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terça-feira, junho 26, 2007

Ana Paula de Oliveira e Simone de Beauvoir

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O título da publicação pode ser estranho, mas estou devendo um post sobre o tema (aliás recorrente) que se segue, aos companheiros e, principalmente, a todas as mulheres do blog, ou seja, Thalita. E, claro, a nossas colaboradoras nos comentários, entre as quais a “eminência parda” Carmem.

Começando pela Ana Paula de Oliveira. Para mim, descontando os dotes físicos admirados por muitos (ou não, dependendo do caso), a moça tem outras qualidades. A discussão sobre se ela pode ou não, deve ou não ser promovida a árbitra é um debate desfocado. Por quê? Porque é lógico que deve e pode. Afinal é, tecnicamente, uma das melhores banderinhas (hoje se diz auxiliares) do estado de SP.
Sendo assim, se ela tem ambição de ser juíza, nada mais justo que seja. Já que falamos do deplorável Heber Roberto Lopes abaixo, por que esse infeliz pode apitar e ela não?

Preparo físico
Quanto ao preparo físico, é ou seria absurdo exigir de uma mulher o mesmo desempenho físico de um homem. Se fosse assim, homens e mulheres poderiam competir na mesma maratona, por exemplo, e não haveria modalidades femininas e masculinas no atletismo ou outros esportes.
O problema da Ana Paula não tem nada a ver com ela ser mulher. É o mesmo problema de Márcio Rezende de Freitas e Carlos Eugênio Simon: árbitros tecnicamente bons, mas cujas intenções me parecem muitas vezes obscuras em jogos-chave. Não precisa lembrar de exemplos de arbitragens desses dois senhores, né.

Gosto da Ana Paula tecnicamente, mas ela protagonizou alguns episódios estranhos. Por exemplo, o gol do Tevez absurdamente anulado em 2006 (Palmeiras x Corinthians, pelo Paulista) e o do Jonas contra o São Paulo na Vila, este ano. A intenção das duas decisões (provavelmente não da Ana Paula, mas de superiores dela) parecia ser evitar, nos dois casos, que o Santos disparasse na liderança (o Palmeiras precisava vencer em 2006 e o São Paulo no mínimo empatar em 2007), pro campeonato continuar emocionante. Ela parece aquele tipo de profissional da arbitragem escolhido a dedo para determinadas situações. Caras de esquema, embora (ou talvez por isso mesmo) reconhecidamente competentes.

Futebol feminino
Com o perdão da prolixidade, falta falar de futebol feminino. O que eu disse em comentários anteriores (e faz tempo queria escrever sobre isso) está a anos-luz de distância de ser contra, ou de ser uma postura machista. Pelo contrário, apóio, acho que deve ter patrocínio, espaço na mídia e ser viabilizado pela CBF, que não está nem aí.
Mas, particularmente, eu não gosto de assistir, e só isso. Assim como não gosto de vôlei masculino, que acho chato (só tem força bruta); como gosto de tênis, seja feminino ou masculino; como não gosto de boxe feminino; como não gosto (a não ser grandes e/ou decisivos jogos) de basquete, tanto masculino como feminino.
“Pão ou pães, é questão de opiniães” (Guimarães Rosa).

Simone de Beauvoir
Se tem uma escritora que eu li muito e adoro (e já escrevi sobre) é Simone de Beauvoir, autora de O segundo sexo, Memórias de uma moça bem comportada, Balanço final, A cerimônia do adeus, A convidada e muitos outros, só para ficar em alguns grandes livros dessa romancista e ensaísta que dispensa comentários e que alguns jornalistas, inclusive franceses, toscamente diziam ser “a mulher de Sartre”.
Por isso tudo é que fiquei bastante contrariado ao ser chamado de machista, semanas atrás.
Pronto, esclareci (espero).

14 comentários:

Anselmo disse...

bravo! só não esclareceu um ponto.

que balé tem uma estética feminina. uma grande bobagem.

fredi disse...

Não entendi nada, o que tem a ver a Simone B com a Ana Paula?

E por que gostar da escritora prova que o senhor não é machista?

Se não gostasse provaria o contrário?

Mas pelo menos foi bom ver que o dedo quebrado já está no lugar para escrever tanto...

Fraternalmente, vamos à canela...

Anônimo disse...

Mandou bem no comentário sobre a Ana Paula, a bandeirinha dos esquemas sombrios. Mas a parte da Simone de Beauvoir pareceu impertinente. Simplesmente impossível fazer um paralelo entre uma idealista revolucionária muito à frente de seu tempo e a ladra de fundo de quintal que é a Ana Paula.

Anônimo disse...

"é ou seria absurdo exigir de uma mulher o mesmo desempenho físico de um homem"

Então também deve-se exigir menos desempenho?

Anselmo disse...

pera, pera. o maretti falou que a moça era boa bandeirinha, que errou em casos suspeitos. Em outras palavrs, que ele não é contra as mulheres na arbitragem, mas contra a Ana Paula.

