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terça-feira, junho 03, 2008

Porque Pepe não jogou em 58

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O companheiro Marcão, nesse post, contou a versão de Feola sobre a escalação de Zagallo na ponta-esquerda na Copa de 58, preterindo José Macia, o Pepe (foto), que ficou na reserva. O ponta santista, em entrevista da qual participei para a revista Fórum, não contradiz totalmente os argumentos de Feola, mas relata de forma mais completa como ocorreu a decisão do técnico entre escolher Zagallo, Pepe ou Canhoteiro. Ele também não descarta uma certa pressão para que Pelé e Garrincha fossem escalados. Eis a versão do "Canhão da Vila":

Convocação

Em época de Copa sou muito entrevistado e realmente me aborreço muito porque não joguei nem em 1958, nem em 1962. Antes da Copa de 1958 fizeram exames médicos mais rigorosos na Seleção e me pegaram com um problema na gengiva e nos dentes. Tive de fazer algumas extrações e perdi tempo, fiquei sem treinar por uns dez dias e o Zagallo começou a ganhar a posição.

A dúvida do Feola [Vicente, técnico da Seleção] era se ia cortar eu ou o Canhoteiro. E, no jogo contra a Bulgária, Feola optou por ele. Quando estava 1 a 1 e faltavam 20 minutos para acabar o jogo, eu entrei e mandei uma bomba no peito do goleiro. No rebote, o Pelé fez 2 a 1 e eu fiz o terceiro. Os jornais diziam que eu tinha assinado o passaporte para a Suécia.

Amistosos e contusão

Depois, teve um jogo de “desagravo” contra o Corinthians, porque Luizinho não havia sido convocado e a torcida não aceitava. Ganhamos de 5 a 0 e já joguei de titular e marquei 2 gols.
Viajamos para a Europa e fomos enfrentar a Fiorentina, ganhamos de 4 a 0 e fiz um gol. O fatídico jogo foi contra a Inter de Milão, o último amistoso antes de embarcarmos para a Suécia.

Estávamos ganhando de 2 a 0, quando parti com a bola dominada e um italiano me deu uma no tornozelo direito que cheguei a virar o pé. Desembarquei na Suécia de chinelo com o pé muito inchado. Com o tratamento, fiquei bom só na quarta rodada e o Zagallo já estava jogando com o time embalado.

A Copa do Chile

Em 1962, pensava “agora é comigo mesmo”. Depois de 1958, fui titular em 1959, 1960 e 1961 e aí veio a Copa. No Chile, tive novamente problema de contusão, estava treinando e de repente cresceu uma bola na minha perna. Fiquei fazendo tratamento e não consegui me recuperar.

Naquela época, o tratamento era toalha quente, água quente, raios-X e infravermelho. Falei para o Mário Américo: “doutor, preciso ficar bom, preciso jogar. Lá no Santos, quando tem um problema muito sério, a gente toma uma infiltração e em três, quatro dias fica bom”. Aí ele me deu a injeção. No dia seguinte, teve uma missa e eu apareci agarrado em dois jogadores, nem podia andar por causa da reação que deu na perna. Não sei se houve imperícia da parte dele porque não estava acostumado a dar injeção, sei que perdi de vez o foco da Copa, não tive mais chance alguma de jogar. Vim para o Brasil e o médico do Santos me examinou e perguntou: “o que fizeram com você?” Estava com queimadura de terceiro grau no joelho.

O papel dos líderes em 1958

Eu fazia o meu papel e jogava, não participava de nenhum tipo de reunião com a comissão técnica. Pode ter acontecido com o Nílton Santos, com o Didi, o Bellini, jogadores mais experientes, que tenham pedido a presença do Garrincha e do Pelé. Não participei de nenhuma reunião, mas acho que houve. Estava saltando aos olhos que estávamos precisando do Pelé e do Garrincha, embora a gente não pudesse prever que um menino de 17 anos fizesse aquele estrago todo.

15 comentários:

Andre Bastos disse...

Gostei muito... Repasssei pra comunidade do Santos no Orkut.

Visitem meu Blog Torcedor em Foco

www.torcedoremfoco.blogspot.com

Abs

Marcão disse...

Interessante essa história sobre a extração de dentes e a contusão na Itália, pois o Feola disse que Garrincha só não chegou à Suécia como titualr porque tinha passado por uma distensão séria em uma das pernas e depois extraído as amídalas, o que o deixou abatido e fora de forma. Realmente, no caso do Pepe, esses dois percalços contribuíram muito para a "sorte" do Zagallo.

