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Alegria andreense não chegou a 2011 |
Alegria andreense não chegou a 2011 |
Por 2 a 1 o Palmeiras venceu o Santo André na primeira partida das oitavas de final da Copa do Brasil. Kléber marcou dois gols e conseguiu a façanha de perder dois pênaltis. Tudo num jogo só. Os tentos marcados foram justamente no rebote e no escanteio originado pela espalmada de Neneca, arqueiro do Ramalhão. Pelo feito inusitado de quem aspira a Palermo, o 30 alviverde foi o personagem do jogo.
O episódio mais inusitado da partida foi a bomba de gás lacrimogêo que invadiu (?) o gramado. O equipamento usado para dispersar manifestações por forças policiais não é regulamentado adequadamente pelas secretarias de segurança pública. Como uma arma não letal como essa foi parar no relvado, ninguém explicou. A partida ficou parada por cinco minutos logo que começou o segundo tempo.
A polícia diz que torcedores que tentaram invadir as arquibancadas sem pagar é que teriam atirado o aparato. A aquisição desse tipo de explosivo, porém, é restrito. A fumaceira pode ter sido gás de pimenta, que é de mais fácil acesso, mas vai entender?
O time fez mais ou menos só o necessário para vencer por um gol de diferença e voltar com vantagem para a partida decisiva. Para os traumatizados torcedores de 2004, quando o mesmo Santo André eliminou a equipe esmeraldina nas quartas da competição, o futebol apresentado foi bom por proporcionar a vitória. O Palmeiras pode perder por 1 a 0 ou empatar que l
Valdívia foi bem até ser substituído pelo estreante Wellington Paulista que, aos 27 anos, fez pouco. O meia chileno deu passe, toque de letra, driblou. E nada de sentir a contusão que o afastou por três semanas. A fase continua boa na representação de Palestra Itália. Poderia ter sido melhor, mas a vitória na partida de ida foi boa o bastante.
Deola fez três boas defesas, mas não teve o que fazer diante do levantamento em que o zagueiro Anderson apareceu sozinho para cabecear e marcar o gol andreense. Vacilo pouco comum na sólida defesa de Luiz Felipe Scolari. Se o time fez só o necessário, tampouco precisava tomar esse gol. Mas não precisa ser um problema, é só ganhar a partida de volta.
Ano passado fiz um post sobre o ex-jogador Washington, o "coração valente", quando ele marcou seu último gol com a camisa do São Paulo, completando 45 pelo clube em duas temporadas. Pois na tarde de hoje Dagoberto (foto: site SPFC) fez mais um, na vitória por 3 a 0 sobre o Santo André, e superou o ex-companheiro. Com 46 gols, o atacante, que está no time desde 2007, igualou-se ao ex-meia Pita - e ambos dividem, agora, o 39º posto entre os maiores artilheiros da história sãopaulina. O maior goleador do clube é Serginho Chulapa, que jogou entre 1973 e 1982 e anotou 243 gols. Depois dele vem outro camisa 9, Gino Orlando, que atuou entre 1953 e 1962 e fez 237. Teixeirinha, ponta-esquerda entre 1939 e 1956, é o 4º no ranking, com 183. A partir daí, entre os maiores artilheiros do clube (contando apenas os jogadores que ainda estão em atividade), temos:
4º - França (atualmente, está sem clube) - 182 gols
11º - Luís Fabiano (voltou ao São Paulo) - 118 gols
17º - Rogério Ceni (São Paulo) - 98 gols*
19º - Dodô (acertou com o Americana-SP) - 94 gols
29º - Borges (Grêmio-RS) - 55 gols
35º - Marcelinho Paraíba (São Paulo) - 51 gols
38º - Kaká (Real Madrid, Espanha) - 48 gols
39º - Dagoberto (São Paulo) - 46 gols
47º - Reinaldo (Figueirense-SC) - 41 gols
51º - Diego Tardelli (Anzhi Makhachkala, Rússia) - 39 gols
- - - - Grafite (Wolfsburg, Alemanha) - 39 gols
54º - Hernanes (Lazio, Itália) - 38 gols**
58º - Danilo (Corinthians) - 36 gols
63º - Souza (Fluminense-RJ) - 35 gols
74º - Hugo (Al Wahda, Emirados Árabes) - 31 gols
* A Fifa não reconhece 2 desses gols, marcados em 1998 e 2000.
** Contando 3 gols marcados em amistosos na Índia, em 2007.
Aprendi a torcer para o Santos, em parte, ouvindo e cultuando histórias de times e partidas contadas pelo meu pai. Afinal, o torcedor de um clube que tem a trajetória do Peixe, das mais ricas do futebol mundial, tem quase como obrigação saber de pelo menos uma parte delas, vivenciar outras tantas e passar adiante esse legado.