Ou seja, que o desempenho era bom, mas passou a errar e por isso deveria ir embora pra casa.

eu discordo da visão dele de q a ana paula tem que parar.

as arbitras e os arbitros precisam ser avaliados por seu desempenho físico e técnico. Físico, com diferenças. Técnico, igual.

Isso não ocorre. Ao contrário. A Ana Paula teve uma punição pesadíssima. Não vou entrar na discussão se ela deveria ser punida assim ou não. Digamos que sim. Então, os arbitros homens também deveriam ser punidos longamente assim.

Bom, sei não... ia faltar gente do apito.

Anônimo disse...

Quanto ao caso da punição, é ponto pacífico que a discrepância foi absurda. Simon e Héber, pra ficar só nos dois, fazem cagadas bem maiores que as da Ana Paula e seguem felizes e contentes. Ponto.

Agora a discussão seguinte. Exige-se que uma pessoa, para desempenhar funções de arbitragem, tenha determinadas "competências" físicas. Quem não está dentro desse padrão não pode exercer essa profissão.

E constitui-se então uma outra classe de pessoas que não precisa atender a essas exigências. Passa-se por cima de um padrão aceito para que determinado grupo seja privilegiado.

Se isso não é favorecimento a determinado gênero, o que seria?

Thalita disse...

não adianta. em qualquer discussão sobre machismo/feminismo e assemelhados, ainda mais em comentários de blog, a coisa degringola. Primeiro porque virtualmente é difícil (talvez impossível) captar as nuances do discurso. Mas principalmente porque, por mais que se queira escapar do machismo, por convicção de que é uma postura equivocada, não dá pra fugir de alguns estereótipos desse pensamento, como a questão do balé. Não acredito em filhadaputice generalizada. Só que esses estereótipos machistas, que estão nos mulheres também, obviamente, custam demais a nos deixar.

Sobre a Ana Paula, acho q a questão física deve contar sim. Se ela não aguentar correr um jogo inteiro e acompanhar os lances, não dá pra ser árbitra. Isso é um julgamento absoluto, não dá pra relativizar. Mas eu duvido que ela não consiga... ela já tem preparo físico bom. Durante um jogo devem rolar uns 10 piques fortes. Não tem um esforço muito grande

Anônimo disse...

Porra, a Thalita matou a questão. Há um teste físico para ser juiz/auxliliar. Aguenta? Pode se candidatar. Não aguenta? Tá fora. Absurdamente simples.

Glauco disse...

O padrão físico que a Ana Paula ainda não consegue alcançar é o Fifa, o resto pra ela é tranquilo. Pra quem viu um João Paulo Araújo com cem quilos apitando clássicos, sabe que o rigor com o preparo físico não é algo muito sério no futebol.

Edu Maretti disse...

Anselmo, vc bebeu pra fazer o comentário ou não entendeu nada? Me mostre onde eu disse algo que justificasse vc dizer "eu discordo da visão dele de q a ana paula tem que parar". Não falei que ela tem que parar. Também não falei que sou contra a Ana Paula. Falei que ela é boa tecnicamente, que não se justifica ela não poder apitar e que ela é igual a todos os outros árbitros no quesito confiabilidade. E deixei claro que sou a favor de que ela apite, sim.

Sobre balé e qualquer outro tipo de arte, um dia em que eu tiver paciência eu tento explicar o tema com conceitos de Estética e Semiologia.

Sobre a Simone, foi uma simples livre-associação. Tem muita gente que se diz feminista e nunca ouviu falar de Simone. Fica a dica de alguns títulos pra quem quiser ler e entender mais do que simplesmente chavões.

Anselmo disse...

é claro que eu tava bêbado. que pergunta?

realmente vc diz o contrário ("é lógico que deve e pode").

agora, se vc sugere que "ela parece aquele tipo de profissional da arbitragem escolhido a dedo para determinadas situações", gente "de esquema", é pq tem dúvidas sobre a honestidade dela, de deus e do mundo.

mas realmente uma coisa não se sobrepõe à outra, diferente do álcool sobre meu estado de consciência. Até qdo estou sóbrio.

fredi disse...

Edu, li isso que vc escreveu e fiquei com medo:

"Sobre balé e qualquer outro tipo de arte, um dia em que eu tiver paciência eu tento explicar o tema com conceitos de Estética e Semiologia".

Isso é uma ameaça?

Marcão disse...

Henao nos defenda!

Edu Maretti disse...

Então, Anselmo, eu disse que "ela parece aquele tipo de profissional da arbitragem escolhido a dedo para determinadas situações", mas tb disse que apóio que ela empunhe o apito... E tb disse em outras palavras que não confio nada nada nas intenções dos comandantes da arbitragem no Brasil. Em resumo, se é pra ter juiz (a) tecnicamente competente mas de esquema e juiz (a) incompetente e de esquema, prefiro a primeira hipótese. Isso porque NÃO acredito que haja juiz (a)competente e livre esquemas...

Agora, Frédi, não tema, pois Henao nos defenderá!