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terça-feira, agosto 12, 2008

No butiquim da Política - O grande debate

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Debate. O pior da campanha política começou. Tanto se fala. Tanto se reúnem as equipes dos candidatos à prefeitura. Tanto se faz exigências, que distraidamente a gente começa, sem perceber, a acreditar. Vamos tomar um banho de civilidade. Tanto se toca em comportamentos éticos, tanto se fala em respeito aos oponentes, tanto se diz sobre a autoridade dos entrevistados, que a gente esquece que, entra campanha, sai campanha, com pompas de moralidade, e nada acontece.

O debate deveria ter respeito pelo eleitor, sim o eleitor. Os candidatos fazem uso do marketing, estão preocupadas apenas em se beneficiarem do espetáculo. Veste-se o apresentador de autoridade. A empresa está salva. O esclarecimento à opinião pública até pode acontecer. A beleza plástica. Os cabelos, os ternos, os vestidos ficaram bem, está tudo em harmonia com o cenário. A produção está perfeita, diz o diretor do debate. O espetáculo vai começar. Vamos ao debate, instrumento maior da democracia. Vamos nos arrumar nas cadeiras.

As informações começam a surgir, o debate vai trazer esclarecimentos, é o que se presume. Agora vamos construir mais um pilar da democracia. Ledo engano. Com o modelo de debate que aí está, o desrespeito ao eleitor começou. Cada candidato, polidamente, e não poderia ser diferente, fala o que bem entende. Todos olhamos perplexos as sandices. Nem pra papo de boteco serve. Butiquim que é butiquim, nas conversas, tem viagens e imaginações à vontade sobre ações factíveis. Mentira é inadmissível. O papo rola. Alguém observa: parece que eles tomaram todas. O outro completa: "-Não, é que eles não têm respeito nem por eles próprios".

"-Mas sabe que a rapaziada tem razão?", penso com meus botões. Debate pelo debate não esclarece. Afinal, debate político presume esclarecimento aos eleitores. Nossa democracia tem costas largas, aceita espetáculo como esclarecimento. Deixemos os "tantos". Aliás, no butiquim não temos que achar nada, temos que lembrar da primeira frase do samba de Noel Rosa e Vadico, Feitio de Oração que diz: "Quem acha vive se perdendo...".
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*Clóvis Messias é dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo e escreve semanalmente para o Futepoca.

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