E ontem, quando o Alvinegro já jogava com oito em campo, meu pai olhou para aquele camisa 17 santista e exclamou: "O Almir Pernambuquinho encarnou nele!". O controverso e tresloucado jogador que substituiu Pelé na segunda e terceira partidas da decisão do Mundial contra o Milan em 1963. Que não teve medo dos duros italianos e, mais que igualar na "pegada", os igualou no olhar. O atleta que, sem Zito e o Rei em campo, chamou a responsabilidade para si.
Era esse mesmo espírito que guiava o jovem Ganso ontem. Que guiou muitas vezes o esquadrão santista dos anos 60, que se apossou de Giovanni na memorável vitória contra o Fluminense em 95 e que em tantas ocasiões esteve presente na história do time que, como diz seu hino, defende a “bandeira que ensina, lutar com fé e com ardor”. Quando Dorival quis substituí-lo, não foi uma afronta ao técnico quando o garoto disse um rotundo "não". Ali, clamou por justiça e prometeu fazer valer sua presença no gramado.
E assim o fez. Mais do que a habilidade, confrontada sempre contra um mínimo de dois marcadores, o menino de 20 anos, o mais caro do Peixe, mostrou um "algo mais" que ainda não tinha aflorado totalmente. O mesmo "algo mais" que faz com que muitos brasileiros admirem o jeito de jogar dos argentinos ou que explica o fascínio de são-paulinos por uruguaios como os pouco habilidosos Forlán e Lugano. Às vezes, mesmo quando não primam pela técnica, os hermanos sabem que o jogo não se joga só com os pés, mas com a cabeça e com o coração.
E ontem Paulo Henrique reproduziu esses e tantos outros exemplos que fazem do futebol um esporte às vezes de dimensão épica. Aquela camisa alva do Santos era parte da sua alma. Soube dosar como um craque veterano a habilidade para dar um dos passes mais magistrais que já vi em um gol, o segundo do time, com a inteligência de cobrar um escanteio para ninguém (lance mais comum no futsal), ganhando um precioso tempo que sua equipe, em frangalhos, precisava para garantir o título. Segurou a bola, cavou lateral, escanteio e tomou até um safanão quando deu um chapéu que poderia ter provocado uma expulsão no rival. Nada o intimidou, nada o parou. Para Ganso, não foi apenas o jogo da consagração, foi o da convocação. O menino não é mais menino.
Os campeonatos estaduais podem valer pouco, ou até valer nada.
Esse foi o tempo que gastei para comprar ingressos para o primeiro jogo da final do Campeonato Paulista, Santo André x Santos, que acontece nesse domingo, no Pacaembu. Entrei às 9h30 na fila que se formava nas bilheterias do Estádio Bruno José Daniel, em Santo André, e saí de lá às 13h40.
Pelo que leio na internet, o problema se repetiu em outros lugares. O UOL conta que o Pacaembu também teve gente que esperou mais de três horas. Amigos relataram de espera de mais de duas horas na Vila. E tenho certeza que o pessoal que chegou bem depois de mim ao Bruno Daniel inveja as quatro horas que permaneci lá - arrisco dizer que eles não levaram menos de seis horas para efetuar suas compras. Menos mal que hoje era feriado. Foi esse o motivo, é claro, que levou muita gente às bilheterias nos diferentes pontos de venda.
Dois registros importantes
O primeiro é que nesse tempo todo que permaneci na fila, vi poucas ou praticamente nenhuma ocorrência de "malandrões" furando fila. E nem cambistas. Essas duas pragas, inerentes aos grandes jogos de futebol, felizmente não estavam presentes no Bruno Daniel.
E o segundo é que a fila que levei quatro horas para concluir, diferentemente do que deve estar achando o leitor, não era das maiores. Não mesmo. Sim, era grande, mas jamais imaginei que ficaria ali por quatro horas. Arrisco dizer que estavam na minha frente, quando cheguei à fila, pouco mais de 65 pessoas. Ou seja: não era um contingente de pessoas que justificasse tamanha espera.
O que houve foi uma injustificável e absurda demora das pessoas nos guichês. Não por culpa dos clientes, que fique claro. A questão é que se fazia - PARA CADA COMPRADOR - um cadastro na hora. Medida correta, para evitar as cada vez mais frequentes fraudes no universo da meia-entrada. Mas que precisa ser otimizada, e em caráter de urgência. Não dá, não faz sentido um torcedor demorar tanto tempo em uma fila não das maiores. É preciso evolução.