Sobre a tal "pressão" por Pelé e Garrincha, me parece que teria sido desnecessária, pois, como o próprio Feola garante, categoricamente, eles eram titulares absolutos. Mas, como disse, Garrincha estava meio fora de forma no início e o Pelé estava contundido, tinha levado um pontapé assassino do zagueiro corintiano Ari Clemente, no último amistoso no Brasil. Cogitou-se, na época, desconvocá-lo e agregar ao grupo Almir Pernambuquinho, que estava excursionando pela Europa com o Vasco.

Mas Feola disse que bancou a convocação, pois Pelé era bem jovem e poderia recuperar-se até o terceiro ou quarto jogo. Foi o que aconteceu. Parece que no segundo jogo, contra a Inglaterra, Pelé fez testes mas ainda sentia dores. Para esse jogo, aliás, Ruy Castro (no livro "Estrela solitária") sustenta que Garrincha já tinha condições e seria escalado, mas a comissão técnica ficou com medo de que o volante inglês Slatter, um açougueiro, não suportasse os dribles de Mané e o quebrasse. Por isso, optaram mais uma vez pelo "viril" Joel. E Slatter o quebrou no lugar de Garrincha.

Ps.: No post sobre o "Grandes Momentos do Esporte", acrescentei mais um tema abordado, pois só me lembrei depois. Abraços.

Anselmo disse...

o interessante é ele reconhecer que o zagallo tava bem. pro motivos miis, me sobra birra contra o zagallo.

Anônimo disse...

Nada a ver com o post, mas ainda assim digno de nota. Estão fechando o cerco contra a manguaça: agora foi o tradicional metrô londrino, que aboliu o consumo da marvada em suas dependências. Ainda bem que o altivo e politizado povo inglês não deixou por menos. Olha o tamanho da encrenca:

http://www.bluebus.com.br/show/1/84099/foram_para_o_metro_beber_a_saideira_na_ultima_noite_veja_aqui

Anônimo disse...

Não entendi por que Glauco e Marcão não enviam mais posts sobre os jogos do Santos e São Paulo. Seria porque esses dois times fizeram um jogo de nível técnico horroroso no domingo? Seria porque o Santos não consegue ficar entre os 10 primeiros da Série A? Seria porque o São Paulo está há duas semanas na Zona de Classificação para a Série B? Aliás, o Futepoca foi informado de que houve jogo da Seleção no fim de semana? Que teve jogador preso pela polícia dentro do gramado em Recife? Que o Corinthians continua 100% na Série B? Que teve Fla-Flu no Maracanã? Que Fla-Flu e San-São não conseguiram reunir público maior que Corinthians e Fortaleza? De repente, Glauco e Marcão só querem falar de futebol de 30... 40... anos atrás. Tudo bem, belos posts, parabéns. Mas o Futepoca, de repente, assumiu um amor ao passado... Sei não. Tô achando que o Glauco tá sóbrio demais. E o Marcão continua pedindo a saideira, a saideira, a saideira...

Marcão disse...

Peralá, o Anselmo começou a série com o futebol em 1968. E o Nicolau já havia recuperado a história do Carbone. Por que a birra só comigo e com o Glauco? De toda forma, o futebol do presente não tem me despertado nenhuma comoção. Que jogo ridículo o de domingo!

Anônimo disse...

Não é birra. É fato. Nicolau e Anselmo escrevem tanto sobre as memórias do futebol quanto sobre os seus times do coração, Corinthians e Palmeiras, respectivamente. Já o Marcão e o Glauco têm colocados posts sobre temas variados (aliás, como sempre muito bons). Mas há duas semanas que eles, coincidentemente, desistiram de falar dos seus times de preferência, o São Zona de Rebaixamento Paulo e o Santos. Tão esperando os seus times se recuperarem pra começar a escrever? Huuummmm... por essas e por outras é que a maior rivalidade no Estado é entre Corinthians e Palmeiras. São times que têm torcidas que colocam a cara pra bater, qualquer que seja a situação. OK. É preciso entender a diversidade. E aceitá-la. Valeu. Não incomodo mais. Abraço!

Glauco disse...

Opa, vamos lá, Benedito! Provocação é bom, a gente gosta e devolve. Não assisti ao jogo do Santos por uma razão nobre: foi aniversário do meu pai, estava na Baixada e a partida não passou pra lá porque o clássico era na Vila. Vi (mais ou menos) Náutico e Botafogo e sobre a confusão vamos escrever ainda hoje, já que ontem estive em fechamento.


Não escrevo sobre o Santos só quando ele vai bem ou vence. Você pode verificar isso, por exemplo, aqui ou aqui .

Mas curioso mesmo é você não cobrar os corintianos do blogue a respeito da Série B. Por acaso vocês só disputam a Copa do Brasil? Pois é, e quem escreveu sobre o Timão na Segundona foi esse que te responde agora (e não foi pra tirar sarro) aqui e aqui . Quem é o torcedor que só vai na boa, Benedito?

