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quarta-feira, junho 24, 2009

Os milhões da discórdia na Fórmula 1

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Max Mosley,
presidente da FIA:
depois do envolvimento
em escândalo sexual,
a tentativa de
endurecimento nas regras
da F1 não levou a nada.
(Foto AE).




Vou pedir licença ao nosso especialista em F1 para também dar meu pitaco nesse rolo todo envolvendo as equipes e a FIA.

Depois de idas e vindas, a Federação Internacional de Automobilismo, por meio de seu presidente Max Mosley, voltou atrás na exigência de um teto orçamentário e, por enquanto, vamos ter um campeonato no ano que vem nos mesmos moldes de 2009.

A saída honrosa, depois de 8 equipes ameaçarem com um calendário de corridas paralelas, foi uma declaração da intenção genérica de voltar aos custos da categoria na década de 1990.

Não tenho informações de bastidores, apenas acompanho a F1 há mais tempo até do que deveria, mas me parece que a disputa é muito mais embaixo do que se diz por aí.

Mosley, em 2008, foi envolvido num escândalo, segundo o tablóide britânico"News Of The World", teria aparecido num vídeo acompanhado de cinco mulheres, supostamente prostitutas, no que o jornal classificou como "orgia sadomasoquista com temas nazistas".

Não caiu da presidência, mas virou um verdadeiro zumbi. A categoria, que já era dirigida no que importa, a grana, por Bernie Ecclestone, teve aumento do poder das montadoras por meio da Fota, a associação dos donos de equipe.

Com a velha história de quem é ferido, reage violentamente, Mosley tentou impor via FIA algo que as montadoras nunca aceitariam: o teto orçamentário. O problema, creio, nem é tanto o valor, que já aceitara aumentar para 100 milhçoes de euros/ano. Mas sim que os fiscais da federação teriam acesso às despesas e poderiam conferir se o limite estaria sendo obedecido ou não.

Quem sabe como circula, de onde vem e todas as formas que existem de lavar dinheiro por meio do esporte sabe que isso nunca seria admitido.

Mosley não é nenhum ingênuo e conhece bem o esquema, mas radicalizou para negociar alguma coisa o que poderia ser até sua permanância num novo mandato. Não deu certo, as equipes bateram de frente e Ecclestone acabou fechando acordo para que tudo continue como está.

Bobo é quem, como eu, acorda cedo em domingo de corrida para ver essas máquinas movidas a grana... Mas é como no futebol, apesar de tudo, não consigo largar o vício.

quinta-feira, maio 28, 2009

F-mais umas: Kimi, se dirigir, beba

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Chico Silva*

Fotos: Divulgação/Brawn


Uma cena emblemática foi vista no pódio do GP de Mônaco. Enquanto o super Jenson Button e Rubinho segundinho promoviam o tradicional banho de champagne, o nosso bom e velho Kimi Raikkonen sorvia cada gota da bebida como se fosse o último gole de sua vida. A cena passou despercebida de muita gente, mas não deste atento e, naquela manhã sóbrio, colunista. E pode explicar muita coisa.

No início do ano amigos do finlandês garantiram que o Iceman com Vodka havia abandonado os copos e as noitadas. Diziam que a manguaça estava atrapalhando o seu desempenho nas pistas. Mas a cana cobra caro de quem a abandona. A ressaca pode ter sumido. Mas os resultados também. Até Mônaco, Kimi tinha conseguido apenas um sexto lugar nas areias do Bahrein. Nas outras provas ou quebrou ou então ficou fora da zona de pontuação, caso dos GPS da Austrália, onde terminou num vexatório 16 lugar, ou na Malásia, quando cruzou a linha em um nada honroso 14 posto. O ano tem sido um dos piores desde a sua estréia na categoria, no GP da Austrália de 2001.

A falta de resultados atiçou a imprensa espanhola, que sonha ver o compatriota Fernando Alonso no cockpit hoje ocupado por Raikkonen. E rendeu também críticas de seu chefe na Ferrari, Stefano Domenicali. Incomodado com as atuações do seu funcionário, o capo ferrarista disse “que ele vivia em outro mundo”.

O fogo amigo parece ter mexido com Kimi. Em Mônaco fez um boa corrida. Só falhou na largada, quando perdeu o segundo lugar para Rubinho. A coluna torce para que ele volte aos bons tempos. E espera em breve fazer um brinde pela sua primeira vitória no ano. Ele merece.

Fotos: Divulgação/Kimi Raikkonen
Ao contrário da maioria dos colegas, Kimi veio de família pobre. Tudo bem que ser pobre na gélida Finlândia não é como ser pobre no Brasil. Não sei se sabem, mas a casa onde a família dele morava não tinha nem banheiro interno. Quando juntou dinheiro para construir um, seu pai mudou de idéia e resolveu dar um kart de presente para o filho, que já era louco por carros e corridas. É essa bela história que a abstinência ameaça. Por isso beba, Kimi, beba. Só evite quando for pilotar.

Papai não passou açúcar em mim
Quem ainda não foi ver não sabe o que está perdendo. O bom documentário Simonal, vocês não sabem o duro que eu dei, de Cláudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer, traz à tona uma verdade incontestável. Quando o assunto é qualidade musical, o velho Simona está a léguas de distância das crias da Trama Max de Castro e Wilson Simoninha. Parece que os dois não aprenderam nada com o pai. E para não dizer que não falei de espinhos, o filme visita o nebuloso episódio em que o cantor conta com a ajuda de agentes do Dops para espancar o contador que supostamente o tinha roubado. Tenho opinião sobre o assunto. Mas prefiro que os leitores tirem suas próprias ao ver o filme. Mas como não resisto, acho que ele foi menos cagueta do regime e mais um pilantra que se achava acima do bem e do mal. O típico malandro que acabou mané.

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

sexta-feira, maio 15, 2009

F-Mais Umas - Mamãe não gostou

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CHICO SILVA*

Dia das mães e corrida. Essa não parece ser uma combinação feliz para Rubens Barrichello. Mais uma data se passa e Rubinho não consegue dar a vitória de presente para a mamãe, Dona Idely. Tudo bem que dessa vez não foi um vexame como em 2002, naquele cômico e ao mesmo tempo trágico GP da Áustria. Para quem não se lembra, Rubinho liderava até a última curva quando, via rádio, recebeu uma ordem do então chefe da Ferrari, Jean Todt, para que aliviasse o pé e deixasse o "companheiro" Michael Schumacher vencer a prova. Passivo, Barrichello acatou a determinação e, a partir dali, reforçou seu lado Pé de Chinelo (à direita, os dois no pódio, naquela infeliz ocasião). Foi um dos episódios mais patéticos e constrangedores da história da F-1.