Definidas as semifinais do Paulista. O Santos, que venceu com seu time B o Sertãozinho por 4 a 2, pega o São Paulo, que derrotou o Santo André por 3 a 1. Já o Ramalhão vai pegar o Grêmio Prudente, invicto há nove jogos.
Agora seguirão as seções de prognósticos, falações e numseiquelá, numseiquelá, numseiquelá até chegarem os jogos, programados para o fim de semana. Bom, pelo menos agora não teremos que ouvir o presidente do São Paulo Juvenal Juvêncio reclamar de "conspiração" para que sua equipe não chegasse ao G-4 (e olha que tem jornal que dá isso no alto da página de edição de domingo...). Ainda mais depois de o Tricolor ter tido um gol em impedimento validado e o Santo André ter tido outro legal anulado na partida de ontem.
Com apenas dois times grandes que se enfrentarão nas semifinais, a atenção também se voltou para quem ficou de fora. O Corinthians, mesmo goleando o Rio Claro por 5 a 1, não contou com a ajuda do São Caetano, que foi derrotado pela equipe prudentina. Além da pressão óbvia que aumenta para a disputa da Libertadores, o time perde espaço importante de exposição e, depois da bacia de contratações feita no início do ano, complicado dizer que não era uma meta estar no G-4.
Se é consolo para os corintianos, o Palmeiras, como já dito aqui, teve um fim ainda mais melancólico. E se existia alguma coisa a ser decidida na partida contra o Paulista era a tabela de 2010. Como cada clube joga 19 partidas no campeonato, o fato de não ter ficado entre os dez primeiros faz com que o time jogue mais fora de casa do que dentro do Palestra em 2011. Não é nada, não é nada... é quase nada.
Mas a rodada terminou com um fato histórico. Pela primeira vez, todos os quatro clubes que subiram para a primeira divisão caíram no ano seguinte à sua promoção. Monte Azul, Rio Claro, Rio Branco e Sertãozinho mal tiveram o gostinho de jogar a Série A-1 e já retornam para a segunda. Já o campeonato de consolação, também chamado Torneio do Interior, terá Botafogo e Ponte Preta em uma semifinal, e São Caetano e Oeste na outra. A propósito, Botafogo e Oeste também conquistaram vaga na Série D do Brasileiro.
Em um jogo mais sofrido do que necessário, o Corinthians venceu o Ituano por 2 a 0 e manteve as esperanças de conquistar uma vaga para as semifinais do Paulistão 2010. Agora, o Timão precisa vencer o Rio Claro no Pacaembu, o que é obrigação, e torcer para que São Paulo ou Grêmio Prudente não vença seu adversário na rodada final – respectivamente, Santo André e São Caetano.
O Corinthians começou meio devagar e deu boas chances aos donos da casa, defendidas pelo golerio Rafael. Depois disso, controlou o jogo praticamente o tempo todo e teve boas chances de abrir o placar bem antes do gol de Jucilei, já no fim. Jorge Henrique, Moacir, Chicão e Ronaldo perderam gol, seja pelas boas defesas do goleiro do time de Itu.
Durante a segunda etapa, Moacir se machucou e Mano mudou o jeito da equipe, colocando Iarley, Defederico e Tcheco em campo e deslocando Jucilei para a lateral. Jorge Henrique recuou para ajudar a armação. A pressão funcionou e saíram os dois gols, um de Jucilei com passe de cabeça de Iarley e outro de Ronaldo, em presentaço dado por Tcheco.
A volta do argentino me fez imaginar um time com ele na meia direita, Danilo na esquerda, Dentinho como segundo atacante mais perto de Ronaldo, e Elias de volta como segundo volante. Talvez tivesse mais proximidade do meio com o ataque, o que me parece ser um dos problemas do time. Mas sei lá se funcionaria.
O destaque do time novamente foi Roberto Carlos. Está jogando muito. Quatro chutaços de fora da área levaram a belas defesa do inspirado Éder.
Agora, resta ao Corinthians fazer sua parte e ganhar do Rio Claro. Mas, sinceramente, acho difícil que São Paulo e Prudente deixem escapar a vaga frente aos dois times do ABC paulista. O Tricolor pega o Santo André classificado e pouco interessado – sem contar o fator camisa, que pesa muito em decisões. E o Prudente joga em casa com o Azulão, que só faz figuração, estando tão longe do rebaixamento quanto da classificação.
Planejamento...