Saudações alvinegras e abraço.

Anônimo disse...

Só sei que nos 22 anos de jejum do Corinthians, a torcida do Timão só aumentou e ainda lotava os estádios. Já a do Santos, no jejum que terminou em 2002 (aliás, com um time que dava gosto de ver jogar), me parece que a torcida diminuiu e/ou resolveu tirar férias (como o sãopaulino Marcão anda fazendo há duas semanas...). Foi curioso ver o "surgimento repentino" de santistas em 2002. No meu trabalho, por exemplo, havia pelo menos meia dúzia de caras que eu nem suspeitava que gostassem de futebol. Repentinamente, lembraram-se que eram santistas. Quanto ao Corinthians, este ano, existe apenas um campeonato realmente importante: é o da Série B. E nesse, o Timão é líder 100%. O fim de semana, aliás, tem sido muito prazeroso para o corintiano. No sábado à tarde, vemos nosso time vencer. E, depois, passamos o restante do sábado e o domingo inteiro assistindo, de camarote, ao vexame dos nossos rivais. Uma beleza!! Quanto à Copa do Brasil, Corinthians e Sport são, juntos, uma surpresa. Nenhum dos dois esperava chegar aonde chegaram. Torço para que o Timão vença as finais, obviamente. Mas a campanha até agora já deixou claro que, embora o Corinthians tenha caído para a série B no Brasileiro, em momento nenhum deixou de ser grande, o time mais importante do Brasil. Estão aí os números da audiência televisiva e das arquibancadas para comprovar.

Glauco disse...

Interessante a lenda sobre o aumento da torcida do Corinthians durante a fila. Sobre isso, escrevi aqui a respeito e repito pra você: "Jejuns diminuem a torcida? Sem dúvida, como mostra a composição etária da torcida corintiana, com baixo índices entre aqueles que sofreram com a fila de 23 anos. Sim, ao contrário de outro lugar comum, os corintianos não aumentaram em termos proporcionais no sofrido período, mas ganharam algumas marcas que fazem questão de ostentar, a de “sofredor” e “fiel”."

Enfim, quanto à experiência em seu trabalho, digo a você que aqui na editora a maior torcida é a do Corinthians, e os rivais nem puderam tirar sarro destas pessoas no ano passado porque elas mal sabiam o que estava acontecendo. Mas, se forem consultadas por uma pesquisa, vão dizer que torcem pro Timão. Sacou?

Nicolau disse...

Só pra constar, escrevi atrasado sobre a Série B. Em geral, tenho deixado meio de lado pq não consigo escrever no fim de semana por limitações técnicas e acho que segunda já está muito velho. Mas vou tentar manter a regularidade, ainda que não a atualidade.

Anônimo disse...

ninguém escreveu sobre Santos e São Paulo porque o clássico parece ter sido lamentáááááááááááável... (tbem nao vi)

as pessoas têm direito de não ver jogos. mas até parece que, para escrever, é preciso assistir. E nem precisa ser leviano, tem um monte de parceiro pra lincar...

os manguaças têm direito a não escrever numa semana de "pau-alado", quer dizer, quando a bruxa tá solta... desde que compensem com o pagamento de multa em cerveja para os demais.

Ah, e os demais que devem incluir o Benedito, que já ganhou a vaga de ombudsman do Futepoca. Parabéns, camarada! hehe

Thalita disse...

o interessante é que o Benedito usou dos mais diferentes argumentos para colocar Glauco e Marcão contra a parede. E ignorou a minha presença no blog, que além de também ser são-paulina é a pessoa que mais escreve sobre o são Paulo aqui, já que o Marcão esquece de ver os jogos e não tem muito o que comentar. Então, enquanto você os acusa de não serem torcedores, eu te acuso de machismo!
Pronto, provoquei!!!

Anônimo disse...

Thalita, por questões culturais, não vou negar que tenho alguns arroubos machistas. Mas te garanto que, em casa, quem lava a louça sou eu. Minha mulher não chega perto da pia. Quanto a "ignorar sua presença no blog", não foi por machismo. Resolvi não te incluir na provocação porque você ainda está com crédito depois de ter confessado, publicamente, que chorou e ficou triste com a derrota do seu Tricolor para o Tricolor carioca. Quanto à cerveja, caro Anselmo, é só avisar local, dia e horário. Valeu!!

Thalita disse...

olha o pessoal saindo pela tangente, rsrsrs
Tudo bem, Benedito, dessa vez passa. E só pq a gente realmente não teve ânimo para escrever sobre o SP. Mas tentarei manter uma regularidade, assim como Nicolaul.