Revoltado com a marmelada, o público presente ao circuito de A-1 Ring soltou uma das maiores vaias já ouvidas em um evento esportivo no mundo. A impagável narração de Cléber Machado (à esquerda) também merece lembrança. O narrador passou a última volta inteira duvidando que a Ferrari fosse capaz de inverter as posições dos dois, fato que já havia ocorrido no mesmo circuito no ano anterior. A diferença é que naquela ocasião Rubinho estava em segundo e Schumacher em terceiro. Machado carregou sua convicção aos metros finais da prova. Até que soltou o célebre "Hoje não! Hoje não! Hoje sim?!? (...) Olha, é inacreditável!", num tom que misturava resignação, incredulidade e raiva. Quem duvida pode clicar aqui e conferir no Youtube.

Pois bem. No último domingo, mais uma vez, Rubinho se viu na condição de vítima do companheiro e da própria equipe. Só que, ao invés de Schumacher, o protagonista da vez é Jenson Button (à direita). A dupla da surpreendente Brawn tinha como estratégia realizar três paradas para abastecimento e troca de pneus. No meio da corrida, e com Barrichello disparado na frente, o engenheiro do carro de Button mudou a tática e partiu para o chamado Plano B. Com um pit stop a menos e um carro mais leve na parte final da prova, o inglês conquistou a quarta vitória em cinco corridas na temporada. A alteração sem aviso prévio deixou Rubinho perplexo.

Indignado com a postura do time, ele ameaça abandonar a Fórmula 1 se for comprovado qualquer privilégio ou benefício ao adversário de equipe. A pergunta que fica é: até quando Rubinho vai continuar com esse discurso surrado de que é "apenas um brasileirinho contra todo esse perverso e desumano mundo da F-1?". Até quando? E agora ele nem pode reclamar, pois foi avisado pelo seu engenheiro que o companheiro mudara de planos. Se quisesse, poderia pedir para a equipe repetir a estratégia adotada com Button. Outro dado chama a atenção nesse caso: o dono da equipe é o mesmo Ross Brawn (acima) que era responsável pela estratégia de corrida da Ferrari nos tempos dele e Schumacher. No início do ano, Rubinho dizia para quem quisesse ouvir que Brawn seria ético e não privilegiaria nenhum piloto na disputa interna.

Segundo ele, a preferência seria conquistada pelos resultados de pista. As quatro vitórias e 41 pontos de Button, contra 27 do brasileiro, provam que Brawn está cumprindo o que Barrichello esperou dele. Portanto, só há uma coisa a fazer: trocar o choro pelo pedal. Acelera, Rubinho! Ainda dá tempo. Ou então, dá-lhe Casseta, Pânico...

Livro de balcão - Mudando de combustível, aproveito para dar uma dica literária, creio que muito apropriada aos frequentadores deste cyberboteco. A Panda Books acaba de lançar "Hic!stórias – os maiores porres da história da humanidade"(R$ 35,90). A obra faz uma viagem pelo tempo e resgata bebedeiras e ressacas monumentais desde os tempos de Cleópatra e Alexandre, o Grande, até os desbundes etílicos de personagens do Século XX, como a diva Billie Holiday, o filósofo nouvelle vague Jean Paul Sartre e o gigante Noel Rosa. Com diz a resenha da editora, trata-se da "evolução humana pela antropologia do boteco". É para ler de copo na mão!

(PS.: Coluna enviada em 11/05 e só publicada agora porque o editor Marcão encontra-se temporariamente afastado da civilização)

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

sexta-feira, maio 01, 2009

F-Mais Umas - A homenagem que Senna não fez

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CHICO SILVA*

Quem me conhece sabe que nunca fui admirador do corintiano Ayrton Senna (foto). Acho isso uma coisa curiosa. Pois quem me conhece sabe também que sou um renhido defensor das coisas e tipos da Zona Norte, região onde nasci e vivo até hoje. Dizem, aliás, que os moradores da ZN são os paulistanos que mais defendem seu pedaço. Não sei se isso é regra. Mas seguramente não sou a exceção. Todo esse prólogo é para falar que Senna, assim como eu, era um sujeito da ZN. Passou a infância na Vila Maria e parte da adolescência na Serra da Cantareira, onde seu pai comprou uma casa grande e confortável. Em algumas ocasiões o vi circulando por aqui a bordo de uma Audi Station Wagon azul.

Uma delas ficou na memória. Em uma tarde chuvosa de verão, ele parou seu carrão para que eu atravessasse a Alfredo Pujol, uma das avenidas mais conhecidas do bairro Santana. Mas a ironia, o deboche e o jeito escrachado, além do imenso talento, me aproximaram de Nelson Piquet. A cruzada da Globo e especialmente do Galvão Bueno para torná-lo um santo na Terra e o seu pouco caso com jornalistas que não fossem do plim-plim me desagradavam. Era novo para estar na ativa, mas ouvi várias histórias de colegas que foram tratados com descaso pelo piloto. E até hoje não engulo aquela conversa de que ele viu Deus na saída do túnel de Mônaco. Mas, fazer o quê?

Pois nesse momento em que se completam 15 anos de sua morte descubro uma história que me tocou. Não a conhecia. E imagino que muitos de vocês também não. Por isso acho legal contá-la. Não quero com isso limpar minha barra com ele. Pelo contrário, não mudo uma vírgula do que penso a seu respeito. Mas aí vai: como todos sabem, Senna morreu no GP de San Marino, disputado no 1º de maio de 1994. Na véspera, o piloto austríaco Roland Ratzenberger (acima, à direita) teve o mesmo destino. Foi a primeira morte em oito anos na categoria. O acidente mexeu com Senna, que foi para a corrida do dia seguinte claramente abalado. Contrariando seu instinto midiático, resolveu prestar uma emotiva e silenciosa homenagem ao colega morto.

Durante a autópsia do brasileiro no Instituto Médico Legal de Bolonha, uma jovem legista encontrou uma bandeira da Áustria dobrada no bolso de seu macacão. Senna desfraldaria a flâmula na volta da vitória. Seria a primeira vez que exibiria uma bandeira que não fosse à brasileira. A curva Tamburello não deixou. O episódio está no blog do Flávio Gomes. Na época do acidente, Flávio cobria o GP pela Folha de S.Paulo e assinou um sensacional texto sobre os acontecimentos daquele trágico final de semana. O título do post é "Ímola, 1994" e pode ser lido no mesmo endereço. Vale a visita.