O presidente do Corinthians Andres Sanches deu delcarações após o jogo falando do planejamento do time, que segundo ele, visa só até depois da Libertadores. Terminado o torneio continental, o mandatário acha difícil manter o elenco e crê que o time deve perder "de dois a quatro jogadores", sendo os mais assediados Dentinho, Elias, Jucilei e Ralph, e que a diretoria já estaria buscando peças de reposição.
Bom, há várias formas de se avaliar a declaração. Primeiro, podemos questionar o tal do planejamento em si. Estaremos então fadados a desempenhos medíocres no Brasileirão? Faz sentido vender jogadores já adaptados e contratar outro mais caros? Não parece ser a melhor opção - avaliação feita sem olhar as contas do clube, claro.
Por outro lado, podemos até dizer que é interessante o presidente adiantar o tal do planejamento para a torcida já se preparar, podemos chamar isso de transparência. Mas, como disse o companheiro Edu Maretti, do Fatos etc, era esse o momento para essas declarações? Pode afetar o desempenho dos caras e, com certeza, diminui o entusiasmo da torcida. Enfim, preferia Sanches quieto nessa.
Não tive como assistir a Corinthians 2 x 1 Santo André, sonegado pelos detentores dos direitos de transmissão. As impressões que tenho vêm de ouvir parte do jogo pelo rádio, ver os melhores momentos e de diversas análises que vi por aí.
Parece que o time começou pressionando, marcando a saída de bola e abafando, como fazia nos melhores momentos do ano passado. Aliás, marcar a saída de bola pra mim é o que pega. Fica mais fácil chegar no gol do adversário.
A formação com três atacantes (Dentinho, Ronaldo e Jorge Henrique) serve bem pra isso. Mano resolveu proteger mais com três volantes (Elias, Ralph e Jucilei), repetindo mais ou menos o que foi feito na Colômbia no meio da semana. Curioso aí que a postura do time muda mesmo sem mudar muito os jogadores. Adianta a marcação, pressiona os caras e mesmo com três volantes o time passa a jogar mais ofensivamente.
Pena que a pressão só durou até os 20 minutos, mais ou menos, quando já estava 2 a 0. Depois disso, o time recuou e tentou sair nos contra-ataques. Ronaldo perdeu uns gols, mas deu passes preciosos, inclusive um para JH que desperdiçou na cara do gol. E passes para os dois tentos alvinegros.
O desempenho do Gordo, que participou muito mais do jogo, foi uma das coisas positivas da noite, além da vitória e da manutenção na zona de classificação. As boas novas continuam com o gol marcado por Dentinho, que fez um por jogo nas últimas cinco partidas. Foi também o gol de número 10 mil na história do Corinthians. Legal que a honra tenha ficado para o garoto, que está jogando muito.
Também valeu o golaço de Roberto Carlos, um foguete na forquilha, primeiro do lateral com a camisa do Timão. RC vem jogando cada vez melhor, e ontem parece que foi bem. Que continue na ascendente.
Na quarta-feira, o alvinegro viaja pega o Cerro Porteño-PAR, às 21h50, em Assunção, pela última rodada do primeiro turno da Taça Libertadores. Dentinho, que saiu machucado, já está liberado, bem como Tcheco, Alessandro e Danilo. Vamos ver que surpresas Mano Menezes reserva para a Fiel Torcida.
Chego ao escritório agora pela manhã e me deparo com a notícia da morte do músico, cantor e compositor Johnny Alf, aos 80 anos. Quando o entrevistei, há menos de dois anos, em Santo André (cidade na qual se recuperava em tratamento de câncer e onde veio a falecer), já notava-se que não teria muito tempo de vida. Mas o que mais me impressionou, na ocasião, foi o misto de tristeza, orgulho e resignação de seu olhar cansado e de suas respotas lacônicas. Ele sabia quem era, não precisava dizer.
Na época, Alf ensaiava com um maestro e um coral improvisado no auditório do Hospital Estadual Mário Covas, onde faria uma pequena apresentação com o também músico (e fã) Toquinho. Apareceu em uma cadeira de rodas, com um colete protetor (reproduzo acima imagem daquele dia feita pelo amigo fotógrafo Luciano Vicioni, do jornal ABCD Maior). Estava sereno, calmo, como quem achasse curioso que mesmo o espetáculo do próprio declínio despertasse a avidez da mídia e dos holofotes, coisas que haviam sido rotina em um passado muito longínquo. Na matéria que fiz depois para a Revista Fórum, contrapondo o sucesso e endeusamento de João Gilberto com o decadente ostracismo de seu amigo e ídolo Johnny, tentei passar um pouco daquela impressão que Alf me deixou. Quando perguntei se o fato de ter vindo trabalhar em São Paulo em 1955, pouco antes de a Bossa Nova explodir, poderia ter ofuscado sua importância histórica, respondeu:
“Não creio que houve um desencontro”, defende-se o artista, como se perdoasse, com uma dose de parcimônia, a curiosidade dos jovens que o cercam no auditório do hospital. “Eu achava o pessoal do Rio meio confuso e quando caí em São Paulo vi organização. Fiquei por aqui mesmo”, diz Alf, com simplicidade.
