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Assisti à partida entre Santos e Corinthians ontem à noite pela Band e fiquei chocado ao cosntatar como uma transmissão esportiva pode retroceder e ratificar preconceitos que pareciam, no mínimo, mais envergonhados nos últimos anos.
O jogo era narrado pelo veterano Luciano do Valle, comentado pelo ex-atleta Neto e com reportagem de Fernando Fernandes. A "novidade" da jornada, anunciada a toda hora com garbo e elegância pelo titular do microfone, era a presença de umA repórter em campo.
Como assim novidade, perguntará quem lê? A presença das mulheres no jornalismo esportivo já tem se tornado rotina e tende a crescer cada vez mais. Mas o caráter inusitado do trabalho da moça, "conduzida" por do Valle, é que ela tinha como função traduzir o "olhar feminino" da peleja.
Por "olhar feminino" entendam comentários que vinham elucidar questões como "Fulana, quem está mais elegante hoje? Luxemburgo ou Leão?". E lá ia a repórter discorrer sobre as vestimentas de ambos, decretando um empate no quesito. E tome elogios do locutor, como se estivesse tratando com uma néscia.
Assim se seguiram diversas pérolas, até mesmo um pedido especial do âncora. "Você podia perguntar pro Leão o que ele faz pra não desarrumar o cabelo mesmo quando ele fica nervoso?". A proto-piada é repetida no segundo tempo.
Na segunda etapa, aliás, um lance capital na partida. Fábio Costa volta com a camisa trocada no intervalo. Após mais de dez minutos, quando qualquer um já percebeu a mudança - e se não percebeu é porque pouco importa - o Santos perde um lance na área corintiana e a repórter "anuncia" a troca do arqueiro peixeiro. Do Valle se sai com essa, mal contendo o entusiasmo: "Só mesmo olhar feminino pra notar, com a bola do outro lado, que o goleiro tinha trocado a camisa".
Quando você acha que já viu toda sorte de besteiras em uma transmissão, ainda tem que suportar uma "novidade" com esse inacreditável espetáculo de preconceito.