*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

quarta-feira, abril 22, 2009

F-Mais Umas - A carroça vermelha

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CHICO SILVA*

Imagine uma equipe que venceu seis dos nove últimos títulos mundiais de pilotos. Imagine um time que, na temporada passada, lutou pelo campeonato até a última curva da derradeira prova do ano. Imagine uma escuderia que dispõe do maior orçamento da categoria. Imagine uma marca que é quase um sinônimo da F-1. Agora imagine essa mesma equipe passando pelo vexame de não conseguir marcar um mísero pontinho sequer nas três primeiras disputas do ano. Pois essa é a vexatória situação da Ferrari em 2009. De favorita absoluta, disputa agora o título de "carroça do ano" com as cadeiras elétricas da Force Índia. A pane no carro de Felipe Massa no GP da China foi o último ato dessa ópera buffa protagonizada por Massa, Kimi Raikkonen e Stefano Domenicali, o diretor esportivo da escuderia do cavalinho (acima), que está mais para cansado do que rampante.

A última vez que tal fato havia ocorrido foi em 1981. Naquele ano, o canadense Gilles Villeneuve e o francês Didier Pironi (à esquerda) passaram em branco nos GPs da Argentina, Brasil e EUA. Os primeiros pontos só vieram na quarta corrida do ano, o GP de San Marino, com a quinta colocação de Pironi. Ali tinha início uma das disputas internas mais ferozes da história da categoria. Na luta para ficar à frente do inimigo de equipe, os limites do frágil carro da escuderia foram ultrapassados. Resultado: no ano seguinte, Villeneuave perderia a vida num bárbaro acidente nos treinos para o GP da Bélgica, em Zolder. Meses depois, Pironi fraturou as duas pernas durante os treinamentos para o GP da Alemanha. No Youtubeum vídeo que mostra Nelson Piquet prestando socorro ao colega acidentado. Só para informação, Piquet seria o campeão de 1981. Foi a primeira de suas três conquistas.

Voltando à atual temporada, é certo que o regulamento provocou uma revolução nos carros. Por ter disputado o título do ano passado até os últimos metros, a Ferrari acabou atrasando o desenvolvimento do novo protótipo. Mas não há desculpas que justifiquem tamanho fiasco. A equipe está lembrando os piores momentos da era pré-Schumacher, quando tinha ao volante barbeiros como Ivan Capelli, Jean Alesi e Nicola Larini (à direita), entre outros "braços". O time italiano promete reação. Na Espanha, estreará a sua versão do difusor, a peça chave da categoria em 2009. Resta saber se haverá tempo para uma reação. Tudo indica que não. Mas, pelo menos, uma boa notícia. Com Massa andando lá atrás nossos ouvidos serão poupados dos berros estrionicos do Galvão Bueno. Como se vê, nem tudo está perdido.

Qualquer semelhança será mera coincidência?
O ano é 2002. Na última rodada o Santos garante vaga entre os oito times que disputarão a fase final do Brasileiro. A classificação veio no saldo de gols, graças a uma goleada do Gama no Coritiba, que lutava pela vaga com o alvinegro. O futuro não era animador. Um bando de moleques iria enfrentar o São Paulo, time de melhor campanha da primeira fase. Com atuações inesquecíveis da dupla Diego e Robinho, então com 17 e 18 anos, respectivamente, despachou o time do Morumbi e rumou para um título que há 18 anos não via. Estamos em 2009. Dessa vez, o campeonato é o Paulista. Como há sete anos, o Santos se classificou no limite, aos 42 minutos do segundo tempo de um jogo contra a Ponte Preta. Como em 2002, iria encarar o melhor da fase anterior, nesse caso o Palmeiras. Em vez de Diego e Robinho, Paulo Henrique e Neymar, 19 e 17 anos, que comandam o show e acabam com o sonho do bi verde. Para completar, o adversário da final será o mesmo Corinthians de 2002. Daqui a dois domingos, saberemos se a história se repetirá...

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

quarta-feira, abril 01, 2009

F-Mais Umas - O incrível Jason Barrichello

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CHICO SILVA*

Antes de iniciar minha participação na temporada 2009, faço questão de pedir desculpas aos meus poucos, porém fiéis, leitores. Por pura vadiagem, passei os últimos meses ausente deste espaço. E não foi por falta de assunto, não. Pelo contrário. Há muitos anos a Fórmula-1 não produzia tanta notícia e interesse. Regulamento novo, o lançamento do sistema de reaproveitamento de energia, o tal do KERS (foto à direita) e carros absolutamente repaginados deixaram a categoria de rodas para o ar. Se bem que, com essas imensas asas dianteiras e minúsculos aerofólios traseiros, os novos modelos lembram alguns bólidos da "corrida maluca". Todo esse esforço é para diminuir o arrasto aerodinâmico e com isso facilitar as ultrapassagens, produto raro nas prateleiras da categoria.

O casting de pilotos foi o que menos mudou. Teve apenas a entrada do suíço Sébastien Buemi na Toro Rosso, assumindo o lugar do "Schumaquinho" Sebastian Vettel, que migrou para a Red Bull para ocupar a vaga do bon vivant aposentado David Coulthard. Mas a grande novidade deste início de 2009 é o incrível ressurgimento de Rubens Barrichello (à esquerda). O piloto brasileiro mais sacaneado de todos os tempos se tornou um combo de Jason, o serial killer que se recusa a morrer na série Sexta-Feira 13 e Highlander, o imortal guerreiro vivido no cinema pelo canastraço Christopher Lambert. Quando todos imaginavam que a interminável carreira de Rubinho havia chegado ao fim, eis que surge Ross Brawn para salvá-lo da aposentadoria na Fórmula Indy ou então na Stock Car e seus incríveis capôs voadores.

E a saga de Barrichello se confunde com a da sua própria escuderia. Assim como o piloto, ninguém apostaria um dólar pós-crise que os desabrigados da Honda seriam capazes de disputar a temporada 2009. Porém, um fenômeno de difícil explicação transformou o espólio fumegante da equipe japonesa no carro a ser batido. Mérito de Brawn (foto à direita), o engenheiro que foi decisivo no processo de transformação de Michael Schumacher em mito. O técnico concebeu um carro equilibrado, limpo, bem acertado e potente. Tanto sucesso incomoda a concorrência, que faz de tudo para transformar a carruagem de Rubinho em abóbora. Cabe a agora ao Tribunal de Apelações da FIA decidir se o difusor da discórdia é legal ou não.