No livro "Chega de Saudade", de 1990, Ruy Castro diz que Ronaldo Bôscoli ainda tentou resgatar Johnny Alf para o movimento, como quando, no primeiro show oficial da turma, em maio de 1960, no Rio, o apresentou como alguém que fazia Bossa Nova "há dez anos". Mas a juventude presente ali na Faculdade de Arquitetura da Praia Vermelha queria mesmo era ouvir João Gilberto, daí explica-se que, segundo Castro, o desconhecido - e assustado - Alf tenha aparecido de porre (o que justifica o marcador "cachaça" neste post) e desafinado um pouco em sua tímida apresentação - o que não contribuiu em nada para sua aceitação. "Não me juntei com eles. O fato é que me chamavam, eu não ia lá. Nunca fui muito de grupo", justificou, quando o entrevistei.
Nas décadas seguintes, apesar do absoluto reconhecimento no cenário internacional e de ser unanimidade entre os colegas músicos, Alfredo José da Silva (esse era seu verdadeiro nome) seguiu uma trajetória discreta e excluída do consumo de massa. O que nunca vão dizer com todas as letras é que o fato de ser negro e homossexual contribuiu decisivamente para sua exclusão no mercado brasileiro. Um fato emblemático foi o escândalo provocado pelo disco "Nós", lançado pela EMI em 1974, em plena transição entre os truculentos governos dos generais Emílio Médici e Ernesto Geisel, em que Alf aparece na capa com uma roupa colorida e, ao fundo, caminhando em sua direção, um homem.
De qualquer forma, sinto agora uma espécie de "dever cumprido" por ter destacado sua importância, em uma revista de circulação nacional, antes das manjadas condolências que toda a mídia deverá prestar na hora de sua morte. E termino o post com o trecho de uma canção pouco conhecida de Vinicius de Moraes e Toquinho, de 1975, que fala de um solitário com o mesmo nome de batismo de Johnny Alf. E que descanse, finalmente, em paz.
Um homem chamado Alfredo
O meu vizinho do lado
Se matou de solidão
Abriu o gás, o coitado
O último gás do bujão
Porque ninguém o queria
Ninguém lhe dava atenção
Porque ninguém mais lhe abria
As portas do coração
Levou com ele seu louro
E um gato de estimação
Há tanta gente sozinha
Que a gente mal adivinha
Gente sem vez para amar
Gente sem mão para dar
Gente que basta um olhar
Quase nada
Gente com os olhos no chão
Sempre pedindo perdão
Gente que a gente não vê
Porque é quase nada
O Palmeiras perdeu mais uma, a quarta do campeonato Paulista. Mais uma seguida, novamente para um time do ABC, por 3 a 1. O algoz foi o Santo André, que jogou melhor, mesmo com uma proposta de contra-ataques. Uma campanha medíocre, que tem apenas quatro vitórias e outros quatro empates.
A defesa alviverde deu sopa e o Ramalhão não desperdiçou a possibilidade de se consolidar na segunda posição, seis pontos à frente do São Paulo, o terceiro. A vitória do Santo André teve até gol de letra de Rodriguinho, aos 17 do segundo tempo.
Marcos, o Goleiro, falhou no segundo gol e saiu do jogo prometendo pendurar as chuteiras (ou as luvas) no final da temporada. Como se fosse o problema estivesse com camisa 12 e debaixo das traves.
O mais interessante é que a frase dele foi: "Só sei que a torcida do Palmeiras pode ficar tranquila, porque o sofrimento comigo em campo só vai até o fim do ano". O "sofrimento comigo em campo" deve ser do próprio Marcos, ao ver o time apático.
Com Diego Souza e Cleiton Xavier desmotivados e longe das melhores condições, o time não rendeu mais quando Marquinhos substituiu o camisa 10 nem quando o meia Ivo entrou no lugar do lateral-direito Eduardo. Cleiton Xavier saiu com contusão no tornozelo e Diego Souza, expulso.
