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sexta-feira, junho 08, 2007

Lula, Chávez etc

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Tendo sido citado no post abaixo, do Anselmo, manifestar-me-ei!. E, amparado no artigo 5° da Constituição, também por meio de um post!

Veja, companheiro Anselmo, que no meu curto post, linkado no seu, em nenhum momento eu mencionei o problema da RCTV ou da posição de Senado e mídia brasileiros contra o Chávez (temas específicos mencionados nos comentários). E acho que Chávez tem o direito legítimo como chefe de Estado (a Constituição lhe garante) de não renovar a concessão da tal RCTV. Ponto.

Mas acho também que às vezes o Chávez adota posições politicamente exgeradas, algumas até bobas, que entrarão mais no folclore do que na biografia de um grande estadista (daí a citação da "Imortalidade" de Milan Kundera, pra dar um toque literário que me veio à mente). Ir à tribuna da ONU e dizer que ali está cheirando a enxofre (em alusão à presença de Bush) é legal, eu mesmo achei ótimo.... mas, e daí? Tudo bem, eu apóio Chávez, mas como dizia a minha avó baiana (por parte de mãe): “nem tanto ao céu, nem tanto à terra”.

Acho a presença de Chávez importante no contexto atual da América Latina, mas que tenha calma e sabedoria. Há complexidades nacionais e internacionais que ele tem que respeitar.

As diferenças são imensas, não dá pra comparar etc (beleza!), mas só lembrando: o general egípcio Nasser achava que “tava podendo”, que reinava no Oriente Médio, que podia fechar o acesso de Israel ao oceano, e deu na Guerra dos Seis Dias, que aliás comletou 40 anos esta semana. (Pronto, viajei.)

Voltando à América e aos dias de hoje, há por exemplo uma disputa acirrada nos bastidores diplomáticos entre os governos brasileiro e venezuelano (o Banco do Sul é um dos temas em questão). E me parece que a posição do Brasil (exigir ser tratado como interlocutor na medida da importância do Brasil) foi dura e necessária, deixou claro que não aceita ser tratado como personagem secundário em assuntos importantes para a América do Sul. Segundo o jornal Valor de mais ou menos um mês e meio atrás, o governo brasileiro (leia-se Celso Amorim e Guido Mantega) falaram grosso pra todo mundo ouvir, e isso ninguém desmentiu. O que a mídia divulgou sobre a polêmica Lula/Chávez/RCTV/senado brasileiro foi uma espécie de coluna social de editoria internacional, mas há coisas sérias no pacote, pode ter certeza.

Enfim, hoje é saxta-feira. Como tô meio avesso a falar de futebol e cansei de falar de política, vou cuidar do fígado num bar aqui perto.

2 comentários:

Marcão disse...

Muito bem! Isso que é uma pessoa de atitude! Farei o mesmo!

Anselmo disse...

Quero registrar que não discordo tanto das críticas ao Chávez. Discordo mais é dos elogios ao Lula. Foi a isso que tentei me ater no post, embora eu concorde que tenha soado bastante irônico (ainda que não fosse o foco principal). Não nego a jocosidade, claro.

Todos os adjetivos que listei com ajuda do Houaiss no comentário do seu post considero aplicáveis ao presidente venezuelano. O que não quer dizer que o considere ditador.

realmente considero o chávez um populista com uma dose grande de demagogia... no contexto venezuelano, isso pode até ser mais aceitável do que em outros (principalmente porque não vivo na venezuela). Critiquei o uso do fanfarrao menos pela crítica do que pela palavra usada e sua carga "vejiana"...

Concordo que o chávez exagera em muitos momentos. No inútil exercício de futurologia do pretérito, talvez ele não fosse presidente da Venezuela desde 2000 se não fossem alguns desses "exageros". Ok, viajei tbem.

Concordo que a esquerda tende a supervalorizar seus ícones e expressões -- o que desemboca em desilusões de igual proporção -- e desconsideram o pragmatismo empregado por esses ícones pra se chegar ao pudêr, mesmo por vias eleitorais. MEsmo que não impliquem em atitudes ilegais ou corruptas (não é essa a questã a que me refiro), mas a ações mais ou menos contraditórias.

mesmo que a não-renovação da concessõa da RCTV seja legítima do ponto de vista legal, ela é complicada por ser a mais antiga e de oposição. É golpísta? Sim. O resto da mídia também foi golpista, e não é possível brigar com todos de uma vez.

minha discordância é de boteco -- com a consistência de argumentação compatível com a solução alcóolica -- e por isso restringi-me a um comentário.