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Foto: Wara Vargas |
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Cena de Escalera al cielo, que inspira nomes na Bolívia |
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Foto: Wara Vargas |
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Cena de Escalera al cielo, que inspira nomes na Bolívia |
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Neymar botou dois na conta e uma bola na trave (Foto: Aizar Raldes/AFP) |
Desde criança, conheço a advertência de que "2 a 0 é resultado perigoso". No sentido de que, além de o time relaxar em demasia após o segundo gol ("Ah, já tá ganho..."), o placar supostamente mexe com os brios do adversário, que parte para o "tudo ou nada". Pois bem, ontem, em La Paz, o São Paulo aumentou a conta desse dito futebolístico para 3 a 0. Os primeiros 34 minutos de jogo contra o Bolívar, na partida de volta da pré-Libertadores, foram perfeitos: o time marcou sob pressão no campo do adversário, roubou a bola dezenas de vezes, fechou a defesa com excelente posicionamento, botou os bolivianos na roda no meio-campo e chegou ao ataque com velocidade, inteligência e toques de primeira. Três gols foram pouco.
Aí é que veio o perigo. Considerando que o jogo de ida, no Brasil, havia sido 5 a 0 para o Tricolor, o São Paulo simplesmente parou de jogar bola. Ainda mais porque, pelo critério de gol fora de casa, o Bolívar teria que marcar 9 vezes para eliminar os brasileiros da competição. Era muito, mas eles souberam aproveitar a desistência dos sãopaulinos na partida para virar o placar e assustar torcedores cardíacos. O Bolívar fez o primeiro ainda na etapa inicial e entrou no segundo tempo voando baixo. Resultado: virou o jogo para 4 a 3, obrigou Rogério Ceni a fazer pelo menos três defesas difíceis e, fosse o time boliviano um pouquinho melhor, teria feito o 7º e o 8º gols, tranquilamente. O São Paulo não jogou o segundo tempo.
A propalada altitude de La Paz (3.660 metros) pode até ter esgotado alguns jogadores brasileiros. Mas não serve como desculpa: a acomodação e o "já ganhou" foram as causas principais. Os atacantes sumiram, a dupla de volantes sumiu, a zaga bateu cabeça, o time todo só assistiu a correria do Bolívar. Isso é preocupante para a fase de grupos, quando o São Paulo irá novamente a La Paz, enfrentar o The Strongest. E cabe, aqui, uma única crítica a Ney Franco, sobre a escalação de Douglas. Ele não pode ser titular - nem como lateral-direito e muito menos como ponta - e deveria ter sido substituído já na virada para o segundo tempo. Entre os destaques, fico com o Osvaldo, pela primeira etapa, e Cortez, pela partida toda.
Em Sucre, a 2.750 metros do nível do mar, o Palmeiras venceu o Universitário na partida de ida das oitavas-de-final da Sul-Americana. Foi por 1 a 0, gol de Marcos Assunção, de falta, ainda na primeira etapa.
Os visitantes tiveram um segundo gol anulado incorretamente no segundo tempo, conferido por Lincoln, que havia entrado no lugar do contundido Valdívia. Rivaldo ainda sofreu um pênalti, devidamente ignorado pela arbitragem.
A partida em si foi sofrível, e olha que ninguém pode culpar a tal altitude. Desde segunda-feira (11) na cidade, os palmeirenses celebraram o dia da criança e de Nossa Senhora Aparecida em território boliviano. Quem esteve em campo correu até o final.
Contra o chileno Colo-Colo e o paraguaio Cerro Porteño, o penúltimo colocado no campeonato boliviano usou bem o mando de jogo para se dar bem. Assim, vencer no país de Evo Morales é um passo importantíssimo na única competição que permite à representação de Palestra Itália sonhar com a Libertadores da América de 2011.
Gabriel Silva, lateral-esquerdo, foi bem, talvez inspirado pela camisa 10 que vestia – por uma questão de inscrição na competição. Lincoln também entrou bem, fazendo o meio de campo praticamente sozinho. Fabrício, quando entrou, também apresentou-se corretamente, apesar de ter tomado cartão amarelo por ter sido marcada uma falta que ele não cometeu.
Os bolivianos têm um time bem fraco e limitado. A retaguarda verde-limão-siciliano parecia rainha das bolas antecipadas. Muitos passes curtos ou tortos facilitaram a vida da marcação. E olha que o time vermelho teve duas ótimas chances, uma que parou nas mãos de Deola e outra tirada por Rivaldo no susto.