Parece que o clima anda péssimo no Palestra Itália. Marcos se afastou da rodinha na hora do intervalo, Diego se descontrolou, o time não rendeu. Dureza. Só está claro que o problema não era o técnico.
Após um primeiro tempo meia boca e um segundo horrível, o Tricolor do Morumbi, na tarde de domingo, no estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, se absteve de jogar e parecia acomodado com o placar mínimo conquistado no começo da partida contra o Santo André. Enfim, voltou do interior paulista com um resultado frustrante: 1 a 1.
O jogo
Nos 45 minutos inciais, o São Paulo foi melhorzinho que o adversário e fez 1 a 0, com Jean, aos 8min. Em contra-ataques, teve duas chances de ampliar, ambas com Dagoberto. Já o Ramalhão, conseguiu somente uma oportunidade, em falta cobrada por Marcelinho Carioca. Ah, sim. Logo no início do jogo, Miranda deu um carrinho dentro da área são-paulina, tocou na bola e em seguida atingiu o veterano volante Fernando, gerando o lance polêmico da peleja. Pênalti? Eu não marcaria.
No segundo tempo, a partida foi medonha. Ricardo Gomes teve que substituir Richarlysson, machucado. Zé Luís entrou para compor a meia cancha e o São Paulo perdeu espaço. Borges também saiu e Washington adentrou o campo para fazer o velha troca do “seis por meia dúzia”, ou seja, a inoperância pela ineficiência. E, aos 27, Pablo Escobar fez o gol da equipe do ABC, que ocorreu nem tanto por mérito, mas porque o Tricolor pediu para tomar o empate de um time fraco, que luta para não ser rebaixado e que não jogava sequer em seu campo, aliás, como era de se esperar, a maioria esmagadora do público presente ao estádio foi são-paulina.
Marlos chegou a entrar para tentar dar velocidade ao ataque, mas os atletas tricolores não tiraram nem mesmo um grito de “uuuuu” dos torcedores. Total falta de criatividade e ousadia. Resumindo: com todas as condições de assumir a liderança provisória do Brasileirão, o time foi covarde, ficou longe de uma atuação de campeão e saiu de campo depois de um empate ridículo contra um adversário igualmente ridículo e de quem não conseguiu ganhar neste ano (foram dois empates e uma derrota).
No “Gangorrão 2009”, a coisa só não decepcionou mais porque o Inter perdeu do Vitória no sábado e o Palmeiras, que também não está jogando com exuberância, pega o Cruzeiro, na próxima quarta, em Belo Horizonte, numa partida que deve ser dura para o Alviverde.
Eu já deixei - há tempos - de ter a esperança de ver esse time do Santos encantando no Brasileirão. E acredito que a maior parte da massa peixeira me acompanha nessa constatação. Então, nada mais a dizer sobre o jogo de hoje senão o seguinte: valeu pelos três pontos.
Santos e Santo André fizeram um jogo chato de se assistir, essa é a verdade. O Ramalhão mostrou o porquê da aparentemente irreversível decadência que vive no Campeonato. E o Santos foi aquilo que já sabemos.
Galo e Santo André mostraram em campo porque um está agora na zona de rebaixamento e outro ficou seis jogos sem ganhar. Foi uma pelada digna da qualidade do gramado, que deveria ter terminado em menos 1 a menos 1 para cada time. Coitado de quem gosta de futebol.
O Ricardo do parceiro Retrospecto Corintiano descreveu o Corinthians dessa partida como "um time em reconstrução". Espero que ele tenha razão, ainda vejo apenas o time destruído. Para a descrição do jogo, recomendo clicar no link dele. Eu, por conta do trabalho, acabei não vendo o primeiro tempo e vendo mal o segundo (quer dizer, por cima da tela do laptop, enquanto trabalhava).
Mas foi o suficiente para me dar conta do nível da pelada. Os dois times perdendo muitas bolas bestas no meio de campo, às vezes até em seu campo defensivo, e sem conseguir articular jogadas realmente perigosas. (Depois, nos melhores momentos, vi que Felipe fechou o gol no primeiro tempo, o que nos salvou de um resultado deveras humilhante.) O resultado não podia ser outro: dois gols de bola parada, empate em 1 a 1. Valeu apenas pela belíssima falta batida pelo veterano Marcelinho Carioca, mostrando que não esqueceu sua maior arte.
Deu tempo de ver ainda a expulsão estúpida de Dentinho, que cavou o próprio amarelo por reclamação. Sem ele, a coisa fica ainda mais feia no próximo jogo. E é precio considerar ainda que este era um jogo que o Corinthians teoricamente tinha que ter aproveitado para fazer pontos... teoricamente. Na prática, acho que é isso o que vamos ver por um bom tempo, um Corinthians que vai se segurando como pode.
