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sábado, outubro 25, 2008

Belluzzo e Virilio pouco otimistas com o pós-crise

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Após o início da crise nos EUA, muitos viram ali o prenúncio do fim do capitalismo. Talvez não do sistema em si, mas pelo menos do seu modelo financista. Já outros atribuem o crash provocado pelo mercado hipotecário estadunidense como uma daquelas crises cíclicas do sistema, que alteraria algumas normas, fecharia alguns empreendimentos, ceifaria empregos, mas depois tudo voltaria a um estado dito “normal”.
Isto posto, fica uma pergunta: o que virá depois disso? E algo pertinente é ponderar sobre como a esquerda vai se portar diante de um ou outro cenário. Duas visões a respeito do pós-crise não são muito animadoras, tampouco esperançosas. A primeira é do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, já entrevistado pelo Futepoca e que, em entrevista à revista Fórum de outubro , vislumbra a possibilidade de uma saída mais “fascistóide”, bem ao gosto de uma parcela significativa da sociedade estadunidense. “Não quero fazer apostas nessa direção, mas se fosse apostar no que vai acontecer, não o faria em uma saída mais progressista tipo New Deal, mas em uma mais reacionária. A sociedade americana está “preparada” para uma saída mais fascistóide. A destruição de certas percepções foi muito profunda.”
Já o filósofo francês Paul Virilio, em entrevista ao Le Monde publicada na Carta Maior, crê ser impossível fazer uma análise da crise atual sem que seja considerada o que chama de “economia política da velocidade”, gerada pelo progresso das técnicas. E invoca a responsabilidade da esquerda para discutir o futuro imediato. “Essa economia da riqueza se tornou uma economia da velocidade. É de resto o problema da esquerda. Eles aplicam os velhos esquemas, proclamam a morte do capitalismo, esperando mais justiça social. Esse diagnóstico é um pouco apressado. Temos realmente um grande bebê no colo...Se o Estado não assume a medida desse futurismo do instante, poderíamos ao contrário ver chegar um capitalismo sem limites”.
Confira a íntegra da entrevista de Belluzzo aqui e a de Virilio aqui .

3 comentários:

Carlinhos Medeiros disse...

O seu comentário, Glauco, a meu ver, tem muito mais peso do que os dos grande analistas que estão no Carta Maior. Eles parecem que têm uma fórmula preestabelecida para repaginar o neoliberalismo quebrado. É provável que renomeiem de " "Neoliberalismo do século XXI". Abraços

Anselmo disse...

Achei curioso ler numa entrevista o Delfim Netto dizer: "A próxima crise já está nascendo, fique tranqüilo".

Isso dá a dimensão de que não só a coisa se repagina como também não chegou a hora da revolução (seja lá o que isso for).

Mas a nova paginação vai ter que ser caprichada e talvez demore um pouquinho. Se um cara como o Alan Greenspan, até seis meses um guru, reconhece o erro da falta de regulamentação, parece que temos um tempinho.

E as críticas do Sarkozy com o diagnóstico da morte da ditadura do mercado? E o "camarada" Hugo Chávez? E depois o José Simão diz que só o Brasil é o país da piada pronta...

Nicolau disse...

Eu não li, mas me disseram que o Greenspan, depois de admitir seus erros, redimiu os do mercado, dizendo ainda acreditar que o melhor sistema é um mercado livre de amarras e blablabla liberal. Acho que esse é o espírito do momento, os liberais retraídos mas esperando para detonar medidas "heterodoxas" (como se a ortodoxia tivesse dado certo), como controle de capitais ou redução do superávit primário. Alguém aí já tinha considerado essas hipóteses para injetar recursos na economias e manter o crescimento e a geração de emrpegos? Pois eu, um estatista assumido (vide a apresentação do blog), tinha deixado isso de fora da minha agenda pessoal de discussões. Efeito, avalio, da muito bem feita lavagem, cerebral direitista, feita a base de marteladas neoliberais e pressão na base do ruído informnacional sobre a crise. Um monte de avaliações que não querem dizer grandes coisas. A esquerda precisa sair do armário e lembrar dessas coisas. Mas amis que isso, precisa conseguir ir além e encontrar um diagnostico euma receita mais interessantes sobre essa baderna ridíicule em que nos metemos com o capitalismo.