Destaques

segunda-feira, outubro 27, 2008

F-Mais Umas - O "GP Brasil" perdido. Mesmo!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

CHICO SILVA*

Entramos na decisiva semana do GP Brasil. Como sempre nessas ocasiões, TV Globo, sites e jornais começam a inventar de tudo para prender a atenção da audiência. E nesse ano há um fato novo para esquentar o noticiário e deixar as amígdalas do Galvão Bueno quase tão irritadas quanto eu com o seu forçado patriotismo: a improvável possibilidade de Felipe Massa conquistar seu primeiro título mundial. Se esse milagre acontecer, pela primeira vez um piloto brasileiro comemorará um mundial do lado da sua torcida. Mas peço a permissão dos meus leitores para tratar deste GP na próxima coluna, com o campeão definido. Volto 34 anos no tempo para relembrar uma história que alguns fãs mais novos de F-1 talvez desconheçam. Estou falando do infame GP Presidente Médici, como infortunadamente foi chamada a "prova" que inaugurou o Autódromo Internacional de Brasília (acima, à direita), em 1974.

No auge do chamado "milagre econômico" e também da crise do petróleo, Médici e seus asseclas pressionaram os organizadores do legítimo GP do Brasil para levar o circo à Brasília após a disputa da prova em Interlagos. A milicada queria inaugurar mais um de seus brinquedinhos, só que em grande estilo. E para isso não se contentava com um provinha de F-2 ou Fórmula Super V qualquer. Desejavam a maior categoria do automobilismo mundial. E conseguiram - ao menos em parte. A prova foi disputada em 3 de fevereiro de 1974, uma semana após a corrida em Interlagos. Foi considerada extra-campeonato, pois não contou pontos para o Mundial. O então campeão mundial Emerson Fittipaldi (foto à esquerda), em seu primeiro ano de McLaren, foi peça chave na realização do evento. Ele trabalhou nos bastidores para convencer seus colegas e donos de escuderia a ficar mais uma semana no País e participar do espetáculo armado pelos chefes da temida equipe verde-oliva.

Mas nem todos cederam aos seus argumentos. Apenas oito equipes e 12 pilotos foram à capital federal. Ferrari e Lotus, duas das maiores equipes da história da F-1, recusaram o convite da farsa vencida por Emerson em 1 hora, 15 minutos e 22 segundos. Na seqüência, chegaram Jody Scheckter, da Tyrrel (foto à esquerda), e Arturo Merzário, da Iso-Williams. No Youtube, há um vídeo assinado pela TV Cultura que mostra a volta da vitória e os três primeiros subindo ao palanque no qual receberam os troféus das mãos ensangüentadas de Médici e de seus colaboradores. Mas nem tudo se perdeu nesse GP. Foi ali que o tri-campeão mundial Nelson Piquet teve o seu contato inicial com a categoria. Além de ter pulado o muro e se escondido nos boxes, Piquet conseguiu fazer um bico na corrida.

Ele ficou segurando o guarda-sol que protegia o argentino Carlos Reutmann, então na equipe Brabham. Quem poderia imaginar que, sete anos depois, Piquet, ao volante dessa mesma Brabham, conquistaria seu primeiro título mundial? E justamente contra Reutmann? Aquela foi a última vez que tricampeão precisou pular o muro do circuito. Hoje, o autódromo leva o seu nome. Coisa que só um Piquet é capaz de fazer.



*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

8 comentários:

Jorge Cordeiro disse...

Parabéns pela indicação no The Bobs 2008, já ganhou meu voto!!

abraços!
Jorge Cordeiro
www.escriba.org

http://www.thebobs.com/index.php?l=en&s=1155503109924847OMDFOOVR-NONE

Maurício Ayer disse...

a história é muito boa! grato ao nosso colaborador.
mas é impressionante como todas as histórias levam a piquet, hehe.
abraço

Anselmo disse...

mas foi a estréia mais discreta de um piloto na história da modalidade.

Glauco disse...

Valeu pelo voto, Jorge. E, mais uma vez, valeu, Piquet!

Anônimo disse...

Eu num kerdito!
Eu lembro desta corrida, e torci muito pelo Fittipaldi. Eu era uma garota que já amava F1, só que eu sou bem baratinha, depois do Fittipaldi eu passei por Piquet, Senna e agora sou Massa. Estou evoluindo...
.

Maurício Ayer disse...

ô majô, e o barrichello?
(hehe)

Nicolau disse...

Bela história, de minha parte, que não entendo bulhufas de F1, pela parte política. Na verdade, tira um ponto do Fitipaldi por ter ajudado na farsa...

Marcão disse...

Putz, esse negócio aconteceu no dia em que fui batizado. E dois dias depois do incêndio no Edifício Joelma, em São Paulo.