Mas, mesmo se a peça for considerada irregular, ao que tudo indica o carro da Brawn continuará sendo competitivo. Para desespero dos Cassetas, Pânicos e similares, que correm o risco de perder uma de suas maiores fontes de piadas. Ou quem terá coragem de tirar onda com um campeão do mundo? Mesmo que este atenda pelo nome de Rubens Jason Barrichello.

Filme repetido
Assim como o Botafogo, há coisas que só acontecem com Rubens Barrichello. E nada parece salvá-lo desta sina. Apesar da bela corrida de recuperação em Albert Park, Rubinho mais uma vez viu um companheiro ter a primazia de conquistar a primeira vitória da equipe pela qual compete. Foi assim na Stewart, quando o inexpressivo britânico Johnny Herbert foi o responsável pelo único triunfo da história do time, no GP da Europa 1999, disputado no circuito de Nürburgring - assim mesmo, com trema, pois a regra não matou o sinal em nomes estrangeiros. O fato iria se repetir na finada Honda e com o mesmo Jenson Button (à esquerda) que o bateu na Austrália. O inglês venceu o GP da Hungria de 2006, a única conquista da Honda em sua fase moderna, já que a escuderia havia vencido duas provas nos anos 1960. E o curioso caso de Button se repetiu no domingo. Mas esse remake o Rubinho não gostaria de ter visto...

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

domingo, março 29, 2009

Barrichello: a volta de quem não foi

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Invado aqui o espaço do Chico Silva, que irá dissertar melhor sobre o assunto, mas é impossível não falar sobre o GP da Austrália de F-1, talvez o grande evento esportivo do final de semana. A estreia da temporada mostrou uma competição diferente da previsibilidade modorrenta dos últimos anos e até, porque não, mais democrática. E um quase aposentado, Rubens Barrichello, mostrou que seu fim de carreira pode ser muito melhor do que se esperava.

A largada do brasileiro foi péssima e o carro quase morreu. A queda para o sétimo lugar e um toque que danificou sua asa dianteira esquerda parecia trazer à memória um filme que o torcedor brasileiro cansou de ver: a mistura de vacilo com falta de sorte que fizeram do piloto uma caricatura para muitos no Brasil. Mas ele se recuperou. Ultrapassou a Ferrari de Kimi Haikkonen, mesmo com o carro avariado. Seu companheiro Jenson Button se distanciava na frente e várias voltas se seguiram até a troca do bico da Brawn GP.

Mesmo com o trabalho do box tendo tirado um quarto lugar que era seu, Barrichello ganhou na pista a posição de direito. Àquela altura era o único brasileiro na pista e foi incrivelmente bafejado pela sorte com o acidente envolvendo os novos e rápidos Sebastian Vettel e Robert Kubika.

Terminou em segundo em uma corrida histórica, sendo a primeira dobradinha de uma equipe estreante em 45 anos de F-1. O término da prova foi promissor e talvez esse seja um ano absolutamente diferente na categoria. Ou, pelo menos até Barcelona, quando novos pacotes das equipes devem estrear e outros devem contar com os difusores que são parte importante do sucesso da Brawn GP. Por enquanto, a festa é de Button e Barrichello. E do estrategista Ross Brawn.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

De olho na redonda: A bola pós-carnaval... E Barrichello pode correr com Danica Patrick

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Depois do carnaval, a bola. Não que ela não tenha rolado, principalmente no sábado, quando o Resende superou um perturbado Flamengo, que teve dois jogadores expulsos e ficou de fora da semifinal da Taça Guanabara. Trocadalhos dos mais previsíveis possíveis foram feitos em profusão para falar da façanha do time, mas quando a decisão é em um partida só e, ainda por cima, em fim de semana de carnaval, zebras assim podem aparecer mesmo...

Já o Paulistão terminou o fim de semana da forma mais previsível possível. Com os quatro grandes no G-4 e a Lusa em quinto. Claro que o andamento de competições paralelas como a Copa do Brasil e a Libertadores podem alterar o quadro, mas o estadual promete ser isso que está aí. De se destacar, apenas o grande público que compareceu ao Pacaembu para ver Santos e Botafogo em pleno domingo de carnaval: quase 21 mil pagantes, mais que o dobro do clássico (ou semiclássico?) entre Lusa e Palmeiras. Mas o Eterno ainda resiste a fazer o Peixe jogar mais em São Paulo, atendo-se às superstições e ao provicianismo de sempre, embora acene com a possibilidade de a partida contra o Rio Branco ser realizada na capital. Ao santista paulistano, mais fiel que o da Baixada (e olha que sou de lá), restam as sobras...

O ponta-artilheiro

Garrincha, Canhoteiro, Julinho Botelho, Zagallo... Nenhum deles chegou perto da fantástica marca de Pepe, segundo maior artilheiro da história do Santos com 405 gols. É o maior ponta artilheiro do país, e com tal marca supera os goleadores máximos de clubes como Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Fluminense etc etc etc. Hoje, ele faz 74 anos. Parabéns, Canhão!   

Barrichello e Danica Patrick juntos?


Invado aqui o espaço do inigualável Chico Silva para falar de automobilismo. Ou quase isso. Após penar na sofrível e hoje falida Honda, Rubens Barrichello está prestes a se aposentar de maneira forçada. Mas o descanso pode durar apenas um ano. A USF1, equipe estadunidense lançada na terça-feira e que estreará na Fórmula-1 em 2010, declarou publicamente o interesse em contar com o brasileiro já que, em seu primeiro ano na categoria, precisaria contar com um piloto rodado (no bom sentido). "Rubens Barrichello seria bom, pois experimentou dois anos ruins na Honda, o que seria uma coisa muito útil para nossa operação. Mas ele é quase o único dos pilotos que potencialmente preencheriam o papel de piloto experiente", disse Peter Windsor, diretor esportivo da agremiação.

 
Fotos comportadas porque esse é um blogue de família.
 