Não foi divertido ver um time tão limitado impondo pressão sobre o Palmeiras. Mas fazia parte do script de Luiz Felipe Scolari. Que até deu certo.
Depois de chamar o Mercosul de “farsa” e comprar briga com a Argentina, depois de reiterar sua, digamos, visão pessoal sobre a relação entre as camisinhas chinesas e as galinhas, o presidenciável tucano José Serra atacou de novo. A vítima agora foi a Bolívia, em especial o governo daquele país, presidido por Evo Morales. Serra declarou na tarde desta quarta-feira, em entrevista à rádio Globo, no Rio de Janeiro, que o governo da Bolívia é "cúmplice pelo narcotráfico no Brasil".
"A cocaína vem de 80% a 90% da Bolívia, que é um governo amigo, não é? Como se fala muito", disse, numa tentativa de ironizar o governo brasileiro. "Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disto. Quem tem que enfrentar esta questão? O governo federal", declarou Serra.
Depois de tantas crises internacionais seguidas ainda como candidato, parece que diplomacia não seria o forte de um possível governo do tucano.
O candidato ao governo do departamento (estado) de La Paz, Félix Patzi, foi condenado a fabricar mil tijolos de adobe por dirigir embriagado. A sentença não foi do Judiciário Boliviano, mas da comunidade indígena aimará a que pertence o ex-ministro da Educação e aliado de Evo Morales. No domingo, Patzi pediu desculpas ao presidente na TV pela presepada.
Foto: Wikipedia
O Brasil perdeu para a Bolívia por 2 a 1 em La Paz. Todos os jogadores, mais o técnico Dunga foram unânimes em afirmar que a culpa foi da altitude.
Diego Souza jogou nada. Tardelli, no segundo tempo, correu. Ramires, Maicon e Daniel Alves devem ter ganho pontos com Dunga por se mostrarem aplicados trabalhadores, mesmo no nível das nuvens.
Perder para a Bolívia em La Paz por 2 a 1 é ruim. Aceitar que toda a culpa foi da altitude, é pior. Ter de ouvir Galvão Bueno elogiar Ricardo Teixeira por ter sido o único presidente de federação sul-americana a se posicionar contra partidas na altitude, é muito pior.
Pelo menos não foi de seis. Também não é ruim Dunga não virar referência como técnico invicto por tanto tempo no comando da seleção. Se o Fora Dunga! é mantido apenas por esporte, isso também não quer dizer que seja o técnico dos sonhos.
Na última partida das eliminatórias, o Brasil enfrenta a Venezuela com Kaká e Luís Fabiano em Campo Grande. Se tivessem jogado os titulares, a seleção teria feito muito melhor? Tenho dúvidas...
Recentemente, estive por duas vezes na Praça Kantuta (à direita), reduto da comunidade boliviana que vive em São Paulo - em breve, a revista Fórum publicará a reportagem que fiz. A feira dominical mantida naquele espaço há 6 anos e meio é frequentada, maciçamente, por imigrantes bolivianos das classes mais populares (muitas vezes em situação irregular), que foram atraídos pelos empregos e subempregos da indústria de costura e confecção. O cônsul da Bolívia em São Paulo, Jaime Valdivia, me disse textualmente que a Kantuta é freqüentada pelo "povão". Talvez por isso eu tenha me identificado logo de cara.
Alguns indícios, na feira, me fizeram traçar um paralelo interessante entre os gostos e opções do povão de lá e o do Brasil: futebol, política e cerveja. De origem indígena e humilde, o presidente Evo Morales é celebrado em todos os cantos, em fotos, calendários e cartazes de apoio - assim como Lula no Brasil, que também tem origem pobre e goza de muita popularidade entre as classes econômicas mais baixas. E, tal como no Brasil, o futebol é onipresente entre os bolivianos. Na Kantuta, além dos campeonatos (masculino e feminino) que se desenrolam todos os domingos na quadra central da praça (foto acima), é nítida a ligação de todas as pessoas com o esporte mais popular do mundo.
Mesmo nos cartazes de Evo Morales, o chefe da Nação aparece muitas vezes envergando a camisa do Litoral, time da segunda divisão pelo qual jogou em 2008, ou mesmo abraçado ao ídolo Maradona (reprodução ao lado). Entre as camisas de times bolivianos vendidas nas barracas, mais que os uniformes dos tradicionais Bolívar, The Strongest ou Jorge Wilstermann, a camisa exposta com maior destaque é a do San Jose (acima, à direita), time de coração do presidente vizinho. Da mesma forma, o que não falta entre os fequentadores é a camisa do Corinthians, time de Lula e de torcida predominante na Zona Leste de São Paulo, onde se concentra a maior parte dos 100 mil bolivianos que habitam a cidade.
