É hábito.

*Clóvis Messias é dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo e escreve semanalmente para o Futepoca.

Efeitos da lei seca e a cerveja que parece água

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Almoço de família, chego em sétimo. Só faltam uns 15 para a comida chegar à mesa.

A tecnologia para abastecer os sedentos convivas é levar as garrafas longneck para uma mesa auxiliar, de onde todos, comedidamente, se apropriam de uma pra degustar.

Não sei por que, depois da saudação inicial, meu olhar se dirigiu diretamente para onde se concentravam as garrafinhas. Rapidamente, vi duas de rótulo azul onde se lia "Bavaria", mas "sem álcool".

– Rapaz, olha o que dá a lei seca no trânsito, o pessoal se preocupou com o teste do bafômetro dos convidados... – elogiei para quem estava do lado.

(Note-se, pelo que se segue, que o elogio faz parte do clima familiar estabelecido e não à opção da cerveja sem álcool)

– Sem álcool, é? E é boa? – devolveu capciosamente o interlocutor.

– Não sei, nunca provei – devolvi.

O figura resolveu que era hora de tentar, saber qual era a da sem álcool, e para saber se os 25% de aumento nas vendas do segmento depois da lei seca iam ser sustentados ou não, se valeria a pena ir além do "pra provar".

– Bora dividir? – convocou.

– Não, brigado... – esquivei – Minha religião não permite.

Em seguida ele abre a garrafa, serve o próprio copo. Gelada que estava, não faz espuma. Será que a imitação é tão boa assim?

– Parece água – sentenciou.

Achei que fosse jogo de cena, para dizer que "não tinha graça" num número típico de um manguaça que quer se dizer incorruptível pelo desrespeito ao mandato etílico. Mas não me arrisquei. É melhor evitar o primeiro gole da sem álcool, já ensina o manual. Ele insistiu em comparar com água, dizendo que nem gosto tinha.

Então, tá.

Passa meia hora, chega quem tem que chegar. E nada de a outra sem álcool encontrar dono. Ela vai esquentando enquanto todas as outras não param na mesa.

Hora do almoço. A movimentação começa, alguém pega a garrafinha de rótulo azul.

– Olha, é sem álcool!

Depois passa a examinar minuciosamente o rótulo, para ver os 0,05% de álcool, o valor calórico etc.

– Putz, tá vencida!

O que tinha provado a outra garrafa não botou fé:

– Como assim, vencida?

– É, vencida. Desde junho de 2006!

Eu continuo sem saber se são só as cervejas sem álcool vencidas que parecem água ou se as dentro do prazo de validade também.

P.S.: Enquanto isso, vi duas cenas tristes, ambas envolvendo refrigerante de limão. Com o aparente intuito de diluir a presença de álcool no sangue, vi misturarem cerveja com refrigerante. Depois, até vinho. Triste cena.

segunda-feira, julho 28, 2008

Os garotos não merecem ser sacrificados

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O clássico era contra o Corinthians, válido pelo Brasileiro de 2006. Aos 6 minutos de partida, a torcida do Santos ficou apreensiva com a contusão de Fábio Costa, por conta de um choque contra Cléber Santana. Em seu lugar, entrou um jovem goleiro de apenas 18 anos, Felipe. O garoto, mesmo lançado em uma fogueira, acabou sendo um dos principais destaques da vitória peixeira por 3 a 0.

Após o jogo, o treinador Vanderlei Luxemburgo comentou: "O Santos esteve em um momento muito difícil quando perdeu o Fábio Costa. Aí entrou o menino e surgiu uma instabilidade momentânea, natural quando entra alguém que quase ninguém conhece. Mas quando [os atletas corintianos] viram que o garoto de 18 anos era bom, aí o Santos equilibrou novamente a partida. O Corinthians teve boas chances iniciais, mas o Felipe mostrou segurança e pegou os chutes".

O arqueiro ganhou moral. Chegou a disputar mais algumas partidas e foi relacionado entre os atletas que iriam disputar o sul-americano sub-20. Mas em dezembro veio a surpresa: o exame antidoping acusou positivo e ele foi suspenso preventivamente. Perdeu sua vaga na seleção e só foi absolvido um mês depois pelo STJD.

Desde então, pouco jogou. Amargou a segunda reserva de Roger (quem mesmo?) e de Douglas. Teve uma atuação questionável contra o Barueri, na Vila, no começo do ano e ontem voltou a falhar. Mas não considerar toda a história do jogador desde que surgiu na Vila não só é muita crueldade como também é sacrificar alguém que falhou quando quase o time todo, pra variar, também foi mal.

A situação de Felipe, que na partida contra o Vasco foi substituído por Douglas, também é reflexo da administração MT. Será que o atleta teve acompanhamento psicológico necessário depois do problema do doping? Nas mãos de Vagner Ribeiro, que sempre sopra na imprensa interesses de clubes em seus jogadores, mesmo que estes não existam, é possível imaginar como fica a cabeça de um jovem de 20 anos, que foi do céu ao inferno em pouco tempo.

Em outro clube, talvez Felipe fosse mais valorizado por ser prata da casa. Mas aqui no Santos, nem a torcida o poupa. Aliás, não é o primeiro. Robinho, mesmo depois das pedaladas que fizeram com que o Alvinegro saísse da fila, foi xingado e vaiado várias vezes na Vila Belmiro quando passou por uma fase apagada em 2003. Lembro em um jogo no estádio sagrado quando um dos habituais corneteiros pronunciou a seguinte pérola: “Esse Robinho é um enganador, igualzinho o Gil do Corinthians”. Muita gente ali pensava do mesmo jeito. E o que veio depois mostrou quem estava certo...