E, para acompanhar Barrichello na equipe, uma das apostas é Danica Patrick, que hoje disputa a F-Indy. Hoje ela integra a equipe Andretti-Green se destacou por ser a primeira mulher a vencer uma prova na categoria, no Japão em 2008. Certamente, como se sê nas fotos da moça, seria também uma bela jogada de marketing, podendo ajudar a combalida F-1, tão afetada pela crise econômica mundial.

sexta-feira, novembro 14, 2008

F-Mais Umas - Ecos de uma temporada

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CHICO SILVA*

O mais equilibrado e acirrado campeonato de F-1 das últimas duas décadas terminou. O choque de adrenalina das três voltas finais do GP do Brasil ainda é sentido pelos fãs da categoria. Timo Glock, o alemão que tomou a ultrapassagem que decidiu a temporada em favor de Lewis Hamilton, teria ou não facilitado as coisas para o primeiro campeão negro da história? Essa e outras discussões aos poucos vão se dissipando, assim como as nuvens negras que cobriram Interlagos naquele primeiro domingo de novembro. Mas uma coisa é certa: a Fórmula-1 fechou o ano maior do que começou. E tudo indica que 2009 será ainda melhor. Mas, antes da próxima corrida, o GP da Austrália, marcado para 29 de março de 2009, a coluna F-Mais Umas encerra 2008 com uma avaliação e as notas dos pilotos que participaram daquele que já pode ser considerado um dos mais emocionantes campeonatos da história da F-1. Semana que vem vou falar das equipes.

Lewis Hamilton (9,0) - O Barack Obama das pistas só não leva 10 porque cometeu alguns deslizes incompatíveis com a sua condição de campeão do mundo. O maior deles foi a batida besta na traseira de Kimi Raikkonen na saída de um pit-stop no GP do Canadá. Por pouco, também, não perde o Mundial ao abrir demasiadamente a porta para a ultrapassagem de Sebastian Vettel, a três voltas do final do ensandecido GP do Brasil. Mas, na soma final dos resultados, Hamilton, com méritos, se tornou o primeiro negro a conquistar um título mundial de Fórmula-1.

Felipe Massa (8.0) - Analisando friamente, a Ferrari tirou o título de Felipe Massa. A quebra de motor no GP da Hungria, quando liderava com folga a três voltas do final, e a incrível lambança com o "pirulito/ árvore de natal" no GP de Cingapura tiraram duas vitórias certas do piloto. Mas isso não exime Massa dos erros nas primeiras provas da temporada e da falta de combatividade em momentos chaves do campeonato, como nos GPs da Bélgica e da China. Mas, de toda a forma, o são-paulino fez uma temporada que o credencia como um dos favoritos ao título de 2009.

Robert Kubica (9,0) - Eis aqui o melhor piloto do ano. O conterrâneo do Papa João Paulo II fez milagres ao volante de um BMW notadamente inferior às rivais McLaren e Ferrari. Kubica só não foi mais adiante porque, no meio da temporada, sua equipe abriu mão do desenvolvimento do carro atual para começar a trabalhar no modelo 2009. Mesmo com a perda da motivação, Kubica se manteve vivo na disputa até o GP da China, o penúltimo da temporada. Em 2009, ele vem mais forte e louco para se tornar o primeiro polaco a conquistar um título mundial.

Kimi Raikkönen (6,5) - A nota baixa é pelo fraco desempenho na pista. Mas, fora dela, Raikkönen será sempre o piloto nota 10 desta coluna. Pelo jeito, o finlandês andou acelerando em outras pistas que não as de corrida. Teve até um bom início de temporada, o que levou à falsa impressão de que poderia chegar ao bicampeonato. Mas, do meio do ano em diante, foi disperso e, em algumas corridas, irreconhecível. Parece que sofria os efeitos da ressaca do título de 2007. Mas não se enganem. O iceman com vodca ainda tem muito biocombustível para queimar. Quem beber, viverá!

Fernando Alonso (7,0) - A sorte dos rivais é que a Renault só se acertou no final da temporada. Caso contrário, o destino do campeonato poderia ter sido outro. Quando teve um carro à altura, o espanhol marrento e mal humorado provou porque é o melhor piloto em atividade na categoria. Com duas vitórias, um 2º e um 4º lugares, foi o que mais pontuou nas quatro últimas corridas do ano. Como já acertou sua permanência na Renault, do amigo Flavio Briatore, Alonso vai ser osso duro em 2009. Não estranhem se faturar seu terceiro título mundial, feito que o poria ao lado de lendas como Ayrton Senna, Nick Lauda e o gênio Nelson Piquet.

Nick Heidfeld (6,5) - Todo início de temporada se ouve alguém dizer: "- Esse ano o Nick Heidfeld vai!". O problema é que nem ele sabe para onde. Heidfeld é até bom piloto. Não é qualquer um que marca 60 pontos em uma temporada de F-1. Em outras épocas, teve campeão do mundo com pontuação menor. Mas Heidfeld é aquele tipo que toda a sogra adora. É bonzinho e não faz mal para ninguém. Para complicar, ainda teve o azar de dividir a equipe com o ótimo e inspirado Robert Kubica. Heidfeld é mais um daqueles pilotos que vai se aposentar sem que ninguém se dê conta.

Heikki Kovalainen (5,5) - Com um companheiro de equipe desses, Hamilton não precisava de inimigos. O finlandês da McLaren não serviu nem para ajudar o campeão do mundo na sua batalha contra Massa e Kubica. Ao que tudo indica, Flávio Briatore tinha razão ao dispensá-lo da Renault no ano passado. E não me venham com a conversa de que a McLaren trabalhou inteiramente para Hamilton. Kovalainen é o "picolé de chuchu" da Fórmula-1. Será que o PSDB vai convidá-lo para dividir com Alckmin uma chapa nas eleições de deputado estadual/ federal em 2010? Mais insosso, impossível!

Sebastian Vettel (8,5) - Olho nesse cara! De toda essa geração alemã que veio no vácuo do fenômeno Schumacher, Sebastian Vettel é, disparado, o melhor. O alemãozinho com cara de moleque barbarizou ao volante da débil Toro Rosso. Aos 21 anos, entrou para a história como o mais jovem vencedor de uma corrida de Fórmula-1, o Grande Prêmio da Itália. Suas atuações lhe garantiram uma vaga na equipe principal da casa, a Red Bull, e determinaram a aposentadoria do principal piloto da RBR, o playboy escocês David Coulthard. Para completar o ano, por pouco não vira herói nacional ao tirar de Lewis Hamilton o quinto lugar em Interlagos e, com isso, dar a Massa o título mundial. Mas aí o compatriota Timo Glock estragou a brincadeira.