Depois do Atlético-MG, a manhã de domingo encontra um novo líder do brasileirão. O Palmeiras venceu o Santo André por 1 a 0, placar construído no primeiro tempo, por Diego Souza. Foi a quarta vitória seguida de Jorginho em cinco partidas, sem conhecer o que é derrota.
Se Internacional ou Atlético-MG vencerem, podem passar o alviverde paulista. Assim como os mineiros, o desempenho das últimas temporadas mina um pouco a credibilidade de que a equipe terá capacidade de manter essa regularidade. Como não há um time mostrando um futebol regular nem um de campeão, a liderança e posições próximas a ela devem ser comemoradas.
Cleiton Xavier foi bem, assim como o autor do gol. Wendel e Armero parecem ter resolvido os problemas do time pelas laterais. Edmilson, atuando como volante garante mais qualidade ao meio campo do quase efetivado no cargo Jorginho.
É curioso constatar que os jogadores mostram disposição a toda prova. Pierre continua a ser Wendel sempre foi esforçado, mas também limitado. Agora, ofensivamente, é uma alternativa e tanto, além de tapar o outrora esburacado lado direito. O camisa 7 Diego Souza e o 10 Cleiton Xavier estão acordadíssimos do começo ao fim. Obina e Ortigoza, titulares do ataque com a sombra de Willians, também. Pierre é o segundo maior ladrão de bolas do campeonato e Maurício mostra uma estabilidade que a zaga verde não conhecia desde Henrique.
Por isso, quando o Marcos, o Goleiro, pede definição da diretoria, parece que o plano do elenco é continuar a ajudar o treinador.
Então, fica, Jorginho, ué?!
Participações inusitadas
Do lado do Santo André, dois jogadores merecem destaque por motivos inusuais. Marcelinho Carioca foi decisivo por fazer uma falta forte em Diego Souza na primeira etapa. Cobrada por Cleiton Xavier para Obina, para a bola sobrar para o mesmo Diego fazer o gol. Para quem costumava decidir a favor do seu time, é divertido que tenha permitido a criação do lance mais importante para a partida do time adversário.
O outro foi Pablo Escobar, boliviano homônimo do comandante do Cartel de Medelín morto em 1993 e dono dos hipopótamos agora mortos. Apesar da aparente vitalidade que garantiu ao time de Sérgio Guedes no início do segundo tempo, ele não chegou a chamar mais atenção pelo futebol do que pela alcunha.
Sempre vem o velho acacianismo que diz que é muito cedo analisar um campeonato na sétima rodada, mas o torcedor do Bugre tem motivos de sobra pra se animar com a campanha do time na Série B. Invicto e líder com 19 pontos, o reformulado Guarani de Osvaldo Alvarez, rebaixado no Paulista, tem o mesmo aproveitamento do Corinthians na mesma altura da competição em 2008.
A diferença entre ambos é que o Timão perdeu os 100% de aproveitamento contra a Ponte Preta justamente na sétima rodada. Curiosamente, o mesmo time batido pelo Guarani no fim de semana. O Alviverde perdeu tal condição no sábado retrasado, contra o Vasco, um dos favoritos da Segundona neste ano.
O Santos empatou com o Santo André em 3 a 3, na casa do adversário. Por um lado, foi um resultado ruim porque o time esteve três vezes à frente do placar e cedeu o empate, mesmo jogando com um atleta a mais durante quase metade do segundo tempo. Por outro, até ficou no lucro porque o árbitro não deu pênalti na jogada de Fábio Costa, o Menino Maluquinho, em Gustavo Nery (aliás, o comentarista maldoso pode dizer que o goleiro santista deu uma força ao time do ABC por tirar o lateral do jogo...).
Mas, durante a partida e depois dela, é interessante notar a reação dos torcedores peixeiros no chat do Santista Roxo. A procura por culpados foi geral. Sobrou pra Fabiano Eller, que estaria jogando com “má vontade”, para Luizinho, lateral fraco (de fato) cuja escalação seria prova de “burrice” de Vágner Mancini, e também espirrou lama no próprio técnico alvinegro.