Claro que Felipe pode não vingar nem chegar a ser um craque, como outros pretensos meninos da Vila. Mas em tempos de crise, os garotos são sempre sacrificados e o Corinthians é um reflexo disso, já que muitos jogadores tiveram que sair da equipe para encontrar tranqüilidade, como Jô e Bobô (ainda que ambos estejam longe de serem craques, são melhores que os atacantes atuais do time do Parque São Jorge).

Hoje, existem jovens no Santos que têm medo de jogar na Vila porque sabem que vão ser xingados no primeiro erro. É difícil ter paciência quando se vê um time cometer tantas falhas, mas a cobrança deveria ser direcionada a outro tipo de jogador, aquele que ganha muito mais do que esses meninos que já surgem atrapalhados por uma diretoria fraca e empresários gananciosos. Talvez o fato da vitória contra o Vasco ter sido decidida por um garoto, Maykon Leite, seja um sinal de que precisaremos deles para sair da crise.

Aliás, naquele clássico de 2006, quando Felipe fechou o gol, um outro destaque foi Kléber. E onde está ele? Como pode um profissional de um time grande, com diversas convocações para a seleção, não conseguir acertar um lance sequer de bola parada durante várias partidas seguidas? E os outros titulares, estão jogando o fino da bola?

Acho que estamos cobrando as pessoas erradas...

Empate com o líder em campo encharcado

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Palmeiras foi ao Olímpico e empatou com o líder Grêmio. O empate foi ruim do ponto de vista da classificação, porque o São Paulo venceu a Lusa e o Cruzeiro passou pelo Fluminense, sempre por por 3 a 1, sempre de virada.

Mas empatar com o líder na casa do adversário, nunca foi resultado ruim. Ainda mais em um campo encharcado como estava o Olímpico.

O que me deixou um pouco amuado foi ver o Grêmio só partindo para o jogo só no início de cada tempo e depois depois de tomar o gol palmeirense.

Esboçou pressão nos 10 primeiros minutos de jogo, com direito a cabeçada na trave do lateral Felipe, mas depois se apequenou. Ainda teve outra cabeçada de Perrea na trave, como bem lembraram os insistentes comentaristas, apesar da teimosia do autor. No segundo tempo, aí sim houve pressão, com outra bola na trave e duas defesas de Marcos antes dos 15 minutos.

O gol do Palmeiras só saiu num erro da defesa, "desarmada" pela poça d'água. Kléber avançou e sofreu pênalti, batido sem paradinha pelo artilheiro Alexi Mineiro. Aliás, no primeiro tempo, no primeiro minuto de jogo, com Kléber, e depois com camisa 9, perdeu chances criadas de modo bem parecido.

Lado bom
O melhor da história foi ver a zaga de três zagueiros fazer sua primeira partida quase boa. É que além da bola na trave já citada e do gol, a defesa formada por Jeci, Maurício de Gladstone foi muito bem. O careca, aliás, surpreendeu ao jogar adiantando a marcação.

Talvez tenha sido resultado da campanha Volta, Tonhão.

Mas resistir a 45 bolas alçadas à área, segundo o Datafolha, não é fácil.

Para a próxima partida, Maurício não joga, então a defesa ficará com dois zagueiros novamente.

Kléber
Com dois minutos de bola rolando, o camisa 30 subiu para dividir uma bola. Pareceu completamente desajeitado, mas com os braços para cima demais para considerar só isso. E sempre que fizer qualquer coisa parecida, vai tomar amarelo.

Advertência de alguém que fez por merecer os estigmas que carrega, ao liderar o ranking de expulsões do campeonato. E que foi reforçada pela reação da comissão técnica e da diretoria. Depois de dois carrinhos desnecessários, uma cotovelada e um lance não registrado pelas filmagens, mas que parece ter sido um chute sem bola no tornozelo alheio, é previsível que ele já entre em campo com cartão amarelo.

Nem acho de todo errado, mas tem outros jogadores que merecem essa, digamos, propriedade. Quem é visado pela arbitragem só pode entrar em dividida com o pé baixo e braços recolhidos. Embora não tenha reincidido nos carrinhos, ele joga o tempo todo balançando os braços. Mesmo se estiver fazendo isso para se livrar de um marcador, é só o adversário querer para forçar o cartão pra Kléber.

________________
Alterada às 17h50 de terça-feira, 29

domingo, julho 27, 2008

Timão vence e abre seis pontos sobre o vice-líder

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Timão venceu o Paraná, em Coritiba, por 2 a 0, dois gols de Dentinho. Com isso, voltou a abrir seis pontos de vantagem sobre o vice-líder, que agora é a Ponte Preta, que derrotou o Avaí por 3 a 2. O Juventude, ocupante anterior do segundo lugar, tomou uma ensacada de 4 a 0 do Santo André, mostrando que o campeonato é equilibrado.

O que me chama a atenção é o tratamento que a gloriosa mídia deu à vitória alvinegra. Segundo Uol, IG e Folha de S. Paulo, o Timão “acabou com o jejum” ao vencer o Paraná. O time perdeu UM jogo em 14 disputados, e os caras estão tentando arranjar uma “crise no Parque São Jorge”, título mais amado da galera. Reclamação antiga, sobre prática mais velha ainda...