Jarno Trulli (6,5) - O italiano fez uma temporada mediana, compatível com o que a instável Toyota poderia lhe oferecer. Alternou bons resultados, como o pódio no GP da França, com abandonos e chegadas distantes da zona dos pontos. Apontado como potencial campeão do mundo quando chegou à Renault, na metade da década passada, Trulli vê o fim da linha se aproximar sem ter realizado grandes feitos na categoria. Tem lugar garantido para o ano que vem. Mas não deve chegar no primeiro ano da próxima década.

Timo Glock (5,0) - Esse alemão vinha realizando uma temporada apagada, tímida, quando a três voltas do final do GP do Brasil o destino lhe deu o papel de protagonista na decisão do título entre Felipe Massa e Lewis Hamilton. Ao ser ultrapassado pelo inglês a três curvas do final da prova frustrou a expectativa de 80 mil torcedores no autódromo e de milhões de brasileiros que acompanhavam a corrida pela tevê. A partir de então, mesmo sem querer e sem poder fazer nada, entrou para a galeria dos anti-heróis brasileiros da Fórmula-1. Era o cara errado, na hora errada e, sobretudo, no país errado.

Mark Webber (5,0) - Se pilotasse o que fala e reclama, esse australiano já teria sido campeão do mundo há tempos. O problema é que, de Fernando Alonso, ele só tem a marra. O talento está quase à mesma distância do país de onde veio. Tudo bem que o carro também não ajudou muito. Mas Webber fez muito pouco para melhorá-lo. Fez uma temporada apropriada ao seu melhor resultado no ano, o 5º lugar no GP da Austrália. Foi tudo que conseguiu.

Nelson Ângelo Piquet (5,5) - Antes de mais nada, por favor, parem de chamá-lo de Nelson Piquet. Isso é quase uma heresia com o maior piloto brasileiro de todos os tempos - além de botar uma pressão brutal na cabeça do moleque. Galvão, faça o favor de chamá-lo de Nelson Ângelo, Piquet Jr, Piquezinho ou qualquer coisa do tipo. Dito isso, Nelson, como é chamado por seu engenheiro de pista, fez uma temporada típica de estreante. Alternou erros primários, como a rodada na Bélgica e a barbeiragem em Cingapura, com um inesperado pódio na Alemanha e um consistente 4º lugar na China. Tem tudo para evoluir em 2009. Mas sabe que, se não mostrar serviço, vai rodar.

Nico Rosberg (5,5) - Vamos dar um desconto, pois o filho do campeão Keke Rosberg teve nas mãos uma das piores Williams de todos os tempos. Algo incompatível com o passado de uma das equipes mais vitoriosas e tradicionais da história da categoria. Nico até se esforçou. Conquistou dois pódios, um 3º lugar na Austrália e um 2º em Cingapura, mas colecionou uma infinidade de quebras e abandonos. A Williams jogou água na gasolina da Petrobras, que, em 2008, comemora uma década de fornecimento de combustível para a equipe que deu a Piquet seu terceiro título mundial.

Rubens Barrichello (5,0) - Rubens Barrichello certamente será assunto desta coluna daqui a algum tempo. Ao que tudo indica, e por mais que relute, seu ciclo acabou. Final melancólico para um piloto que, durante alguns anos, carregou no cockpit a esperança de milhões de brasileiros ávidos por mais títulos mundiais. E esse peso parece ter vergado sua carreira. Para piorar de vez sua situação, a Honda lhe entregou uma verdadeira cadeira elétrica. De bom, mesmo, só o 3º lugar no GP da Inglaterra, quando o mundo despencou em Silverstone. Temporada para ser esquecida. Ao contrário do piloto, que, para o bem e para o mal, tem o seu nome gravado na história do automobilismo brasileiro.

Kazuki Nakajima (5,0) - Este é um sobrenome que está na memória dos fãs brasileiros mais velhos da F-1. Filho do lendário bração Satoru Nakajima, Kazuki, pelo menos, tem se mostrado menos trapalhão que o pai. Em sua segunda temporada na F-1, o Nakajima son não se envolveu em grandes acidentes e barbeiragens. Assim como Nico Rosberg, foi vítima da debilidade da Williams. Fechou o ano com 9 pontos na carteira. Parece pouco. Mas o carro também não permitiu muito mais do que isso.

David Coulthard (8,0) - Você pode estar estranhando a alta nota para esse playboy escocês que, na maioria das vezes, brincou de ser piloto de Fórmula-1. Mas é justamente por isso que ele a recebeu. Coulthard parece ter sido o último piloto à moda antiga da categoria. Era do tipo "perco a corrida, mas não a farra" - e o que viesse junto com ela. Mulherengo, biriteiro, bon vivant e querido por todos, o escocês vai fazer falta ao circo. Com ele se vai o que restava de romantismo, picardia e leveza em um negócio cada vez mais profissional e politicamente correto. E, conseqüentemente, cada vez mais chato.

Sebastien Bourdais (4,0) - Há quem diga que esse francês nascido numa cidade referência do automobilismo mundial, Le Mans, palco das míticas 24 horas, não é tão ruim quanto os seus resultados na temporada sugerem. Mas uma coisa é inegável: ele foi atropelado e engolido pelo companheiro de equipe, seu xará Sebastian Vettel. A superiodade do alemão foi tamanha que não há argumentos para defendê-lo. Fechou o ano com míseros quatro pontos, contra 35 de Vettel. Não é preciso dizer mais nada.

Jenson Button (1,0) - Ok, a Honda era uma desgraça. Tudo bem, ninguém contesta. Mas Jenson Button fez jus ao carro que guiou. Poucas vezes se viu um piloto tão desinteressado e apático quanto ele. E pensar que a imprensa inglesa um dia imaginou vê-lo campeão do mundo. Sorte deles que surgiu Lewis Hamilton para devolver a coroa da F-1 aos súditos da rainha. Pois, se fossem depender de Button, estariam mais perdidos do que o goleiro inglês Seaman naquele chute do Ronaldinho Gaúcho no Brasil e Inglaterra da Copa de 2002. Prova de sua fraqueza foi a superioridade imposta por Rubens Barrichello sobre ele, tanto em treinos como nas corridas. Um legítimo fracasso.

