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sexta-feira, junho 16, 2006

Memória da Copa (5ª edição)

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A domingada e as trapalhadas

Num 16 de junho como hoje, há 68 anos, um lance infeliz do genial zagueiro brasileiro Domingos da Guia deu origem a mais uma expressão para a gíria do futebol. Após resultados pífios nos mundiais anteriores, o Brasil chegou à Copa da França pela primeira vez com um time que poderia ser chamado de "seleção". Chegou à semifinal, disputada contra a futura bicampeã Itália (na foto da partida, acima, Domingos está logo atrás do goleiro Walter). E o Brasil quase foi à decisão, mas a "domingada" de da Guia não deixou...

Eram 15 minutos do segundo tempo e a Itália vencia por 1 a 0, gol de Colaussi. Mas o Brasil pressionava e dava mostras de que poderia empatar. Foi então que, num lance sem bola dentro da área brasileira, Domingos da Guia agrediu o italiano Piola. O juiz viu e marcou pênalti. O termo "domingada" surgiu ali e sempre seria utilizado para jogadas bisonhas, principalmente de zagueiros. Com o segundo gol, marcado por Giuseppe Meazza (que hoje batiza o estádio de Milão), a Itália enterrou as pretensões brasileiras. Romeu ainda descontou, a três minutos do fim, mas era tarde.

Porém, justiça seja feita: Domingos da Guia não foi o único culpado. O futebol brasileiro era uma bagunça e a cartolagem completamente amadora. Prova disso foi a inscrição de Niginho, que jogava na Lazio e foi proibido de jogar o mundial (não houve como buscar substituto). Na véspera do jogo contra a Itália, os dirigentes compraram as passagens para Paris, onde seria disputada a final. À noite, rolou champanha à vontade na concentração. Animado, o técnico Adhemar Pimenta nem escalou o maior craque, Leônidas da Silva, que terminaria a Copa como artilheiro. Quiseram poupá-lo para a decisão que, lógico, o Brasil venceria.

Mais vergonhoso que as trapalhadas, a ausência de Leônidas, a domingada e a conseqüente derrota, foi a atitude dos cartolas tupiniquins, que se negaram a repassar os bilhetes aéreos para os italianos chegarem à Paris (foram obrigados a ir de trem). Mas eles foram, viram e venceram a Hungria na final. Ao Brasil restou o terceiro lugar, depois de derrotar a Suécia.

Brasil 1 x Itália 2
Data: 16 de junho de 1938

Brasil: Walter; Domingos, Machado; Zezé Procópio, Martim, Afonsinho; Lopes, Luisinho, Perácio, Romeu, Patesko. Técnico: Adhemar Pimenta.
Itália: Olivieri; Foni, Rava; Serantoni, Andreolo, Locatelli; Biavati, Meazza, Piola, Ferrari, Colaussi. Técnico: Vittorio Pozzo.

Árbitro: Hans Wutrich (Suíça)
Local: Stade Vélodrome (Marseille)
Gols: Colaussi (11), Meazza (60), Romeu (86)

1 comentários:

José Cavra disse...

lol lol lol!
Engraçada este história pessoal.
Excelente post.
Parabens galera