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quinta-feira, junho 28, 2007

A orientação sexual de cada um

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Alguns temas sempre causam polêmica quando são debatidos. Principalmente aqueles que se referem a questões morais ou que envolvem ideologias e crenças pessoais. Quando se juntam todos esses elementos então, é melhor ir pro bar, tomar uma e falar de outra coisa. Ou não. Talvez não falar seja pior.

Dada a digressão desnecessária acima, a questão é a tal homossexualidade de um jogador de clube paulistano. À boca pequena e nem tão diminuta, o assunto virou pauta na imprensa, e aqui também. Culpa em parte do próprio jogador, que estaria negociando a "revelação" para um programa da poderosa Globo. O típico caso de quem trata com a grande imprensa sabe-se lá porque motivo e depois reclama da exposição. Até aí nada demais. Pode-se falar da questão da privacidade do homem público, já tratada nesse blog no caso do livro do Roberto Carlos, mas vamos chegar na parte em que o atleta não tem culpa nenhuma.

Impressionante que em pleno século XXI existam pessoas que não saibam lidar com a questão da sexualidade. Mais ainda é não perceberem (será que não?) a carga de preconceito que despejam quando falam do assunto. Um exemplo tosco disso, cujo teor conversei ontem com a Thalita, é um post do site sãopaulino SPNet, de autoria do engenheiro Artur Couto. Fala a respeito da suposta homossexualidade de um tão suposto atleta do clube. Diz respeitar, blablabla e tasca:

Não APOIO o homossexualismo e não quero ser obrigado a isso. Acho que cada vez mais vivemos uma hipocrisia nesse tema. Até lei tem no Congresso em trâmite para que expressões contra o homossexualismo sejam proibidas. Falar que não apoia o homossexualismo de longe NÃO É HOMOFOBIA, pelo contrário. Assim como defendo o direito de alguém ser ou não gay, quero que seja respeitado meu direito de ser contra e de não apoiar, de não gostar, de não achar certo, de achar fora dos padrões para os quais fomos criados.

Não contente, ele segue:

Por que no dia-a-dia chamar alguém de macumbeiro, de crente trouxa, de careca, de narigudo, de gordo escroto, não dá processo e se chamar alguém que é gay de viado você pode ir em cana?

Acho até desnecessário dizer o quão diferente é chamar alguém de "macumbeiro", careca ou "viado". Como também é muito diferente "não simpatizar com homossexuais", uma prática de cunho conservador; e propagar preconceito ou colaborar para que alguém seja excluído por orientação sexual ou - já que ele tocou no tema - religiosa. Ainda que não seja crime, é triste ver opiniões desse quilate.

Curioso também como reagiu o empresário do atleta, ao negar sua homossexualidade. Disse Julio Fressato: "Quem não deve não teme. Não existe a mínima possibilidade de esse jogador ser o Richarlyson. Conheço a família dele, sua índole e seu caráter (grifo meu) há 11 anos, desde que ele começou a jogar." Claro, orientação sexual é questão de "caráter".

Por essas e outras que esse tipo de tema tem sim que ser discutido. Até pra que esse tipo de pensamento ou "gafe" não se perpetue. E cabe ao Congresso acelerar o projeto de criminalização da homofobia. Pena que eles têm tanta coisa pra fazer...

3 comentários:

Anônimo disse...

Pergunta mais de ignorância jurídica do que qualquer outra coisa: precisa-se mesmo de leis contra homofobia? A legislação anti-racismo não é suficiente?

Anselmo disse...

é difícil dizer quem mandou pior nessa história. terrível.

no entanto, a discussão sobre o que é ou não homofobia não é simples. pede discussão em mesa de boteco

Thalita disse...

o autor do texto tem um discurso semelhante à média no que diz respeito aos homossexuais. Como não podem mais negar a existência dos gays, e muito menos falar mal de "viado", sob pena de ser acusado de politicamente incorreto, ele tenta mostrar que é aberto a novas idéias. Desde que, claro,não seja perto dele. O pior é que ele deve acreditar piamente que não é homofóbico.