Quanto à bebida, apesar de muitos bolivianos gostarem de singani, algo semelhante à cachaça, nossa mania nacional, a pedida na feira geralmente é cerveja - o combustível do povão. E penso, particularmente, que eles fazem a melhor Pilsen que já provei na vida: Paceña (foto à esquerda). Conheci essa cerveja em 1989, quando Lula disputou pela primeira vez a Presidência. Um de meus cunhados, que trabalhava em São Paulo, costumava levar para o interior cervejas importadas que só eram encontradas na capital, para que meu pai e eu experimentássemos. Foi nessa época que conhecemos a holandesa Heineken, a estadunidense Budweiser e a mexicana Tecate, entre muitas outras. Mas a boliviana Paceña, de forma unânime, tornou-se nosso "padrão" de cerveja boa.
Encorpada, com cheiro e gosto de chope (só que mais acentuado), boa espuma e paladar que permanece. Sempre que bebo Paceña fico mal acostumado, torcendo a língua para as Brahma e Skol da vida. Pois é isso: todo domingo, das 11h às 19h, na Praça Kantuta, bairro do Pari (rua Pedro Vicente, a 700 metros da estação de metrô Armênia), o povão brasileiro pode se confraternizar com o povão da Bolívia, no melhor clima de descontração e amizade. Orgulhosos de nossos presidentes (detalhe de calendário acima) e prontos para celebrar o futebol com uma cerveja estupidamente gelada. E com democracia, lógico! Afinal, nem todo mundo torce para o San Jose ou para o Corinthians. A Kantuta recebe todos com o mesmo aconchego e respeito. Até lá!
Ps.1: Amanhã, 8 de fevereiro, haverá na praça a tradicional festa de carnaval "Diablada".
Ps.2: Não percam a reportagem sobre a Kantuta na próxima edição da revista Fórum , que destacará ainda o Fórum Social Mundial de Belém (PA).
A notícia é real. O presidente de Bolívia, Evo Morales, está inscrito como jogador da segunda divisão do seu país e faz parte do elenco do Litoral. O "atleta", que tem 48 anos, decidiu jogar profissionalmente como uma forma de fazer campanha a favor da prática do futebol na altitude e contra o veto da Fifa aos estádios como os de La Paz para partidas internacionais.
A equipe do Litoral pertence à polícia nacional e o capitão Juan Carlos Apaza, também diretor do clube, confirma que o presidente-jogador deve estrear contra o Deportivo Zuraca no próximo sábado. Na segunda divisão do futebol boliviano podem atuar apenas atletas com até 26 anos de idade, abrindo-se exceção para dois jogadores por equipe.
O técnico do Litoral Elmer Pardo disse ao diário La Prensa que "é uma honra" queMorales tenha concordado em jogar pela equipe e tem a esperança de que o presidente em "algum momento se apresente" aos treinos "a fim de avaliar especialmente a parte física". "Creio que está em boa forma porque joga sempre", disse Pardo ao elogiar o rendimento físico do político.
Pra quem nunca viu o boliviano jogando, é só conferir o vídeo acima do amistoso entre um combinado de seu país contra um time comandado por Maradona. O prélio foi disputado no último dia 17, a 3.577 metros de altitude, e o astro argentino declarou à imprensa local: "Com 47 anos demonstrei que se pode jogar aqui. Nem a FIFA, muito menos Blatter podem proibir que alguém jogue onde nasceu."
Continuando a série "há coisas mais importantes do que futebol", do post do Glauco abaixo.
Quem está interessado em crise energética, acordo de gás Brasil-Bolívia (origens), "desestatização" do setor de energia elétrica (no governo FHC), os riscos ou não de um novo apagão, a importância da Petrobras ainda hoje, a oposição histórica (ainda hoje, pois a história é longa) entre os ideários Getúlio Vargas x FHC (e Lula depois disso) etc, enfim, quem tiver interesse no tema leia o dossiê "Energia – o espectro liberal", na revista CartaCapital desta semana, 5 de setembro (n° 460). Vale (do Rio Doce) a pena. Com o perdão do trocadalho.