Falta ao torcedor refletir um pouco. Mancini tem seus erros, mas acerta mais do que erra, dado que tem poucas opções no elenco como já dito outras vezes aqui. Luizinho, o lateral-direito que era reserva no Flamengo, foi contratado no fim do ano passado, na “gestão” Márcio Fernandes. À época, Ocimar Bolicenho, o chapa do “gênio” Luxemburgo, declarou: “O Luizinho se encaixa dentro do que falamos de situações de rápida resolução.” Grande resolução... Mas, por pior que o lateral seja, jogar estando à sombra de um atleta encostado que chega à Vila, Wagner Diniz, enquanto o Santos tenta contratar outro proscrito, Fabinho Capixaba, deve atrapalhar a cabeça de qualquer um. Além de limitado, não tem as melhores condições para trabalhar.
Fabiano Eller também não deve pular de alegria. Esteve em uma lista de dispensas e foi praticamente oferecido ao São Paulo, mesmo sendo titular do Santos. Sua imagem foi incinerada pela diretoria e ainda teve que negociar uma redução de salário para ficar. Qualquer um que enfrentar uma situação dessas no seu emprego não deve se sentir muito bem, acredito. O jogador não é nenhum craque, sempre foi deficiente na jogada aérea, não só ontem, mas merecia um pouco mais de respeito da parte de seus empregadores. Mas respeito parece ser uma palavra fora de uso no andar de cima da Vila Belmiro.
E Mancini, que tem um banco de reservas precário e ainda enfrenta uma diretoria que trabalha muitas vezes pelas suas costas, algo que ficou claro no caso Eller, tem que lidar com um time em formação e com o elenco aparentemente dividido. Nesse contexto, tem se virado como poucos, dirige a equipe com o melhor ataque do campeonato e ainda está invicto. Se pudesse, provavelmente mandaria embora alguns pseudo-ídolos que não tem rendido nada há tempos e não são bem quistos pelos colegas. Mas não pode.
Sinceramente, tirando o amor à camisa, a entrega e blablabla, quem se sentiria bem em trabalhar em um lugar assim? A propósito, o clube neste quesito está longe de ser uma exceção no futebol brasileiro, vai ver que é por isso que tem gente que prefere jogar no Qatar do que aqui...
Como faz diferença quando se entra em campo com a melhor escalação possível... Ao contrário de domingo, Vágner Mancini colocou Madson e o jovem Paulo Henrique como titulares, deixando fora Roni e Lúcio Flávio. Assim, o Santos foi ao mesmo tempo consistente no meio de campo – ora Neymar, ora Madson recuavam para buscar a bola – e leve, com triangulações e passes rápidos.
E foi a segunda vez na Era Mancini que o time jogou bem no primeiro tempo. Em que pese o Santo André ter tido a primeira chance de gol - e única dele na etapa inicial -, o Alvinegro dominou e foi em uma jogada de Neymar, pela esquerda, que o placar foi aberto. Madson conseguiu um chute improvável, pela pequena distância entre o pé de apoio e a bola.
O segundo saiu de quem menos se esperava. Triguinho, que vem atuando mal, estava posicionado para atuar quase como um terceiro zagueiro, função que exerceu em outras partidas muito por conta do pífio desempenho à frente. Mas Kléber Pereira fez o trabalho de pivô e deu de bandeja o tento para o lateral.
É claro que o Santo André tentou pressionar na segunda etapa. O treinador Sérgio Guedes pedia para seus laterais avançarem. Mas como, se Neymar estava nas costas de um ou de outro? E um drible da vaca aplicado em Elvis dentro da área, que resultou depois em uma chance de gol de Rodrigo Souto, mostrou aos andreenses que com aquele moleque em campo, chamando jogo, o empate era impossível. De novo, apanhou, foi intimidado, mas de nada adiantou.
Por justiça, o terceiro seria dele. Bela jogada de Madson pela direita e o garoto recebeu na área. Três jogadores na frente, mas Neymar não se enervou. Olhou, chutou de forma sutil, fora do alcance do zagueiro e do goleiro. O jogo acabava ali. E daí que ainda tinham mais dois terços do segundo tempo? O rival desmoronou, sem moral, sem esperança. E logo depois, quando o meniono saiu, sentindo dores no pé esquerdo por conta de uma pancada ocorrida na partida contra o Rio Branco, o interesse da peleja caía a quase zero. E depois da substituição de Paulo Henrique, que ainda dava à partida algo de imponderado, era mais importante secar a Portuguesa, que ontem só conseguiu permanecer no G-4 graças a um erro de arbitragem. Quem diria, hein...
Com o empate luso em casa, contra o Mirassol, o Santos fica a um ponto da zona de classificação. Tem mais duas “finais” contra Barueri, no sábado, e Lusa, no meio de semana. E é nesse clima de decisão, uma atrás da outra, que o santista poderá saber o que esperar da equipe no Brasileirão. Que mais andorinhas façam companhia a Neymar.