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Há quatro anos, no dia 8 de agosto, a Olimpíada de Pequim apenas se iniciava. Era um tempo em que a Globo detinha os direitos, e não a Record. Faz tempo, né?
Agora, em 2012, na edição londrina da competição, sem superstições do materialismo maoísta, a quarta-feira representa o 14º dia de competições; estamos a apenas cinco do dia de encerramento.
Uma data assim meio cabalística é ótima para enfrentar rivais como os argentinos. Mandinga a postos, porque os hermanos são os adversários em duas modalidades coletivas masculinas, o vôlei e o basquete, ambas nas quartas de final, às 10h e às 16h, respectivamente. Os papéis, aliás, se polarizam de um jeito até estranho.
Em 2004 os campeões olímpicos de saques, manchetes e cortadas foram os brasileiros. Nos mesmos longínquos jogos de Atenas, quando o objetivo foi fazer cestas, o ouro ficou com os conterrâneos de Cristina Kirchner. Em 2008, nem o time de Bernardinho nem os argentinos no basquete deram-se lá muito bem. Hoje, tudo é diferente.
Após duas semanas querendo só assistir Olimpíada sem ter de voltar para trabalhar, o torcedor vê o Brasil com oito medalhas acumuladas. Tem uma no futebol masculino e outra no vôlei de praia garantidas -- falta definir o vil metal de cada uma. E Juliana e Larissa disputam o bronze com as chinesas Xue e Zhang nesta quarta, 8.
No boxe, em que mais dois discos metálicos estão assegurados. Adriana Araújo volta ao ringue contra Sofya Ochigava, da Rússia, por uma vaga na finalíssima de quem tem até 60 quilinhos, às 10h15. Às 18h30, Yamaguchi Falcão encara o cubano Julio La Cruz, pelas quartas de final, mas dos de até 81 quilos.
No atletismo, dois brasileiros estão em semifinais dos 200 metros rasos. Bruno Lins vai à raia às 16h10. Apenas oito minutos depois, Aldemir Gomes corre pela representação verde-amarela. Fábio Gomes vai tentar, no salto com vara masculino, fazer o inverso de Fabiana Murer.
Luiz Alberto será o brasieiro no triatlo, competição que remete a um certo jogo de Atari para boa parte dos leitores de 30 a 40 anos. Se o ancestral dos games só provoca saudosismo e LER/Dort, o torcedor pode almejar por um azarão.
"brasileiríssima" estirpe de Baloubet du Rouet
E por usar terminologia cara ao turfe, os cavalos olímpicos também têm vez. Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, e Rodrigo Pessoa, o eterno montador de Baloubet du Rouet, vão à luta às 8h e às 10h55 em busca de medalhas individuais no hipismo. Cabe notar que, atualmente, eles montaoxem Rahmannshof’s Bogeno, filho do Baloubet du Rouet, e o mexicano Rebozo, respectivamente. O fantasma a ser exorcizado é o que assolou Maestro St. Louis na segunda. Então, viseira em posição, e vamos olhar para frente (que trocadalho infeliz).
Horários das competições
Salto com vara masculino - Fábio Gomes - às 6h
Decatlo masculino - Luiz Alberto - 100m rasos às 6h26; salto em distância às 7h10; arremesso de peso às 9h10; salto em altura às 14h; 400m rasos às 17h38.
200m rasos - Bruno Lins na semifinal às 16h10; Aldemir Gomes na semifinal às 16h18
Vôlei de Praia feminino - Juliana e Larissa x Xue e Zhang, disputa de bronze
Vôlei Masculino - Brasil x Argentina, às 10h, quartas de final
Basquete Masculino - Brasil x Argentina, às 16h, quartas de final
Boxe - Adriana Araújo x Sofya Ochigava na semifinal de até 60kg às 10h15; Yamaguchi Falcão x Julio La Cruz na semifinal de até 81kg às 18h30
Hipismo - Doda e Rodrigo Pessoa (ou seria Rahmannshof’s Bogeno e Rebozo?) às 8h
Ciclismo - Squel Stein pedana no BMX feminino às 11h; Renato Rezende, no BMX masculino, sobe na magrela às 11h40


Fui convidado para escrever sobre Fórmula-1 neste site. Mas peço licença a vocês e ao Felipe Massa, que venceu sem contestação o GP da Europa (prova chatíssima disputada no belo circuito de rua de Valência), para falar um pouco sobre a campanha olímpica do Brasil em Pequim. Como alguns de vocês sabem, no último ano, por questões profissionais, mergulhei nas entranhas da estrutura que administra o esporte olímpico brasileiro. E dessa imersão tirei algumas conclusões que talvez ajudem a explicar o nosso desempenho apenas razoável na China (aliás, em todos os jogos anteriores), como bem definiu o presidente Lula (acima) no "Café com o presidente" de hoje.