Giancarlo Fisichella (3,0) - O que dizer de um piloto que participou das 18 provas do campeonato e não marcou um mísero pontinho sequer? Pois esse foi o desempenho do italiano Giancarlo Fisichella na temporada 2008. Está certo que ele prestou serviço à pior equipe da temporada, a Force India, do milionário indiano Vijay Mallia, que, por não ter onde gastar seus bilhões de dólares (por que não manda um pouco pro Futepoca?!??!?), resolveu tirar onda na F-1, sob pretexto de divulgar sua imensa e miserável nação. Ao menos, quando teve chance, Fisichella mostrou que continua sendo o bom e velho piloto ruim de ultrapassar. Quando, por alguma razão, Massa, Hamilton, Kubica e Raikkonen disputavam posições com ele, a diversão era garantida.

Adrian Sutil (2,0) - Acho que nunca um nome foi tão adequado a perfomace de um piloto. Com o perdão do infame trocadilho, Adrian foi tão Sutil que poucos perceberam sua passagem pela temporada. Pudera. Das 18 provas do ano, este alemão conseguiu a proeza de abandonar, nada mais nada menos, do que 11. Das que conseguiu terminar, seu melhor resultado foi um 13º lugar no GP da Bélgica. E foi mais por abandonos dos adversários no dilúvio de SPA-Francorchamps do que propriamente por habilidade e méritos próprios. Só não fica com o título de marcha lenta da temporada porque Button conseguiu ser pior com um carro um pouquinho melhor.

Takuma Sato/ Anthony Davidson (sem notas) - Pois é. Alguém pode estar se perguntando: "- Quem são esses caras e o que estão fazendo aí?". Acredite: a dupla participou da temporada 2008. O inglês e o japonês disputaram as quatro primeiras provas do ano pela Super Aguri, equipe do nipônico e braço duro Aguri Suzuki, que, de 1988 a 1995, atemorizou seus adversários na F-1 - entre eles Nelson Piquet, Ayrton Senna, Alain Prost e até mesmo o destrambelhado Nigel Mansell. Mas problemas de patrocínio e a saída de um parceiro tiraram a equipe das pistas. Sua última corrida foi o GP da Espanha, disputado em abril, em Barcelona. Mas, das quatro corridas que participaram, nenhuma merece registro. O melhor resultado foi o 13º lugar de Sato no GP da Espanha, o que marcou o fim do sonho japonês da F-1.

Os troféus da temporada
Nelson Piquet (melhor piloto) – Robert Kubica
Ayrton Senna (revelação) – Sebastian Vettel
Satoru Nakajima (bração) – Jenson Button
Michael Schumacher (campeão) – Lewis Hamilton

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

segunda-feira, novembro 03, 2008

F-Mais Umas - Santo Deus!

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CHICO SILVA*

Timo Glock (foto) é um piloto alemão nascido em 18/03/1982, na pequena cidade de Lindenfels, no estado de Hesse, no Oeste do país de Goethe e Rainer Werner Fassbinder. Segundo dados do último censo, de dezembro de 2006, o município abriga 5.220 habitantes. Algumas avenidas de São Paulo certamente têm população maior do que a dessa tranqüila cidade alemã. Como todo companheiro de profissão, Glock se apaixonou cedo por carros e corridas. Mas, ao contrário de Lewis Hamilton e Felipe Massa, começou tarde na profissão. Inspirado pelas conquistas do compatriota Michael Schumacher, fez sua primeira temporada de kart apenas aos 15 anos, em 1998. Dois anos depois, veio seu primeiro título, na ADAC Fórmula BMW Júnior. Nos seguintes faturou mais uma temporada na ADAC, dessa vez na categoria principal, foi terceiro na F-3 alemã e quinto na F-3 Euroséries. Em 2004 teve o seu primeiro contato com um F-1. Foi contratado para ser piloto de testes da extinta equipe Jordan. Ainda teve a oportunidade de disputar algumas corridas pela escuderia do irlandês Eddie Jordan, substituindo o italiano Giorgio Pantano, então titular do time.

Em 2005, Glock foi se aventurar na América profunda, onde disputou um campeonato na finada Champ Car, categoria genérica da F-Indy. Conseguiu a proeza de terminar a temporada em oitavo. Mesmo assim, lhe deram o título de "estreante do ano". De volta à Europa, tentou a sorte na GP2, categoria que se transformou na divisão de acesso para a Fórmula-1. Se deu bem e conquistou o título de 2007. O título foi seu passaporte de regresso para a principal categoria do automobilismo mundial. Foi escolhido para ser um dos pilotos da Toyota. Nem quando está sem luvas e capacete Glock consegue se desligar das pistas. Nas folgas, gosta de tirar "rachas" de kart com os amigos. Solteiro, o alemão tem a Austrália como destino preferido de férias. No quesito preferências pessoais, ele gosta de massas, é fã dos Red Hot Chilli Peppers e Guns'n'Roses e tem como vício jogar poker. Seu grande ídolo é o pai. Em linhas gerais, esse é o perfil do homem que, involuntariamente, definiu o título da temporada 2008 da F-1.

Ao ceder o quinto lugar para Lewis Hamilton a 500 metros da linha de chegada do enlouquecido GP de Interlagos, Glock se transformou no mais novo vilão dos brasileiros. Tudo porque insistiu em se manter na pista com pneus para pista seca quando um dilúvio desabava na pista nas voltas finais da corrida. É óbvio que Glock não teve nenhuma responsabilidade pelo motor estourado de Massa na Hungria, na estratégia equivocada da Ferrari no encharcado GP da Inglaterra, nos erros de Massa nas primeiras provas da temporada e na incrível trapalhada ferrarista no pit-stop do brasileiro no GP de Cingapura (acima, à esquerda). Falhas que tiraram pontos vitais na batalha de Massa contra Hamilton. Mas, de toda a forma, Glock acabou pagando a conta. Ainda nos molhados pit-lanes de Interlagos, torcedores insinuavam que ele e a Toyota haviam levado um troco para entregar o campeonato para Hamilton e a McLaren. E só para botar um pouco mais de pimenta nesse vatapá, Glock e Hamilton são grandes amigos desde os tempos da GP2.

O novo e também mais novo campeão mundial tentou encaixar o amigo na vaga aberta por Fernando Alonso quando este saiu brigado da McLaren no fim do ano passado. Mas Ron Dennis, o chefe da equipe, preferiu trazer o chocho finlandês Heikki Kovalainen. É claro que uma coisa pode não ter a ver com a outra. Mas fica a informação.

Interlagos, 02/11/2008 - Acompanho a Fórmula-1 desde 1980. E nesses anos todos posso afirmar com segurança que nunca vi uma decisão como essa de Interlagos. Houve grandes finais como Adelaide 1986, quando Alain Prost (foto à direita), Nigel Mansell e Nelson Piquet chegaram à última prova brigando pelo título da temporada. Prost acabou levando a melhor, depois de uma batalha que teve Mansell estourando pneu a 290 quilômetros por hora e Piquet rodando quando era líder e rumava para o tricampeonato. Ou então nessa mesma Adelaide em 1994, ocasião em que Schumacher e Damon Hill protagonizaram um duelo suicida pelas retas e curvas do circuito de rua australiano. E quem não se lembra de Jerez 1997, em que num ato desesperado esse mesmo Schumacher jogou sua Ferrari contra a Williams do rival Jaques Villeneuve?

Mas, para usar uma frase que caiu na boca do povo, nunca antes na história deste esporte se viu um piloto cruzando a linha de chegada como campeão do mundo para 38,9 segundos depois ver o título escorrer como água da chuva pelo S do Senna. Foi realmente eletrizante! Quem esteve em Interlagos pode, daqui a anos ou décadas, contar para filhos e netos que assistiu a um dos maiores capítulos da história da F-1. Voltando um pouco no tempo, algumas colunas atrás eu disse que não enxergava em Massa um campeão mundial. E uma das razões era justamente a falta de sorte do brasileiro. E ela apareceu de novo. Na hora errada, no lugar errado e na circunstância errada. Claro que a perda do título não pode ser apenas creditada na conta do piloto. O erro da Ferrari em Cingapura, quando tirou uma vitória certa de Felipe ao autorizá-lo a sair do boxe antes do final do abastecimento, foi crucial para a perda do campeonato.

Mas a sorte é um ingrediente fundamental na receita de um campeão do mundo. Lewis Hamilton não me deixa mentir. A Fórmula-1 viu, pela primeira vez em sua história, um negro conquistar um título mundial. Tomara que ele inspire os eleitores americanos a eleger o primeiro presidente negro de sua história. O mundo agradecerá.


*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

quinta-feira, outubro 30, 2008

Eles adoram o GP Brasil

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Foto: Reuters

"Não conseguíamos lembrar de nada"

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Leio no Lance! que o piloto David Coulthard (à esquerda) vai se aposentar da Fórmula 1 no GP brasileiro do próximo domingo. Aos 37 anos, ele já disputou 246 provas, fez 535 pontos e venceu 13 vezes - inclusive no Brasil, em 2001, naquela que considera a maior vitória de sua carreira. Mas Coulthard, como bom escocês, é conhecido pela dedicação à manguaça, assim como os finlandeses Kimi Raikkonen e Mika Hakkinen. Questionado sobre as farras, Coulthard não fez cerimônia: "Olha, nas festas a gente costumava ficar tão bêbado que não conseguíamos lembrar de nada do que acontecia". Realmente, é impressionante imaginar que um bêbado tão militante tenha conseguido passar 14 anos acelerando a mais de 200 quilômetros por hora e nunca tenha provocado um acidente mais grave - para ele ou para outros pilotos. E agora, aposentado, ninguém segura o cabra. Haja uísque escocês!

segunda-feira, outubro 27, 2008

F-Mais Umas - O "GP Brasil" perdido. Mesmo!

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CHICO SILVA*

Entramos na decisiva semana do GP Brasil. Como sempre nessas ocasiões, TV Globo, sites e jornais começam a inventar de tudo para prender a atenção da audiência. E nesse ano há um fato novo para esquentar o noticiário e deixar as amígdalas do Galvão Bueno quase tão irritadas quanto eu com o seu forçado patriotismo: a improvável possibilidade de Felipe Massa conquistar seu primeiro título mundial. Se esse milagre acontecer, pela primeira vez um piloto brasileiro comemorará um mundial do lado da sua torcida. Mas peço a permissão dos meus leitores para tratar deste GP na próxima coluna, com o campeão definido. Volto 34 anos no tempo para relembrar uma história que alguns fãs mais novos de F-1 talvez desconheçam. Estou falando do infame GP Presidente Médici, como infortunadamente foi chamada a "prova" que inaugurou o Autódromo Internacional de Brasília (acima, à direita), em 1974.

No auge do chamado "milagre econômico" e também da crise do petróleo, Médici e seus asseclas pressionaram os organizadores do legítimo GP do Brasil para levar o circo à Brasília após a disputa da prova em Interlagos. A milicada queria inaugurar mais um de seus brinquedinhos, só que em grande estilo. E para isso não se contentava com um provinha de F-2 ou Fórmula Super V qualquer. Desejavam a maior categoria do automobilismo mundial. E conseguiram - ao menos em parte. A prova foi disputada em 3 de fevereiro de 1974, uma semana após a corrida em Interlagos. Foi considerada extra-campeonato, pois não contou pontos para o Mundial. O então campeão mundial Emerson Fittipaldi (foto à esquerda), em seu primeiro ano de McLaren, foi peça chave na realização do evento. Ele trabalhou nos bastidores para convencer seus colegas e donos de escuderia a ficar mais uma semana no País e participar do espetáculo armado pelos chefes da temida equipe verde-oliva.

Mas nem todos cederam aos seus argumentos. Apenas oito equipes e 12 pilotos foram à capital federal. Ferrari e Lotus, duas das maiores equipes da história da F-1, recusaram o convite da farsa vencida por Emerson em 1 hora, 15 minutos e 22 segundos. Na seqüência, chegaram Jody Scheckter, da Tyrrel (foto à esquerda), e Arturo Merzário, da Iso-Williams. No Youtube, há um vídeo assinado pela TV Cultura que mostra a volta da vitória e os três primeiros subindo ao palanque no qual receberam os troféus das mãos ensangüentadas de Médici e de seus colaboradores. Mas nem tudo se perdeu nesse GP. Foi ali que o tri-campeão mundial Nelson Piquet teve o seu contato inicial com a categoria. Além de ter pulado o muro e se escondido nos boxes, Piquet conseguiu fazer um bico na corrida.

Ele ficou segurando o guarda-sol que protegia o argentino Carlos Reutmann, então na equipe Brabham. Quem poderia imaginar que, sete anos depois, Piquet, ao volante dessa mesma Brabham, conquistaria seu primeiro título mundial? E justamente contra Reutmann? Aquela foi a última vez que tricampeão precisou pular o muro do circuito. Hoje, o autódromo leva o seu nome. Coisa que só um Piquet é capaz de fazer.



*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.