Vamos a elas: nunca o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) recebeu tantos recursos e investimentos, sejam eles privados ou estatais, num ciclo olímpico. No total, passaram pelas mãos de Carlos Arthur Nuzman (à direita), presidente do COB, & companhia (leia-se: presidentes de confederações), cerca de R$ 1,2 bilhão. A maior parte desse dinheiro veio da Lei Piva, que destina 2% da arrecadação das loterias para COB, para as confederações de cada modalidade esportiva e para o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) - se bem que este último leva apenas 15% do bolo.
Como se nota, o problema deixou de ser a falta crônica de recursos e passou a ser a gestão deles. O COB, que tem como fonte própria apenas as verbas dos seus patrocinadores, administra esse dinheiro alheio como bem entende. O resultado disso é que esportes sem muita expressão e visibilidade acabam recebendo migalhas. São modalidades como tiro esportivo (à esquerda), lutas, levantamento de peso e tênis de mesa, só para citar algumas, que, para outros países, são verdadeiras usinas de medalhas. Por isso, se quiser ser uma potência olímpica, o Brasil terá que olhar mais para os esportes nanicos.
Como maior financiador do esporte de alto rendimento no país, o governo federal não pode se omitir da tarefa de fiscalizar e acompanhar o uso dos seus recursos, sejam eles diretos ou indiretos. Mas peralá: longe de mim defender uma intervenção federal na atividade. O que sugiro é a participação de todos os segmentos envolvidos, governo, COB, confederações e atletas, na decisão de como e onde aplicar esse dinheiro. O que não dá para aceitar é alguém administrando os bônus e repassando os ônus. Aí a vara quebra, o cavalo refuga, o uniforme encolhe e o país anda para trás na conquista de medalhas olímpicas (acima, à direita).

Volta e meia uma dúvida toma meus miolos encharcados. E essa semana, graças ao descomunal Michael Phelps (à esqurda), ela voltou a me fustigar. Quem teria sido, independentemente da modalidade que pratica, o maior esportista de todos os tempos? É claro que essa é uma contenda sublinhada por critérios subjetivos e relativos. Pelo índice CS (Chico Silva), o eleito seria alguém que fez em seu esporte algo que nenhum outro esportista em nenhuma outra modalidade repetiu. Antes do golden boy de Baltimore, que além de água clorada aprecia outros líquidos (em certa ocasião chegou a ser preso por dirigir sob o efeito deles), eu tinha três outros nomes em mente.
O primeiro era Michael Schumacher (à direita). Nenhum piloto em tempo algum se aproximou dos recordes e números deste sisudo alemão que reescreveu a história da F-1 moderna. O segundo é o surfista Kelly Slater. Se Schumacher abocanhou sete títulos na F-1, o surfista americano conquistou oito no WCT, o circuito mundial de surf. Só que, enquanto Schumacher passa o tempo dando pitos na Ferrari e caneladas nas peladas, Slater ainda rema para o outside. Ele é o atual líder do circuito e dá vigorosas braçadas para o seu nono título mundial.
O ultimo nome da minha lista era Roger Federer (à esquerda). O suíço obteve os melhores resultados da história em um esporte que teve gênios como Rod Laver, Björn Borg, John McEnroe, Jimmy Connors, André Agassi e Pete Sampras, entre outros. Tudo bem que, ultimamente, anda tomando coça do touro espanhol Rafael Nadal. Mas ninguém conquista 12 Grand Slams e fica por quatro seguidos na liderança do ranking da ATP por acaso.











